10 de outubro de 2014

Resenha: Bakuman.





Ah, como é bom escrever a respeito do meu primeiro anime semanal, sim, porque foi com “Bakuman” que entrei com tudo ou quase, de acompanhar os animes semanais que temos por aí. É voltar para final de 2010, onde me encantei pela sua trama e personagens - uma trama simples e sem grandes complexidades, da qual ficava ansiosa pelo próximo episódio e tinha os momentos de raiva por ter que esperar as estreias das suas temporadas. Também me revelou uma faceta pouco comum quanto a obras vindas da Shounen Jump, algo mais óbvio e menos impactante, direto e jovial ao mesmo tempo. Não foi por causa dos seus criadores que fui ver e sim, pela sua história e personagens, o que mais importa quando vou assistir algum anime.


Se valeu a pena? Minha resposta é sim, o anime me marcou muito, não é à toa que está entre os meus favoritos e uma das poucas obras que pude ter contato tanto com a versão mangá quanto a animada. Quem for ver o meu Top de Anime daqui, vai saber bem o que estou dizendo e de costume, aproveitem mais uma resenha minha. Claro que tenho meu personagem favorito: é o Mashiro e pretendo redesenhar uma fanart dele - quando puder, é claro!

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Ano: 2010 a 2013
Diretor: Kenichi Kasai ("Honey and Clover", "Nodame Cantabile") / Noriaki Akitaya
Estúdio: J.C. Staff
Episódios: 25 (1ª temp.); 25 (2ª temp.) e 25 (3ª temp.)
Gênero: Comédia / Drama / Romance
De onde saiu: Mangá, 20 volumes, finalizado.



Por Escritora Otaku


Sejam francos: por acaso possuem sonhos? Muitos vão responder que tem e isso é muito bom, porque sonhar faz parte do ser humano. Os que desistem de sonhar perdem parte de seu eu e se sentem desorientados, por isso não desistam, já que um dia vão se realizar ou chegarão bem perto. E para chegar a estes sonhos temos de nos esforçar e persistir para que ele possa acontecer; quando acontece, temos uma sensação de vitória que ficará pelo resto de nossas vidas.

Mudando de assunto: sabem onde começamos a ouvir o termo mangaká? A palavra define o pessoal que faz mangás no Japão e lá temos os mais variados tipos de enredos, revistas e público que acompanham suas histórias favoritas. Os mangakás podem ser clássicos ou novos talentos, até mesmo aqueles que apenas emplacaram uma única história. Nada diferente de um escritor literário, um diretor de filmes e seriados ou a cabeça de um game: estes tiveram uma ideia e põe no papel ou nas telas a sua interpretação do seu enredo. Claro que, para um mangaká, o desafio é grande: criar uma história, esperar uma resposta da revista que mandou e qual seja a resposta, revelar o seu talento neste campo - ou não chegaram a perguntar como aquele ou aquela mangaká conseguiu lançar sua obra favorita? Com uma premissa tão simples “Bakuman” teve início, meio e fim nas páginas da Shounen Jump nos anos de 2008 a 2012, e pode não ter sido um clássico, tampouco um mangá cult, mas ao menos cumpriu o seu papel e envolveu todos os que acompanharam o enredo pelos anos que esteve em publicação. No Brasil, a obra foi lançada pela JBC, que também lançou “Death Note” em periodicidade mensal e foi um dos mangás mais populares da editora.


Antes de seguir a série, vamos esclarecer quem esteve por trás da trama e estes caras são bem... bem conhecidos, por terem escrito uma das séries mais surpreendente dos últimos anos da Shounen Jump, no caso, Tsugumi Ohba (roteirista) e Takeshi Obata (desenhos), os caras por trás de “Death Note”. Isso mesmo que está lendo: os que trouxeram a história do caderno da morte são os responsáveis por terem criado “Bakuman”. O primeiro foi o que teve a ideia de ambas e o segundo se encarregou dos desenhos, sendo este também o segundo trabalho que estiveram juntos. Só os nomes fazem vontade de acompanhar o mangá em si, mas, não é o suficiente para chamar a atenção dos leitores e espectadores. Na realidade, para uma história valer a pena só o nome não basta; precisa ter conteúdo e sacar a intenção de quem faz, sendo este o maior desafio dos que seguem as letras e os desenhos.

