Por Escritora Otaku
Nos meados dos anos 2000 no Brasil um anime deu
uma reviravolta do mesmo jeito que fizeram “Os Cavaleiros do Zodiaco” em 1994,
que era um shounen de batalha. Minha experiência foi quando parei no canal que
o exibia e flagrei Gohan sendo perseguido por um animal selvagem e não sabia no
que via, então, acompanhei e aí, “Dragon Ball Z” entrou na minha vida. Com um
roteiro mais focado na ação e mantendo um ritmo frenético em sua execução, uma
dublagem ótima e grandes batalhas, ele se tornou uma lenda viva no mundo
da animação japonesa e até mundial.
Tenho um grande carinho por esta fase,que é pra mim um dos quatro melhores shounens de batalha em animes que já vi - com certeza, é uma
obrigatoriedade conhecer e ter noção de sua importância. A resenha deve dar
um pouco disto e quem sabe, poderá fazer entender que apesar de ter mais de vinte
anos, ainda é mais impactante que muitos animes atuais do mesmo estilo. Mais
nostálgico, impossível...
*****
Ano: 1989
Diretor: Daisuke Nishio (epis. 1 ao 199) / Shigeyasu Yamauchi (epis. 200 ao 291)
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 291
Gênero: Ação / Aventura / Comédia
De onde saiu: Mangá, 42 volumes, finalizado
Quando se trata de continuações, umas entram fácil
como superiores que suas primeiras fases ou temporadas; para outras, a sensação é de
inferioridade e mais algumas ficam no mesmo patamar, sem mudanças. O que se espera destas
continuações é que mantenham sua essência, acrescentando novos fatos e uma
evolução em seu núcleo de personagens - só assim pra dizer se valeu ou não esta
ou aquela sequência.
E, se o caso foi apresentar a fase seguinte?
Questão que houve com a continuação de “Dragon Ball”, a famosa e frenética
“Dragon Ball Z”, que por onde passou, seu sucesso conquistava a todos que
acompanharam seus episódios, angariando um carinho especial do público. Pode soar
estranho que a continuação seja mais vista que a fase anterior, mas, houve
fatores que contribuíram e são estes que serão analisados com cuidado. Caso não
esteja entendendo, clique aqui para ver a resenha da série anterior e tire suas
próprias conclusões.
Pra início, “Dragon Ball Z” é como chama a segunda
série da “Saga Dragon Ball”, pois no original não existe esta denominação (no
mangá é apenas “Dragon Ball”) seguindo a partir do volume 17 e indo até o 42, o
último volume do mangá. Seu sucesso se deve ao fato de ter sido exibido antes
de sua primeira fase, mostrando um shounen de batalha em sua execução, com
direito a estética típica de animes dos anos 80/90 que não poupavam em cenas
fortes e de impacto. Outro ponto é apresentar seu principal personagem em
níveis de poder jamais vistos, do mesmo modo que fazem seus oponentes. Se você
pergunta como os atuais personagens de shounens chegam com poderes sobre-humanos
e até sobrenaturais, na maioria, leve em consideração que foi por causa de
“Dragon Ball” que deu no que deu.
A mudança do clima aventura/comédia apresentado
anteriormente para uma ação desenfreada, batalhas épicas e altos poderes são as
características mais recorrentes em “Dragon Ball Z”. Dividida em quatro
temporadas ou sagas, todas se caracterizam por apresentar um inimigo de grande
poder que ameaça a Terra e o Universo, preparando terreno para a grande luta e
suas sequelas, o que resume a estética da trama.
Melhor falar da história em si e, tal como a
primeira fase animada, também é simples de se entender: quatro anos se passam
desde o fim mostrado em “Dragon Ball”, onde Goku já é casado e tem um filhinho,
quando surge um cara de outro mundo que revela que nosso protagonista também é
alienígena de uma linhagem de grandes guerreiros chamados Saiyajins, cujo real
nome é Kakarotto. Este cara revela suas intenções e quer que Goku se alie a ele - o que
não acontece, afinal, é um cara de bem e a Terra é o seu lar. Aí, vem a luta e
antes de sucumbir, o cara avisa que tem mais saiyajins que irão vingar a sua
morte e destruirão aquele planeta. Como o tempo é curto, nosso protagonista e
companhia se preparam para o embate, começando uma série de perigos e lutas
mortais para evitar o pior.
Bem resumido, não acham? É justamente por ser um
tanto direto que “Dragon Ball Z” traz em seus 291 episódios: um inimigo de
grande poder surge, treinamentos são realizados, chega o momento da luta e vai
até o ápice, quando estes são derrotados. Cada fase ou temporada explora esta
fórmula simples, claro que de maneira eficiente e é esta simplicidade que o torna tão
atrativo. Se em “Dragon Ball” vemos o começo de Goku e sua evolução como gente
e lutador, na fase seguinte, acompanhamos o lado lutador dele ficar mais forte e são reveladas facetas jamais alcançadas quando mais novo.
Sobre o elenco de personagens apresentados, vale
destacar os vilões de cada fase, caras que querem simplesmente a destruição de
quem impede os seus planos. Estes podem até roubar a cena do protagonista e são
responsáveis pelos embates mais intensos, que dura uma penca de episódios.
Também entra os personagens que foram feitos para esta fase, cada um com o
contexto do qual são apresentados, só que, mais apressados que na fase
anterior - sendo uma característica até comum em shounens de batalha, alguns personagens
ficaram a ver navios ou inutilizados em sua narrativa; basta comparar o elenco
formado de “Dragon Ball” com sua continuação e esta prática acontece sem dó,
sem piedade, como se estes não conseguissem progredir.
