Por Escritora Otaku
Sou da geração que via animes
na TV, muito antes de saber que aquilo que assistia nos canais abertos tinha um nome
em específico pra diferencia-los dos demais desenhos animados. O quanto,
perguntariam? Minha resposta é 1994, aos meus oito anos, quando passava “Cavaleiros
do Zodíaco” na extinta Rede Manchete, tal como muitos que viveram esta época
áurea e a guardam com muito carinho.
Quando passei a ter internet
em casa e tendo mais noção de como assistir animes e tokusatsus, acabei montando uma
lista que tenho até hoje e que passa por atualizações. Numa folha de fichário,
coloco quatro pontos: o de animes dublados; o de legendados; tokusatsus
dublados; e, também, tokusatsus legendados, e vou riscando os que termino de gravar ou que desisti e faço um risquinho de lapiseira aos semanais que gravo. Exatamente no ponto dos
animes dublados estava esse da resenha, já que só tinha visto muito pouco deste quando
foi exibido na PlayTV - também pudera, aguentar
chegar às 11 da noite pra ver não é pra mim –, e como prezo dublagem brasileira,
gravei. Assisti entre oito a dez episódios, parei porque tinham outros
animes/tokusatsus do meu interesse e só aí, voltei de vez.
Se tiver algo a dizer é que a
série me surpreendeu conforme seguia o enredo e o clima que apresentava, sendo que o
protagonista teve uma voz mais que adequada ao anime - não, não vi legendado pra
comparar, apenas dublado mesmo. Sou destas que se o anime tiver tido uma boa
dublagem, assisto sem medo nenhum. E é de uma época que computação gráfica nem
existia direito, sendo bem artesanal na animação.
Vamos ao que interessa e aí
sim, vão entender como um anime antigo como esse continua sendo visto e
revisto.
*****
Ano: 1998
Diretor:
Satoshi Nishimura ("Ushio to Tora")
Estúdio:
Madhouse
Episódios:
26
Gênero: Ação / Comédia / Faroeste / Sci-fi
De onde saiu: Mangá, 3 volumes (1ª publicação) + 14 (2ª publicação), ambos finalizados
Numa época não muito distante,
um tipo de história protagonizou filmes/seriados/animações onde as coisas eram
resolvidas em um duelo de armas de fogo; que chapéus eram parte das vestimentas
e a lei dos mais fortes predominava as vidas de quem ali vivia. O gênero
faroeste teve seu auge nos anos 60 a 80 e ultimamente, tem ressurgido com as
novas roupagens sem perder o que é sua marca. Podemos ter certeza de que já viu
algo assim e empolgava que o protagonista desse um jeito nas coisas, ficasse vivo
ou não.
O anime a ser analisado tem
todos estes elementos, misturando o faroeste com ficção científica e comédia
bem pastelão; com drama e personagens que seguem nesta mistura de estilos. Ele vem de um mangá homônimo publicado por Yasuhiro Nightow durante os anos de 1996 a
2008, tendo rendido duas versões nesse período (a primeira com três volumes entre
1996/1997 e a segunda com 14 volumes de 1998 a 2008), valendo ressaltar que ele também foi
responsável pelo recentemente animado “Kekkai Sensei” (10 volumes de 2009 a 2015), obra que de certa forma segue certas
características de seu trabalho anterior. Estas duas versões do mangá de “Trigun” chegaram ao Brasil por meio da editora Panini; já a versão anime veio em dois
canais, Cartoon Network e na PlayTV. Anos depois, em 2010, ganhou um longa
metragem, “Trigun: Badlands Rumble”, cuja resenha tem no Animecote.