Voltando a “Bakuman”, não era esperado que os dois mangakás pudessem emplacar uma nova obra e sim, acontece as devidas comparações entre esta e “Death Note”. Não vamos estender esta questão, SEJAMOS diretos: em “Death Note” o contexto é realista, assustador e impactante; em “Bakuman” o contexto é sonhador, juvenil e convencional. Ou seja, o tom sombrio que existe na primeira e o tom luminoso da segunda, os tornando vinho e água, pra sermos mais compreensivos. E estes não foram os únicos mangakás que seguiram esta rota, pra dar apenas um mero exemplo temos Hiromu Arakawa, que saiu de um shounen fora dos padrões (“Fullmetal Alchemist”) para um shounen mais tranquilo e comum (“Silver Spoon”), comprovando esta teoria.


Em “Bakuman” somos apresentados à dupla de protagonistas Mashiro Moritaka e Takagi Akito, dois garotos que estudam na mesma classe. O primeiro antes de topar com Takagi era mais um aluno que pensava do futuro de forma tradicional, sem nenhum sonho pra tocar na vida... - tem muita gente assim, pessoas que não tem ânimo com a vida e a vê de forma leviana e sem sentido (e se observarmos bem a educação japonesa, o estudo é bastante exaustivo e, raramente, se importa com o próprio estudante sobre essas questões). As coisas mudam pra Mashiro quando esquece um caderno e este é encontrado por Takagi, que vê o talento nato do rapaz em desenhar e apenas devolve sob uma condição: que se junte a ele na carreira de mangaká. Proposta ou chantagem? Com certeza as duas ao mesmo tempo, pois esta é uma chance incomum e isto deixa Mashiro meio com pé atrás. E por duas razões, pois nunca teve contato com Takagi e outra, se referindo ao seu passado: quando pequeno, passava o tempo com o tio, que seguia esta carreira até que acabou morrendo e isto causou um impacto e tanto no jovem rapaz. Até antes da morte de seu tio ele tinha o sonho de ser um mangaká e isto foi interrompido com o incidente. Mesmo assim, Mashiro tinha este talento e a proposta poderia reaver aquele antigo sonho.

Pra convencê-lo, Takagi lhe dá um incentivo e tanto pra ele, ao revelar que uma das garotas da classe, Azuki Miho, tem o sonho de ser uma seiyuu – dubladora – e o força a ir até a casa dela. E à noite, na maior timidez – afinal, Mashiro gosta mesmo dela e possui a típica timidez japonesa – revela seu sonho e faz uma promessa para ela. No dia que o mangá deles fizesse sucesso e se tornasse um anime, ela dublaria a heroína e então, se casariam. Se pensarmos bem, esta promessa parece um verdadeiro conto de fadas, já que nenhum dos dois tinha noção do que ia suceder entre eles. E sabe o mais engraçado disso tudo? A própria aceita e diz que vai esperar seus sonhos se realizarem... Dá pra acreditar?!

E com uma promessa e o intuito de seguirem neste caminho, Mashiro e Takagi iniciam sua jornada, ao lado de outros que querem mostrar seu potencial na área de mangás. Uma premissa bem simples e sem rodeios, onde acompanhamos os altos e baixos de ser um mangaká, os desafios de manter o título à disposição da “Shounen Jack” – a Shounen Jump da série – como também revelar como chegar a este patamar e superar os principais concorrentes na briga das TOCs (table of contest), a tabela que revela o nível de popularidade de cada capítulo dos mangás publicados na revista. Personagens simples, clichês e envolventes: isto define o elenco de “Bakuman” e se for muito atento, pode comparar estes com pessoas reais e até mesmo com os mangakás que atuam na Shounen Jump. Não que seja a intenção de seus idealizadores, mas, esta é a impressão ao prestar-se mais atenção na maneira de trabalhar dos personagens. Mashiro e Takagi lembram os próprios mangakás – Ohba e Obata - pois um desenha e o outro escreve o roteiro, fora que a maioria dos mangás que fizeram lembram o estilo que os consagraram em “Death Note”. Coincidências existem e esta é apenas uma de muitas...


