Por Escritora Otaku
Antes deste anime ter entrado, a série esportiva que eu mais gostava era “Yowamushi Pedal” e fazia um tempinho que queria ver um
anime de beisebol, por ter vários com esse tema. Esava na dúvida entre
uma ou outra série, até que fui convencida numa postagem no site Netoin!
falando deste e bastou para dar uma chance. E que anime... por mais que seja
beisebol, um esporte que pouco conheço, a forma que retratam esta modalidade
esportiva foi fora do sério, diria que poucos conseguem me fazer interessar em tão
pouco tempo.
Posso dizer que “Major” superou todas as minhas
expectativas, pois além de ser sobre o esporte em si, também é uma história de vidas interligadas
ao beisebol - o normal seria apenas focar no esporte e no desenvolvimento dos
personagens, mas, este foi adiante e tenho de dar os parabéns. Mesmo sendo um
shounen esportivo mais comum, suas qualidades no enredo e personagens o torna
bem único de ser. Aí me perguntam: como ficou o YowaPedal nisto tudo? Simples:
fica abaixo de “Major” e acima de “Super Campeões” - e sim, devo assistir outros
animes esportivos pra aumentar esta listinha tão limitada.
Fechando, antes de ir para a resenha, a primeira abertura do anime resume bem a experiência que passei ao acompanhar o enredo proposto.
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Ano: 2004
Diretor: Kenichi Kasai (Temp. 1 ao 3) / Toshinori Fukushima
(Temp. 4 ao 6)
Estúdio: Studio Hibari (Temp. 1 ao 3) / Synergy SP (Temp. 4
ao 6)
Episódios: 154
Gênero: Comédia / Drama / Esporte
De
onde saiu: Mangá, 78
volumes, finalizado
Quando se trata de esportes, há os que muitos
praticam ou tem admiração, como os que têm uma marca em seus países, associando
um esporte específico com este ou aquele lugar. No Brasil, o futebol é o mais conhecido, muito pela história em torno deste, como exemplo - dependendo do lugar, um esporte é mais praticado que outros e isto podem
influenciar os rumos dos envolvidos, sejam atletas ou não.
No mundo dos animes, os que tratam desta temática tem ganho seu destaque, por mostrar modalidades esportivas que levaram a ser mais
reconhecidas, fora as que o Japão tem e entre estas, está o beisebol. Os mais
observadores verão que este esporte possui um espaço todo especial, tendo os que
apenas o botam como elemento de fundo nas histórias ou os que o usam como principal - e no último caso, há séries que mostram ao público que não
conhece as regras e estilo do esporte em si, como que é a vida de quem o pratica. Forma essa que tem sido bem aproveitada em animes esportivos, principalmente de uns anos
pra cá, onde tais animações têm sido vistas com bons olhos, sejam ou não
realistas.
A obra que será destacada levou em torno de dez
anos para ganhar versão animada e a espera valeu, pois deu pra explorar o
conteúdo sem pressa. Vindo das páginas da Shounen Sunday, “Major” obteve seu
espaço na revista entre 1994 a 2010, rendendo 78 volumes; seu mangaká, Takuya Mitsuda, investiu numa série de beisebol e o resultado foi muito positivo - tanto
que em 2015, na mesma revista, seguiu com sua continuação, “Major 2nd” que
repetiu o sucesso da anterior e tem sido um dos carro-chefe da Sunday (há 11 volumes até o momento). E
continuar uma obra no ramo de mangás não é tão simples quanto imaginam, pois
tem de ter muita cabeça para manter o ritmo e os conteúdos já consagrados e
adicionar novos contextos. Pode-se dizer que o mangaká teve mesmo muita
sorte...
Por alto, “Major” é mais uma série que traz o
beisebol como tema, não deixa de ser verdade, mas, vai além de ser outro anime esportivo. Toda a sua estrutura mostra a influência do esporte de forma
direta, em relação aos que praticam, como também de forma indireta, onde temos
aqueles que apoiam e veem como algo a mais em suas vidas - mesmo que maja maior importância para os atletas, não dá pra desmerecer sua influência geral aos
não-atletas: característica mais que essencial na obra.
Sua história é a trajetória de Shigeno Goro desde
sua infância até a fase adulta, dentro do beisebol, tanto como atleta, como
pessoa; o que enfrenta pra praticar o esporte; dificuldades; superação e sua
influência nas pessoas que o cercam. Tudo tem começo ainda pequeno, onde na época vivia com seu pai, Honda Shigerahu, jogador de beisebol - devido a um incidente,
Shigerahu teve de mudar de posição e apesar dos protestos do filho, mostra que
mesmo não sendo mais daquela posição, ainda era um jogador de beisebol o qual amava muito o esporte. Neste mesmo período, quando ficava fora por causa dos
jogos, quem tomava conta de Goro era sua professora, Hoshino Momoko.
