6 de outubro de 2018

Resenha: Garo - Vanishing Line


Por Escritora Otaku


Quando achávamos que a investida animada de “Garo” tinha parado em “Guren no Tsuki”, me surpreendi ao ver que fariam mais uma versão desta franquia tão consolidada no Japão. A grande surpresa foi que diferentemente do que houve nas animações anteriores, suas similaridades são mais próximas do próprio tokusatsu em si numa nova história e personagens. Nasce assim, para mim, o melhor anime feito para “Garo”, agradando aos que já tiveram contato ou não com suas produções.

Parte disto será revelado na resenha, pois há aspectos que tornaram “Vanishing Line” mais apresentável e aceito ao público acostumado aos animes. Como foi com os anteriores, este veio na temporada de outono (outubro) e nesta leva, acompanhei seis títulos: um terminou ainda em 2017, três seguiram adiante e dois só pude ter um gostinho, porque as legendas em português destas foram pro limbo - uma pena porque tinha curtido ambas. Já fui clara que o motivo de acompanhar as temporadas de animes teve início em 2010 e foi só em 2014 em diante, que as segui mais de perto.

Se tem chances de vir um quarto anime, bem, são favoráveis se o estúdio da própria franquia considerar uma boa ideia. Por mim, podem mandar mais!!!

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Ano: 2017
Diretor: Seong-Hu Park
Estúdio: MAPPA
Episódios: 24
Gênero: Ação / Fantasia


Imagine como é criar uma franquia no mundo dos animes, quando o início é apenas uma apresentação, um teste de sua eficácia e dependerá da recepção para poder ter mais uma temporada. Nem sempre funciona; em outras, ajustes são feitos e aos poucos, se conquista espaço neste mercado competitivo cheio de altos e baixos. Algumas ganham fama em sua primeira série, outras precisam de mais tempo e há casos de experimentar até acertar no tom. Tudo é questão de erros e acertos, determinando o seu futuro e suas sequências.

Já estabelecido no mercado nipônico com suas séries e afins, a franquia “Garo” iniciou uma investida justamente nos animes e desde então, tem revelado facetas que outrora, eram impossíveis para um tokusatsu - afinal, animações possuem um alcance muito maior de público e até aos que nunca assistiram alguma trama dos Cavaleiros Makais, é uma amostra de sua criatividade. Sejamos honestos que a própria franquia tem foco num público que ainda assiste tokusatsu e cresceu neste meio, que quer uma trama mais madura e adulta em seu andamento. Afins, o estúdio por trás da franquia opta em colocar esta ideia em ação e até o momento, com três animes na bagagem, todos feitos pelo MAPPA.

“Vanishing Line” segue na vibe já dada em “Honoo no Kokuin” e “Guren no Tsuki”, nos dando uma nova história e personagens - claro que, antes de ser divulgado como mais uma animação da franquia, a impressão era ser só uma obra isolada. No momento que colocam isso, fica a pergunta: será que após duas animações, este novo título atenderá a confiança ou fardará ao fracasso? A resposta disto no momento é sim, pois pela sua premissa podemos dizer que foi uma reinvenção e uma confirmação da fórmula iniciada em 2014. Se tiver acompanhado os animes anteriores, repare que há elementos em comum entre eles e outros que só funcionam dentro de suas tramas - muito bem, esquece o que viu delas, pois a maior referência nesta série é a própria franquia tokusatsu.

Uma virada que era necessária de ocorrer e assim, com uma nova história, somos transportados aos nossos tempos, na famigerada luta dos Cavaleiros Makai contra os horrors. Francamente, uma batalha de bem e mal pode resultar em algo bom? Vejamos com o contexto usado, seu plot e seu andamento em si.

