Ano:
1995
Diretor:
Anno Hideaki (Gunbuster, Nadia, Re: Cutie Honey)
Estúdio:
GAINAX
Episódios:
26
Gênero:
Ação / Aventura / Drama / Mecha / Psychological / Sci-Fi
De
onde saiu: Da mente brilhante e perturbada de Anno Hideaki
Por Xbobx
Ao
se escrever uma resenha, um dos objetivos principais que nós como escritores
temos é responder de forma satisfatória a pergunta:
Por
quê devo assistir essa série?
Claro que antes de poder responder a essa pergunta, antes temos que de alguma forma mostrar:
Por que devo perder meu tempo lendo isso?
Quando se trata de um anime tão popular quanto "Neon Genesis Evangelion", muitos escritores (e diga-se de passagem, youtube “reviewers” também) usam uma técnica fácil, mas sem muito valor. Se parte da premissa que:
“Todo
mundo deveria assistir EVA” e dessa forma “Você deve ler essa resenha por esse
motivo”.
Parece
meio estupido? Pois é, é sim.
É
fácil escutarmos que EVA é um MUST para qualquer fã de anime, é que "é um marco
da indústria", "mudou o estilo do mecha", "quebrou
barreiras” e até que alguém deveria assistir por simplesmente ser um anime
“obscure”. Mas e daí? O que tem de mais nessa história pra ser tudo isso? O que
dá a uma série a qualidade de ser CULT afinal?
Não
descarto nada disso que dizem por aí, afinal concordo com muitas das
afirmações, mas se for responder a pergunta fundamental “Por que devo assistir
essa série?“ prefiro dizer algo muito mais simples, muito mais fácil e
universal:
É
engraçado, emocionante, dramático, misterioso e complexo. É divertido! É
entretenimento!
Por
trás de todo o CAOS psicodélico, psicológico, psicoalgumacoisa que você
provavelmente já escutou sobre essa série, existe TAMBÉM um fighting shounen
comum, com robôs gigantes batendo em bichos gigantes!
Godzilla
moveu milhares aos cinemas quando estreou, e não havia nada além de uma
promessa de um bicho gigante destruindo NY. A qualidade dos efeitos era baixa,
o orçamento nem chegava aos pés de um filme de hoje em dia, e ainda assim,
multidões saiam dos cinemas alegres comentando de como o filme foi bom.
Bom
em qualidade? Bom em roteiro? Bom em precisão cientifica? Não. Mas bom.
Essa
é minha resenha para uma das primeiras frases mais lidas/escutadas sobre EVA no
Top 10. Evangelion não fez sucesso inicialmente por seu grande subtexto
simbólico ou sua psicologia nas entrelinhas, mas sim por que na época do mecha
em auge, ter uma série de qualidade média/boa com robôs gigantes batendo em
monstros gigantes era o santo graal da temporada.
Para
você leitor entender melhor do que estou falando, se nunca na vida ouviu falar
de EVA, -o que acho difícil- aqui vai uma breve sinopse:
2015!
A humanidade está em ataque por criaturas gigantes chamadas de anjos, que
descendem dos céus e brotam das profundezas do oceano e trazem destruição em
seu caminho.
Com
um esforço conjunto de muitas nações são construídas maquinas gigantes capazes
de lutar e destruir esses tais anjos, essas máquinas com forma de robôs
gigantes; porém, devido a sua alta complexidade estrutural, só podem ser
pilotadas por um seleto grupo de pilotos. Crianças nascidas em um determinado
período e dotadas de um certo genoma especial.
Shinji
Ikari é uma dessas crianças, mas a última coisa que ele quer é se arriscar em
uma área completamente desconhecida em prol do “bem maior”. Entretanto, acontece que as
coisas nem sempre vão como queremos, e seu próprio pai é chefe de uma
subdivisão da NERV, corporação responsável por esse combate aos aliens
gigantes, então Shinji não tem muita opção se não entrar na festa, dança... ou
no robô.
E
com isso tem inicio o primeiro de 25 episódios, com nossos heróis(?) lutando
essa ameaça extraterreste(?) com robôs(?) gigantes.
Será?
É aqui que as coisas se tornam interessantes. Se EVA fosse apenas só mais um fighting shounen com coisas gigantes se batendo, não teria o sucesso que teve e não faria pseudo analistas ainda discutirem seu significado mais de 20 anos depois de sua estreia. Seria só mais um Pacific Rim da vida, com uma história fraca, suficiente somente para amarrar o contexto de coisas gigantes se batendo.
