25 de setembro de 2012

Resenha: Ebiten - Kouritsu Ebisukawa Koukou Tenmon-Bu (ONA)





Quando deixa de lado as boas referências e paródias, “Ebiten” se mostra um anime extremamente apagado e sonolento


Ano: 2012
Diretor: Hideki Okamoto (“D.C. II: Da Capo II”, “Nana to Kaoru”, “Nagasarete Airantou”)
Estúdio: AIC Classic
Episódios: 10
Gênero: Comédia
De onde saiu: Mangá, 3 volumes, em andamento.



*****



Para quem estivesse reclamando da falta de animes novos de paródia, a temporada de verão veio com nada menos que três opções bem variadas, e uma delas foi “Ebiten: Kouritsu Ebisukawa Koukou Tenmon-Bu”, animação produzida por uma das divisões do estúdio AIC. Dirigido por Hideaki Okamoto e com “character design” de Inugami Kira (ilustradora do mangá de “Seitokai no Ichizon”, sendo também responsável pelo “character design” do mesmo), “Ebiten” vem com uma ideia simples que soa bastante familiar para quem conhece o título que acabei de citar: um bando de garotas otakus ao redor de um rapaz.


Exibido via streaming numa qualidade baixíssima, e previsto para ser reexibido na televisão durante a temporada de outono com episódios maiores (possivelmente, o máximo que farão será adicionar uma abertura e previews, duas coisas ausentes nessa versão), o anime começa com o recém-transferido Itsuka Noya se juntando ao Clube de Astronomia da nova escola, e não dando muita importância à ligeira mudança de nome da sala; ao invés de “tenmou-bu” (Astronomia, escrito 天文部), Itsuki percebe que o clube é intitulado “tenmon-bu“ (天悶部, mesma pronúncia, um jogo de palavras sem tradução literal), e tardiamente descobre que seus membros na realidade são todas garotas otakus que pouco se dedicam a atividades relacionadas ao estudo dos astros. A partir desse ponto o que se vê é um anime interessante e competente nas horas em que homenageia e parodia outras animações, mas que perde a graça e o rumo nos instantes em que não está fazendo isso.


O primeiro episódio começa com imenso gás e criatividade: se “Cavaleiros do Zodíaco” é alvo de constantes referências e piadas, poucas vezes ele foi tão explorado e exposto quanto “Ebiten” o fez, dedicando um episódio inteiro para si, no qual Itsuki deve passar por um “rigoroso” teste e derrotar os dozes membros de ouro do clube para ser aceito. Citações a golpes, frases, cenas, brincadeiras quanto ao comportamento dos personagens do anime original, e, claro, as eternas alfinetadas às opções sexuais destes fazem com que o início de “Ebiten” seja gratificante principalmente para quem conhece a obra parodiada, um fator simultaneamente bom e ruim em animes desse tipo. E, ao vermos os episódios seguintes, nota-se que começar com um título mais antigo como “Cavaleiros” não foi exceção, pois em seu lugar entra “Sailor Moon”, que por sua vez cede espaço a vários tokusatsus, que depois abre caminho para “Hokuto no Ken”, e por aí vai... “Ebiten” é inegavelmente saudosista, dando preferência a animações consideradas clássicas – sim, tem “Dragon Ball”! Às vezes se dedicam a algo recente (se bem que “K-ON!” nem vale), mas no geral séries novas são, no máximo, citadas brevemente em cenas isoladas, seja deixando aparecer ao fundo duas personagens de “Seitokai no Ichizon” ou fazendo menção a um detalhe peculiar do anime ecchi “Strike Witches”.



O ruim dessa estrutura é que, uma vez que o espectador não tenha noção da origem das piadas – ou saiba a origem, mas não entenda seu significado -, certamente quase todo o episódio lhe será enfadonho e arrastado, visto que a série não possui outros pontos positivos que compensem isso. Como exemplo, em um determinado episódio que gasta quase metade de seu tempo brincando com “K-ON!”, a enérgica presidente do clube Kyouko Todayama decide formar uma banda: mas na sequência a esse anúncio ela e as demais garotas aparecem tomando chá calmamente, ignorando por completo os instrumentos musicais. Quem não viu a animação da Kyoni provavelmente não achará nada de mais nessa cena, mas quem a assistiu compreenderá a explícita e ótima ironia presente aqui – parece pouco, mas até no momento em que “Dragon Ball” é destaque surgem no meio minuciosas alusões a certos acontecimentos épicos da série, não se limitando às habituais transformações sayajins. Além disso, com esse anime e outros “Ebiten” chega ao ponto de reproduzir (e reproduzir muito bem) inclusive as “BGMs” e aberturas de seus alvos. Dessa forma, seu esforço em não fazer somente abordagens superficiais volta contra si nas horas em que não temos o conhecimento necessário para entender e desfrutar dessas partes; por outro lado, quando estamos a par da fonte inspiradora, tais sequências ganham um apelo maior, nos fazendo até esquecer por alguns minutos da enorme fraqueza do anime quanto a seus personagens e história.


É espantoso e frustrante como “Ebiten”, longe de sua comédia referencial, exibe um humor pobre protagonizado por um bando de personagens incapazes de sair de seus moldes mais básicos. A autoproclamada presidente do clube com sua voz estridente (dublada por Asumi Kana, que já fez papéis bem melhores como Taneshima Popura em “Working!” e Yuno em “Hidamari Sketch”), a pobre fujoshi de mente pervertida usada para fanservice, a tsundere, a garota gentil que muda drasticamente quando brava, a indiferente com poucas falas (ah, sem falar da professora com problemas amorosos, porque sempre tem de ter uma)... Meninas totalmente vazias e ordinárias e tediosas, rasas, ineficientes mesmo na tarefa de fazer o espectador guardar seus nomes – no máximo, pode-se não conseguir esquecer da irritante voz da protagonista ou do constante fanservice sobre a fujoshi, que em quase todo episódio é despida e abusada pelas amigas. Não “homenageando” um anime, elas terminam por ficarem presas em conversas sonolentas e acontecimentos bobos, cujo humor grotesco em alguns pontos causa vergonha alheia de tão fraco e mal feito que é. E o ápice disso é na hora em que se é revelado a “história” central da série.