No entanto, durante uma partida, Shigeharu consegue
rebater uma bola de um arremessador famoso, Joe Gibson e este, frustrado, manda
uma “dead ball” que atinge a cabeça do jogador. E por causa disto, vemos a
morte de Shigeharu, deixando seu filho sozinho e pela amizade e paixão que
tinha, Momoko passa a tomar conta do garoto. Anos depois, um pouco mais
velho, Goro começa sua trajetória no esporte e demonstra aptidões, chamando a
atenção por onde vai.
Podemos dividir “Major” em duas etapas: nas três
primeiras temporadas (001 a 078) vemos o desenvolvimento do personagem como
jogador e como pessoa, da infância até o final do colegial e do elenco
principal; nas três seguintes (079 a 154), o protagonista alçando voos maiores e
indo para os Estados Unidos jogar o beisebol profissional e encarar novos
desafios. Vemos, assim, várias passagens de tempo e o que muda ou não entre os
personagens, conseguindo sair da lentidão quanto aos acontecimentos mostrados
ao longo da série. E por falar do esporte, este é bem explicado e dá pra
entender o andamento dos jogos, das posições dos jogadores e das jogadas
realizadas. Costuma ser bem pé-no-chão, o que não impede de ter alguns momentos
exagerados, como parte dos shounen esportivos.
Tratando de um anime longo, o elenco de personagens
é bastante grande, o que garante mais conteúdo conforme o seu andamento; cada
temporada traz um elenco específico, de acordo com o momento do protagonista e nisso dá pra destacar as partidas decisivas que ficam no final das temporadas, muito
emocionantes.
Claro que nem tudo são flores em “Major”: a
principal se deve à personalidade de Goro, que não muda muito quando fica mais
velho; nas três primeiras temporadas, é comum ele entrar em times extremamente
fracos e com seu talento e jeito de ser, botá-lo num nível próximo de times
mais fortes, depois isto muda; sua duração pode incomodar aos que preferem
obras com menos episódios, mas, se for assistir por temporadas, é mais fácil de
digerir e falta de final concreto. Apesar de que neste último ponto, fora o
anime, temos três produções animadas: um filme, “Major: Yuujou no Winning Shout”, cujo enredo fica entre o final da primeira e antes da segunda
temporada; três OVAs, “Major World Series”, que em dois episódios traz uma
etapa do mangá que foi passada rapidamente no final do anime e “Major Message”,
que pode ser visto como o final da história. Vale dizer que caso queira uma
ordem pra assistir “Major”, vá pelo anime e assista o filme no intervalo da
primeira pra segunda temporada ou depois, o “World Series” após o anime e
“Message” por último. Não vale conferir estas produções antes, por conter
partes do enredo da série principal.
Em termos técnicos, o anime vai melhorando o traço
e o filme possui um visual pouco diferente das demais produções, nada que
prejudique pra ver; tem um elenco competente nas vozes, havendo alguns dos
dubladores velhos conhecidos do público. Nas músicas, por ser uma série longa,
há uma boa quantidade de aberturas e encerramentos: cinco de uma e doze da outra, pra ser exato. Antes que digam "não era pra serem seis aberturas?", vale dizer
que uma delas foi reaproveitada, pois a primeira e a última temporadas tiveram como
tema “Kokoro e”, uma música que consegue, em sua execução, expressar o
espírito da série. Mesmo tendo aberturas que realçam bem o estilo de cada
temporada e encerramentos que alternam entre tons calmos e agitados, “Kokoro e”
tem um toque todo especial.
Sabe quando entre tantas músicas de um anime, tem
sempre uma que marca mais? Pois é isto que esta abertura é e, assim, teve
três versões: a original, cantada pelo Road of Major, que também cantam as
aberturas da segunda e terceira temporadas da série; a usada na sexta temporada
pelo TRIPLANE, e por fim a do OVA “Major Message”, que é cantada pelo dublador do Goro,
Showtaro Morikubo. Caso de uma música ganhar mais de uma versão em animes, não
é comum, mas pode acontecer...
Em vista disso, engrossando a lista de séries esportivas, mostrando um beisebol dentro e fora de campo, “Major” tem
características que o tornam indispensável aos que querem conferir tal esporte.
Todo o seu plot e estilo merecem, mesmo que sendo longa, uma tentativa pra ver
o quão especial pode ser. Mesmo que hajam outros animes que falem de beisebol,
não podemos desmerecer as qualidades que “Major” possui e sua história.
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