Por Escritora Otaku
Lá nos meados de 2006 eu comecei a ter mais acesso à
internet e vi o que viraria o Youtube, só que, sem os canais diversos e tipos
que temos por hoje. Nisso, tive acesso a dois animes, um com apenas episódios
sorteados – era o que tinha, no caso, o anime de “Viewtiful Joe” – e o do anime
embaixo, ambos com legendas em inglês - o segundo acompanhei do começo ao fim mesmo sem entender muito dos rumos gerais da trama e personagens. Das vagas
lembranças deste, tenho a música de abertura, que gostei e a identificação
quando curto um anime.
Claro que esta série já teve adaptação antes, em OVAs e dos quais eu vi, só que, em termos de conteúdo e impacto, a série de TV foi muito
melhor. E sabe do mais engraçado quando fui ver? Tinha terminado de assistir “Banana Fish” e duas das vozes eram familiares aqui, a do protagonista e de um dos personagens,
aí, não deu outra, mais paixonite de minha parte. No fim, a série de TV do
“Guyver” entra na lista de achados em animes que tanto gosto de assistir e a
resenha deve dar os devidos pareceres.
*****
Alternativo: Kyoushoku Soukou Guyver
Ano: 2005
Diretor: Katsuhito Akiyama
Estúdio: OLM
Episódios: 26
Gênero: Aventura / Ficção científica / Suspense
De onde saiu:
Mangá, 32 volumes, em andamento
Armaduras sempre foram parte em histórias de
ficção: sejam mais para a fantasia, sejam para identificar algum grupo ou
indivíduo, indo para as que se fundem ao corpo do seu usuário e podem ser usadas
para o bem ou para o mal. Qual seja a opção, a armadura é parte deste imaginário
e podem ou não ser importantes nas tramas e personagens.
E se unir a ficção científica neste meio, podemos
ir para dois caminhos, o das armaduras alienígenas (vivas ou fundidas ao seu
hospedeiro de forma forçada ou não) e as criadas pela ciência ou pela
tecnologia, até por ambas; estas têm funções similares às citadas acima, todas
projetadas ou criadas para algum fim.
Só assim para ter uma pequena noção do que veremos
em “Guyver”, uma série que tem como principal mote as armaduras que fundem aos
seus donos e dão poderes sobre-humanos, donas de uma história capaz de explodir
cabeças, no sentido mais direto ao termo. A trama tem início em seu mangá,
criado por Yoshiki Takaya nos anos 80, lançada inicialmente na revista Shounen
Captain e que está na Young Ace, e trata-se de uma trama de ficção científica que envolve
poderosas armaduras e um enredo bastante complexo que não deve em animes neste
estilo. A obra em si já teve diversas adaptações: os 12 OVAs de 1989 a 1992,
cujo foco fica mais nos embates e na violência, como mandava parte dos
especiais de vídeo daquela época; dois longas metragens live action, “The
Guyver” ou “Mutronics” (1991) e “Guyver 2: Dark Hero” (1994) que dão uma
interpretação ocidental da trama original e enfim, temos a série de TV,
“Guyver: The Bioosted Armor” que segue com mais fidelidade a história em si,
usando os dez volumes iniciais e com menos violência gráfica, que é compensada
por botar em tela a complexidade de seu universo ao público.
Seu enredo nos coloca na pele de Fukamachi Shou, um
jovem estudante colegial que acaba se envolvendo no meio de uma misteriosa
organização, a Chronos, por causa de uma armadura bio-reforçada, a que dá
título à série. Tal envolvimento veio por acaso, pois estava andando com seu
melhor amigo, Segawa Tetsuro, num lugar que iam quando crianças; ambos veem uma
explosão de longe e surge um estranho objeto em forma de roda que remete às
mangueiras portáteis e sem querer, Tetsuro passa o item ao amigo que é ativado,
o envolve e cria uma armadura que lhe dá poderes sobre-humanos aos que a usam.
Descobre-se que é apenas uma de três armaduras bio-reforçadas, que estavam em
posse da Chronos e param em mãos humanas após serem roubadas.
A primeira que vemos é “Guyver I”, pertencente ao
jovem rapaz, de tons azulados e cuja estrutura dá mote ao enredo; a segunda é a
“Guyver II” que para em posse de Oswald A. Lisker, de tons dourados e é
“aliado” da organização; a terceira e última, “Guyver III” fica nas mãos de
Makishima Agito, colega da mesma escola de Sho e Tetsuro, que tem seus próprios
objetivos e age como um aliado dos rapazes após certos fatos e acontecimentos.
