Por Escritora Otaku
Não botava fé nesta série - quando veio a temporada
de outubro de 2015 ela nem estava na listagem pra assistir. Acontece que em um
blog de animes que costumo acompanhar a análise do primeiro episódio fez com
que desse uma chance e fui completamente fisgada pelos irmãos Matsudo e suas
confusões. Junto com “Ushio to Tora” e “Young Black Jack” ele foi pra mim um dos melhores
animes daquele ano cheio de animes, onde fui capaz de assistir alguma coisa em todas as temporadas, diferente dos outros dois anos anteriores, onde vi muito pouco de séries em andamento.
Foi uma comédia da qual me apaixonei pelas suas
piadas, elenco e afins; digo que desde “Seto no Hanayome” não
ria tanto do começo ao fim. E qual dos sêxtuplos eu gostava mais? Neste caso cito o terceiro deles, o
Choromatsu - não que os demais fossem ruins, acontece que a identificação com
ele foi maior que os outros e fora que o dublador é muito bacana em interpretar
personagens com comicidade. Tem uns episódios que foram extremamente hilários do
começo ao fim e outros que me enganaram direitinho no seu final, quando achava que ia pro
drama, me botavam na comédia de supetão.
E sim, vem por aí uma nova temporada! Deixemos que a resenha mostre a trajetória destes sêxtuplos tão sem noção e
doidinhos de pedra.
*****
Ano: 2015
Diretor: Youchi Fujita ("Binbougami ga!", "ClassicaLoid", parte de "Gintama")
Estúdio: Studio Pierrot
Episódios: 26
Gênero: Comédia
Irmãos e irmãs: sejam de sangue ou de consideração,
não tem como se esquecer de sua companhia, ou das provocações e brigas que parecem
sérias, no entanto terminam rapidinho com as pazes feitas - e quem é irmão gêmeo, lembrar o
quanto era difícil as pessoas distinguirem quem é quem, onde até mesmo os próprios
pais tinham de dar um jeitinho de diferir um do outro, e por aí vai.
A quem teve, era como um amigo muito próximo e aos que nunca tiveram, no caso
dos filhos únicos, dava pra botar algum amigo ou amiga para desempenhar este
papel. Por isso e mais um pouco, irmãos e irmãs são parte das nossas vidas, seja
na vida real ou na ficção.
E é na ficção que deparamos com muitas relações entre irmãos, sendo a mais comum aquela que tem um irmão mais velho e outro mais
novo, podendo ser crianças, adolescentes ou adultos; do bem e do mal ou um destes
lados; vivendo separados ou juntos e etc. A quantidade chega a ser
enorme, com opção para todo o público e nas mais diversas histórias e
conteúdos. No universo de animes há tipos e variações de irmãos e irmãs, uns
mais pé no chão, outros completamente sem noção e têm ainda os que ficam no meio a
meio em termos de personalidade e atitudes.
Imaginem esta: temos seis irmãos idênticos, só
mudando as vozes e a interpretação; desempregados e felizes em não poder fazer
nada; maluquinhos de pedra e que quando se unem as chances de confusão são
elevadas a níveis jamais vistos. Só assim pra poder definir os protagonistas de
“Osomatsu-san” - em partes, até porque, cá entre nós, quem não se identifica com
algum deles, não é? Sobre suas origens, temos de falar de seu criador,
conhecido como o “Rei do Gag Mangá” Fujio Akatsuka; uma de suas obras desse foi a que originou a série a ser retratada, neste caso “Osomatsu-kun”, mangá publicado de 1962 a 1988 em 34 volumes. A história do dia a dia dos irmãos Matsuno
rendeu várias adaptações em animes, sendo duas séries e um filme, ambos
produzidos pelo Studio Pierrot.
E pra comemorar o 80° aniversário do mangaká, eis
que a história foi revitalizada para os nossos tempos, tornando-se
“Osomatsu-san”. De certa forma, podemos considerar como uma continuação de “Osomatsu-kun”
por mostrar o elenco de personagens mais velhos - no entanto, sem ter a
necessidade de conhecer a obra original, o que é bem ressaltado logo no começo
e final do primeiro episódio, onde vemos os personagens em preto e branco procurando formas de conquistar novos espectadores. E como eles fazem isso?
Simplesmente se aproveitando de todos os artifícios que animes atuais costumam usar, como
um traço mais bem feito, uma ambientação de fácil acesso e uma série de
piadas/paródias/situações que animes têm, o que inclui mostrar, sem dó nem piedade, referências de obras recentes.
