29 de agosto de 2018

Resenha: Kanon (2006)




Por Escritora Otaku


Relativamente conhecido, admito que quando soube a respeito, fiquei curiosa em saber se era tão bom quanto diziam por aí. Ao assistir, tirando o arrepio que sentia ao ouvir a sua abertura, foi um anime e tanto: apesar da semelhança quanto a “Clannad”, este explora mais sobre memórias de infância e as suas consequências, principalmente do seu protagonista, rendendo momentos emocionantes e bem dramáticos. Quando vi o episódio 10 caiu uma sensação de vazio, de tristeza e em sua reta final, não mudou muito este aspecto. Só sei que curti muito e deu para ficar atenta a sua trajetória.

Um anime que apresenta uma antiga parceria, que ao meu ver, quando seguiram caminhos diferentes, mostrou um prejuízo e tanto para ambos os lados. Pena de um, cujas novas adaptações não puderam ser aproveitadas com potencial, tirando uma exceção aqui e acolá e o outro, por querer forçar a barra em parte de suas produções, mesmo mantendo a boa qualidade técnica. Quem sabe se unam novamente e tragam novas alegrias ao público? Por ora, vejamos como foi “Kanon 2006” e o que oferece em sua história.

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Ano: 2006
Diretor: Tatsuya Ishihara
Estúdio: Kyoto Animation
Episódios: 24
Gênero: Comédia / Drama / Slice-of-Life
De onde saiu: Visual novel


Lembranças de infância são parte da existência humana: boas ou não, tem importância para o nosso desenvolvimento e muito do que somos vem destes momentos. Quem nunca recorda das brincadeiras, das idas à casa de parentes, das festinhas de aniversários cheias de guloseimas, das estadias em outras cidades, dos tempos de escola e segue adiante? Certo que hoje em dia, parte desta magia infantil fique defasada e nem parece que as crianças queiram agir como uma, querendo mais bancar os minis adultos e deixando de lado esta fase das descobertas e exploração ao seu redor. Por isso, é importante passar a infância e adquirir lembranças que serão parte crucial de nossas vidas.

Falar disto é um dos pontos que veremos em “Kanon”, mais uma visual novel da Key e a primeira feita por eles, tal como outras visual novels de sua autoria a ganhar versão anime. Na verdade, “Kanon” possui duas adaptações: a primeira veio em 2002, em 13 episódios feitas pela Toei Animation que infelizmente, não soube tratar bem a obra e é esquecível com todas as forças e a segunda versão, mais digna e lembrada, veio em 2006 e para diferencia-la da anterior é chamada “Kanon 2006”, tendo sido produzida pela Kyoto Animation. No caso deste estúdio, foi sua segunda adaptação de visual novel da Key, pois um ano antes, em 2005, haviam adaptado “Air” e mais adiante, “Clannad/Clannad After Story”: parceria mais que certeira e benéfica para ambas as partes, uma pena que separaram e quem acompanha o desempenho de ambas as produtoras, nota que isto trouxe prejuízos nos dois lados. Nem todas as produções passam por isso, só que, em termos gerais, dá pra sentir o impacto negativo entre elas. Quem sabe um dia, voltem a ser parceiras de novo e tragam novas alegrias ao público?

Nosso foco será nesta segunda versão, que colocou nas telas todo o contexto que a visual novel tem a oferecer. E se preparem para momentos emocionantes, dramáticos e de cortar o coração dos mais insensíveis: características das produções da Key.

Aizawa Yuichi, um jovem rapaz retorna a uma cidade após sete anos, onde ficava durante as férias de verão quando criança. Passa a morar na casa de uma tia e sua filha que não vê há anos, por motivos a ser revelados ao longo da trama - nesta nova vida, Yuichi tem de se adaptar ao lugar, fazer amizades e este ter pouquíssimas lembranças da época que ia para lá. No momento que tem contato com Tsukimiya Ayu, uma garotinha que conheceu anos atrás, a história passa a mostrar aos poucos memórias destes tempos de infância entre eles e assim, envolver nos fatos que levaram o protagonista a ficar anos sem aparecer naquela região.

Memórias são o foco principal em “Kanon 2006” e a maioria estão focadas nos tempos dele quando garoto: momentos alegres e outros, muito tristes e pesados, sendo os últimos que dão um peso na consciência dele e nos personagens mais relevantes. Com efeito, este ganha diversas amizades e a interagir com várias garotas e se envolver em suas vidas, seja parte ou não destas antigas lembranças infantis. Após os primeiros momentos, mais descontraídos e servidos para identificar o seu elenco, somos tragados nas diversas histórias destas personagens e a descobrir certos acontecimentos que resultam em momentos dramáticos e até mesmo tristes. Divididos em pequenos arcos, sendo que uns são mais rápidos que outros, surpresas ocorrem quando percebe-se que o clima alegre e jovial de início se transforma por completo e quanto mais Yuichi se envolve, não há como evitar as consequências de sua presença na vida destas personagens. Pois tal como ele, elas também têm lembranças que querem esquecer e causam sequelas ruins ou simplesmente, querem evitar de aceitar a existência destas. A questão de haver memórias desagradáveis é algo bastante complicado, já que, estas costumam ficar mais fixas nas lembranças que as boas e agradáveis - mostra que na vida, nem sempre vivenciamos só momentos bons, os ruins também estão lá e devemos aceitar por ser parte da existência humana.

Outro aspecto são os nomes dos episódios, relacionados a termos musicais e ao mesmo tempo, de acordo com as situações passadas da trama, o que inclui o nome da própria série. Todo o ritmo e contexto fazem maior sentido e quanto mais interesse, a sensação de algo maior fica evidente. São pequenos detalhes que tornam “Kanon 2006” memorável e deveras complexo em sua execução, resultando numa grande história em esclarecer as memórias que há na cidade que vivem. Aliás, vale destacar este ambiente, que apesar de aparentar ser uma cidade de interior tipicamente japonesa, tem sua forma de apresentar o dia a dia de Yuichi e companhia.

Visualmente, vemos o trabalho do estúdio em reproduzir e animar o conteúdo da visual novel, como o de adaptar a história sem esquecer dos pontos chaves característicos. E como dito mais acima, a segunda parceria entre Key e Kyoto Animation, novamente tão receptiva e que respeita a ideia central do material original. Temos como tema de abertura, “Last Regrets” de Key & Ayana e de encerramento, “Kaze no Tadori Tsuki Basho” também por Ayana: no primeiro, temos um estilo mais dramático e mostra o elenco de personagens que serão abordadas, como o significado de suas presenças; o segundo é mais animado e vemos a Ayu correndo na neve, toda feliz, exceto por um momento que ela fica mais séria. São músicas que exploram os dois extremos da obra, o mais rotineiro e alegre nos primeiros momentos (encerramento) e a parte dramática e cruel que há nas entrelinhas (abertura).


Para os que procuram por um drama tocante que traz o quanto memórias são parte de nossas vidas, “Kanon 2006” revela seus pontos mais fortes e quem se sensibilizar com sua história, verá um anime marcante e envolvente.


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