Sophie é uma garota que está à procura de seu irmão desaparecido e tem como única pista a palavra "El Dorado" na tela do computador que este usava - ela cruza o caminho com Sword, atual dono da armadura dourada, que bem diferente dos outros protagonistas da franquia animada, encara os horrors na base da porrada. No começo ele tenta não envolve-la no seu trabalho, mas no fim, por ela virar um alvo, acabam se unindo. Junto a essa dupla temos dois sacerdotes makais, Luke, de estilo mais sério e tem como armas duas pistolas e Gina, que se encaixa no perfil de mulher fatal e utiliza diferentes armas e anda num carro com estilo. Por passar nos tempos atuais, “Vanishing Line” possui uma ambientação mais ocidental, inspirado nos Estados Unidos e isto é bem expressado nos lugares e modo de vida das pessoas. Outro aspecto é a aparição dos horrors, que não limita somente ao já habitual destes seres, havendo uso da tecnologia e da ciência, dando-lhes uma aparência mecânica e maior resistência à luz do dia, ponto fraco deles.

Ao ir atrás de El Dorado, uma grande trama se desenrola e culminará em uma série de acontecimentos, ditando os rumos ao quarteto de personagens. Numa primeira vista, todos eles parecem clichês - na verdade, todos eles são e difere por ter durante a história um desenvolvimento de suas motivações, pensamentos e qual o papel a ser desempenhado ao longo dos episódios. Isto torna suas presenças mais importantes e não tem como deixar de lado a parceria de Sophie e Sword.


No lado da garota, vemos como a busca pelo irmão e o que significa El Dorado a coloca em constante risco, dando impressão de ver uma pessoa sempre em perigo com facilidade - mero engano, pois ela é bem mais forte do que aparenta, mostrando ciência de onde vai parar e usando a internet para ajudar, adquirindo informações de suma importância à trama. Conforme segue ao lado de Sword, passa por provações e reafirmações de suas metas, compreendendo seu lugar. Indo para o lado do cavaleiro makai, o personagem já deixa na cara sua personalidade (adulto, comilão, forte como os protagonistas dos filmes de ação dos anos 80) e mesmo assim, em dados momentos, conhecemos melhor de sua vida e sua forma de pensar, seja como pessoa, seja como cavaleiro. E qual deles tem maior importância aos rumos? Por mais que Sword seja o protagonista em si, dá para dizer com segurança que este papel se encaixa mais na Sophie, afinal, a garota é o propulsor de tudo e a maioria dos acontecimentos deve-se com sua presença.

Na parte técnica e visual, o anime consegue se sobressair bem e seu clima mais ocidental faz uma diferença tremenda em sua execução; o início em si é apenas razoável e aos poucos, vai mudando e dando mais vontade de saber como vai terminar. Seu ponto fraco fica por conta dos vilões, que mesmo tendo forte presença, não tiveram muito desenvolvimento e explicações de suas motivações, prejudicando parte do plot mostrado em tela. Podemos considerar também o fato de reaproveitamento de alguns dubladores que estiveram nas demais versões animadas, aliados aos que entraram nesta série e que dão seu charme em seus personagens.

Em termos de aberturas e encerramentos, o anime consegue transmitir sua estética: “EMG” traz novamente o JAM Project e este tem um ritmo deveras moderno, como manda a estética do anime e em partes, relembra a segunda abertura de “Honoo no Kokuin” em questão do clipe ser similar em sua animação, enquanto “Howling Sword” de Shuhei Kita quebra completamente a regra das aberturas dos animes de “Garo” e seu estilo é bem conclusivo, não devendo em nada na composição - por fim, “Sophie” de Masumi Okui segue num tom intimista e mostra Sophie e Gina, cada uma em seus lugares e “Promise” de Chihiro Yonekura coloca cenas da viagem de Sword e Sophie juntos, tom bem calmo e que ressalta a união deles.


Seguindo por um novo caminho, mas sem esquecer de suas origens são características que posicionam “Garo: Vanishing Line” em um patamar diferente de seus antecessores e recoloca uma história a um público mais amplo. Não é preciso ter acompanhado os animes anteriores, pois cada um traz uma trama e personagens diversos nesta eterna luta que teve início nos tokusatsu.

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