24 de maio de 2020

Resenha: Lupin III: Part 5





Por Escritora Otaku


O ano de 2018 foi um bom ano para animes semanais para mim mesma; teve continuações, animes curtinhos e séries novas - se desse para definir quais foram os melhores, não haveria dificuldades, só adianto que o primeiro lugar estaria com empates e é o caso do anime abaixo, que foi uma grata surpresa e minha incursão real a uma série deste notório personagem. Sim, real porque já tinha visto seu elenco num crossover com outro anime, que este sim, acompanho de montão e é um dos meus xodozinhos, “Detective Conan” em dois longas, um de TV e outro nos cinemas. Agora, nunca tinha visto uma das tantas produções deste em isolado e como estava lá, por que não tentar?

E que anime bom pra ser ver, mais ainda por notar nuances novas e sem esquecer tudo que se estruturou desde sua estreia, nos anos 60. Se fosse aconselhar qual das séries quer ver, indicaria esta de lambuja, por atender o que temos visto ultimamente em obras que já tiveram adaptações no passado: o equilíbrio ou quase de seus enredos ao público novo e lembrando de suas origens, inserindo aos nossos tempos, sem esquecer dos pontos que os consagraram. Se quer tanto conhecer o personagem que dá nome em sua parte cinco, só tome cuidado para este não roubar a sua atenção. Vão entender...


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Ano: 2018
Diretor: Daisuke Sako / Yuichiro Yano
Estúdio: TMS Entertaiment / Telecom Animation Film
Episódios: 24
Gênero: Aventura / Comédia / Policial
De onde saiu: Mangá, 14 volumes, finalizado



Um conceito de personagem, vindo dos ramos literários tem tido sua frequência em animes e outras mídias: os ladrões fantasmas ou kaitou em japonês. O personagem que trouxe tal figura foi Arsène Lupin, criado por Maurice Leblanc numa série de contos e ele ficou tão em evidência que há referências nas mais variadas mídias, do mesmo ou de personagens que ajam de maneira similar. E indo em produções nipônicas, os ladrões fantasmas encontraram em mangás e animes seu lugarzinho. Exemplos não faltam, alguns mais notórios entram em games como “Persona 5”; obras como “D.N.Angel” (shoujo), “Kamikaze Kaitou Jeanne” (mahou shoujo), “Magic Kaito” (shounen) e segue lista, até mesmo um dos super sentai usou parte de tal ideia, “Kaitou Sentai Lupinranger VS Keisatsu Sentai Patranger” de 2018. Pode-se dizer que os japoneses curtem a persona do ladrão fantasma; no entanto, entre tantas produções, há uma em específico que pega o conceito do personagem e traz desde sua criação, tramas recheadas de ação, aventura e comédia presentes, que variam de tempos em tempos sem perder o charme original e adapta a cada produção feita.

Vindo da mente de Monkey Punch, que infelizmente faleceu em 2019, trouxe um certo personagem e sua trupe, que vieram de um mangá e tem ganhado muitas produções desde os anos 60. Este é “Lupin III”, que na obra é neto do Arsène original e segue nos roubos mirabolantes na companhia de seus aliados e perseguido por um inspetor policial que faz tudo para o prender. A história se deu bem e em 1971, nas mãos da TMS Entertaiment, veio a primeira animação de Lupin e foi um sucesso, rendendo diversas séries, filmes, OVAs, especiais e afins, sempre mantendo a ideia de continuar o legado que iniciou nos quadrinhos. Curiosidade para ser lembrada é que no original, a trupe estar com o protagonista quase não existe, apenas nas suas adaptações que os vemos agindo juntos nas histórias.

Em animes, a série teve em torno de seis animações: “Lupin III” (1971, 25 episódios), “Lupin III: Part II” (1977, 155 episódios), “Lupin III: Part III” (1984, 50 episódios), “Lupin the Third: Mine Fujikoto Iu Onna” (2012, 13 episódios), “Lupin III: Part IV" (2015, 24 episódios) e por último, “Lupin III: Part V” de 2018. Ufa! É muito anime e aos desavisados, não é preciso seguir uma ordem, pode assistir qualquer dos animes sem medo - somente o da Fujiko que é bom ter noção básica da obra. Quanto a produção mais recente, será lançado um filme em computação gráfica para outubro de 2019, o primeiro com tal arte animada.

