15 de março de 2020

Resenha: Guyver - The Bio-boosted Armor




Por Escritora Otaku


Lá nos meados de 2006 eu comecei a ter mais acesso à internet e vi o que viraria o Youtube, só que, sem os canais diversos e tipos que temos por hoje. Nisso, tive acesso a dois animes, um com apenas episódios sorteados – era o que tinha, no caso, o anime de “Viewtiful Joe” – e o do anime embaixo, ambos com legendas em inglês - o segundo acompanhei do começo ao fim mesmo sem entender muito dos rumos gerais da trama e personagens. Das vagas lembranças deste, tenho a música de abertura, que gostei e a identificação quando curto um anime.

 Ao ter mais acesso a tantos animes sempre tive esperanças de ver esta série legendada em português brasileiro e por anos, foi um dos animes que não teve muita sorte em fansubs. Foi aí, no final de 2018, perto de me mudar de volta à cidade onde fui criada, olhando nestes sites de animes (que se foi e voltou, em partes, o acervo deles era excelente), o que encontro? Aquele anime lá atrás, devidamente legendado, ficando mais que feliz no dia e sem perder tempo fui grava-lo após ter a certeza de não ser legenda de Portugal - mas era BR mesmo. Fico grata pelo fansub que trouxe, porque estava achando que ia ser mais um sem legendas, vocês foram demais!!! De quatro em quatro episódios, exceto que na reta final fui vendo os seis últimos, terminei e minhas impressões: já fazia um bom tempo que não me encantava com animes antigos, não que falte opções, é que para me prender e impressionar, tenho de ser com a cara do mesmo e não deu outra, foi paixão à segunda assistida.

Claro que esta série já teve adaptação antes, em OVAs e dos quais eu vi, só que, em termos de conteúdo e impacto, a série de TV foi muito melhor. E sabe do mais engraçado quando fui ver? Tinha terminado de assistirBanana Fish” e duas das vozes eram familiares aqui, a do protagonista e de um dos personagens, aí, não deu outra, mais paixonite de minha parte. No fim, a série de TV do “Guyver” entra na lista de achados em animes que tanto gosto de assistir e a resenha deve dar os devidos pareceres.



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Alternativo: Kyoushoku Soukou Guyver
Ano: 2005
Diretor: Katsuhito Akiyama
Estúdio: OLM
Episódios: 26
Gênero: Aventura / Ficção científica / Suspense
De onde saiu: Mangá, 32 volumes, em andamento


Armaduras sempre foram parte em histórias de ficção: sejam mais para a fantasia, sejam para identificar algum grupo ou indivíduo, indo para as que se fundem ao corpo do seu usuário e podem ser usadas para o bem ou para o mal. Qual seja a opção, a armadura é parte deste imaginário e podem ou não ser importantes nas tramas e personagens.

E se unir a ficção científica neste meio, podemos ir para dois caminhos, o das armaduras alienígenas (vivas ou fundidas ao seu hospedeiro de forma forçada ou não) e as criadas pela ciência ou pela tecnologia, até por ambas; estas têm funções similares às citadas acima, todas projetadas ou criadas para algum fim.

Só assim para ter uma pequena noção do que veremos em “Guyver”, uma série que tem como principal mote as armaduras que fundem aos seus donos e dão poderes sobre-humanos, donas de uma história capaz de explodir cabeças, no sentido mais direto ao termo. A trama tem início em seu mangá, criado por Yoshiki Takaya nos anos 80, lançada inicialmente na revista Shounen Captain e que está na Young Ace, e trata-se de uma trama de ficção científica que envolve poderosas armaduras e um enredo bastante complexo que não deve em animes neste estilo. A obra em si já teve diversas adaptações: os 12 OVAs de 1989 a 1992, cujo foco fica mais nos embates e na violência, como mandava parte dos especiais de vídeo daquela época; dois longas metragens live action, “The Guyver” ou “Mutronics” (1991) e “Guyver 2: Dark Hero” (1994) que dão uma interpretação ocidental da trama original e enfim, temos a série de TV, “Guyver: The Bioosted Armor” que segue com mais fidelidade a história em si, usando os dez volumes iniciais e com menos violência gráfica, que é compensada por botar em tela a complexidade de seu universo ao público.


Seu enredo nos coloca na pele de Fukamachi Shou, um jovem estudante colegial que acaba se envolvendo no meio de uma misteriosa organização, a Chronos, por causa de uma armadura bio-reforçada, a que dá título à série. Tal envolvimento veio por acaso, pois estava andando com seu melhor amigo, Segawa Tetsuro, num lugar que iam quando crianças; ambos veem uma explosão de longe e surge um estranho objeto em forma de roda que remete às mangueiras portáteis e sem querer, Tetsuro passa o item ao amigo que é ativado, o envolve e cria uma armadura que lhe dá poderes sobre-humanos aos que a usam. Descobre-se que é apenas uma de três armaduras bio-reforçadas, que estavam em posse da Chronos e param em mãos humanas após serem roubadas.

