Ah, como é bom
escrever a respeito do meu primeiro anime semanal, sim, porque foi com
“Bakuman” que entrei com tudo ou quase, de acompanhar os animes semanais que
temos por aí. É voltar para final de 2010, onde me encantei pela sua trama e
personagens - uma trama simples e sem grandes complexidades, da qual ficava ansiosa
pelo próximo episódio e tinha os momentos de raiva por ter que esperar as
estreias das suas temporadas. Também me revelou uma faceta pouco comum quanto a
obras vindas da Shounen Jump, algo mais óbvio e menos impactante, direto e
jovial ao mesmo tempo. Não foi por causa dos seus criadores que fui ver e sim,
pela sua história e personagens, o que mais importa quando vou assistir algum anime.
Se valeu a pena?
Minha resposta é sim, o anime me marcou muito, não é à toa que está entre os
meus favoritos e uma das poucas obras que pude ter contato tanto com a
versão mangá quanto a animada. Quem for ver o meu Top de Anime daqui, vai saber
bem o que estou dizendo e de costume, aproveitem mais uma resenha minha. Claro
que tenho meu personagem favorito: é o Mashiro e pretendo redesenhar uma fanart
dele - quando puder, é claro!
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Ano: 2010 a 2013
Diretor: Kenichi Kasai ("Honey and Clover",
"Nodame Cantabile") / Noriaki Akitaya
Estúdio: J.C. Staff
Episódios: 25 (1ª temp.); 25 (2ª temp.) e 25 (3ª temp.)
Gênero: Comédia
/ Drama / Romance
De onde saiu: Mangá, 20 volumes, finalizado.
Por
Escritora Otaku
Sejam francos: por acaso possuem
sonhos? Muitos vão responder que tem e isso é muito bom, porque sonhar faz
parte do ser humano. Os que desistem de sonhar perdem parte de seu eu e se
sentem desorientados, por isso não desistam, já que um dia vão se realizar ou
chegarão bem perto. E para chegar a estes sonhos temos de nos esforçar e
persistir para que ele possa acontecer; quando acontece, temos uma sensação de vitória que ficará pelo resto de nossas vidas.
Mudando de assunto: sabem onde
começamos a ouvir o termo mangaká? A palavra define o pessoal que faz mangás no
Japão e lá temos os mais variados tipos de enredos, revistas e público que
acompanham suas histórias favoritas. Os mangakás podem ser clássicos ou novos
talentos, até mesmo aqueles que apenas emplacaram uma única história. Nada
diferente de um escritor literário, um diretor de filmes e seriados ou a cabeça
de um game: estes tiveram uma ideia e põe no papel ou nas telas a sua
interpretação do seu enredo. Claro que, para um mangaká, o desafio é grande:
criar uma história, esperar uma resposta da revista que mandou e qual seja a
resposta, revelar o seu talento neste campo - ou não chegaram a perguntar como
aquele ou aquela mangaká conseguiu lançar sua obra favorita? Com uma
premissa tão simples “Bakuman” teve início, meio e fim nas páginas da Shounen
Jump nos anos de 2008 a 2012, e pode não ter sido um clássico, tampouco um
mangá cult, mas ao menos cumpriu o seu papel e envolveu todos os que
acompanharam o enredo pelos anos que esteve em publicação. No Brasil, a obra
foi lançada pela JBC, que também lançou “Death Note” em periodicidade mensal e
foi um dos mangás mais populares da editora.
Antes de seguir a série, vamos
esclarecer quem esteve por trás da trama e estes caras são bem... bem conhecidos,
por terem escrito uma das séries mais surpreendente dos últimos anos da Shounen
Jump, no caso, Tsugumi Ohba (roteirista) e Takeshi Obata (desenhos), os caras
por trás de “Death Note”. Isso mesmo que está lendo: os que trouxeram a
história do caderno da morte são os responsáveis por terem criado “Bakuman”. O
primeiro foi o que teve a ideia de ambas e o segundo se encarregou dos
desenhos, sendo este também o segundo trabalho que estiveram juntos. Só os
nomes fazem vontade de acompanhar o mangá em si, mas, não é o suficiente para
chamar a atenção dos leitores e espectadores. Na realidade, para uma história
valer a pena só o nome não basta; precisa ter conteúdo e sacar a intenção de
quem faz, sendo este o maior desafio dos que seguem as letras e os desenhos.
