21 de abril de 2013

Resenha: Cuticle Detective Inaba



Vindo de uma safra repleta de decepções, o mediano “Cuticle Detective Inaba” conseguiu arrancar alguns risos mesmo sendo tão forçado e retardado; afinal, estamos falando de um anime cujo vilão é um bode da máfia italiana...



Ano: 2013
Diretor: Susumu Mitsunaka
Estúdio: ZEXCS
Episódios: 12
Gênero: Ação / Comédia
De onde saiu: Mangá, 10 volumes, em andamento.




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Em um mundo onde existem seres criados artificialmente que são metade humanos, metade lobos, a polícia os treina para torna-los oficiais capazes de solucionar crimes que pessoas normais não conseguiriam. Hiroshi Inaba é um deles; porém, no início da história, ele já não trabalha mais para a polícia, tendo hoje uma agência particular que resolve casos geralmente trazidos por seu ex-parceiro, Ogino.

Cada lobisomem carrega em si um poder único, e Inaba possui um que o ajuda e muito em suas investigações; adorador de cabelos de todos os gêneros, de brancos e ruivos a sedosos ou encrespados, ele tem a habilidade de obter informações ao examinar e experimentar os fios de cabelo de uma pessoa, além de adquirir ataques especiais dependendo do tipo e cor saboreados. Possuindo como assistentes o sádico cross-dresser Yuuta e o normal não tão normal assim Kei Nozaki, Inaba se vê na maioria das vezes enfrentando seu grande - não na altura, definitivamente... - arqui-inimigo Don Valentino, um perverso bode mafioso que odeia lobos e adora comer dinheiro – literalmente, e em especial o iene!


Don Valentino ou um capanga seu surge com um novo plano, Inaba e seus assistentes interferem de propósito ou não, e tem-se início mais uma confusão entre seres bizarros de ambos os lados. O autor do mangá, Mochi, bem que poderia ter separado em dois potes os tipos de personagens e as qualidades que eles teriam, e em seguida feito um sorteio para ver no que ia dar. No primeiro pote saiu um detetive? No segundo foi decidido que ele terá fetiche por cabelos. Vilão? Será um bode mafioso. Braço direito do chefe? Homossexual que usa um saco na cabeça. Assistente do detetive? Uma “trap” sadista, e assim vai. O detetive poderia ser o cross-dresser, o bode o assistente e o homossexual de saco na cabeça o vilão, pouco importaria a ordem: no fim, “Cuticle Detective Inaba” continuaria sendo imensamente barulhento, aleatório e louco. E engraçado, também, quando não força a barra nas piadas ou inventa um draminha exagerado.

Jamais disfarçando em algum momento o baixíssimo orçamento que teve por parte do estúdio Zexcs, a animação acaba por possuir vilões que são muito mais interessantes do que os mocinhos: Don não rouba a cena somente por ser um bode bípede qualquer que usa capa e descende de italianos, ele é um legítimo líder que sabe ao mesmo tempo impor ordens e tratar com respeito seus capangas (mesmo que um deles cisme em sempre dar-lhe tiros na cabeça)! Pois, que outro mafioso ruminante de quatro patas levaria todo o grupo para uma terma, com o intuito de estreitar os laços entre eles? Ou cuidaria do subalterno doente, ficando do seu lado até este se recuperar? Valentino é uma pess... animal de classe e honra, ótimo cantor (basta ver a apresentação solo que faz na ED...) e criminoso, que só perde a compostura quando o assunto são lobos - porque, coitado, eles são seus predadores naturais... Logo, tendo ainda como aliados personagens que vão desde uma assassina míope que tem fixação pela altura das pessoas – se for alto ou baixo demais, morre! -, a um homem antiquado que anda sempre com o rosto coberto e possui uma adoração incontrolável pelo chefe, não esquecendo a garota cientista de hábitos doentios e o irmão de Hiroshi que se junta ao bando apenas para fazer nada, de tão debilitado que é, a “família” Don deixa, com extrema facilidade, Hiroshi e seus assistentes para trás na questão humor. E somente nisso consegue vencê-los, porque, infelizmente, os planos geniais de Don e companhia são (quase) sempre frustrados por seus inimigos idiotas.