A primeira que vemos é “Guyver I”, pertencente ao jovem rapaz, de tons azulados e cuja estrutura dá mote ao enredo; a segunda é a “Guyver II” que para em posse de Oswald A. Lisker, de tons dourados e é “aliado” da organização; a terceira e última, “Guyver III” fica nas mãos de Makishima Agito, colega da mesma escola de Sho e Tetsuro, que tem seus próprios objetivos e age como um aliado dos rapazes após certos fatos e acontecimentos. Estas armaduras foram criadas há muitos anos e seus usuários passam a ter um elo mental com estas quando precisam de seus poderes, sendo chamadas por uma palavra-chave de seus donos e se fundindo aos corpos dos mesmos, dando um aspecto alienígena neles; em termos de habilidades, são parecidas e no arsenal temos lâminas cortantes, lasers, voo, golpes de raios ou gravitacionais e fora a ampliação da força e resistência - verdadeiras armas vivas, em termos diretos. Por causa delas, a vida de Sho e dos demais personagens muda, para evitar, em partes, as ambições da Chronos de tornar nosso mundo em seus domínios.

O que mais chama atenção nesta série é a sua trama cheia de reviravoltas, sequelas e consequências que formam um clima mais revelador conforme passa os seus episódios - principalmente quando vemos o que passa o protagonista e seus entes queridos mais próximos, em constante perigo, pois a organização quer as armaduras de volta e para isto, vão usar de diversos recursos e artimanhas para conseguirem o que querem. E o principal são os monstros/seres que aparecem para enfrentar Guyver I e Guyver III, divididos em duas categorias: os mais recorrentes são os zoanóids, humanos pegos ou criados em laboratório, adversários corriqueiros de diversos tipos e estilos monstruosos ou alienígenas, que obedecem cegamente às ordens da organização; e acima destes e responsáveis pela Chronos, temos os zoalords, indivíduos de grandes poderes e habilidades, capazes de controlar os zoanóids, formam um grupo que seguem nos seus objetivos e suas aparências são mais de alienígenas avançados. Claro que nem todos estes seres concordam com os propósitos e ideais da organização, fazendo ações que beneficiem a si mesmos, causando problemas para os seus semelhantes.

Podemos ver as consequências disto tudo no próprio protagonista: mesmo humano, Sho passa por poucas e boas, sofrendo fisicamente e psicologicamente por possuir a armadura, interligada ao seu ser; todo o sofrimento, negação, frustração e afins afetam o desempenho como guyver, indo aos extremos sem esforços. Não que os demais usuários tenham algo semelhante, é que quem sente na pele todo o contexto é o jovem, ao longo da história. Mesmo que haja personagens que passem por algo similar em animes, se vê uma evolução dele que aceita o fardo e quer deter a Chronos pelas suas artimanhas.

Dá para dizer que ninguém escapa das sequelas mostradas em seu enredo, uns sofrendo mais, outros menos...

As maiores diferenças entre a série de TV e os OVAs está na forma que retratam o conteúdo vindo do mangá: no primeiro caso, é consideravelmente mais fiel e mostra bem a complexidade das decisões e consequências dos atos dos personagens, indo além do esperado; já nos especiais de vídeo, chama mais a atenção as cenas impactantes e violentas, deixando de lado o enredo truncado do original e sendo mais simplista na execução - fora diferenças visuais e atitudes de alguns dos personagens apresentados. Em comparativo, cada uma tem os seus atrativos e funcionam bem em suas propostas.

Visualmente, o anime é “simples” no design de seus personagens e na ambientação, ajudando na melhor imersão da história apresentada e, por calcar melhor no mangá, os fatos ficam mais compreensíveis ao público, desde que fique atento. Quanto mais fala das origens das armaduras e da organização, mais fica evidente o quão complexa e complicada é a situação vivenciada. O elenco em si, por ter mais tempo de tela, coloca bem o contexto e até mesmo apresenta personagens que eram só exclusivos do mangá, tendo suas aparições nos momentos certos. E pode adiantar que, se ficar com sua cabeça explodindo pelas revelações dadas na série, é porque o original tem esta característica e fica mais cabuloso ao longo da trama - o anime só trouxe uma pequena parte desta complexidade. Dublagem que cumpre o seu papel e em músicas, a abertura “Waiting For” expõe bem a ideia da trama como um todo e tem seu tom de mistério quanto ao clip usado, diferindo o encerramento, “Cotton Candy” cuja melodia é mais aberta e animada, tendo alguns efeitos psicodélicos em sua execução.


Aos amantes da ficção científica e de armaduras vivas, “Guyver” consegue entreter e nos fazer pensar nas sequelas vivenciadas dos seus personagens, que fariam de tudo para voltar à rotina sossegada de outrora.



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