Vou ser curta e grossa: sou
fangirl declarada de “Detective Conan”, um anime longo que está há mais de vinte
anos e continua firme e forte, seja no mangá, seja o anime do qual acompanho - então, nenhuma surpresa quando soube deste crossover e fui conferir se era
mesmo bom. Acho que o resultado foi além de minhas expectativas já que assisti umas três ou quatro vezes estes dois longas, de tão bacana e sacana que foi
ver tais obras se unirem. E não duvido que haja uma terceira vez, porque o
resultado foi além das expectativas de todos.
Difícil dizer qual é o melhor,
até porque os únicos crossovers que vi foram do próprio Conan com o pessoal do
“Magic Kaito” – no anime, filmes, OVAs, especiais e no “Magic Kaito 1412” –, como em um OVA que reuniu estes dois com outra obra do Gosho Aoyama, “Kenyu Densetsu Yaiba”. Até antes destes, as interações eram entre séries do mesmo
autor e aí, mais que satisfeita com os resultados: por mim, podem mandar mais
destas duas séries e o legal, nenhuma trai o que a outra tem de melhor.
Deixemos que a resenha diga
porque se for falar mais, aí minhas impressões pessoais seriam enormes...
*****
Ano:
2009 (especial) / 2013 (filme)
Diretor:
Hajime Kamegaki
Estúdio:
TMS Entertaiment
Gênero:
Ação / Comédia/ Policial / Suspense
Indicação de leitura complementar: Resenha de "Detective Conan".
Indicação de leitura complementar: Resenha de "Detective Conan".
No universo da ficção,
imaginamos como seria a união de diferentes histórias numa coisa só:
intitulamos crossovers esta interação entre duas ou mais histórias, criando uma
justificativa para coexistirem em nome de uma nova aventura. E no mundo dos
mangás e animes isto não é nada incomum, onde podemos ler e assistir diferentes
personagens de séries dando um tempo de suas desventuras para a criação de uma
empreitada cheia de referências, seja com personagens do mesmo autor ou numa mistura de estilos e fazer graça, em nome dos que conhecem as obras ou não.
Sejamos francos de que, a
maioria dos crossovers só é feita para alegrar aos que conhecem bem as obras
envolvidas - é comum os enredos serem bem sem noção e focados em momentos de pura
comicidade. Um crossover destes é um caso de fanservice declarado, apenas pra
fazer rir o público e saber se aqueles universos podem ou não se interagir.
E se um crossover for levado
a sério? Será que este momento não poderá se tornar algo a mais, até marcar
pela forma que trouxeram e nos surpreender? Vamos mostrar que há sim e este é o
caso abaixo, onde duas lendas vivas do universo dos animes se juntam e quais são seus resultados...
De um lado, saindo da mente de
Monkey Punch e criado nos anos 60, um dos maiores ladrões dos animes, “Lupin III”: suas histórias envolvem as perspicácias deste personagem e sua trupe (um
exímio atirador e amigo mais achegado, Jigen Daisuki; um samurai que pode
cortar qualquer coisa com sua espada e é muito nobre em sua conduta, Goemon; e uma mulher
fatal que é a paixão do protagonista e que ora ajuda, ora atrapalha, Mine Fujiko) causando
confusão por onde vai, sendo ele famoso por usar um terno de diversas cores, que varia
nas séries, filmes e especiais já produzidos. Do outro lado, da mente de Gosho Aoyama, um dos maiores detetives dos animes e mangás, cuja obra máxima é o pilar da
Shounen Sunday e um dos mais assistidos do Japão, “Detective Conan” - esse com a história
de Kudou Shinichi, detetive colegial que se envolve com o que não devia, acaba por algum motivo voltando a ser uma criança e agora, com o nome de Edogawa Conan, ele analisa os mais variados casos policiais enquanto procura uma forma de voltar ao normal.
E assim, surge o crossover
entre as duas séries, um desafio entre os melhores e quem irá vencer nesta competição:
um ladrão renomado ou um pequeno grande detetive? Façam suas apostas...
A questão: de onde veio a
ideia de unir as duas séries? Tudo começou em 2009, quando a NTV decidiu bancar
um especial de TV e nada melhor que juntar duas obras já conceituadas e com
fanbases bem firmes no Japão. O que não esperavam era o bom resultado disto,
não que crossovers não possam ter este efeito, mas normalmente são vistos mais como
meros especiais, curiosidades ao público. Afinal, “Lupin III” é bem lembrado,
principalmente por um dos seus filmes, “O Castelo de Cagliostro” ser visto como
um dos melhores longas animados; fora que temos as diversas animações que surgiram desde a década de 60. Quanto a segunda escolha, não é nenhuma novidade que
“Detective Conan” detém uma boa audiência, chegando a ficar entre os dez animes
mais vistos na TV japonesa e sua fanbase é bem firme tanto no anime, quanto em seu mangá.
