26 de setembro de 2018

Resenha: Garo - Guren no Tsuki


Por Escritora Otaku

Após a boa recepção que teve “Honoo no Kokuin”, na mesma época, em 2015, veio a segunda série animada de “Garo” com uma ambientação mais nipônica, referências a figuras históricas do próprio Japão, novos personagens e um contexto que herdara da animação anterior. Como minha experiência inicial nesta investida em anime da franquia fora mais que positiva, dei uma chance e conferi esta nova história. Em termos gerais, “Guren no Tsuki” soube aproveitar bem o que um anime de “Garo” deve ser - no entanto, sua recepção pelo que pude ver na época, não foi das melhores.

Motivo? A expectativa de que fosse uma continuação da série de 2014, o que não houve em partes, pois este teve um longa animado pra saciar a sede dos que tinham curtido “Honoo no Kokuin”. Aos mais habituados a franquia, nenhuma surpresa: há histórias independentes, sem necessidade de acompanhar a anterior. Por isso, mesmo com este problema, mais o fato do completo abandono dos fansubs definitivos de animes - sorte que um fansub de tokusatsu fez a legenda, tempos depois, aos mais exigentes -, vejamos como foi esta segunda investida animada, seus pontos fortes e fracos.

*****


Ano: 2015
Diretor: Atsushi Wakabayashi
Estúdio: MAPPA
Episódios: 23
Gênero: Ação / Fantasia / Histórico


Quando estamos habituados com temáticas históricas na ficção, elas podem se encaixar em dois pontos: ser uma descrição da época e estilos de forma mais crível ou seguir para um caminho que use isto para trazer um contexto mais fantasioso. E em animes, temos parte destes dois aspectos, uns mais como reproduções de tempos já passados, seja para contar fatos históricos ou servir de pano de fundo para a trama apresentada - de resto, vai depender de como a produção quer retratar e seu foco durante sua exibição.

Utilizando o pano de fundo histórico, criando sua história em tempos mais antigos, em outubro de 2015 até março de 2016 tivemos a segunda investida animada da franquia “Garo”. Caso não estejam entendendo bem o que está sendo dito, clique aqui para ler sobre a primeira série animada e vão entender um pouquinho das circunstâncias que levaram para o nascer deste segundo anime.

“Garo: Guren no Tsuki” aproveita alguns dos elementos apresentados em “Garo: Honoo no Kokuin” e ao mesmo tempo, nos coloca em uma nova história do Cavaleiro Dourado em sua eterna luta contra os horrors. O anime segue o contexto de outras séries que usam uma época histórica regional para contar este eterno embate com novos personagens, uns que lembrem a série anterior, outros completamente novos e intrigantes. Antes de ir para a história em si, temos de situar o período que nos é apresentado, neste caso, a Era Heian, uma das últimas eras históricas mais antigas do Japão, onde as influências chinesas chegam ao seu ápice e cuja capital era Kyoto. E quem tinha autoridade máxima neste período era o Clã dos Fugiwara, família aristocrática que tinha se juntado à família imperial daqueles tempos.

Na trama, vemos uma Kyoto dividida entre famílias do alto escalão, lideradas por Michinaga, um homem que quer beneficiar somente os mais bem abastados; no extremo oposto, o povo mais humilde, cujas famílias vivem na pobreza e acreditam em tempos melhores agora que a capital japonesa se centralizou ali. É neste lugar que acompanhamos o atual dono da armadura dourada, um jovem chamado Raikou, que num primeiro momento não tem controle total da própria armadura, e ao seu lado temos seu auxiliar Kintoki (um garoto forte e obediente ao jovem rapaz) e a sacerdotisa makai, Seimei, a que detém o poder da armadura e mentora do cavaleiro, grande destaque na trama. Os três são os responsáveis em enfrentar os horrors, criaturas que nascem dos sentimentos negativos e ruins dos próprios humanos. Mais perto da primeira metade do anime temos a entrada de Yasusuke, um nobre que acaba virando chefe de um grupo de bandidos que roubam dos ricos para os pobres, no melhor estilo “Robin Hood” e é também um cavaleiro makai, Zanza - fora outros personagens mais relevantes, incluindo o vilão desta temporada, Ashiya Douman e os horrors, característicos de quem conhece a franquia.

A história tem muitas semelhanças com a série anterior, como o protagonista jovem e sem controle pleno de sua armadura; a presença de mais um cavaleiro makai, este com certa rivalidade ao principal e com forte senso de justiça; de um vilão propriamente dito e bem focado no que quer; da presença de horrors e do anel madou da franquia, o Zaruba, pertencente ao Raikou. E as maiores diferenças vem com a ambientação mais nipônica, referências a figuras históricas ou folclóricas por meio dos nomes usados aos personagens e uma trama mais amarrada, além da maior presença do elenco em si, culminando nos rumos apresentados na série - por fim, o design dos personagens veio de Masakazu Katsura, mangaká conhecido pelas obras de “Zetman” e “Video Girl Ai”, dentre outros.



Vale lembrar que houve certa decepção, por não ter sido uma continuação de “Honoo no Kokuin” como uns esperavam e a mudança de narrativa afastou muitos de seguir - contudo, analisando um pouco, o anime já tinha sido bem conclusivo e não valeria a pena ir adiante. Por outro lado, sem a necessidade de depender da série anterior, consegue botar outras ideias e uma execução quase perfeita. Já anunciaram um filme animado para este, dando a responsabilidade em dar uma devida conclusão à sua trama.

Outros pontos da produção vêm do nome do estúdio da franquia, o Touhokushinsha Film Corporation creditado na animação desde o começo (devem ter gostado muito desta investida, dando liberdades que o tokusatsu não permite ir além), do MAPPA ter se encarregado da animação que e em aspectos técnicos é melhor que a anterior, como também da participação já tradicional do JAM Project nas aberturas da série.


O contexto histórico influenciou bastante na escolha das músicas de abertura e encerramento, que seguem nesta vibe: “Guren no Tsuki~Kakusareshi Yami Monogatari” tem o tom típico de uma abertura de tokusatsu, enquanto “Gekka” segue para um tom conclusivo em sua execução nas aberturas; do outro lado, “Kamon” de Sayaka Sasaki com Inaribayashi e “Karen” do Inarabayashi seguem em sons mais tranquilos e ao mesmo tempo, refletem bem o que a história transmite em seus episódios.


Seguindo uma fórmula já estabelecida em “Honoo no Kokuin” e criando uma história mais nipônica e histórica, “Guren no Tsuki” é mais uma experiência que transporta uma franquia já estabelecida em tokusatsu no mundo dos animes. Investida que tem dado uma chance maior aos que querem conferir um pouco da importância de “Garo” em outra mídia.

***** 

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Copyright © 2016 Animecote , Todos os direitos reservados.
Design por INS