É aqui que as coisas se tornam interessantes. Se EVA fosse apenas só mais um fighting shounen com coisas gigantes se batendo, não teria o sucesso que teve e não faria pseudo analistas ainda discutirem seu significado mais de 20 anos depois de sua estreia. Seria só mais um Pacific Rim da vida, com uma história fraca, suficiente somente para amarrar o contexto de coisas gigantes se batendo.
Nessa
área de ação, talvez você conheça "Tengen Toppa Gurren Lagann". TTGL e EVA são
bons antônimos. Sim, antônimos, não sinônimos. Apesar de ambos parecerem
similares, TTGL aproximou-se de um lado fantasiástico pós-apocalíptico para
justificar suas batalhas, e o orientador da história permaneceu a comédia/ação
durante toda a série. Evangelion não.
EVA
partiu de um inicio de ação, mas orientou a história ao redor de questões mais
profundas, com personagens questionando não só as próprias batalhas como também
o que os levou até ali. A história sofre uma torção surpreendente –mas sutil ao
mesmo tempo- no meio da série, e o que aparentava ser um simples roteiro de filme
de ação sessão da tarde, mostra que não passa de folhas numa árvore, cujas
raízes mais profundas são de fato o verdadeiro enredo e intenção da narrativa.
Nisso estreia a outra frase do Top10, “Evangelion é profundo/psicológico”. Sim,
de fato é.
Aí
surge o simbolismo tão comentado, a verdadeira intenção da história, o
verdadeiro significado por trás de alguns nomes, cenas e diálogos. A verdadeira
interpretação que o final deve ter, e acima de tudo, a sutil crítica emaranhada
na série.
Uma
parcela significativa desse simbolismo não só pertence à história mas está
atrelada aos personagens.
Shinji,
Asuka, Rei, Misato, Gendou. Cada um tem uma personalidade bem definida e
características bem trabalhadas. É de se esperar que um romance tenha
personagens bem desenvolvidos, mas ironicamente, muitos romances falham nesse
quesito e não chegam nem próximos do detalhamentos que esses personagens –e
alguns secundários também- possuem. Se selecionados alguns fãs -ou mesmo aficionados
da indústria- e pedisse que fizessem uma análise de um personagem, não duvido
que após alguns dias o resultado poderia ser empilhado em blocos de papel A4
sobre uma escrivaninha.
Intrigante,
não?
Mas
nada disso cabe a uma resenha discutir, e aí falham muitos autores que resolvem
desenvolver sua interpretação da série num texto que deveria somente orientar
alguém a assistir ou não.
Todas essas questões, todo o significado de "Evangelion", você que irá tirar por si próprio. Alguns assistem somente pela ação, que é de fato muito boa, outros já vão com essas ideias em mente e buscam os detalhes em cada episódio. Já alguns até receberam spoilers do final e querem saber se realmente é assim que as coisas acontecem.
Dentre
todos os motivos que alguém possa ter para assistir "Neon Genesis Evangelion",
até por ter um nome bacana que soa bem, não há nenhum que seja um motivo para
NÃO ver.
É
uma série que funciona para vários tipos de audiência, e por isso, merece outra
frase do Top10, foi de fato um marco na seu segmento e na indústria.
Claro
que o final talvez não agrade a todos, e algumas cenas talvez faça alguns
torcerem o nariz, mas é uma história que funciona pra muita gente, sem
barreiras de idade ou época.
Uma
parcela da critica vai sempre dizer que “não é tudo isso”. Talvez não seja
mesmo, mas uma coisa é inegável: A história ainda é cativante, e prova viva
disso é a legião de fãs datando desde 1996 até os dias de hoje.
História
de lado, há mérito também na animação e OST.
Nada
mais apropriado para um anime que é tão conhecido, quanto uma abertura e
ending igualmente famosos. "A Cruel Angel's Thesis" e "Fly Me to the Moon" são
pré-requisitos básicos para qualquer karaokê que você queira ir em convenções.
Arrisco dizer (não tenho estatísticas reais) mas devem ser poucas as aberturas
que são tão conhecidas quanto essa pelos nipônicos, e tão pouco um ED com
tantas paródias quanto essa.
Talvez
seja pelo up-beat típico dos anos 90, ou a sequência de imagens, ou a letra
fácil de decorar e pronunciar, mas essa OP gruda, e gruda feito chiclete (com
banana) e vai-se tempo para sair da cabeça.
Outra
proeza musical sairia alguns meses depois do filme que seguiu a série: "Komm,Süsser Tod", completaria a tríade de OST que você vai escutar ainda muitas vezes
enquanto ANIME como indústria e entretenimento existir.
Final da década de 90, era o (curto) auge (e depois rápido declínio) da GAINAX como estúdio independente. Dentre as diversas fábulas típicas de Super Interessante™ que circundam essa série como uma névoa, uma se refere a animação.