Voltando a “Bakuman”, não era esperado
que os dois mangakás pudessem emplacar uma nova obra e sim, acontece as devidas
comparações entre esta e “Death Note”. Não vamos estender esta questão,
SEJAMOS diretos: em “Death Note” o contexto é realista, assustador e
impactante; em “Bakuman” o contexto é sonhador, juvenil e convencional. Ou
seja, o tom sombrio que existe na primeira e o tom luminoso da segunda, os
tornando vinho e água, pra sermos mais compreensivos. E estes não foram os
únicos mangakás que seguiram esta rota, pra dar apenas um mero exemplo temos
Hiromu Arakawa, que saiu de um shounen fora dos padrões (“Fullmetal Alchemist”)
para um shounen mais tranquilo e comum (“Silver Spoon”), comprovando esta
teoria.
Em “Bakuman” somos apresentados à dupla
de protagonistas Mashiro Moritaka e Takagi Akito, dois garotos que estudam
na mesma classe. O primeiro antes de topar com Takagi era mais um aluno que
pensava do futuro de forma tradicional, sem nenhum sonho pra tocar na vida... -
tem muita gente assim, pessoas que não tem ânimo com a vida e a vê de forma
leviana e sem sentido (e se observarmos bem a educação japonesa, o estudo é
bastante exaustivo e, raramente, se importa com o próprio estudante sobre essas
questões). As coisas mudam pra Mashiro quando esquece um caderno e este é
encontrado por Takagi, que vê o talento nato do rapaz em desenhar e apenas
devolve sob uma condição: que se junte a ele na carreira de mangaká. Proposta
ou chantagem? Com certeza as duas ao mesmo tempo, pois esta é uma chance
incomum e isto deixa Mashiro meio com pé atrás. E por duas razões, pois nunca
teve contato com Takagi e outra, se referindo ao seu passado: quando pequeno,
passava o tempo com o tio, que seguia esta carreira até que acabou morrendo e
isto causou um impacto e tanto no jovem rapaz. Até antes da morte de seu tio
ele tinha o sonho de ser um mangaká e isto foi interrompido com o incidente.
Mesmo assim, Mashiro tinha este talento e a proposta poderia reaver aquele
antigo sonho.
Pra convencê-lo, Takagi lhe dá um
incentivo e tanto pra ele, ao revelar que uma das garotas da classe, Azuki Miho, tem o sonho de ser uma seiyuu – dubladora – e o força a ir até a casa
dela. E à noite, na maior timidez – afinal, Mashiro gosta mesmo dela e possui a
típica timidez japonesa – revela seu sonho e faz uma promessa para ela. No dia
que o mangá deles fizesse sucesso e se tornasse um anime, ela dublaria a
heroína e então, se casariam. Se pensarmos bem, esta promessa parece um
verdadeiro conto de fadas, já que nenhum dos dois tinha noção do que ia suceder
entre eles. E sabe o mais engraçado disso tudo? A própria aceita e diz que vai
esperar seus sonhos se realizarem... Dá pra acreditar?!
E com uma promessa e o intuito de
seguirem neste caminho, Mashiro e Takagi iniciam sua jornada, ao lado de outros
que querem mostrar seu potencial na área de mangás. Uma premissa bem simples e
sem rodeios, onde acompanhamos os altos e baixos de ser um mangaká, os desafios
de manter o título à disposição da “Shounen Jack” – a Shounen Jump da série –
como também revelar como chegar a este patamar e superar os principais
concorrentes na briga das TOCs (table of contest), a tabela que revela o nível
de popularidade de cada capítulo dos mangás publicados na revista. Personagens
simples, clichês e envolventes: isto define o elenco de
“Bakuman” e se for muito atento, pode comparar estes com pessoas reais e até
mesmo com os mangakás que atuam na Shounen Jump. Não que seja a intenção de
seus idealizadores, mas, esta é a impressão ao prestar-se mais atenção na maneira
de trabalhar dos personagens. Mashiro e Takagi lembram os próprios mangakás –
Ohba e Obata - pois um desenha e o outro escreve o roteiro, fora que a maioria
dos mangás que fizeram lembram o estilo que os consagraram em “Death Note”.
Coincidências existem e esta é apenas uma de muitas...