Em relação à história deste
especial, no Reino de Vespania, durante uma caçada real, a Rainha Sakura e o Príncipe
Jill são mortos perto de uma árvore de cerejeira; com tal tragédia, quem deve
liderar o reino é a Princesa Mira, que não almeja a sucessão real e há
aqueles inclusive que querem matá-la. Durante um compromisso no Japão, ela acaba se
encontrando com Mouri Ran e notam uma bela semelhança entre elas (diferenças
apenas em termos de idade, cor dos cabelos e estilo dos olhos, fora as vozes), e nisso trocam
de lugar e aí, ocorrem fatos que acabam pondo ambas as séries numa única história. O
encontro se deve a dois pontos: a investigação da morte da rainha e do príncipe, além do momento ser perfeito para o roubo da coroa real, dado a quem liderar
Vespania.
Agora, os mais atentos vão
perceber que o contexto do especial é muito similar ao “Castelo de Cagliostro”,
caso tenha visto o filme. Não é dito se foi uma homenagem ou uma nova roupagem à mais famosa história do “Lupin III” em longas, mas ainda assim, é como se fosse
uma “continuação oficial” - se foi feito ou não de propósito, fica a cargo do
espectador. Temos a primeira interação das duas séries e apesar de haver alguns
momentos interessantes, não esperem nada grandioso. É um teste quanto a se seguram a
história, portanto, há um tom contido em torno da atuação dos personagens, mas nada que tire o bom humor e o estilo que ambas as animações apresentam.
De todo jeito, o especial foi
um baita sucesso e o público queria mais. Claro que iam ter de esperar alguns
anos para verem este crossover dar às caras, não na TV e sim nos cinemas.
Em 2013, no mês de dezembro,
estreia o segundo crossover, sendo o filme uma continuação direta do especial de
TV. No início, vemos mais uma tentativa falha pra capturar o Kaitou Kid, mas,
descobrimos que não é ele e sim o próprio Lupin disfarçado; somos agraciados
por uma bela perseguição, com direito ao Conan usando um skate novo do
habitual, que é cortado ao meio pelo Goemon, o samurai e aliado de nosso ladrão.
Descobre-se que o roubo fora um teste, para poder se apossar da Cherry Saphire e
assim, resgatar Mine Fujiko (a tal mulher fatal e paixonite do Lupin), pois a
joia será usada como moeda de troca em uma transação ilegal. Temos assim uma
nova aventura e, bem diferente da primeira interação, esta se mostra mais entrosada e com
maior presença dos personagens das duas séries, havendo algumas referências ao
primeiro crossover - não é preciso ter assistido ao especial de TV, mas claro que,
quem viu vai se sentir mais em casa. Temos também ambos os protagonistas, Lupin e Conan
contando a história geral do outro, pra quem não conhece as suas respectivas
séries (quem acompanha “Detective Conan” pelos filmes, é bem comum este
recurso) e como a história se passa no Japão, o território central é totalmente
urbano.
Vemos assim, um novo encontro
e o resultado disto? Sucesso garantido nos cinemas, boas vendas nas versões
DVD/Blu-Ray e uma audiência de quase 15% no ranking de TV, quando foi exibido em
2015.
Diante de um resultado tão
otimista, não duvidem que possa acontecer um novo crossover. A maior pergunta é
como duas séries tão distintas, com seus elencos e protagonistas tão marcantes
consigam isto? Se sair da questão de suas fanbases e do histórico que
apresentam, podemos dizer que é o fato delas serem bem próximas da realidade
que apresentam. Crossovers entre personagens de mangás e animes costumam ser
deslocados, quando se trata da ambientação e nem mesmo os que são de fantasia,
escapam de serem surreais em excesso - e este é um dos trunfos onde “Lupin III vs
Detective Conan” sobressai aos demais, pois o universo destes é no mundo real,
tornando possível o encontro deles.
Vale e muito destacar os
personagens que foram usados, sendo que em Lupin temos sua trupe e na cola, o
Inspetor Zenigata (algoz que quer prender o protagonista) e no caso do Conan,
no primeiro crossover foi pequena a participação do seu elenco, claro que
compensado no segundo, afinal, o palco era no seu meio. E os personagens ficaram
mais soltos no filme, agindo mais de acordo com suas personalidades. Quanto a
animação de ambos, o especial de TV foi apenas o esperado, com direito dos
intervalos serem os mesmos de suas séries e o filme mais caprichado, sem
esquecer de manter o character design de cada um deles - e destaque para o uso das
músicas temas, quem sabe vai logo reconhecer de quem é quem.
Portanto, se a curiosidade era
saber quem são “Lupin III” e “Detective Conan” ou pra quem já os conhecia, os
crossovers são uma porta de entrada para entender um pouco o sucesso de duas
séries japonesas conceituadas em seu país de origem. Caso goste do resultado,
nada melhor que ir atrás das séries e tirar suas conclusões a respeito delas.
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