Resultado desta confusão? Fracasso total e uma
dúvida a ser respondida: como fazer um anime para a modernidade, sem soar ruim?
Lembrando que houve uma bela polêmica em torno das referências tão na cara, cujo resultado foi a exclusão desse episódio no lançamento em DVD/Blu-ray - houve posteriormente outro tipo de censura no terceiro episódio, tudo por causa das piadas. Como dizem por aí, não dá para agradar a
todos...
Saindo destas tretas declaradas, o anime é composto em sua maioria por pequenas esquetes nas quais vemos a rotina dos Matsuno já
adultos, que são Osomatsu, o irmão mais velho que os outros raramente respeitam; Karamatsu,
o segundo, um bad boy declarado e esquecível; Choromatsu, terceiro, de estilo sério e
visto como tarado pelos irmãos; Ichimatsu, o quarto, pessoa antissocial e amante de
gatos; Juushimatsu, o quinto, uma eterna criança e maluquinho; e Todomatsu, sexto e
caçula, que se faz de bonzinho, só que não é em um pouco. Estes seis são capazes de qualquer coisa
pra continuar vivendo com os pais, não procuram trabalho e sempre tentam arranjar grana fácil nas mais variadas confusões. Fora estes, temos a paixão dos
sêxtuplos e idol iniciante, Totoko; o dono de uma barraquinha de ensopados e
careca de nascença, Chibita; o trapaceiro e orgulhoso Iyami; o mais podre de
rico e infantil Hatabou; o cientista maluco que tira tudo das calças, Dekapan e
seu inseparável parceiro, de boca enorme, o Dayon que completam o elenco da
trama.
Este pessoal é capaz de situações que vão de toscas
a incrivelmente cômicas, e parte da graça está na forma que retratam os
personagens e suas desventuras. As piadas geralmente se referem a como cada um deles representa seu peculiar estilo e como se adaptam aos nossos tempos, levando uma rotina seja
tipicamente nipônica ou pondo em cheque a vida da qual vivemos. Certas esquetes
são mais recorrentes, como mostrar as formas perfeitas dos sêxtuplos (a usada
no primeiro episódio) em várias situações; os diálogos deles no papel de mulheres; dos planos mais
que falhos de Iyami; da interação entre Dekapan e Dayon, e por aí vai. Algumas conseguem
serem tão engraçadas, tão engraçadas que as risadas são mais que inevitáveis.
Animações que focam em comédia existem aos montes,
então, como que “Osomatsu-san” consegue se sobressair, chegando a vender
horrores em DVDs e Blu-ray no seu país de origem? Fatores existem, caso
analisemos o anime em geral: o primeiro a ser notado é o seu humor, pois não é
totalmente nipônico, o que rende risadas sem precisar entender das referências;
o outro está na sua gama de personagens que consegue segurar bem as esquetes
apresentadas, como também de suas reações a cada situação dada - destaque nisso ao elenco de
vozes que dão vida aos irmãos Matsuno, todos eles dubladores bem
conhecidos que encarnaram, com bom humor, seus papéis -; e por fim, ser simples e
direto em sua execução.
O estúdio desta versão foi o mesmo que havia feito
as versões de “Osomatsu-kun”, mostrando um ritmo de animação estável na maior tempo - o
que não é lá comum em comédias - e trazendo um colorido que combina com a proposta da
série, valendo enfatizar de novo aqui o quão a dublagem ajudou e muito em seu andamento. E este humor se expressa
nas aberturas e encerramentos: “Hanamaru Pippi wa Yoiko dake” e “Zenryoku Batankyuu!” do grupo AOP foram aberturas divertidas que apresentam, de forma
nonsense, os personagens; “SIX SAMES FACES Konya wa Saikou!!!!!!” e “SIX SAMES FACES Konya mo Saikou!!!!!” foram cantadas pelos dubladores dos Irmãos Matsuno
com parte do elenco, sendo que no primeiro vemos comidas vivas e no segundo, a
paixonite aguda dos sêxtuplos com a Totoko e cada uma tem a versão
correspondente a um dos irmãos.
“Osomatsu-san” é daqueles animes que só apenas no primeiro
episódio não define o que virá, e a partir do segundo em diante mostra a que
veio. Uma comédia que parecia que fosse passar batido, não era obra muito antecipada e de
repente, ganhou popularidade e status ao longo do tempo, revelando um humor que
pode não agradar a todos, porém não quer dizer que eles não tentam fazer o
espectador dar risadas com as situações mostradas. Um acerto e tanto, até mesmo
para os Irmãos Matsuno, que com suas personalidades e maluquices declaradas,
podem chamar a atenção dos desavisados.
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