Por Escritora Otaku
O ano de 2015 foi um bom ano pra mim em termos de
animes semanais: assisti uma cota boa de séries e de praxe, a temporada que
mais acompanhei foi a de outono, passando da cota mínima que vejo. Foram seis
animes, desisti de um e ficou cinco que fui vendo até o final, sendo que
destes, quatro foram muito bons e um regular. Destes bons, temos o da resenha
abaixo, que quando achava que ia seguir, fez o favor de acabar... e de me dar
muita raiva por ter terminado.
Deixando a reclamação de lado, foi um dos melhores
animes de 2015 pra mim, um que parecia que ia passar despercebido – sempre tem
isso nas temporadas de animes, uns que não há o hype e conhecimento da trama
original ou de um estúdio decente – que aos poucos, na base do boca a boca e de
opiniões online, acaba tendo seus momentos de fama. E foi o que houve com
“Young Black Jack”, que traz um personagem importante de um mangaká de renome,
pessoa essa que muitos aí devem conhecer - afinal, sem este, os animes e mangás
não teriam a cara que tem. Melhor deixar que a resenha dê os seus pareceres...
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Ano: 2015
Diretor: Mitsuko Kase
Estúdio: Tezuka Productions
Episódios: 12
Gênero: Drama / Histórico
De uns anos pra cá, tem sido muito utilizado
contar histórias de um personagem antes de sua fama incontestável, para mostrar
como ele era antes de ser o que se tornou. Este recurso não retira o que já
tinha, apenas bota uma nova visão de como foi o começo de tudo e com isto, as
consequências para a história em si. À primeira vista soa estranho, mas,
conforme anda a trama, temos mais noção deste personagem, suas motivações e o
que levou a ser o que é, bem como conhecemos aqueles que fizeram parte de sua
vida antes da fase atual.
Saindo de um mangá das mãos de Yoshiaki Tabata (roteirista)
e Yuugo Okuma (desenhista) desde 2011, “Young Black Jack” mostra a juventude de
Black Jack, personagem que veio de uma das obras de Osamu Tezuka, profissional
conhecido por ter dado aos mangás/animes a cara que conhecemos. O mangá “Black Jack” teve 17 volumes no período de 1973 a 1983, tornando-se assim na sua obra
mais longa - e o curioso é que houve nisso muito toque pessoal, pois, igual ao
protagonista, Tezuka estudou Medicina (porém nunca exerceu a carreira). A
história rendeu várias adaptações animadas e filmes, mostrando um pouco deste
personagem.
E destas, veio a obra atual e sua versão animada.
A história de “Young Black Jack” é sobre o jovem Hazama Kuroo, estudante de medicina
que tem uma aparência bem chamativa de ser (o rosto possui dois tons de pele e
seu cabelo é parte preto/parte branco, fora que há várias cicatrizes em seu
corpo) que vive no Japão em meados dos anos 60, época na qual havia muitas
greves de estudantes. O sonho dele é ter a licença de médico e exercer a
profissão de forma honesta, e enquanto isso segue nos estudos e na prática,
escondido, pra chegar mais rápido ao seu objetivo. Quando uma criança sofre um
acidente e os médicos não podem fazer a cirurgia por ser de alto risco, Hazama
dá um jeito e com ajuda e suporte, faz a operação e salva a criança. Claro que
cobra um preço aos pais do paciente, para ver o quanto se importavam com sua
vida.
A partir deste ponto em diante, acompanhamos o
protagonista em um contexto histórico muito marcante daquela época, como a
Guerra do Vietnã, os protestos por igualdade social Aos negros nos Estados
Unidos e até mesmo corrupção na área médica (e há gente que acha que corrupção
tem apenas na política, se enganam...). Neste meio tão movimentado, Hazama
começa a moldar a personalidade que o tornaria o Black Jack no futuro com suas
primeiras cirurgias, se esforçando a ajudar os outros e sofrendo as
consequências de cada situação.
Uma química de roteiro mais madura, sem soar
fantástica demais; personagens que trazem parte do contexto histórico
apresentado; operações de alto risco e um pouco de fanservice são os
ingredientes que a série pode oferecer - e não precisa pegar na obra que
originou esta trama, até porque está mais para apresentação dos fatos
anteriores. Além do mais, é uma maneira de conhecer um dos personagens da vasta
galeria de Tezuka, que como se sabe, influenciou demais artistas e outros
profissionais na criação artística e cultural.
A versão anime veio nas mãos do estúdio fundado
pelo mangaká, tendo uma adaptação bem direta; os traços são uma mistura do
desenho de Tezuka com traços atuais, uns mais, outros menos; e a parte técnica se
encontra entre média a boa com uma dublagem que ajuda nos momentos certos.
Temos como abertura “I am Just Feeling Alive” de UMI KUUN que mostra o que a
série oferece ao público, num tom dramático e reflexivo em sua execução; já o
encerramento “All Categorize” de Takuto é mais direto e traz em seu clip o
visual dos personagens do mangá comparado a da versão anime, revelando como
ficaram o desenho do elenco da série.
Com uma duração até curta demais - como visto no
encerramento do último episódio, onde aparecem outros personagens – ao trazer
apenas um pouquinho de sua história original, “Young Black Jack” é uma série
com gostinho de anime antigo misturado à modernidade dos animes atuais. Se
quiserem conhecer o futuro Black Jack, podem ir sem medo e entender um pouco de
Hazama Kuroo, o protagonista.
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Sem brincadeiras, essa obra transborda de bons tramas, quando terminei de assistir fui direto para as outras obras sobre o Black Jack e Amei eles.
ResponderExcluirEm particular o filme de 1996 ficou marcado em mim como um dos melhores filmes animados que já assisti e tornou minha recomendação certeira pra quem não tem experiencia nenhuma com animes, sem medo de ser feliz.