19 de maio de 2017

Resenha: Hana Yori Dango


Por Escritora Otaku

Se pudesse definir esta série, diria que jamais, nos poucos animes shoujo que acompanhei, vi tanto sofrimento em relação a protagonista. Houve momentos nos quais queria que parassem com isso, porque foi complicado e ao mesmo tempo, interessante a forma que ela ia adiante. Ao menos, a Tsukushi não seguia o padrão de personagens shoujo que esbanjam um estilo feminino fofo e inocente.

Tirando este ponto, “Hana Yori Dango” foi um anime que me chamou atenção na forma que retrata a história e seus personagens; a estética bem anos 90 e uma música de abertura deveras contagiante, na verdade, o tipo de música que não canso de ouvir e a sessão sofrência mais que declarada do começo ao final. E com estes ingredientes, o anime entrou na minha lista de shoujos favoritos, mostrando que séries antigas tem seu charme e precisam ser vistas. Deixe de lado os traços e a animação, e desbrave o dia a dia de Tsukushi e companhia.

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Ano: 1996
Diretor: Shigeyasu Yamauchi ("Casshern Sins")
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 51
Gênero: Comédia / Drama / Romance
De onde saiu: Mangá, 37 volumes, finalizado


Querendo ou não, a escola é vista como parte da vida humana, onde durante certo período de tempo dedicamos algumas horas a aprender diversas matérias e acima, segue-se no processo de socialização - amizades, lições sobre relacionar-se com pessoas e obter, quem sabe, sua própria identidade fazem parte de sua rotina escolar. E há certas diferenças na forma de ensino, dependendo de como as famílias irão investir neste aspecto: as escolas municipais e estaduais, que são financiadas pelo governo ou pelos municípios, e as escolas particulares ou de institutos de ensino, cujos custos e benefícios são bancados pelas mensalidades que as famílias pagam. Qual seja a escola, ambas terão o mesmo papel: o de levar educação para seus alunos.

E justamente nesses locais que temos parte das experiências que levamos pro resto da vida, sejam boas ou ruins. Uma destas é quando o aluno se transfere para uma nova escola, não importa qual, saindo da que estava habituado para outra. Se algo incomoda demais é a fase de adaptação, onde uns conseguem se enturmar mais rápido ou não. Neste último ponto que temos o enredo de “Hana Yori Dango”, um shoujo que traz isto de uma forma crua.


Vindo da mente da mangaká Yoko Kamio, nas páginas da revista Margareth durante os anos de 1992 a 2008, "Hana Yori Dango" é vista como uma das obras mais consagradas em sua demografia e teve algumas adaptações, sendo as mais conhecidas o dorama e o anime. Por aqui trataremos da versão animada, que adaptou em torno de 18 volumes contando sua história (o mangá teve 37 ao todo). Dá pra destacar o traço usado, bem diferente e deveras antigo de ser, dando um charme e destoando do que estamos habituados a shoujos.

Makino Tsukushi, a protagonista, é uma jovem que está estudando o colegial no Instituto Eitoku, renomado colégio particular onde os filhos das famílias mais ricas e poderosas estudam. No caso dela, está neste local por insistência dos pais, que pra sair da pobreza querem que ela encontre um cara rico, o conquiste e se case. Ou seja, está lá pra fazer o tal golpe do baú e viver uma vida melhor: mais novelão, impossível - apesar de que ela é completamente contra esta ideia...

A sua vida no Eitoku estava indo um tanto bem, apesar de não se habituar ao estilo dos alunos frequentes, até que acaba chamando a atenção do grupo mais famoso de lá, o F4. Este grupo, composto de filhos de importantes famílias que financiam a instituição escolar, ao ter sua autoridade arruinada por Tsukushi, bota no armário dela um papel vermelho: Quem o recebe é declarado inimigo do F4 e será bombardeado por implicâncias postas por estes e pelos alunos do Eitoku, que os apoiam- começa assim e fica durante o anime, sendo a garota maltratada das mais diferentes formas por não se conformar com as regras dali. Porém, nem tudo é dor e sofrimento: ela se apaixona por um dos membros do F4, Hanazawa Rui, o mais certinho do quarteto, e ainda chama a atenção de outro membro, o líder do grupo Tsukasa Doumyouji; forma-se então uma espécie de triângulo amoroso, onde Tsukushi ama Rui, que nem está aí pra isso (é bem sério, diga-se que está mais pra amor platônico) e Tsukasa começa, na marra, a gostar dela. Quando se fala na marra, o melhor termo é querer alguém que consegue encarar este de frente a frente. Saindo disso, aos poucos, entre trancos e barrancos típicos de novela mexicana, Tsukushi passa a encarar todos os problemas que a escola impõe, revelando uma jovem corajosa e ousada em vários momentos.

Em “Hana Yori Dango” temos uma protagonista feminina forte, que com seu jeito e personalidade procura o seu lugar, enfrentando aqueles que a querem fora da Eitoku e aguentando os percalços impostos pra ela. Além disso acompanhamos suas idas e vindas com Rui e Tsukasa, chegando até mesmo a influenciar a forma de pensar do F4 e de outros personagens. Mais um ponto interessante é a vida destes filhos de famílias ricas, mostrando facetas que escondem sentimentos ou levam tudo de forma mesquinha; alguns questionamentos sobre se a riqueza pode resolver os problemas e o dia a dia de quem vive bem é parte do contexto mostrado na série.

Do elenco apresentado, fora Tsukushi e o F4, dá pra destacar alguns que acabam fazendo amizade com a protagonista, dando um respiro de tanto sofrimento imposto a ela; momentos cômicos pra descontrair e certa evolução da forma de pensar de uns, que tendo contato com ela passam a procurar sua identidade neste meio.

Sobre a parte técnica, não esperem uma qualidade de animação boa ou estável, por ser dos anos 90, apesar de apresentar a proposta e o enredo oferecidos. Algo curioso está no fato do elenco de vozes não ser nada familiar aos que acompanham animes, sendo boa parte delas apresentadas por dubladores bem desconhecidos - isto dá um toque peculiar aos que conferirem e certo diferencial em seu andamento. Nas músicas, tivemos a abertura “Futsuu no Nichiyoubi ni”, que revela um toque bem anos 90 de ser e ritmo contagiante, enquanto nos encerramentos “Kenka no Ato de” e “Todoku ka na” mantém o tom noventista, sendo o primeiro mais sentimental e o segundo mais animado. A abertura e o primeiro encerramento ficaram com Tomohito Kikuta, enquanto o segundo encerramento foi feito por CaYOKO. Destaque para a abertura, cujo estilo e clip evidenciam bem o estilo e época que foi composta.


Usando alguns diferenciais e com um charme bem noventista, um traço fora do padrão visto em shoujos mais comuns e exibindo o clima de uma instituição particular, “Hana Yori Dango” é uma obra que vale dar uma olhada. Se não importar com sua estética antiga, será uma experiência bacana em shoujos.


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