Por Escritora Otaku
A Temporada de Outubro de 2014 trouxe uma penca de
animes e eu bato os meus próprios recordes: três séries novas, onde amei duas e
não gostei da que diziam que era boa (não fui com a cara do tal anime, fora que
teve a cena mais sem noção de todas e um final bem sem graça), além de duas
continuações muito legais. Esta foi das novas, apesar de que o nome é bem
famoso, pois se trata de um tokusatsu para o público adulto e um marco para o
estilo. Tô tentando ver o original, mas, estou pior que a tartaruga pra
assistir...
Só houve apenas um problema: a legenda deste, que
na boa, ao lado de “Magic Kaito 1412” foi o clássico abandono da parte dos fansubs
definitivos. Parase ter noção, dois fansubs e o máximo que trouxeram foram perto
da metade da série; restou ver a versão provisória e pra minha surpresa, achei
o anime completo e em boa legenda em um destes fansubs de tokusatsu. E é até
comum um anime de temporada só ter uma versão definitiva depois de sua
exibição.
Saindo deste desabafo, a série me agradou muito,
tanto que até desenhei dois personagens da animação com vestimentas atuais,
caso tivessem nascido em nossos tempos. E olha que tornar um tokusatsu em
anime, mudando somente alguns detalhes ou manter a estética original é mais
comum do que pensam. Vejamos como a primeira animação deste tokusatsu se virou
e as semelhanças com o conteúdo original em sua execução.
*****
Ano: 2014
Diretor: Yuuichirou Hayashi
Estúdio: MAPPA
Episódios: 24
Gênero: Ação / Fantasia
De
onde saiu: Tokusatsu
Tokusatsu são séries cujo enfoque seja de um
personagem ou um grupo encarando impérios, organizações ou criaturas do mal;
possui certas variações e desde a década de 60 tem sido uma produção nipônica
bastante comum. As franquias mais estabelecidas são os super sentais (grupos),
Kamen Riders (um único protagonista ou mais, depende da história), Ultraman
(seres gigantes e organizações que lutam contra monstros gigantes), cujas
produções oferecem lutas mirabolantes, reviravoltas, drama, boas risadas e que
lembram os animes que tanto acompanhamos. No Brasil, algumas destas séries foram
exibidas e seu auge ocorreu entre os anos 80 e 90.
A série a ser abordada veio deste meio, no entanto,
suas características divergem dos tokusatsu mais conhecidos e é direcionada ao
público mais velho, tendo vindo da mente de Keita Amemiya, que atuou em produções
deste tipo, impondo sua visão, antes de botar nas telas sua série original. E
dela, surge uma franquia que rendeu várias séries de TV, OVAs, filmes e
especiais, como também tokusatsu com estilo similar, uns mais, outros menos.
Tudo começa com “Garo Kiba Okami” (2005), a primeira da franquia “Garo”: desde
então, a história do Cavaleiro Dourado enfrentando os Horrors tem estado
presente e revelando um conteúdo com cenas fortes, uso de CGs nas armaduras e
efeitos, Horrors e definindo outros tokusatsu a alcançar um público de maior exigência e que queira algo mais desenvolvido e maduro.
Graças a estes fatores, alguns tokusatsu e longas
trazem um pouco desta nova visão a um gênero mais que estabelecido nas terras
nipônicas. Em 2015 a franquia comemorou seus 10 anos e para festejar o sucesso,
seu estúdio Touhokushinsha Film Corporation decidiu em 2014 entrar no ramo das animações ao trazer a franquia para um público
maior e mais acessível. Surgem assim, três animes: a que será contada; “Garo: Guren no Tsuki” (2015) e “Garo: Vanishing Line” (2017) ambas produzidas pela
MAPPA.
“Garo: Honoo no Kokuin” é a
primeira animação baseada no tokusatsu, mas, que segue algumas características
presentes nela e apresenta uma maneira diferente de contar a
mesma história. Sendo financiado pelo estúdio que trouxe a franquia, digamos
que até certo episódio não havia o nome do estúdio envolvido e depois, passou
a fazer parte dos créditos da animação. A partir da segunda animação teve mais
sorte e estão credenciados desde o começo, mostrando que gostaram desta nova
investida.
Sua história remete aos padrões de
uma fantasia medieval (nos tokusatsu é nos nossos tempos) onde conhecemos o
reino de Valiante: numa grande perseguição às bruxas vemos uma mulher sendo queimada na fogueira, que acaba
de dar à luz a um menino, porém a criança é salva por um Cavaleiro Makai de armadura
prateada. Anos depois, mais velho, surge o protagonista da
série, Leon, que é o portador da armadura título e junto com ele, German, seu
pai e quem o salvou quando novo. A missão deles é encarar os Horrors, criaturas
que surgem a partir da escuridão dos sentimentos humanos e descobrir quem está
por trás desta perseguição incessante e sem escrúpulos. Conforme o andamento da trama,
mais gente se envolve nesta empreitada: outro Cavaleiro Makai, Alphonso e a
Alquimista Makai, Emma que passam a ajudá-los, onde os esperam muitos desafios e provações num clima medieval.
Como visto, o enredo é deveras
simples e tem certas heranças de sua versão tokusatsu, como o estilo episódico
que pode irritar um pouco os que querem uma narrativa que liga os fatos; as
armaduras são em CGs, ou sendo mais específico, Cel Shading; a presença dos Horrors;
a estética de luta dos cavaleiros e a interligação dos fatos perto do final de
cada fase; traço dos personagens bem estilizado e simples e com uma dublagem
padrão, com alguns destaques.
Outro fato bem curioso é de quem
canta os temas de abertura da animação, que também aparece na versão tokusatsu.
Falando de aberturas, “Honoo no Kokuin” teve duas: a primeira “Divine Flame”,
embalada no melhor estilo das aberturas de tokusatsu e visual estilizado; a
segunda foi “B.B.”, com um ritmo mais encorpado e com o destaque para a
armadura dourada, com visual mais direto. Ambas são cantadas pela banda JAM Project, que desde a primeira série da franquia emprestam suas vozes para as
aberturas e aqui não foi diferente.
Para sua primeira investida no
ramo dos animes, “Garo: Honoo no Kokuin” pode cumprir com seu objetivo e sim,
não é o primeiro neste aspecto – “Kikaider The Animation” (2000); “Barom ONE”
(2002); “Giant Robo The Animation” (2007), entre outros também são animações
provenientes de tokusatu – mostrando uma faceta a um público maior e
aproveitando aspectos que só em animação são possíveis. Quem não tiver certeza
de ver a versão tokusatsu e queira dar uma olhadinha no que esperar, a série
pode ser uma porta de entrada e tanto.
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