26 de abril de 2013

Entrevista com Kenji Yasuda (diretor de Arata Kangatari)




Nova entrevista do Anime News Network, nova tradução. E nesse caso será sobre um anime que ainda está sendo exibido; "Arata Kangatari", cujo diretor, Kenji Yasuda, falou ao ANN sobre seus métodos de criação e das dificuldades em dirigir algo voltado para um um grupo de fãs leais, ao mesmo tempo em que se tenta chamar a atenção de um público mais casual. Talvez por isso o anime não esteja indo para lugar algum até agora...




Essa entrevista foi postada no dia 19 de abril por Zac Bertschy, e pode ser vista aqui. "Arata Kangatari" é baseado em um longo mangá escrito por Yu Watase, que desde 2008 já teve 18 volumes publicados - no Brasil ele é lançado pela Panini com o nome de "A Lenda de Arata", e se encontra no décimo volume. Ela também já teve outros dois trabalhos seus animados, "Fushigi Yuuji" (1995) e "Ayashi no Ceres" (2000).

Quanto ao diretor, Kenji Yasuda - do qual sequer pude achar uma foto de origem confiável -, ele foi responsável pelas três temporadas do mahou-shoujo "Shugo Chara!" e, recentemente, do doce "Ikoku Meiro no Croisée" - no fim, temos aqui autora e diretor debutando em uma obra voltada ao público jovem masculino. E se o mangá de Yu já não era um exemplo de originalidade e excelência (bastante divertido, mas abusa em excesso de lugares comuns), a adaptação de Kenji tem se mostrado uma das mais fracas da temporada, ao retirar e resumir muitos elementos da história original. O estúdio Satelight tem uma parcela de culpa, também, ao produzir um animação de baixíssimo nível técnico. Se fosse A-1 Pictures...

Sabendo o quão mal recebido está sendo o anime, tanto por fãs da obra original que não gostaram das mudanças ocorridas, quanto por aqueles alheios ao mangá que estão achando tudo muito clichê e genérico, é até irônico ler abaixo as expectativas que Kenji guardava para este projeto (a entrevista foi postada há poucos dias no ANN, porém ocorreu em março). Enfim, não deu certo dessa vez, mas pelo menos esse deslize irá durar apenas 12 episódios...


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ANN: Você está dirigindo a adaptação “Arata Kangatari”, com base em um mangá de Yu Watase. Sente alguma pressão dos fãs do mangá, quando se trata de adaptar tal obra para uma animação?

Kenji Yasuda: Bem, pressão... Com "Arata", o mangá original possui atualmente 17 volumes (isso em 11 de março de 2013). Algumas das outras obras da autora foram animadas no passado; nesse sentido, é muito importante que o anime de "Arata" seja bem recebido pelos fãs dela. Ao mesmo tempo, a autora mudou seu público-alvo de “shoujo” para “shounen” com este mangá, e eu estou tentando descobrir onde os antigos e novos fãs se cruzam. Uma vez que vem de uma artista com uma carreira de sucesso, eu sinto que isso coloca uma pressão quanto a como o anime será notado.


Ao se aproximar de um projeto como este, quais são seus maiores receios?

Não só para "Arata", mas também para qualquer outro título, temos de pensar em quem é o público-alvo. Embora seja baseado em um mangá publicado em uma revista “shounen”, sua história contém algo forte, o que torna difícil para o anime ser transmitido mais cedo (ele passa às 2 da madrugada). Naturalmente, ele será voltado para os fãs mais entusiastas. Isso foi o que eu tive de levar em conta no começo.

Ao mesmo tempo, eu tentei fazê-lo não muito sério e nem muito voltado às crianças, a fim de que ele pudesse apelar para um público um pouco mais amplo.


"Algo forte"? Em que sentido?

