10 de outubro de 2018

Resenha: Digimon Tamers


Por Escritora Otaku


Uma quase unanimidade entre quem teve a experiência de acompanhar a primeira investida independente de “Digimon”: uns a colocam como a melhor da franquia, outros com patamar similar à primeira animação de 1999 e por ser diferente em sua forma de apresentar os monstrinhos digitais. O que pensar não dá para desmerecer o valor de “Digimon Tamers”, verdade seja dita e sou das que curtiu esta temporada, mesmo tendo o problema a respeito do Leomon, sério que vocês não gostam dele, roteiristas?! Por quê?!

Algo que me chamou a atenção é que por mais que seja um anime infantil, Tamers não tem muito a cara de um - analisando sua trajetória a fundo, diria que é melhor aproveitada ao público mais velho. Cortesia de um dos roteiristas que ao menos, não menosprezou o potencial que a trama merece e rendeu uma história e tanto, com momentos tensos e dramáticos, sem esquecer que temos crianças envolvidas e em fase de crescimento. Dá pra dizer que o anime seguiu algo parecido ao “Digimon” por outra ótica, parando pra pensar. Há rumores que haja uma continuação oficial em anime, como houve em “Digimon Adventure Tri”, no entanto, nada confirmado e façam torcida: é uma história que dá para continuar com antigos ou com novos personagens.

E sim, escrevi fanfic continuativa deste, que tem mudanças em alguns pontos pendentes e pode ser que dê uma atualizada - está precisando mesmo, a verdade é que estou pegando nela no momento. De personagens, diria que os que vieram depois do trio principal me fascinaram e aos parceiros digimon, Leomon na veia, seguida da Renamon. Sem enrolações, vamos explorar o ambiente urbano, pegar nossos decks e digivices e esclarecer os mistérios por trás desta terceira investida da franquia.

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Ano: 2001
Diretor: Yukio Kaizawa
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 51
Gênero: Aventura / Comédia / Drama / Fantasia
Indicação de vídeo como complemento: "Digimon Tamers 2018: Conheça a continuação do anime"




Tendo duas animações já feitas, dá pra dizer que “Digimon” tem potencial: o primeiro anime foi muito bem, dando o pontapé inicial da franquia e seu sucesso inesperado deu sequência a uma continuação, que digamos, não foi tão bem quanto. O maior problema de “Digimon 02” foi sua própria estrutura narrativa, que não teve resultado similar ao seu antecessor. Qual a alternativa? Recomeçar do zero, sem esquecer do que dera certo e foi a partir de “Digimon Tamers” que a franquia seguiu o caminho independente, não se valendo demais da fórmula já imposta e acrescentando novos elementos sem perder o charme inicial que a primeira animação trouxe em tela.

Com um teor mais sombrio e humano, saindo do tom fantasioso e fantástico de suas antecessoras, a trama aborda as relações de digimon no nosso mundo com seus parceiros humanos, chamados de domadores, algo já explorado de forma rasa em “Digimon 02” - há ainda conceitos dos jogos de cartas (usado pra melhorar as habilidades dos digimon ou para ativar as digievoluções, recurso que perdeu utilidade ao longo dos episódios), que catapultaram quando “Yu-Gi-Oh!” deu as caras na época de exibição e de diversos animes com tal temática que são feitos até hoje. Junta-se a isso um dos roteiristas envolvidos, Chiaki J. Konaka, que também fez a mesma função em “Serial Experiments Lain” e “The Big O”, tornando a trama deste anime cheia de camadas quanto a personalidade dos personagens e seus dramas, dando um tom bem diferente do visto nas duas primeiras animações da franquia. E podemos dizer que sua visão quanto a “Digimon” rendeu aspectos mais que positivos, mostrando que roteiristas quando querem, escrevem boas histórias.

A trama mostra a mais nova mania entre a garotada: o jogo de cartas Digimon, onde cada jogador monta um deck e usa para incrementar as habilidades e status dos digimon. Entre os jogadores, somos apresentados a Takato Matsuda, um garoto de 11 anos que, como a maioria, curte o jogo. Um dia, enquanto arrumava as cartas na caixa, acaba deixando-as cair e nota um cartão azul que nunca vira antes - para saber de sua utilidade, coloca-o em um aparelho que mede o nível de experiência e acaba estragando-o. Sem fazer nada, guarda tudo e corre até a escola, onde chega atrasado e fica de castigo. E pra passar o tempo, desenha um digimon, ao qual dá o nome de Guilmon; mais tarde, ao voltar para pegar a caixa, percebe que o aparelho se transformou em um "digivice" e no dia seguinte, surge seu digimon.

