Por Escritora Otaku
Considerado o supra sumo dos shounen de batalha,
não há ninguém que não tenha ouvido falar desta série e o seu impacto perante
um estilo tão clichê e cheio de grandes embates. Minha experiência com seu
começo foi em sua primeira exibição, mas, não guardo lembranças desta época;
das duas séries seguintes, estas sim me marcaram mais. Claro que entendo a
importância que “Dragon Ball” possui, afinal, o começo da saga vem desta fase e
muito do que ia oferecer em seguida.
Isso não quer dizer que ignoro esta fase, ao
contrário, é pra isso que vamos requisitar o que faz ela o pontapé inicial de
uma das maiores sagas em mangás e animes. Portanto, sejam bem-vindos ao começo da saga “Dragon Ball”...
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Ano: 1986
Diretor: Daisuke Nishio ("Air Master") / Minoru Okazaki
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 153
Gênero: Ação / Aventura / Comédia
De onde saiu: Mangá, 42 volumes, finalizado
Todas as histórias têm um começo e conhecer estes
inícios definem melhor a trajetória que os levam a ser conhecidos, seja pelo público que os identifica ou dos chamados especialistas - só assim pra poder começar a falar de um dos
maiores animes/mangás, que mesmo tendo passado trinta anos ainda é uma
referência aos chamados shounen de batalha.
Quaisquer mangá e anime que veio depois de “Dragon Ball”, de certa forma, seguiu parte de sua fórmula, inspirando uns e sendo homenageado das mais diferentes formas possíveis, seja na base da comédia ou algum elemento fundamental mostrado sem o maior pudor. Reconhecemos que a série tenha seus defeitos e seja simples em sua execução, mas, parem pra pensar: a maioria dos chamados clássicos tem isto como principal característica, não negue! E pra isso, temos de explorar o que levou “Dragon Ball” ao estrelato e a ser lembrado com tanto carinho.
Quaisquer mangá e anime que veio depois de “Dragon Ball”, de certa forma, seguiu parte de sua fórmula, inspirando uns e sendo homenageado das mais diferentes formas possíveis, seja na base da comédia ou algum elemento fundamental mostrado sem o maior pudor. Reconhecemos que a série tenha seus defeitos e seja simples em sua execução, mas, parem pra pensar: a maioria dos chamados clássicos tem isto como principal característica, não negue! E pra isso, temos de explorar o que levou “Dragon Ball” ao estrelato e a ser lembrado com tanto carinho.
A resenha vai trazer as origens e falar da primeira
fase desta saga, suas qualidades e defeitos apresentados. Vindo de um mangá saído das páginas da Shounen Jump – lar dos shounen de batalha que muitos
conhecem, entre outros tipos de histórias – seu mangaká é Akira Toriyama,
alguém que era mais focado em histórias de teor cômico, sendo que “Dr. Slump”
(18 volumes, de 1980 a 1984) revela esta faceta do autor. Foi depois desta
série que veio o que o tornou mundialmente famoso, “Dragon Ball” (42 volumes,
lançados entre os anos de 1984 a 1995), um dos carros-chefes da revista.
E como o mangaká teve a ideia de “Dragon Ball”? Filmes de Kung Fu e uma antiga história chinesa, “Jornada ao Oeste”, foram as principais fontes que o levaram a criar a história
em si - houveram outras referências como parte dos nomes serem relativos a comidas
e palavras que achava interessante colocar, principalmente pela sua sonoridade
parecer boa. Ou seja, uma junção do que o autor estava interessado o levou para
a série que tantos admiram. Nada incomum, pois quem cria uma história usa o que
ouve, lê, presencia e faz para elaborar suas ideias. E até aí, não há mistérios...