Agora que temos uma noção de como anda, vamos focar na última série de TV, começando em abril de 2018 e fechando no final de setembro do mesmo ano. Tal como houve com a parte quatro, que focava na Itália, esta foca na França como palco da trama; traz como de costume, uma nova cor de casaco ao Lupin (uma das marcas registradas nos animes é que a cada série a vestimenta mude a cor, que aqui está no tom azul-claro); continua mostrando as estripulias de Lupin III ao lado dos seus companheiros de longa data, Jigen e Goemon, como da presença da Fujiko quando pinta na telha e as tentativas do Inspetor Zenigata de prendê-los. Até aí, segue a receita de bolo que os consagrou e que funciona; o que realmente mudou em comparação às temporadas anteriores é a estrutura narrativa, que neste não é igual.

Foi aqui que veio a maior das mudanças, pois quem teve contato com alguma produção deste, são aventuras episódicas, ou seja, a trama tem começo, meio e fim, sem conexões. Ainda é existente estes momentos mais soltos, que funcionam como homenagens às produções anteriores e trazem tramas para cada personagem, umas mais bobinhas e outras mais sérias. Vemos pequenos arcos que juntos formam uma trama maior e que culmina numa conclusão que faz parte dos temas decorrentes nesta parte cinco. Novidades que colocam todos aqueles personagens que conhecemos em situações novas e há um frescor que há tempos havia sido deixado de lado, algo que pode ser visto na série da Fujiko e nos longas focados no Jigen e no Goemon.


E como foi a história deste anime, para início de conversa? Começa de maneira nada incomum às aventuras do Lupin, com este surrupiando uma nota preta de um pessoal que colaborava num site do mercado negro, os deixando em prejuízo; mais além, teve a cara de pau de “sequestrar” a mente por trás do site, um hacker adolescente, Ami que estava presa e não podia sair. Devido ao gigantesco rombo feito pelo nosso ladrão, os que foram lesados decidem caçar ele e usam das tecnologias para espectadores e interessados dar um jeito e indicar sua localização, tendo uma recompensa para quem conseguir dar um basta nele e de seus companheiros. Um jogo de caça contra Lupin, em termos diretos...

O primeiro arco foca no uso da tecnologia e da internet para encurralar nossos personagens, chegando a pontos bem doidos e até coerentes ao universo da obra. Depois disto, temos uns episódios mais no padrão comum da série, antes de partir a um novo arco, que passa na França e que traz um pouco das origens do neto de Arsène como da entrada de um novo personagem, Albert, que conhece bem o Lupin. Mais episódios isolados e outro um arco que parece não ter conexão nenhuma aos anteriores - claro que, no fim se encaixa e temos um plot twist que não deve às aventuras já vivenciadas em outras animações.

Os dois temas mais recorrentes aqui são a tecnologia, que funciona a favor ou contra a trupe do Lupin e se num mundo moderno como o nosso tem espaço para ladrões do naipe dele. Aqui, fica evidente que os métodos dos personagens são vistos como ultrapassados para a atual geração; o que fica óbvio no primeiro e no último arco da série, vendo que nem mesmo um dos maiores ladrões dos animes escapa da velhice. Pois é, colocar na trama que os personagens não são tão jovens e questionar suas existências é de dar palmas. Como se sabe, em animações, não em todas, os personagens não envelhecem ou pensam sobre o amanhã e ver isso ser um questionamento ao elenco de longa data de “Lupin III” lhe dá um charme a mais. Fora voltar parte da essência original, que estava fardada ao “politicamente correto”, aqui há mortes e consequências dos atos dos personagens principais. Para que isso fosse possível, a narrativa dos episódios teve de ser alterada, intercalando os arcos com tramas isoladas entre as mesmas, fugindo do padrão já estabelecido da obra. As presenças de Ami e Albert foram importantes, pois ambos fazem funcionar toda a aventura que nos é contada.

Em termos técnicos, o anime usa uma arte que bota os personagens num patamar entre o traço clássico com o moderno que tem sido usado em suas produções mais recentes; trilha sonora bem à cara da trama, contendo mais uma versão de sua já consagrada abertura e seu encerramento, ambos com toques franceses em suas execuções.


Perante mudanças e permanências, “Lupin III: Part V” consegue manter o interesse de uma das figuras mais icônicas em alta, misturando bem o antigo e novo, sem desvencilhar de suas raízes. Caso tenha interesse de conhecer Lupin e companhia, o anime mais recente pode ser uma porta para isso e quem sabe, correr atrás de suas demais produções.



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