Por Escritora Otaku
Lá pelos meados de outubro 2014 eu entrei com tudo em
um anime esportivo sobre ciclismo, como se não fosse nada, porém “Yowamushi Pedal” me
conquistou e assisti as duas primeiras temporadas amando Onoda e companhia. O
tempo passou e eis que retornam para mais duas séries com o que tinham de material e
o resultado foi mais que satisfatório, seguindo em frente. Como manda em animes
deste estilo, novos personagens dão às caras, um deles inclusive entrou fácil
na lista de personagens detestáveis - do tipo "quero este cara fora do anime" e
ponto final! De resto, tudo que trouxe e consolidou nas suas temporadas
anteriores esteve lá, com saltos positivos e negativos, é claro! Obras longas
tem disto, é difícil segurar o ritmo sem quedas e manter o interesse no mesmo,
não acham?
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Ano: 2017 / 2018
Diretor: Osamu Nabeshima
Estúdio: TMS Entertaiment
Episódios: 25 (3ª temp) / 25 (4ª temp)
Gênero: Comédia / Drama / Esporte
De onde saiu:
Mangá, 63 volumes, em andamento
Recomeços, desafios e mais corridas malucas numa
bicicleta: assim podemos definir um pouco a respeito de “Yowamushi Pedal”, uma
das diversas obras que entra na lista de mangás e animes esportivos - mesmo os
não adeptos tem de aceitar que "YowaPedal" conquistou seu espaço e merece ser
requisitado, ao lado de outras séries esportivas. Por acaso houve outros com a
mesma temática de ciclismo fora este? Teve sim, uns antes e depois, sejam
focados ou não no esporte em si, a questão é que esta série meio que colocou em
voga a atividade e mesmo sendo um shounen como muitos, tem o seu charme. Caso
queira ter uma maior noção, há resenha das duas primeiras temporadas, cliquem aqui e vão
entender o que há de mais num anime destes.
Aos mais desatentos ou que estiveram numa caverna,
a obra conta sobre Onoda, um garoto que acaba entrando com tudo no ciclismo, demostrando talento no esporte e tendo sua primeira participação no Intercolegial,
resumindo assim as duas primeiras temporadas. Depois desta competição, a trama
prossegue com a saída dos membros mais velhos dos times que fizeram parte,
dando espaço para novos ciclistas, fossem já previstos ou testados - esta é
a ideia parcial da terceira temporada, “New Generation”: os times são parte de
clubes e como todo clube colegial, os membros mais velhos se formam, mantendo
os novatos e aos que ainda não concluíram seus estudos; por isso, o tom de
despedida daqueles personagens que conhecíamos nas séries anteriores, seguir
com suas vidas. Na equação, os três times mais relevantes da obra (Sohoku,
Hakone e Fushimi Kyoto) perderam seus veteranos e para suprir, novos alunos
entram para complementar as equipes para novas competições e manter os clubes
em funcionamento; vemos assim, a procura dos clubes para novos membros,
principalmente das partes do Sohoku e do Hakone, que tiveram as maiores perdas.
No Sohoku, onde está Onoda, passa por uma
reestruturação e isto, de certa maneira, afeta o protagonista, que agora não é
mais um novato, tendo de aprender a aceitar o fardo que assumiu e dar apoio aos
demais integrantes. O começo é bem complicado ao rapaz, mas claro que ao lado dos
colegas de clube e os que viram seu potencial o deixam “mais tranquilo” para os
novos desafios. Diríamos que aqui as mudanças foram ou não empecilhos para o
desenvolver da equipe como um todo. Para os lados do Hakone, as trocas não
causaram tantos problemas e sim, a credibilidade e confiança aos presentes;
quem acompanhou a trama desde o começo, o time era visto com bons olhos, pelo
trabalho feito pelos seus membros e conquistando vitórias e prestígios atrás do
outro. No momento atual, tudo isto é jogado fora e depende demais dos atuais
integrantes tirar a má imagem que tem deles mesmos e do time, reconquistando o
crédito ao clube em geral.
O que traz a seguinte realidade: o que torna estes
times e seus clubes tão característicos? Um questionamento a ser respondido
perante suas reestruturações a um novo intercolegial, a segunda parte da
temporada. Assim, cabe aos seus participantes encontrar, na competição, o que
os levou a querer praticar o ciclismo como um todo; uns na marra e outros,
revelando seus pontos mais fortes nas duas rodas. E vemos assim, a diferença
entre um time mais estruturado e com peças, Hakone, de um time que ainda não
encontrou seu ponto de equilíbrio, Sohoku. Ai, vão perguntar: e o Fushimi
Kyoto? Bem, este é um time que depende demais do seu membro mais talentoso, o
detestável e genial, Midousuji, que com seus “planos sujos”, trouxeram certa
notoriedade ao grupo e que na atual formação, contam com outro aluno tão
detestável e talentoso quanto, o Komari para causar. Enquanto os demais times
atuam como uma equipe que apoia o outro, neste caso, o Fushimi é apenas uma
mera ferramenta para os propósitos de Midousuji, que quer ganhar e mostrar que
seus ideais são os melhores.