No entanto, Takato não fora o único a ter um digimon no mundo real: mais duas crianças, Jenrya Lee e Ruki Makino, também possuem digimon. Lee tem um Terriermon, Ruki uma Renamon e, juntando-se a Takato e Guilmon, formam o trio de domadores da série. Cada um deles tem uma forma diferente de pensar a respeito de digimon no seu mundo: Takato os considera como amigos, Lee acha que digimon não são feitos para lutar e Ruki pensa que digimon servem apenas para lutar e ganhar experiência de combate. Estas opiniões acabam acarretando ora soluções, ora brigas entre eles; além disto, adaptar os digimon a conviver no mundo real torna-se também indispensável, no caso de serem descobertos. Aos poucos, eles enfrentam vários digimon que passam a aparecer em seu mundo, e as consequências de tais combates podem ocasionar destruições. Por fim, muitos mistérios surgem ao longo dos episódios, dando uma carga dramática e imprevisível à própria trama em geral.

Vale destacar a forma que desenvolveram a relação entre domadores e digimon, que vai além dos combates habituais - aqui, a amizade e união os tornam mais maduros e capazes de encarar situações complexas quando sozinhos. É bem parecido com “Digimon”, a diferença está na forma que os dramas e problemas dos personagens são apresentados, chegando a ir para o lado psicológico e as superações para manter a si mesmos. Nem os digimon mostrados escapam disto, vide o caso do Guilmon: no início muito infantil e sem noção do perigo, conforme passa a trama ele amadurece e aprende o que é ser um parceiro digimon ao seu domador e amigo. Falando de digimon, temos dois casos bem curiosos e são parte do contexto posto da história: o primeiro é Culumon, que é mascote da série – sim, qualquer semelhança ao Pikachu de “Pokémon” é mera coincidência, melhor, foi essa a intenção – que fora sua fofura e personalidade simpática, esconde segredos sobre suas origens e é o que impulsiona as digievoluções apresentadas; o segundo é Impmon, um digimon que tem raiva dos humanos, devido à forma que fora tratado pelos seus donos e ganha maior presença ao longo dos episódios.


Seguindo ao conceito de digievolução utilizado em “Digimon Tamers”, vemos algumas novidades e outras nem tanto: a concepção usada é praticamente a mesma de “Digimon”, só mudando o fato de ter uso das cartas para ativar os estágios evolutivos de nível campeão e do cartão azul para a primeira evolução da matrix (matrix evolution no original), no caso, nível perfeição; para a segunda evolução da matrix, entra a união entre domador e digimon, formando o nível mega e sim, este conceito pode ter sido o pontapé para o visto em “Digimon Frontier”, sendo aqui o domador ficar dentro do digimon e ambos terem consciências separadas. Concepção que funciona bem na trama e apesar dos últimos estágios serem exclusivos aos protagonistas, a maneira que são revelados é bem estilo do primeiro anime, sem os brasões e realizados quando o nível de parceria e pensamentos são iguais a ambos, domador e digimon. Outro aspecto é o uso das cartas, recurso que infelizmente perde foco com o tempo, onde os digimon ganham aumento de status ou usam habilidades de outros digimon; o mesmo para o último, a absorção de dados quando um digimon é derrotado, os códigos destes são repassados ao vencedor para ganhar mais força e experiência em novas lutas, ambos ao estilo de games de RPG.

Todos estes elementos botaram o anime num patamar que apenas aumentou sua fama ao longo dos anos, casos bem raros no ramo da animação japonesa e é ao lado de “Digimon” uma das mais queridas do público e crítica. Aliás, de curiosidade, o termo tamer (domador/domadora) é bastante usado nos games da franquia, sendo os mais famosos a série “Digimon World”, sequências e games similares, onde somos postos neste papel e temos de treinar digimon para nos ajudar em uma estética bem RPG, sendo que apesar de ter bons jogos, não possui a mesma popularidade de “Pokémon” nesta área - injusto, mas tais games são de nicho, ou seja, é para determinado público.