Isso não significa necessariamente violência. O protagonista é um menino que é bastante maltratado por uma pessoa que costumava ser seu grande amigo, e isso é um elemento chave para a história. A questão é o quanto devemos mostrar sobre esse “bullying”, e de que modo podemos retrata-lo. Há um personagem chamado Kadowaki que atormenta o personagem principal; nós tentamos caracteriza-lo não apenas como um garoto que pratica “bullying”, mas como uma criança com a sua própria força de caráter. Ao contrário do mangá, o anime tem apenas 12 episódios: tivemos que prestar atenção especial para tais coisas, incluindo como retratar tal situação em um período tão curto.


Qual é a sua abordagem criativa pessoal em um projeto dessa escala? Como você lida com algo assim?

Esta é a história sobre um menino que é intimidado, um protagonista que vai para outro mundo e amadurece vivenciando uma variedade de coisas. Assim, para tornar convincente o desenvolvimento de caráter, eu cuidadosamente conduzi os sentimentos do personagem usando tomadas em "close" que mostrassem com delicadeza o seu rosto. Não é um anime extravagante, mas eu queria dar à animação uma atmosfera realista.


O que você acha que é a coisa mais importante quando se está dirigindo a adaptação de um mangá popular?

Basicamente, é importante não trair as expectativas dos fãs. O visual e o som do anime deve coincidir com a visão de mundo da obra original, e deve ser apresentada de forma tão eficaz que acabe acrescentando algo de positivo para o mangá, não algo negativo. Iguais aos fãs, os criadores também devem vir a gostar do título, e este é o primeiro passo.


O que lhe intriga nessa história em particular? O que você acha criativamente convincente sobre isso?

É um anime clichê típico de "cenário de fantasia em uma dimensão diferente" com um bando de belos personagens masculinos. No entanto, a história não é centrada somente na resistência física, como as batalhas legais contra inimigos mais fortes, mas também nas características ambivalentes que os seres humanos carregam, como a força mental e a fraqueza que os homens aparentemente durões escondem em si. Cada personagem tem características como essas, que são retratadas de forma convincente. Estou intrigado com esses elementos onde eles mostram uma boa aparência, porém, têm mais profundidade em suas mentes.




Alguma vez você voltou o olhar para as adaptações anteriores de obras da Watase, no caso “Fushigi Yuugi” e “Ayashi no Ceres”, para obter alguma inspiração?

Há alguns casos onde eu tento obter inspiração de outras obras para dirigir, mas eu não recorri especificamente a outras animações baseadas em trabalhos da mesma autora, como “Fushigi Yuugi”.

Como a autora original parece visar os leitores de “shounen”, eu tentei não ser muito consciente sobre como as demais adaptações animadas de obras dela se mostraram visualmente e desenvolveram suas histórias. Eu me concentrei no mangá “shounen", “Arata".


Qual é o maior desafio ao adaptar um mangá como "Arata"? É projetado para ser um sucesso “mainstream”, ou você está mirando particularmente em um segmento de fãs?

Estou consciente sobre o alvo, mas se for voltado para os fãs entusiastas excessivamente, ele perderá o seu apelo para outros fãs. Como um criador, eu sempre espero que haja a possibilidade de que o anime possa apelar para um maior número de pessoas ao invés de somente uma parte em particular. Estou dirigindo-o, torcendo para que eu possa criar uma animação que toque um público maior, uma vez que eles tenham a chance de vê-la.

Nesse sentido, o que eu disse anteriormente leva à ideia de que não estamos tentando fechar o nosso alvo apenas a uma pequena parcela específica de fãs.


Existe um mangá que você adoraria adaptar para um anime? Qualquer favorito seu que ainda não tenha sido animado e que você gostaria de trabalhar nele, ou mesmo apenas ver tal adaptação como um fã?

Eu não tenho um título concreto na minha mente, mas, como expliquei antes, há muitos títulos que tendem a concentrar-se em um nicho como principal, tais as séries bishoujo ou as direcionadas ao público feminino, onde os alvos são extremamente segmentados em ambos os casos. No entanto, eu espero que um anime dirigido por mim seja visto por um público mais amplo, como as famílias... Mas isso seria amplo demais... Porém, eu torço para que na indústria apareçam mais trabalhos que não apenas fãs de animes, como também espectadores casuais possam se divertir assistindo. Eu quero criar um anime assim.



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