Um fato a ser ressaltado aqui é que o próprio
mangaká sofreu com a pressão da Shounen Jump, que vendo um sucesso e tanto,
espremeram até dizer chega da história - não é a primeira e nem será a última
vez que a revista faz isso com suas obras e mangakás, mostrando uma face cruel
nesse concorrido mercado. Ao menos, é uma imagem que tem mudado, mas acaba ficando marcada nos anais de sua história e fez com que Akira Toriyama
não gostasse tanto da obra que o consagrou como deveria. Não quer dizer que a
odeie, pois sabemos que no fundo, ele tem gosto pelo que criou e sim pela
maneira que foi sendo desenvolvida.
Do mangá para suas versões animadas foi um pulo mais
que óbvio: “Dragon Ball” gerou em torno de cinco animes, uma penca de filmes,
especiais, crossovers e games pra dar e vender. Como há tantas versões
animadas, ressaltemos somente as séries animadas e seus anos de lançamento: do
mangá propriamente dito, seguiram “Dragon Ball” (1986) e “Dragon Ball Z”
(1989); depois vieram “Dragon Ball GT” (1996); “Dragon Ball Kai” (2009), que é remake
de “Dragon Ball Z”, e por fim “Dragon Ball Super” (2015).
Agora que temos mais conhecimento de suas origens,
vamos ao que interessa, que é a primeira série animada da saga. O começo é dos mais
simples: a trama tem início com o encontro de dois personagens, sendo de um lado um
garotinho empunhando um bastão que mora sozinho, tem personalidade boba e inocente, come pra caramba e possui um rabinho pra dar charme; e do outro, uma jovem que está à procura de uma lenda e que é bem inteligente, habituada com tecnologia, bonita e
nada inocente. Assim são Goku e Bulma, que por ironia do destino, partem em uma
aventura atrás das Esferas do Dragão, que dizem realizar qualquer pedido. Goku já tinha uma destas esferas, a de Quatro Estrelas, e Bulma acaba o persuadindo para que o
acompanhasse, mudando a vida deste e de outros personagens para sempre.
“Dragon Ball” segue por um contexto que revela os
pormenores desta aventura e vemos, conforme passa, os progressos de Goku, seus
treinamentos, inimigos que querem as esferas, os torneios de Artes Marciais e
os personagens que se juntam, sejam do bem, sejam do mal. Apesar de possuir comicidade,
reminiscências do seu autor, dá pra notar uma evolução e esta foi o elemento
das lutas: para obter as esferas, precisa de treinamento, aliados e mostrar os
resultados nos torneios de luta. Ou seja, a fórmula mais que garantida dos
shounen de batalha e de suas variações, como os esportivos - pararam
pra notar que temas como superação, amizades, rivalidades, embates tem algo em
comum de uma obra para outra? Diga-se que esta série tem isso e sabe segurar
bem as pontas do começo ao seu final e com o protagonista mais famoso dos
shounen em geral.
Com o passar dos episódios ou capítulos do mangá,
vemos o desenvolvimento de Goku como lutador e como pessoa. Este desenvolvimento é
um dos fatores que diferenciou a animação japonesa da animação ocidental por
anos: algo que tem mudado, pois o fator eternamente naquela fase tem perdido
seu espaço, já que muitos querem ver seus personagens crescerem como na vida
real. Apesar de não mudar muito de personalidade, o contato de Goku com outras
pessoas e criaturas diversas mostra que o mundo é muito maior que o lar do qual
nascemos e é preciso explorá-lo pra encontrar o seu lugar.
Com 153 episódios, “Dragon Ball” tem lá seus momentos fillers como se é esperado em animes tão longos - mais exatamente nos intervalos dos Torneios de Artes Marciais apresentados e no
seu final, que não existe na obra original. Antes que alguém diga que fillers
não valem a pena, cabe ressaltar que estes momentos revelam fatos que se interligam nos momentos importantes da série. Não são fillers isolados, como
acontece na maioria dos casos, eles possuem ligação direta com a história.