Pois há uma, sim, e o anime não fica somente no dia a dia de membros de um clube que mal pratica atividades. Excluindo os poucos momentos delicados em que se desenvolvem algumas personagens em particular (as únicas ocasiões onde a animação se mostra boa sem precisar se apoiar em piadas referenciais) “Ebiten” tem um enredo, que, ah, será imprevisível e impactante, mas não de uma maneira positiva. Quase todo episódio terá pequenos fatos e cenas estranhas sem explicação, mas no final tudo é devidamente solucionado – e pelo modo como falo até parece que será algo grandioso, mas é simplesmente um amontoado de ideias estereotipadas. A questão, nesse caso, não é o uso de elementos manjados, mas sim o modo como são aproveitados: se os usa com um pingo de seriedade, se torna idiota por querer levar a sério uma trama tão sem pé nem cabeça; se os usa como comédia, se torna maçante por não conseguir atingir um mínimo de graça com eles – a não ser que esteja parodiando algo junto, para variar. Por fim, não é só pela ideia inicial e traços que “Ebiten” se assemelha a “Seitokai no Ichizon”: que nem na obra produzida pelo Studio Deen, é constante a tentativa do anime em forçar de repente um drama no meio e final da maioria dos episódios após focar exaustivamente apenas na comédia. Não sendo uma mudança de ritmo natural e espontânea, é difícil deixar se convencer por tal seriedade brusca e artificial. Porém, se “Seitokai” ao menos tinha esse problema como seu principal ponto negativo, “Ebiten”, por sua vez, carrega tantos defeitos em seus dez episódios que esse acaba se tornando o menor deles.


No geral, “Ebiten: Kouritsu Ebisukawa Koukou Tenmon-Bu” é tão infeliz em sua montagem que sequer as excelentes sátiras a obras clássicas o salvam de ser um anime essencialmente ruim e medíocre, nem se transformam em um motivo forte o suficiente para vê-lo. E, como curiosidade, na próxima temporada o argumento de um rapaz rodeado por um harém de garotas otakus terá dois representantes; não somente por este anime ser reexibido na televisão, mas também porque “Seitokai no Ichizon” retornará com uma muito aguardada segunda temporada após um hiato de três anos – e, dessa vez, sendo produzido pelo próprio estúdio AIC. Dessa forma, pode-se dizer que “Ebiten” foi uma espécie de “aquecimento” - e um aquecimento bem fraco, por sinal.



**********
Nota: 5

Edição, 23/10: Para comparação, vi o segundo episódio da versão televisiva, e, como disse no início da resenha, o episódio é maior apenas por ter uma abertura e preview, não havendo cenas extras. Além disso, a música de encerramento é diferente (pelo menos no episódio 2) e há pequenas censuras.


(clique para uma melhor visualização)




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4 comentários:

  1. Não consegui ver esta serie completa... apenas achei o episodio 01 em PT. (onde acho o restante em PT?)
    Mas visto que estamos em um ano "fraquissimo" em animes de comedia (perto do ano passada que foi bem rico neste aspecto), acho que dá para "tentar" dar boas risadas com Ebiten.

    Confesso que fiquei surpreso em ver esta review, e foi uma surpresa boa... é dificil ver alguém falando de animes como este. Normalmente, ficam esquecidos e ninguém se importa de falar sobre eles... sendo que merecem também ser destacados, não importa se for de forma positiva ou negativa. Existem varios animes que passaram em branco este ano sem ganhar uma "misera reviewzinha"... o que é uma grande pena.
    Espero ver mais coisas deste tipo... até porque de fato é SIM interessante.

    Fico no aguardo do seu TOP 10 desta temporada e o Rank do MyAnimeList... gostei do tranbalho de voces da temporada passada.

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  2. Ha, você verá... Eu pretendo resenhar justamente animes que não são muito abordados por aí, fugindo de séries mais populares que ganham várias matérias pelo blogs. Elas podem não dar textos muito elaborados ou não serem realmente boas no caso de algumas, mas ainda assim quero focar nelas.

    E esse anime só tem um episódio legendado em PT mesmo; não sei se o fansub que o legendou continuará com o projeto, mas outro pretende esperar pela versão em BD ou a que passará na TV em outubro, pois a resolução do que foi exibido via streaming é muito baixa.

    E o TOP 10 pode deixar que o Bebop postará, ele que vê os animes "ao vivo". Já eu só posso arranjar o rank do MAL mesmo.

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    Respostas
    1. Opa!
      Uma noticia excelente... mas acho que voce terá muito trabalho, pois são mais os esquecidos do que os hypados.
      ahuahuahuhauhauhuahuahuahuhauhauhauhauah

      Fico no aguardo, vlw!

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  3. Pena só ter um episódio em pt, pois, apesar das conclusões com a resenha apontarem para o lado de não ser uma obra muito agradável, até pq não sou muito familiarizado a animes mais antigos, só a referência a Seitokai no Ichizon já me fez ter vontade de vê-lo.

    Bem, ao menos qnd isso for possível será com uma qualidade de imagem melhor ^^

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