9 de março de 2013

Resenha: Kareshi Kanojo no Jijou





Por Escritora Otaku


O segundo anime shoujo que tive contanto em minhas gravações de animes, já que o primeiro foi “DNAngel” (e choque ao saber de que era um, anos depois) me traz lembranças muito boas. Consigo recordar bem de como o casal principal inicia sua relação amorosa e o que passaram para manter o namoro - desde aquela época, quando penso em casais de animes, Yukino e Arima são constantemente lembrados, muito pelo namoro ter ocorrido de forma natural e dos desafios que tiveram de passar a respeito e de cada um terem seus problemas. Sei que houve romances tão rápidos quanto “KareKano”, mas, até o momento, não superam estes dois fofos.

Reconheço que o anime envelheceu e a frustração de não ter tido um final, nem se fosse filler, são duas mágoas que tenho da série. Também lamento de não ter colecionado o seu mangá, pois tenho curiosidade em saber como foi a sua trama e personagens após o anime. Quem sabe consiga, afinal, não custa sonhar? E torço muito que lá no Japão lembrem de sua existência e façam uma nova animação desta obra, pois ela tem muitos méritos e dá um banho em comparação a shoujos com contexto semelhante. Falando de semelhanças, muito tempo mais tarde, tive acesso a “Kaichou Wa Maid-sama” e vi certas igualdades quanto ao casal deste com o de “KareKano”, enfim, um bom anime shoujo.


Pelo seu reconhecimento, pelo seu casal principal e de ter uma parte de sua história em cores, “Kareshi Kanojo no Jijou” entrou definitivamente no meu Top Animes do site. Sei que há shoujos muito melhores, no entanto, este me marcou e continua sendo um dos animes desta demografia que tanto aprendi a gostar.

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Alternativo: Karekano
Ano: 1998
Diretor: Hideaki Anno (“Neon Genesis Evangelion”)
Estúdio: Gainax
Episódios: 26
Gênero: Comédia / Drama / Romance
De onde saiu: Mangá, 21 volumes, finalizado.


Uma relação amorosa é uma questão bastante recorrente em séries shoujo, que diferentes das séries shounen, conseguem enfocar o romance entre duas pessoas das mais variadas maneiras. Quem nunca sonhou em ter um romance típico de tais personagens, sem as esquisitices que ocorrem neste tipo de história? Muita gente tem uma visão de enxergar o que se pode ou não ser feito durante o namoro, mas, na maioria das vezes costumamos fantasiar e esquecemos que encontrar aquela “alma gêmea” é um verdadeiro desafio no mundo real.


“Kareshi Kanojo no Jijou” ou “Karekano” – como é mais conhecido – é um exemplo de como se rola um romance juvenil sem rodeios, de forma que dá pra identificar e quem sabe, sonhar que é possível encontrarmos com a pessoa certa ou não. A série iniciou-se no mangá, com 21 volumes encadernados e publicados na revista LALA – bastante conhecida por publicações como “Vampire Knight” e “Kaichou Wa Maid-Sama!”, entre outros mangás – que tem como principal público o sexo feminino. Criado pela mangaká Masami Tsuda, a série logo conquistou o público e foi serializada nos anos de 1995 a 2005, trazendo uma história que mistura o romance, a comédia e o drama nos momentos certos. O mangá já foi publicado no Brasil pela Panini (com o título em português), que trouxe este e “Eensy Weensy Monster” – com dois volumes -, também da mesma autora, publicado depois de “Karekano”.

E o que significa “Kareshi Kanojo no Jijou” pra começo de conversa? A tradução do nome varia muito, contudo, seu sentido é traduzido como “A situação dele e dela”; “As razões dela, os motivos dela” ou “Coisas de Namorados”. Todos são significativos, principalmente o último termo que traz o que esperar a respeito da história por si só: um romance entre dois jovens e seus momentos juntos.

A história de “Karekano” mostra dois estudantes do colegial, Yukino Miyazawa e Arima Shouchirou, que são parecidos: alunos exemplares, estudiosos e populares entre os colegas de classe. Praticamente dois jovens com vidas perfeitas, mas, que no fundo, são completamente diferentes na forma de vida e de como se relacionam com as pessoas. Miyazawa costuma usar uma máscara, disfarçando sua real personalidade para toda a escola: isto ocorre porque ela quer ser o centro das atenções e ama receber elogios de todo mundo. A personagem age como a "Rainha da Vaidade", por causa desta personalidade falsa, sendo contrária quando está em casa: desleixada e orgulhosa de si mesma, completamente o oposto que costuma apresentar no colégio. Já Arima possui uma personalidade de bom rapaz e diferente da Miyazawa, não disfarça sua personalidade, apesar de que não gosta de falar sobre seu passado. O que acontece é que Arima fica mais popular que a Miyazawa e isto deixa a personagem com raiva e ciúmes por ter um rival à altura em questão de popularidade e carisma.

Tudo muda em um dia de domingo, quando Arima acaba indo para a casa de Miyazawa e a depara como ela é fora da escola: a reação da jovem é de desespero, afinal, se souberem como realmente é seria um grande problema e acabaria com a imagem que todos têm dela mesma. Para sua surpresa, Arima não revela o que presenciou naquele dia, e acaba propondo que ela o ajude nas atividades escolares, tipo uma chantagem. Claro que ela aceita no começo e sem mais, sem menos, acaba se apaixonando por ele e vice-versa. O motivo da chantagem de Arima é justamente que ela percebesse seus sentimentos e assim, nasce o amor entre eles.