“Dragon Ball” segue o traço do
mangaká em cores e sons, adaptando os volumes 1 ao 16 do original. Uma curiosidade é
que esta fase foi feita por dois estúdios: o que tratou das versões animadas da
saga e por um outro criado pelo próprio Akira Toriyama, o Bird Studio. E é um anime dos anos
80, que mesmo com o tempo passado, costuma empolgar mais que muito anime atual - pra mim animes antigos tem um charme e um tratamento muito diferentes, sem as
tecnologias e exigências impostas, mostrando um esforço para trazer a animação
ao seu público.
Esforço que o estúdio deveria ter mantido
atualmente... Quem acompanha animes da Toei Animation sabe do que se fala...
Saindo disto, como foi à repercussão da primeira
série e do mangá? Em sua terra natal, sucesso de público, crítica e de
audiência. Fora dali o mangá, uma maravilha por onde passou; do anime, nem
tanto, já que o sucesso no Japão não garante que faça o mesmo fora do país.
Acontece que o que agrada lá não faz o mesmo efeito fora, como exemplo tem os
animes que fazem parte do ranking da TV Japonesa, precisamente os infinitamente
infinitos, que seguem esta tendência. O que agrada a nós, ocidentais, pode não
ser o mesmo dos japoneses e vice-versa pra fechar o assunto.
E no Brasil? De nosso país, o mangá teve duas
publicações e ambas completas: a primeira veio nos anos 2000 pela Editora Conrad, sendo este e “Saint Seiya” os primeiros mangás no sentido oriental de
leitura (divisórias usadas das duas primeiras séries da saga, pra diferenciar) e
a segunda vez pela Panini, nos anos de 2012 a 2015 em sua forma tankobon. Quem
colecionou uma delas, pode estar satisfeito, pois dificilmente uma obra
conseguiria um feito destes.
O anime também teve duas passagens em nosso país: a
primeira foi ainda nos anos 90, quando 60 dos 153 episódios foram exibidos no
SBT, enquanto que a segunda ocorreu nos anos 2000, quando a série inteira foi exibida na Rede
Globo e no Cartoon Network após o sucesso mais que contestado de “Dragon Ball
Z”. E tiveram duas dublagens, ambas paulistanas: a primeira se passou nos estúdios da
Gota Mágica, já extinto, que trouxe vários animes vistos nos anos 90, e a segunda
que apresentou a série completa foi a Alámo, também extinto, que antes havia
dublado a série seguinte da saga e estabelecido o elenco de dubladores. Foi
nesta segunda dublagem que “Dragon Ball” pode enfim brilhar, não tão
fortemente quanto “Dragon Ball Z”, mas, ao menos conseguiu ser dublado em nossa língua de
forma completa.
O elenco desta segunda versão foi formado pelos
mesmos dubladores que haviam trabalhado na fase seguinte, tendo apenas o
acréscimo de outros dubladores para os papéis novos. Isto inclui a do
protagonista, que como na sua terra natal, recebeu a voz de uma mulher:
Úrsula Bezerra dublou Goku em sua fase criança, papel
do qual é reconhecida até hoje, valendo ressaltar que é costume ela dublar papéis masculinos infantis. A
maior surpresa é que Úrsula é irmã de dois dubladores, sendo que um
fez a voz do Goku na fase adulta (Wendel Bezerra) e o outro cuidou da voz do
Shun (Ulisses Bezerra) em “Cavaleiros do Zodiaco”. Ou seja, dublagem em São
Paulo é negócio de família...
Enfim, “Dragon Ball” marca como o início de uma
grande saga, onde vemos personagens e aventuras que irão determinar os rumos
das fases animadas seguintes. Pode não ter o mesmo frescor ou o ritmo frenético
das suas demais séries, no entanto, ainda é uma referência para os chamados
shounen de batalha - tem um dos personagens mais icônicos em mangás/animes e
uma história que é revisitada ano após ano. Tudo que veio depois deste começo é
apenas uma consequência e quem sabe, queira conhecer o Goku antes de sua grande
fama...
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