A história fala a respeito de
Vash, conhecido como o “Estouro da Boiada” devido ás confusões e estragos
que acorrem em todas as cidades por onde passa. Sua recompensa é de 60
milhões de dólares duplos, fazendo com que vários caçadores e interessados
queiram ter o bendito prêmio e por isso, são estes os causadores de tantos
problemas - situação que leva a Agência de Seguros Bernadelli a dar um basta e
assim, as agentes Meryl Stryfe e Milly Thompson são mandadas para encontrar
Vash e controlar os prejuízos. Encontrar ele conseguem, só não acreditam muito sobre
o estilo do próprio – boa gente, mulherengo, gosta de crianças, guloso e de bom
coração – que topam diante de si, mas no entanto conforme passa-se o tempo elas tem de aceitar que o cara é assim mesmo. Acompanhamos Vash em suas andanças e aos poucos, descobrimos os motivos
e razões desta pessoa ser o que é em meio a desafios e desavenças comuns de faroeste, estas regadas a momentos de pura comédia ou de drama, e revelando um passado mais
sério e antigo do que aparenta. E vamos parar aqui, porque senão, teremos spoilers que vão estragar
as surpresas da trama.
“Trigun” tem uma forma de
narrar as histórias e a cada uma, vemos como são as coisas naquele mundo, seus
personagens e a ambientação desértica: quando mais se vê, mais notamos que a
própria civilização não teve grandes avanços em termos de tecnologia e a vida é
deveras pacata e simples de ser. O clima de velho oeste é bem presente, dando
um ar mais retrô em sua ambientação - os figurinos também seguem esta proposta,
apesar de haver uns toques modernos e a vida destas pessoas remetem a estes
tempos. O elenco principal da série consegue segurar bem as pontas e cada um
tem o momento certo de se destacar, seja para dar uma aliviada cômica ou nos
momentos onde o drama puxa pro lado emocional.
É óbvio que parte da graça está no protagonista, que possui um estilo único de ser: Vash é aquele personagem que não dá pra ficar sem torcer, rir ou até mesmo chorar, e a simpatia e personalidade dele são peças cruciais para o enredo em si, pois protagonistas têm de ser reconhecíveis ao público. E este segue muito ao pé da letra com suas vestimentas, comportamento e forma de pensar característicos e extravagantes.
É óbvio que parte da graça está no protagonista, que possui um estilo único de ser: Vash é aquele personagem que não dá pra ficar sem torcer, rir ou até mesmo chorar, e a simpatia e personalidade dele são peças cruciais para o enredo em si, pois protagonistas têm de ser reconhecíveis ao público. E este segue muito ao pé da letra com suas vestimentas, comportamento e forma de pensar característicos e extravagantes.
Na produção da versão animada,
vemos a Madhouse em seus momentos de glória e numa época quando o uso de computação
gráfica era pra poucos. Foi nos anos 90 e parte dos anos 2000 que o estúdio
soube mesclar animação bem feita e roteiros em pleno equilíbrio, na sua maioria - claro que depois de perder boa parte dos seus membros, sendo que uns fundaram
outros estúdios, dá pra sentir que estes aspectos nem sempre andam em
sincronia, mas, continuam acima da média. Como diríamos, perdeu parte do encanto que o consagrou.
Se estiverem cientes, o anime
teve versão dublada, esta feita no Rio de Janeiro. A cargo dos estúdios Som de VeraCruz, “Trigun” teve um elenco de dublagem muito bacana, onde os profissionais puderam
dar ótimas vozes e reações aos seus respectivos personagens - o maior destaque vai para a atuação de Vash, feita pelo dublador Alexandre Moreno, que simplesmente encarnou o
protagonista do começo ao fim. Uns até dizem que a voz ficou muito superior em comparação ao original japonês, revelando que sim, dublagem brasileira pode surpreender
quando menos se espera.
Visto como um “clássico” pelas
suas qualidades e considerando a chance de poder assistir uma boa dublagem, caso queira testemunhar o resultado
em nosso idioma “Trigun” faz parte dos casos que se deve dar uma conferida - o que comprova que animes antigos possuem um charme que animes novos ficam
devendo: só assistindo pra entender.
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