Aqui temos a entrada de novos personagens e mesmo
sendo parte do título da temporada, dá para sentir um tanto de antipatia, o que
é normal; os personagens que víamos antes e saíram, meio que carregavam o
carisma da obra e estes novatos, apesar de terem presença e simpatia, quando se acostuma a eles, causa uma estranheza inicial. Se for vê-los mais de perto, dá para
aceitar e quem sabe, curtir seus estilos e personalidades.
A história segue em “Glory Line”, quarta temporada
do anime, que continua a competição e coloca os ingredientes mais relevantes da
trama, como as pedaladas saídas de um shounen de batalha; as superações dos
seus personagens, seja como pessoas, seja como ciclistas e um intercolegial bem
mais duro em sua trajetória. E como cada equipe participante tenta superar
as adversidades que foram impostas na competição dita, evoluindo o que possuem
de melhor para ultrapassar os limites de si mesmos. Num todo, seu conteúdo é
praticamente um repeteco do visto na segunda temporada, “Grande Road”, o que é
bom e ruim ou vice-versa. O bom é ter uma estrutura narrativa, sem querer
alterar demais em sua fórmula, de outro, pode representar certa falta de
criatividade de trazer novos conceitos na obra; o desafio de muitas séries
longas, sejam ininterruptas ou em temporadas, é manter o que as tornam únicas e
relevantes, sem perder suas essências. Aqui não foi diferente, aliás, se for
dos que não curtiu os novos personagens e o dejá vù, pode parar nas duas
primeiras temporadas; caso tenha realmente gostado, não custa dar uma chance,
pois, apesar da sensação de situações semelhantes ao visto antes, vão adiante e
consegue surpreender em momentos decisivos.
Um exemplo dos mais evidentes é a situação que
encontra o time do Sohoku, que para não ficar soltando spoilers demais, passa
por poucas e boas; nos episódios que enfocam mais neles as prévias são
pessimistas e quando ocorrem, dão mais esperança em ver o time em alta.
Principalmente, quando foca no Onoda e vemos, nestas horas, o quanto o apoio
dos colegas de clube e de outras pessoas o faz enxergar além do que conseguia ver.
O efeito chega aos personagens apresentados na fase anterior e aos já
presentes, que foca menos na corrida e sim, no que tiveram de fazer para serem
devidamente aceitos como são. Se há um aspecto em “Yowamushi Pedal” num todo é
justamente nos botar a par das dificuldades e superações dos seus personagens,
identificando ou não, os dilemas e soluções de cada um.
Na parte técnica, vemos uma evolução nos traços dos
personagens, mais vivos que antes (nada incomum quando são séries longas); o
ritmo da obra manteve na mesma vista anteriormente, com novidades e o elenco de
vozes, ganhou mais forças, com novos dubladores para os novos personagens; o
uso de computação gráfica teve uma leve melhoria e consistência. Cada destas
temporadas teve em torno de duas aberturas e dois encerramentos: em “New Generation”,
as aberturas foram “Cadence” e “Transit”, ambas retratando bem o conceito da
temporada, a de recomeços, com seus ritmos indo de acordo com o andamento da
história, enquanto seus encerramentos, “Now or Never” e “Takai Tokuro” seguem
numa vibe mais animada; já em “Glory Line”, suas aberturas “Boku no Koe” e
“Dancing” colocam em suas melodias as sensações de mais uma competição, a
primeira mais de início e a outra em uma batida eletrônica contagiante - já sobre
seus encerramentos, “Carry the Hope” e “Over the Limit” são contraditórias uma à
outra, a primeira sendo de um tom mais pop e jovial e cantada pelos dubladores do
time do Sohoku, e a outra mais lenta e com batida no jazz/blues cantada pelos
dubladores do time do Hakone, representando as equipes como são vistas na
trama. Se fosse escolher qual das temporadas teve as melhores aberturas e
encerramentos, a quarta temporada ganha com folga. No restante, os animes tem
seus altos e baixos, mantendo a essência e personalidade que a história tem a
oferecer.
Enfim, “Yowamushi Pedal” nestas temporadas,
consegue ser mais do mesmo, com novas adições e um rumo meio que previsto, nada
que atrapalhe em acompanhar. Se realmente gostou da obra como um todo, vai com
tudo, pois continua sendo divertido estas pedaladas malucas em animação. Quanto
a novas temporadas, a questão é esperar, já que, o anime alcançou o mangá e de
praxe, saber do final deste intercolegial vai depender do tempo.
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Yowamushi Pedal? Aí sim, um dos meus esportes favoritos. É estranho como Pedal não tem nada de realmente novo, mas faz tão bem o básico de animes de esporte que fica algo incrível.
ResponderExcluirTambém é absurdo como o autor consegue transformar um monte de moleques pedalando em algo tão interessante e intenso. Vem personagem, sai personagem e parece que fica cada vez melhor.
Acompanhei a última temporada, e ainda espero pela próxima. Espero que venha logo.