Por Escritora Otaku
Por muito tempo e até hoje eu
tenho preferências em animes que já passaram da época de sua exibição, sejam
mais antigos, sejam dos mais atuais. Nada contra aos semanais, porém, estes
quando acabam a maioria é simplesmente descartada e permanecem somente alguns
com os quais me identifiquei.
No caso destas duas, da versão anime para o mangá foi um pulo; no
entanto, jamais pude ler o seu final e pelo que soube, foi uma completa
decepção - bem, quando se estica demais uma obra, isto pode acontecer e a
sensação de que poderia ter sido melhor fica enraizada na gente. Claro que
tenho as esperanças de que façam o restante desta história, afinal, a
“esperança é a última que morre” e tem havido obras que, mesmo estando
praticamente na porcentagem de impossíveis, obtiveram ou obterão novas séries
de onde pararam as anteriores.
Apesar disso, gostei muito da proposta oferecida e, portanto,
veremos como “Vampire Knight” teve seu lugar ao lado de outros animes.
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Ano: 2008
Diretor: Kiyoko
Sayama ("Skipe Beat!")
Estúdio: Studio
DEEN
Episódios: 13 (1ª
Temp) / 13 (2ª Temp)
Gênero: Drama /
Romance / Sobrenatural / Suspense
De onde saiu: Mangá, 19 volumes, finalizado
Considerada uma das criaturas sobrenaturais mais conhecidas, o
vampiro sempre foi visto de diferentes formas, só não mudando a sua sede por
sangue, seu alimento padrão. Dotadas de aparências humanas sensuais e
exuberantes, ou horrendas mostrando sua crueldade animalesca, muito é criado
aproveitando a sua figura.
Na literatura, os vampiros começaram a ser mais reconhecidos com o
livro “Drácula” de
Bram Stocker – apesar de haver histórias que já o retratavam antes –, sendo que
na obra temos muitas das características das quais tais criaturas seriam
reveladas. Outros dois trabalhos se destacam quanto a imagem vampírica em si: “Entrevista com o
Vampiro” de Anne Rice trouxe eles mais próximos das pessoas sem perder
aquilo que fora mostrado antes, seguido de outros livros com conteúdo similar
("O Vampiro Lestat" e "A Rainha dos Condenados"); e a “Saga Crepúsculo”
de Stephanie Meyer traz certa evolução dos vampiros, mais humanos e de uma
beleza exuberante, como também o fato de alguns se alimentarem de sangue
animal. Ambas as obras apresentaram uma nova imagem dos vampiros e os
aproximaram mais do público, se tornando best-sellers rapidamente - mas estes
são apenas alguns exemplos que podem ser citados, porque eles estão em várias
mídias e isto inclui animes.
Esta é mais uma animação que aproveita tais seres, só que num
contexto shoujo: “Vampire Knight” veio da mente da mangaká Matsuri Hino -
que teve aqui sua obra de maior sucesso - e foi publicada nas páginas da
revista LALA (“Kaichou
Wa Maid-Sama”, “KareKano”,
“Hanasakeru
Seishounen”, entre outros) que é voltada a essa demografia, durante os anos
de 2004 a 2013. O mangá em si e outras obras da mangaká foram publicados no
Brasil pela Panini; no caso de “Vampire Knight” começou a ser lançado em 2007
até a sua conclusão. Se tiver algo que pode soar positivo é o traço dessa
autora, que é bastante detalhista e muito bonito, mostrando certo cuidado ao
desenhar seus personagens - padrão que muitos shoujos ainda mantêm, só não é
uma regra geral, apenas uma das várias características que estas obras costumam
apresentar ao seu público.
Em “Vampire Knight” a Academia Cross possui duas turmas: a turma
do dia (Day Class) e a turma da noite (Night Class), sendo os alunos
identificados pelos uniformes – pretos para a turma do dia, e brancos para a
turma da noite. Somos então apresentados aos monitores da instituição, Cross Yuki e Kiryuu Zero, que
tratam de cuidar das turmas em caso de problemas - a tarefa deles é
impedir que as alunas – loucamente apaixonadas - do período diurno se aproximem
da turma da noite. Esses alunos não sabem, porém aqueles que estudam à noite
são vampiros, e por isso a euforia das garotas, já que eles são muito bonitos
de aparência.
Isso é possível porque a intenção da Academia Cross é tornar
realidade uma relação próxima entre humanos e vampiros, ideia vinda do diretor
da instituição escolar e responsável dos monitores. Fora do local, a relação
praticamente não existe, pois ambas as raças são inimigas mortais e existe uma
dura perseguição, cujos extermínios são feitos pela Associação de Caçadores. A
trama mostra a vida de Yuki e Zero, que conhecem o segredo da turma da noite e
suas convivências dentro e fora da academia: cada um tem um passado relacionado
a vampiros. Ambos são órfãos e foram adotados pelo diretor da academia, que os
considera como filhos: Yuki possui uma personalidade alegre e espontânea,
enquanto Zero é frio e pouco receptivo com as pessoas, principalmente com os
vampiros.
Conforme a trama segue o tom colegial é substituído pelo
sobrenatural, pois os vampiros vão se revelando mais do que aparentam. Na fase
seguinte, “Vampire Knight Guilty”, algo a ser relatado é justamente o passado
dos personagens mais relevantes: ações e atitudes são explicadas, tornando
possível compreender o que cada um pensa sobre suas vidas. Sem dúvidas, um
ponto forte para a franquia, que consegue revelar as intenções de cada personagem,
sem deixar tantas questões em aberto. Falar além disso é revelar demais o
enredo da série...
A forma que retratam os vampiros é bastante interessante, pois
vemos cada qual com uma categoria, sendo os de puro sangue os mais raros; os
vampiros nobres, que constituem as maiores famílias vampirescas; os vampiros
comuns; os ex-humanos, que foram mordidos por vampiros e se tornaram um também;
e os níveis E, que são vampiros que perdem a consciência e seguem apenas os
instintos. Um fato curioso é que somente os vampiros de puro sangue são capazes
de transformar humanos em vampiros: uma lógica bem elaborada pelo mangá, apesar
de ser pouco comentada no anime.
Em termos de animação, as duas séries mantêm o traço da mangaká,
possuindo ainda uma boa parte técnica e uma dublagem que funciona no contexto
da obra. Cada temporada tem seus temas de abertura e encerramento,
respectivamente “Futatsu no Kodou to Akai Tsumi” e “Still Doll” para “Vampire
Knight”; e “Rinne~Rondo” e “Suna no Oshiro” para “Vampire Knight Guilty” - as
aberturas foram cantadas pela banda ON/OFF e os encerramentos pela cantora Kanon Wakeshima,
sendo que cada música simula ao seu jeito o clima sobrenatural presente na
trama.
E com isto, as duas séries trouxeram um pouquinho dos vampiros na
visão dos shoujos: apesar do desgaste que a trama sofreu e que ocorre com
muitas histórias, “Vampire Knight/Vampire Knight Guilty” cumpre o que promete.
Se alguém um dia tiver o interesse em prosseguir com a animação (afinal, “a
esperança é a última que morre”), vai ser muito bom pra quem já conferiu; se
não, ao menos dê uma chance ao que já foi feito com um tema que nunca sai de moda...
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