O estúdio por trás da animação, J.C Staff desenvolveu com tranquilidade o roteiro original, tendo poucas mudanças, sem precisarem apelar para fillers - ou quase – e o finalizando, durando três temporadas. Analisando estas temporadas, “Bakuman” passa por três fases distintas: a primeira é a mais didática, por revelar os detalhes de criação de um mangá, dos rascunhos ao trabalho pronto; na segunda temporada vemos o início da carreira dos personagens na Shounen Jack e o quanto é difícil manter um título e quando este é cancelado por pouca receptividade do público – e olha que isto se tornou comum na Shounen Jump nos últimos anos – revelando a reação de quem passa por isso; na terceira temporada, uma fase de consolidação e amadurecimento, onde o mais importante é deixar uma marca aos que acompanham seus trabalhos. Interessante foi a inclusão de trechos dos mangás feitos pelos personagens, como também aberturas e trailers das versões animadas destas, dando vontade de ver mais. Teria sido proveitoso o estúdio fazer OVAs destes mangás fictícios, pra termos um gostinho da história e ver movimento e ritmo delas. Tecnicamente, a animação não é das mais magníficas, por isso, não acusem o estúdio nesse caso; há animações que trabalham mais neste quesito e muitas vezes, o enredo é o de menos; seguiram o estilo do desenho original e deram um toque juvenil, agradando a quem vê. Dublagem padrão, sem destaques e boas atuações, umas mais chamativas e outras nem tanto, diríamos... convencional.

Ah, a trilha sonora de “Bakuman”... se reparar bem, todas as músicas que fizeram parte encaixam num dos principais pontos da série: os sonhos que querem realizar. Pra não haver confusões, vamos descrever as aberturas e encerramentos de cada temporada, em separado pra entender este fato:


1ª temporada:
Abertura: “Blue Bird”, cantado por Kobukuro, música de tom romântico e sonhador;

Encerramentos: “Barurock~Mirai noRinkakusen~” cantada por Ya-Kyim / “Genjitsu to Iru Na no Kaibutsu to Tatakau Monotachi” cantado por Yuu Takahashi, ambos de tom juvenil e que trazem o esforço dos personagens em seguir seus sonhos;


2ª temporada:
Abertura: “Dream of Life”, cantado por Itou Shohei, combina com a proposta da animação;

Encerramentos: “Monochrome Rainbow” cantado por Helmet, que tem um toque romântico / “Parallel=” cantado por Fumiya Sashida, de tom animado e juvenil;


3ª temporada:
Aberturas: “Moshimo no Hanashi”, cantado por NANO RIPE, com estilo deveras um tanto “infantil” / “23 Jin 40Pun”, cantado por Hyandai feat. Base Ball Bear, de tom conclusivo e suave;

Encerramentos: “Pride of Everyday”, cantado por Sphere, de tom animado / “Yume Sketch” cantado por JAM PROJECT, de tom conclusivo, como a 2ª abertura e cenas dos fatos sucedidos da série.


A animação foi exibida durante as temporadas de outubro no Japão e finalizada no mês de março do ano seguinte, o que dava tempo do mangá adiantar a história e assim, concluir sem rodeios. Um método bastante usado nas animações atuais e que tem dado bons resultados para quem acompanha, pois diferente de anos atrás, as adaptações de mangás para animes tem ocorrido de maneira mais rápida pra aproveitar a popularidade da série.

Em vista de tudo, “Bakuman” pode esclarecer quem são os mangakás e seu processo de criação para os leigos, que puderam ter em mãos este pessoal que tanto admiramos. Mesmo não sendo uma série excepcional como as que acompanhamos, cumpriu bem seu papel e isso é o que mais importa...



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2 comentários:

  1. Ouvi muito e bem desse anime. Sabia que um dia iria assisti-lo; seu review veio me lembrar disso. Fora isso, mencionasse teu top animes e sem deixar qualquer link para que o vejamos. compartilha aí

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    1. Olá, Sr. Anônimo, o TOP de animes favoritos da Escritora Otaku pode ser visto na página da equipe do blog:

      http://www.animecote.blogspot.com.br/p/equipe.html

      Aliás, eu também recomendo bastante esse anime; vi só as duas primeiras temporadas até hoje, porém gostei muito de ambas. Só tenho a reclamar mesmo desse romance tão puro entre o casal principal, que não foi do meu agrado...

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