O estúdio por trás da animação, J.C
Staff desenvolveu com tranquilidade o roteiro original, tendo poucas mudanças,
sem precisarem apelar para fillers - ou quase – e o finalizando, durando três
temporadas. Analisando estas temporadas, “Bakuman” passa por três fases
distintas: a primeira é a mais didática, por revelar os detalhes de criação de
um mangá, dos rascunhos ao trabalho pronto; na segunda temporada vemos o início
da carreira dos personagens na Shounen Jack e o quanto é difícil manter um
título e quando este é cancelado por pouca receptividade do público – e olha
que isto se tornou comum na Shounen Jump nos últimos anos – revelando a reação
de quem passa por isso; na terceira temporada, uma fase de consolidação e
amadurecimento, onde o mais importante é deixar uma marca aos que acompanham
seus trabalhos. Interessante foi a inclusão de trechos dos mangás feitos pelos
personagens, como também aberturas e trailers das versões animadas destas, dando
vontade de ver mais. Teria sido proveitoso o estúdio fazer OVAs destes mangás
fictícios, pra termos um gostinho da história e ver movimento e ritmo delas.
Tecnicamente, a animação não é das mais magníficas, por isso, não acusem o
estúdio nesse caso; há animações que trabalham mais neste quesito e muitas vezes,
o enredo é o de menos; seguiram o estilo do desenho original e deram um toque
juvenil, agradando a quem vê. Dublagem padrão, sem destaques e boas atuações,
umas mais chamativas e outras nem tanto, diríamos... convencional.
Ah, a trilha sonora de “Bakuman”... se
reparar bem, todas as músicas que fizeram parte encaixam num dos principais
pontos da série: os sonhos que querem realizar. Pra não haver confusões, vamos
descrever as aberturas e encerramentos de cada temporada, em separado pra
entender este fato:
1ª temporada:
Abertura: “Blue Bird”, cantado por
Kobukuro, música de tom romântico e sonhador;
Encerramentos: “Barurock~Mirai noRinkakusen~” cantada por Ya-Kyim / “Genjitsu to Iru Na no Kaibutsu to Tatakau
Monotachi” cantado por Yuu Takahashi, ambos de tom juvenil e que trazem o
esforço dos personagens em seguir seus sonhos;
2ª temporada:
Abertura: “Dream of Life”, cantado por
Itou Shohei, combina com a proposta da animação;
Encerramentos: “Monochrome Rainbow”
cantado por Helmet, que tem um toque romântico / “Parallel=” cantado por Fumiya
Sashida, de tom animado e juvenil;
3ª temporada:
Aberturas: “Moshimo no Hanashi”,
cantado por NANO RIPE, com estilo deveras um tanto “infantil” / “23 Jin 40Pun”, cantado por Hyandai feat. Base Ball Bear, de tom conclusivo e suave;
Encerramentos: “Pride of Everyday”,
cantado por Sphere, de tom animado / “Yume Sketch” cantado por JAM PROJECT, de
tom conclusivo, como a 2ª abertura e cenas dos fatos sucedidos da série.
A animação foi exibida durante as
temporadas de outubro no Japão e finalizada no mês de março do ano seguinte, o
que dava tempo do mangá adiantar a história e assim, concluir sem rodeios. Um
método bastante usado nas animações atuais e que tem dado bons resultados para
quem acompanha, pois diferente de anos atrás, as adaptações de mangás para
animes tem ocorrido de maneira mais rápida pra aproveitar a popularidade da
série.
Em vista de tudo, “Bakuman” pode
esclarecer quem são os mangakás e seu processo de criação para os leigos, que
puderam ter em mãos este pessoal que tanto admiramos. Mesmo não sendo uma série
excepcional como as que acompanhamos, cumpriu bem seu papel e isso é o que mais
importa...
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Ouvi muito e bem desse anime. Sabia que um dia iria assisti-lo; seu review veio me lembrar disso. Fora isso, mencionasse teu top animes e sem deixar qualquer link para que o vejamos. compartilha aí
ResponderExcluirOlá, Sr. Anônimo, o TOP de animes favoritos da Escritora Otaku pode ser visto na página da equipe do blog:
Excluirhttp://www.animecote.blogspot.com.br/p/equipe.html
Aliás, eu também recomendo bastante esse anime; vi só as duas primeiras temporadas até hoje, porém gostei muito de ambas. Só tenho a reclamar mesmo desse romance tão puro entre o casal principal, que não foi do meu agrado...