Por Escritora Otaku
Se pudesse definir esta série, diria que jamais,
nos poucos animes shoujo que acompanhei, vi tanto sofrimento em relação a protagonista. Houve momentos nos quais queria que parassem com isso, porque foi
complicado e ao mesmo tempo, interessante a forma que ela ia adiante. Ao menos,
a Tsukushi não seguia o padrão de personagens shoujo que esbanjam um estilo
feminino fofo e inocente.
Tirando este ponto, “Hana Yori Dango” foi um anime
que me chamou atenção na forma que retrata a história e seus personagens; a estética
bem anos 90 e uma música de abertura deveras contagiante, na verdade, o tipo de
música que não canso de ouvir e a sessão sofrência mais que declarada do começo
ao final. E com estes ingredientes, o anime entrou na minha lista de shoujos favoritos, mostrando que séries antigas tem seu charme e precisam ser vistas.
Deixe de lado os traços e a animação, e desbrave o dia a dia de Tsukushi e
companhia.
*****
Ano: 1996
Diretor: Shigeyasu Yamauchi ("Casshern Sins")
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 51
Gênero: Comédia / Drama / Romance
De onde saiu: Mangá, 37 volumes, finalizado
Querendo ou não, a escola é vista como parte da
vida humana, onde durante certo período de tempo dedicamos algumas horas a
aprender diversas matérias e acima, segue-se no processo de socialização - amizades, lições sobre relacionar-se com pessoas e obter, quem sabe, sua própria
identidade fazem parte de sua rotina escolar. E há certas diferenças na forma
de ensino, dependendo de como as famílias irão investir neste aspecto: as
escolas municipais e estaduais, que são financiadas pelo governo ou pelos
municípios, e as escolas particulares ou de institutos de ensino, cujos custos e benefícios são bancados pelas mensalidades que as famílias pagam. Qual seja a escola, ambas terão o mesmo
papel: o de levar educação para seus alunos.
E justamente nesses locais que temos parte das
experiências que levamos pro resto da vida, sejam boas ou ruins. Uma destas é
quando o aluno se transfere para uma nova escola, não importa qual, saindo da
que estava habituado para outra. Se algo incomoda demais é a fase de adaptação,
onde uns conseguem se enturmar mais rápido ou não. Neste último ponto que temos
o enredo de “Hana Yori Dango”, um shoujo que traz isto de uma forma crua.
Vindo da mente da mangaká Yoko Kamio, nas páginas
da revista Margareth durante os anos de 1992 a 2008, "Hana Yori Dango" é vista como uma das obras mais
consagradas em sua demografia e teve algumas adaptações, sendo as mais
conhecidas o dorama e o anime. Por aqui trataremos da versão animada, que
adaptou em torno de 18 volumes contando sua história (o mangá teve 37 ao todo). Dá pra destacar o traço
usado, bem diferente e deveras antigo de ser, dando um charme e destoando do
que estamos habituados a shoujos.
Makino Tsukushi, a protagonista, é uma jovem que
está estudando o colegial no Instituto Eitoku, renomado colégio particular onde
os filhos das famílias mais ricas e poderosas estudam. No caso dela, está neste local por
insistência dos pais, que pra sair da pobreza querem que ela encontre um cara
rico, o conquiste e se case. Ou seja, está lá pra fazer o tal golpe do baú e viver
uma vida melhor: mais novelão, impossível - apesar de que ela é completamente
contra esta ideia...
A sua vida no Eitoku estava indo um tanto bem, apesar
de não se habituar ao estilo dos alunos frequentes, até que acaba chamando a
atenção do grupo mais famoso de lá, o F4. Este grupo, composto de filhos de
importantes famílias que financiam a instituição escolar, ao ter sua autoridade
arruinada por Tsukushi, bota no armário dela um papel vermelho: Quem o recebe é
declarado inimigo do F4 e será bombardeado por implicâncias postas por estes e
pelos alunos do Eitoku, que os apoiam- começa assim e fica durante o anime, sendo a garota maltratada das mais diferentes formas por não se conformar com as regras
dali. Porém, nem tudo é dor e sofrimento: ela se apaixona por um dos membros do F4,
Hanazawa Rui, o mais certinho do quarteto, e ainda chama a atenção de outro
membro, o líder do grupo Tsukasa Doumyouji; forma-se então uma espécie de triângulo amoroso,
onde Tsukushi ama Rui, que nem está aí pra isso (é bem sério, diga-se que
está mais pra amor platônico) e Tsukasa começa, na marra, a gostar dela. Quando
se fala na marra, o melhor termo é querer alguém que consegue encarar este de
frente a frente. Saindo disso, aos poucos, entre trancos e barrancos típicos de
novela mexicana, Tsukushi passa a encarar todos os problemas que a escola
impõe, revelando uma jovem corajosa e ousada em vários momentos.
Em “Hana Yori Dango” temos uma protagonista feminina
forte, que com seu jeito e personalidade procura o seu lugar, enfrentando
aqueles que a querem fora da Eitoku e aguentando os percalços impostos pra ela.
Além disso acompanhamos suas idas e vindas com Rui e Tsukasa, chegando até mesmo a
influenciar a forma de pensar do F4 e de outros personagens. Mais um ponto
interessante é a vida destes filhos de famílias ricas, mostrando facetas que
escondem sentimentos ou levam tudo de forma mesquinha; alguns questionamentos
sobre se a riqueza pode resolver os problemas e o dia a dia de quem vive bem é
parte do contexto mostrado na série.
Do elenco apresentado, fora Tsukushi e o F4, dá pra
destacar alguns que acabam fazendo amizade com a protagonista, dando um respiro
de tanto sofrimento imposto a ela; momentos cômicos pra descontrair e certa
evolução da forma de pensar de uns, que tendo contato com ela passam a
procurar sua identidade neste meio.
Sobre a parte técnica, não esperem uma qualidade de
animação boa ou estável, por ser dos anos 90, apesar de apresentar a proposta e
o enredo oferecidos. Algo curioso está no fato do elenco de vozes não ser nada
familiar aos que acompanham animes, sendo boa parte delas apresentadas por dubladores bem desconhecidos - isto dá um toque peculiar aos que conferirem e
certo diferencial em seu andamento. Nas músicas, tivemos a abertura “Futsuu no Nichiyoubi ni”, que revela um toque bem anos 90 de ser e ritmo contagiante, enquanto nos encerramentos “Kenka no Ato de” e “Todoku ka na” mantém o tom noventista,
sendo o primeiro mais sentimental e o segundo mais animado. A abertura e o
primeiro encerramento ficaram com Tomohito Kikuta, enquanto o segundo
encerramento foi feito por CaYOKO. Destaque para a abertura, cujo estilo e clip evidenciam bem o estilo e época que foi composta.
Usando alguns diferenciais e com um charme bem
noventista, um traço fora do padrão visto em shoujos mais comuns e exibindo o clima de
uma instituição particular, “Hana Yori Dango” é uma obra que vale dar uma
olhada. Se não importar com sua estética antiga, será uma experiência bacana em
shoujos.
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