Neste aspecto, o anime/mangá não difere muito da estética do estilo de história, porque cá entre nós, ninguém que acompanha uma trama gosta de quando certos personagens saem de cena ou ficam apenas de fundo - como se o autor não soubesse aproveitar o elenco que formou durante sua história e não é o único caso: basta checar que a maioria dos shounens, tirando exceções, segue esta triste realidade.
Neste aspecto, o anime/mangá não difere muito da estética do estilo de história, porque cá entre nós, ninguém que acompanha uma trama gosta de quando certos personagens saem de cena ou ficam apenas de fundo - como se o autor não soubesse aproveitar o elenco que formou durante sua história e não é o único caso: basta checar que a maioria dos shounens, tirando exceções, segue esta triste realidade.
Quanto a fama, “Dragon Ball Z” cumpriu o prometido,
sendo até mais famoso que “Dragon Ball” e das séries que vieram depois da saga - isso deve-se ao fator que, diferente da fase anterior, esta teve maior repercussão do
público, principalmente do ocidental, que conheceu a saga a partir
desta animação. Por isso que este seja um caso bem
incomum, pois o normal é começar pela fase introdutória e não por sua
continuação.
Vamos focar no desempenho deste no Brasil, para
entender o que houve em sua trajetória: após a tentativa frustrada da primeira
série nos anos 90, a segunda animação teve mais sorte em sua exibição - o anime
servia de tapa-buraco nas tardes da Bandeirantes e de repente, do
mesmo jeito que sucedeu a “Pokémon” (nas manhãs) e “Cavaleiros do Zodiaco” (final de tarde
para a noite) em seus canais televisivos, “Dragon Ball Z” foi um sucesso e
tanto. Só pra ter uma noção disso, foi criado um programa pra exibir animes e
equivalentes no canal, o “Band Kids”, e foi ao lado de “Pokémon” que se tornou um dos animes que trouxeram uma nova leva da animação japonesa ao público brasileiro nos anos
2000 tanto aos canais abertos, quanto aos de assinatura, uns mais, outros menos. As três
primeiras temporadas foram exibidas na Bandeirantes, enquanto que a quarta foi
parar na Rede Globo, com alguns cortes ou se preferirem, com alguma censura, fora a exibição no Cartoon Network - que trouxe a série por inteiro - e alguns
canais avulsos.
Peraí, como assim? Quer dizer que na exibição em
canais abertos, “Dragon Ball Z” não foi exibido por completo, e tem uma razão
por trás: entre o final da terceira temporada para a quarta, houve em
torno de cinco episódios que nem um e nem outro canal aberto exibiram. Parece
que durante a troca de canais estes episódios foram esquecidos e, portanto,
quem achava que viu o anime inteiro, pode ficar decepcionado com isto.
Outro ponto que contribuiu foi a sua dublagem:
feita nos estúdios da Alámo, em São Paulo, o anime ganhou e muito em termos de
atuação do seu elenco de vozes e com isto, foi possível a dublagem das demais
séries da saga no nosso país. Se não fosse por “Dragon Ball Z”, não teríamos a
versão em português das outras obras para ouvirmos e convenhamos que
assistir ao anime em sua língua original... não é a mesma coisa. Conhecimento
comum que a voz oficial do Goku é feita por uma mulher, então, ainda bem que
aqui foi feita por um dublador. E por falar disto, com todas as letras, a
contribuição de Wendel Bezerra ajudou e muito: nosso Goku brasileiro foi o
papel que colocou o dublador em voga ao público, assim, personagens como o Bob
Esponja e o Metabee de “Medabots” não seriam as mesmas sem a sua voz. E não foi
o único: Fátima Noya (Gohan/Goten crianças); Alfredo Rollo (Vegeta); Luiz Antônio Lobue (Piccolo); Vagner Fagundes (Gohan adolescente/Yajirobe);
Wellington Lima (Majin Boo) e Melissa Garcia (Videl), dentre outros, emprestaram
suas vozes para esta série, uns ficando mais conhecidos a partir dali em outras
produções.
Sem esquecer os temas de abertura que o anime trouxe,
sendo que o primeiro é um “clássico” mais que declarado.
Efeito que também é visto em “Cavaleiros do
Zodiaco” e “Yu Yu Hakusho”, onde muitos preferem as vozes em versão brasileira
e contribuíram em mostrar os dubladores a nós, espectadores. Em palavras mais
sensatas: a interpretação deste pessoal nos revelou que como os atores de
novelas e de filmes, estes emprestam suas vozes para atuar em tantos papéis
quanto - e com uma interpretação que marca a quem os ouve, é claro! Temos e
muito a agradecer por este pessoal por dar vida aos nossos personagens favoritos.
Com um tom nostálgico, direto e que fez muitos
assistirem mesmo sendo clichê em vários momentos, não podemos negar o legado
que “Dragon Ball Z” trouxe - sem ele, acho que ninguém saberia o quanto um
shounen de batalha antigo pode nos divertir e torcer como se os personagens
fossem velhos conhecidos. Se tiver algo que as animações japonesas podem
revelar é a forma que nos faz querer saber como será o próximo episódio. E
desta, encerra o ciclo que inicia com “Dragon Ball” em termos de história, pois
o que veio depois, melhor não comentar... Enfim, não vamos estragar este momento de
lembranças gostosas que muitos, alguns mais, outros menos, devem ter sobre esta série.
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