Como
talvez seja de conhecimento de alguns de vocês, a GAINAX passou por uma séria
crise financeira durante os estágios finais da produção de EVA. Sendo assim, os
últimos episódios acabaram recebendo um orçamento medíocre, resultando em cenas simplificadas
e/ou reutilização de filme dos episódios anteriores.
Ao
contrário do que a lógica convencional diria, isso criou um final intrigante,
reforçando o lado psicológico/simbólico de toda a história... um pouco.
Enquanto por outro lado, só mostrou uma severa falta de dinheiro.
Isso
abriu as portas para o que seria talvez o maior “insight” da franquia, e com a
GAINAX novamente no mercado, alguns anos depois seria anunciado o tal filme "End of Evangelion". Mas não como uma continuação, nem como uma versão alternativa,
mas o mais próximo de uma recontagem do final, sem descartar os episódios
originais. E lá se vai mais combustível para a fogueira de simbolismo.
Essa
é uma série que fala por si só, portanto não há muito mais o que ser dito.
Como
reflexão final, eu prefiro deixar a pergunta: o que torna algo Cult/obscure?
Dizer
que algo é “Cult” de fato muitas vezes é simplesmente um modo de se achar
superior em alguma forma quando comparado a “ralé comum” que assiste os mesmos
desenhos chineses que você. Caso "Evangelion" fosse tão obscuro quanto dizem, ou
tão cult quanto é classificado, como é que qualquer criança com uma camiseta de
Naruto já pelo menos ouviu falar? Essa é uma definição tosca, que não diz nada
se empregada fora de um contexto detalhado, e só prova que muita gente
simplesmente não entendeu do que realmente EVA se trata. Há o lado simbólico,
mas há também a parte clichê de todo anime de luta, mas no fundo, ainda é
entretenimento.
Uma
bela história, um denso e detalhado simbolismo, uma OST com covers gloriosos,
fonte de MEMES para toda um folder de arquivos e os personagens mais
complexados que você já viu na história dessa indústria! NEON GENESIS F***ING
EVANGELION!
PS:
Não assista o “Rebuild” antes da série de TV original e do filme. POR FAVOR.
Essa sequência de filmes sendo lançada nos últimos anos com o titulo de
Evangelion 1/2/3.33 e (talvez nesse ano) o 3+1/4/5-1/whatever não são NEM EM
SONHO tão bons quanto a série original.
Para
ser apreciado em toda sua glória, EVA é composto de TV series (26 eps) + filme.
Só.
Todo
o misticismo em torno da produção da série original importa, e os novos filmes
não somente não tem “alma” como também perderam todo o ar de
complexidade-mas-ao-mesmo-tempo-simples-ação que o original tinha. Virou um
puro fighting shounen, e que me crucifiquem nos comentários, mas é uma porcaria
quando comparado a série original.
Depois
de assistir os originais até é interessante de ver os novos filmes, mais pra
tentar descobrir o que se passa na mente do Anno e como ele pretende trollar a
fanbase mais uma vez, mas isso é já outra história pra outra resenha.
Nota
numérica (para quem prefere essas coisas):
Roteiro & Personagens: 10 + fator Godzilla
Artwork:
8
OST:
10
Enjoyment:
8.5 (10 para alguns, 7 para outros)
Média
(não aritmética): 8 (TV series), 10 (End of Evangelion)
**********
O nobre Erick Dias chutando o pau da barraca.
ResponderExcluirAdorei o texto e concordo em quase tudo com o ponto de vista de vossa senhoria.
Mas dizer que os filmes recentes são uma completa porcaria não é um pouco de exagero?
Embora não tenha visto todos, devo concordar que eles estão aquém da profundidade da série original, mas espero que o Hideaki Anno continue lançando mais filmes e não chegue tão cedo a um final definitivo para a história.
Gosto da idéia de ter novos filmes da serie, já que os considero histórias a parte. Por mim teria um a cada dois ou três anos.
Devo mencionar que estou revendo a série ORIGINAL graças ao animecotecast de Evangelion.
Bateu a nostalgia e resolvi rever a série + todos os filmes.
No mais nada mais. Abraços.
Oi, Antonin Artaud, agradeço pelo comentário, mas só um detalhe: essa resenha não é minha, e sim do redator xbobx, como pode ver pelos marcadores do post e o nome dele destacado em azul antes do texto.
ExcluirEu mesmo, desses novos filmes, só cheguei a ver os dois primeiros.
Eu já acho os novos filmes a melhor coisa de Eva que já saiu. E olha que sempre gostei muito da franquia Eva, se bem que eu já falei isso no cast de Eva =D.
Excluir