Oh, que lindo! Um amor à primeira vista e o melhor de tudo: nada forçado ou anormal, apenas um romance juvenil simples e direto...

Mesmo com isso, leva um tempo para Miyazawa perceber que sente o mesmo pelo Arima, por causa de sua personalidade não permitir tal aproximação. Pouco a pouco ela entende e começam o namoro, que passa por provações e experiências que irão amadurecer os dois personagens, e a história prossegue mostrando o passado deles e de outros personagens que passam a interagir com o jovem casal.

“Karekano” é muito similar aos shoujos românticos que conhecemos, todavia, tem suas diferenças e são elas que fazem da história ser o que ela é: a principal é o romance entre os protagonistas, mais natural e palpável, sem anormalidades ou perfeições demais pra identificarmos; outra é a forma que os demais personagens aparecem de acordo com o envolvimento do romance entre Arima e Miyazawa; por último, a forma como cada personagem vive e pensa é mais aceitável e dá pra comparar com situações reais ou similares.

O traço da série não demonstra em nenhum momento um desenho muito fofo ou detalhista demais, sem nada que o torne comum e nem incomum: "normal" seria o termo para o traço usado na série. E ele consegue captar o que a história pretende mostrar ao seu público, misturando os momentos românticos, dramáticos e cômicos na dose certa. Apesar de se tratar de uma série antiga, “Karekano” usa este contexto pra explorar o cotidiano e a vida de cada um dos personagens envolvidos, sem precisar enrolar os acontecimentos e seguir sua história do início ao final.


Em termos musicais, a série tem como tema de abertura “Tenshi no Yukibiri” cantado pela Fukuda Mai e mostra os personagens principais de forma simples e direta, enquanto o tema de encerramento “Yume no Naka E” cantada por Enomoto Atsuko e Suzuki Chihiro aproveita de um dos recursos visuais usados na animação, a foto imagem pra apresentar ambientes reais ao longo da música. Destes dois, o tema de encerramento é o mais expressivo e o curioso deste tema é que se trata de um remake de uma música clássica do pop japonês dos anos 70.

O anime foi produzido em 1998 pela Gainax e fizeram o melhor que puderam pra adaptar a história e realmente conseguiram. Toda a essência que existia no mangá pôde ser animado e o espectador tem a oportunidade de conferir o que “Karekano” tem de tão especial. Devem-se, contudo, levar em consideração dois fatores que podem prejudicar aos que não estejam acostumados com séries antigas: primeiro, a série teve poucos recursos de orçamento para possuir uma melhor qualidade técnica (usando muitos truques vistos em "Evangelion", como longos quadros estáticos, por exemplo); e segundo, é a falta de um final para o anime em si. E o segundo fator é o que fez “Karekano” perder o seu brilho, pois mesmo em séries cujos mangás estejam em andamento, os estúdios até constroem um final caso haja uma possibilidade ou não de uma nova temporada: não foi o que aconteceu nesta série.

A autora Masami Tsuda manifestou publicamente o desgosto que tinha pela adaptação de seu mangá, algo que não agradou o diretor Hideaki Anno; como represália, ele passou a “zoar” com o anime, adicionando elementos incoerentes na história (como EVAs passando no fundo do cenário...), e dessa forma a animação foi cancelada, ficando sem ao menos um encerramento típico de obra em andamento, ao finalizar de maneira abrupta. Uma pena, pois a série tinha potencial de ser encerrada sem precisar deixa-la inacabada: basta assistir o último episódio pra perceber esta falta de consideração...

Claro que como dizem, a “esperança é a última que morre”, existe uma chance da série voltar, quem sabe num remake – como “HunterXHunter” – ou fazerem um dorama  - live-action similar a uma novela – já que o mangá encerrou, seria uma boa oportunidade de conferir a história sem enrolações. Não custa sonharmos...


Por isso, adeptos de romances que estejam cansados de ver enrolação atrás de outra e que querem identificar situações próximas à realidade, esta série pode te agradar. Ou, para os que querem conhecer um anime com enfoque romântico, “Karekano” cumpre bem o seu papel: agora, se quiserem saber como a trama continua, é preciso ler o mangá, pois o anime abordou somente os primeiros oito volumes e muitos fatos ocorrem após o final precoce da animação.





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Escritora Otaku




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2 comentários:

  1. Esse anime pra mim é muito especial! Foi o primeiro anime legendado que vi (antes dele só tinha assistido os que passavam na TV: cavaleiros, yuyu, etc...). Isso foi há mais de uma década atrás, é até hoje é o melhor anime de comédia romântica que já assisti. É um dos meus animes favoritos, poderia dizer até que, É meu anime favorito!!!
    Gostaria de deixar uma recomendação de outro anime ótimo de romance: Kimi ga nozomu eien. Assistam, é muito bom!
    Abraços.

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  2. Há anos assisti Karekano e ele jamais saiu do meu TOP 5. Foi o anime que revi mais vezes, embora não haja detalhes ou sutilezas que escapem à primeira assistida.

    Não tive condições de acompanhar o lançamento do mangá e conhecer o restante da história. Até hoje tenho vontade de adquirir a coleção. Bom, o fato é que até assistir esse anime eu tinha preconceito com shoujos; foi devidamente demolido.

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