Estas armaduras foram criadas há muitos anos e seus usuários passam a ter
um elo mental com estas quando precisam de seus poderes, sendo chamadas por uma
palavra-chave de seus donos e se fundindo aos corpos dos mesmos, dando um aspecto
alienígena neles; em termos de habilidades, são parecidas e no arsenal temos
lâminas cortantes, lasers, voo, golpes de raios ou gravitacionais e fora a
ampliação da força e resistência - verdadeiras armas vivas, em termos diretos.
Por causa delas, a vida de Sho e dos demais personagens muda, para evitar, em
partes, as ambições da Chronos de tornar nosso mundo em seus domínios.
O que mais chama atenção nesta série é a sua trama
cheia de reviravoltas, sequelas e consequências que formam um clima mais
revelador conforme passa os seus episódios - principalmente quando vemos o que passa o
protagonista e seus entes queridos mais próximos, em constante perigo, pois a
organização quer as armaduras de volta e para isto, vão usar de diversos
recursos e artimanhas para conseguirem o que querem. E o principal são os monstros/seres
que aparecem para enfrentar Guyver I e Guyver III, divididos em duas
categorias: os mais recorrentes são os zoanóids, humanos pegos ou criados em
laboratório, adversários corriqueiros de diversos tipos e estilos monstruosos
ou alienígenas, que obedecem cegamente às ordens da organização; e acima destes e
responsáveis pela Chronos, temos os zoalords, indivíduos de grandes poderes e
habilidades, capazes de controlar os zoanóids, formam um grupo que seguem nos
seus objetivos e suas aparências são mais de alienígenas avançados. Claro que
nem todos estes seres concordam com os propósitos e ideais da organização,
fazendo ações que beneficiem a si mesmos, causando problemas para os seus
semelhantes.
Podemos ver as consequências disto tudo no próprio
protagonista: mesmo humano, Sho passa por poucas e boas, sofrendo fisicamente e
psicologicamente por possuir a armadura, interligada ao seu ser; todo o
sofrimento, negação, frustração e afins afetam o desempenho como guyver, indo
aos extremos sem esforços. Não que os demais usuários tenham algo semelhante, é
que quem sente na pele todo o contexto é o jovem, ao longo da história. Mesmo
que haja personagens que passem por algo similar em animes, se vê uma evolução
dele que aceita o fardo e quer deter a Chronos pelas suas artimanhas.
Dá para dizer que ninguém escapa das sequelas
mostradas em seu enredo, uns sofrendo mais, outros menos...
As maiores diferenças entre a série de TV e os
OVAs está na forma que retratam o conteúdo vindo do mangá: no primeiro caso, é
consideravelmente mais fiel e mostra bem a complexidade das decisões e consequências dos atos
dos personagens, indo além do esperado; já nos especiais de vídeo, chama mais a
atenção as cenas impactantes e violentas, deixando de lado o enredo truncado do
original e sendo mais simplista na execução - fora diferenças visuais e atitudes
de alguns dos personagens apresentados. Em comparativo, cada uma tem os seus
atrativos e funcionam bem em suas propostas.
Visualmente, o anime é “simples” no design de seus
personagens e na ambientação, ajudando na melhor imersão da história
apresentada e, por calcar melhor no mangá, os fatos ficam mais compreensíveis ao
público, desde que fique atento. Quanto mais fala das origens das armaduras e
da organização, mais fica evidente o quão complexa e complicada é a situação
vivenciada. O elenco em si, por ter mais tempo de tela, coloca bem o contexto e
até mesmo apresenta personagens que eram só exclusivos do mangá, tendo suas
aparições nos momentos certos. E pode adiantar que, se ficar com sua cabeça
explodindo pelas revelações dadas na série, é porque o original tem esta
característica e fica mais cabuloso ao longo da trama - o anime só trouxe uma
pequena parte desta complexidade. Dublagem que cumpre o seu papel e em músicas,
a abertura “Waiting For” expõe bem a ideia da trama como um todo e tem seu tom
de mistério quanto ao clip usado, diferindo o encerramento, “Cotton Candy” cuja
melodia é mais aberta e animada, tendo alguns efeitos psicodélicos em sua
execução.
Aos amantes da ficção científica e de armaduras
vivas, “Guyver” consegue entreter e nos fazer pensar nas sequelas vivenciadas
dos seus personagens, que fariam de tudo para voltar à rotina sossegada de
outrora.
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