Visualmente, o anime tem um design diferente dos seus antecessores aos personagens humanos, algo que só voltaria a acontecer em “Digimon Savers” em diante; os digimon continuam com seus visuais animalescos que alteram conformem evoluem, de acordo com sua linha evolutiva e referências ao horóscopo chinês e ao autor H. P Lovecraft para determinadas criaturas digitais ou a certos conceitos na história. E aqui pesou o envolvimento de criar uma nova trama, algo que seus animes viveriam seus altos e baixos, nada incomum em séries e franquias consolidadas em terras nipônicas. O visual das digievoluções teve mudanças que adequam ao estilo mostrado, como as do nível campeão que vemos a mudança física dos próprios digimon dos domadores principais. Nas músicas, houve um bom investimento para o conteúdo e entre elas, duas merecem total atenção: a abertura “The Biggest Dreamer” do Koji Wada com um toque mais que perfeito à proposta da série, e “EVO” do Wild Child Bound para o momento das digievoluções, com um toque de suspense e apreensão nos seus acordes.

Um ponto deveras interessante é que toda a história de “Digimon Tamers” não parece ser típica de um anime infantil, num olhar mais crítico e dá para dizer com franqueza que funciona melhor ao público mais velho, mais identificada com o seu teor revelado ao longo dos episódios. Em partes, seu contexto pode ser equiparado ou superior ao primeiro anime, variando a opinião dos que acompanham “Digimon” de perto.

Visto que teve boa repercussão por onde passou, como ficou no Brasil? Dá para dizer que foi bem e o mais curioso é que a versão que passou foi a original, diferente das duas temporadas anteriores que vieram com adaptações de suas exibições norte-americanas - houve a primeira versão em português da abertura original, tradução literal do nome da música e que é boa de se escutar, não fugindo demais do contexto do original e feita para sua exibição em canal aberto. Quanto a dublagem, foi o último anime da franquia a ser feita em terras cariocas, sendo o mesmo estúdio dos animes anteriores e tendo uma mescla de vozes conhecidas com novas - o que explica porque alguns tons de personagens ficaram “amadores” e outros melhores. Destaques para os dubladores dos domadores principais, Alexandre Drummond (Takato), Felipe Drummond (Jenrya), Iara Riça (Ruki) e dos digimon apresentados, vale citar Cristiane Monteiro (Culumon) e Duda Espinoza (Impmon).


A terceira investida da franquia colocou novos patamares que suas séries consequentes iam continuar, de histórias independentes e sem conexões com as outras; um risco que trouxe bons resultados e deu para os produtores carta branca de seguir por este contexto, fosse ou não aceito pelo público. De qualquer modo, “Digimon Tamers” foi um bom começo nesta nova pegada com as parcerias entre domadores e digimon.


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Sobre fanfics de “Digimon”: Digimon Tamers 02

Minha segunda fanfic continuativa dos animes da franquia, da qual já dei uma iniciada em atualizar e refazer o conteúdo escrito anteriormente, que convenho estar uma bela porcaria, tendo condições de ficar melhor. Bom que a primeira parte da trama e uma parte da segunda etapa já estão feitas, deve ficar algo parecido com as demais e com certas liberdades pra escrever. Não espero ser como o roteirista do anime, claro que, vou tentar reproduzir parte do seu charme. E sim, tem um motivo para esta história ter acontecido e a resposta é o Leomon, porque foi um digimon que merecia algo melhor do que o mostrado na série; é nisto que fica por apegar demais a personagens fora os protagonistas.

A trama passa seis meses depois dos acontecimentos do anime (ignorando parte do final apresentado), onde domadores e digimon continuam com suas vidas quando surge Mineramon, uma digimon de eras antigas e com seus aliados, partem contra o grupo de domadores que esteve nos embates contra o Matador. Para esta nova aventura, foca-se nos domadores que vieram depois de Takato, Jenrya e Ruki; o grupo seria a Kato com seu parceiro Leomon, Kazu com Guardromon, Kenta e MarineAngemon, Shoiuchong e Lopmon, os irmãos Makoto e Miaka (Ai no original) e Impmon que, com novos digivices e uma nova expansão do jogo de cartas, chamada Digimon 3.0, partem nestas novas lutas e descobrem mais da existência da vilã para vencer. Alguns conceitos esquecidos da trama e novos estarão presentes, como haverá uma passagem de tempo de quatro anos após a primeira fase, algo mais comum em alguns finais da franquia. Pode parecer estranho que haja isso, tem motivo por causa da vilã, que aos poucos vai juntando aliados para seus objetivos e só aparece quando aumenta suas habilidades - bem incomum e dando mais tempo para explorar mais dos personagens e das consequências da entrada de digimon ao nosso mundo, aumentando a quantidade de domadores dentro e fora do Japão.


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