Do outro lado, não deixe Kei engana-lo com seu papel de pessoa comum que se impressiona e se estressa com as maluquices que enfrenta; no fim, ele também não é nada normal, e seria difícil ser um convivendo dia a dia com uma trap sadista e um detetive meio homem e meio lobo que tem um forte fetiche por cabelos, sem falar em Ogino, policial de força sobre-humana que se torna um pai coruja quando perto da filha, e ai daquele que relar um dedo nela – mas, para uma criança que consegue construir sozinha uma casa de madeira e prender o vilão em questão de segundos (mais competente que todo mundo junto!), ela sabe se defender muito bem... Mesmo sendo o centro das atenções e possivelmente um dos personagens de comportamento mais inusitado, nem entre os seus colegas Hiroshi ganha algum destaque; ver Kei gritar a cada cinco minutos por testemunhar algo que vai contra o senso comum, ou presenciar a trap Yuuta destilando ódio - e dardos tranquilizantes... - a qualquer um que fique muito íntimo de seu chefe geram cenas bem mais cômicas do que o comportamento bobão do apagado líder, que só ganha um brilho maior nos instantes em que se é aproveitado seu lado “fofo” e bonitinho – é inquestionável o teor levemente “shounen-ai” com alguns personagens, mas nada absolutamente significativo a ponto de afastar os que não gostam disso.




Apresentados brevemente e posto no palco os atores, começa o "pega-pega" de polícia e ladrão que parte do nada e chega a lugar algum: um chocolate cuja metade faz a pessoa se apaixonar por aquele que comeu a outra parte (e qual a utilidade disso? Ué, fazer Hiroshi cair em amores pela pessoa errada para poder humilhar e machuca-lo emocionalmente, algo simples e, na visão da família mafiosa, muito eficaz); Don falsificando notas de iene com o seu rosto, e não tente entender o porquê disso; ou, apenas, historinhas curtinhas e aleatórias, como a que mostra todo o elenco em um ambiente escolar, onde o bode é o diretor e Kei é o típico aluno transferido. Se aproveitando constantemente de gags visuais e um traço chibi agradável e simples, “Cuticle Detective Inaba” esbanja com regularidade boas ideias e piadas em um ritmo frenético e insano, que se baseiam muito no excêntrico comportamento repetitivo e cheio de gestos de seus personagens, e que dispensam qualquer pingo de inteligência; é idiota, é imbecil, mas é engraçado. O problema é que muitas vezes, igual as ações de seu elenco, tais piadas se esgotam e se reciclam num curtíssimo espaço de tempo por conta desse ritmo apressado, desgastando-se rapidamente. Além disso, desde cedo e com frequência se verá gags inteiras tornarem-se ridículas e sonolentas de tão fraquinhas e tolas que são – a série exibe uma grande instabilidade em seu todo, alternando entre episódios ora inspiradíssimos, ora quase que ruins e cansativos, como se não tivessem distribuído igualmente os curtos capítulos do mangá. Nesses instantes, o que compensa é o carisma dos integrantes dessa trama "nonsense", algo essencial para seguir adiante em um anime baseado puramente na comédia.

Em outras ocasiões, o humor força a barra a ponto de parti-la ao meio, com piadas que culminam em diálogos infelizes e cenas constrangedoras que tentam fazer rir, mas acabam caindo naquela bendita categoria de “gosto duvidoso”. Talvez, na realidade, o anime inteiro seja de gosto duvidoso para quem não vê graça em algo tão retardado? Certamente, comentários pela internet sobre isso não faltam, mas algumas partes se superam de tal maneira que mesmo quem estiver gostando do anime dificilmente não fará uma careta para o que está vendo. É a consequência por ter um elenco absurdo numa história mais absurda ainda: de vez em quando a sua loucura atinge graus exagerados e incômodos – ah, um chocolate recheado com fios de cabelo, e certo alguém ainda acha isso delicioso...


Mas, no fim, o maior deslize da animação é a incoerente tentativa em adicionar um drama denso a partir de sua metade; o passado de alguns personagens secundários se mostra bastante triste e pesado, porém, isso destoa demais da maluquice descontraída tão presente até então, principalmente porque esses dramas são tratados de forma piegas e falsa e em nada interferem no restante do anime – se preferiu ter uma pegada mais grave a partir de certo ponto ao invés de focar apenas no humor, que se dignasse a dar algum sentido a tudo isso, mas pelo menos somente três episódios acabam sendo prejudicados. Não relacionar essa crítica, claro, com os diversos momentos pseudo-sérios que há a todo instante, como no episódio onde Valentino perde sua aparência bonitinha e se torna um bode sisudo e violento de ar ameaçador que é incumbido de matar outro mafioso, por exemplo, ou nas cenas em que uma declaração que parece importante acaba com uma frase jocosa; nessas horas, “Cuticle Detective Inaba” se comporta da maneira que deveria ter feito em toda a sua duração, que é a de jamais se levar a sério, e no máximo fingir se levar - o excelente último episódio é praticamente a síntese disso, ao apresentar um novo personagem, todo afetado, dublado por um seiyuu que ficou muito popular após dar voz, em 2006, a um tal rapaz que desejava libertar seu país... Apresentar momentos afáveis e delicados entre personagens, tudo bem e isso é sempre bem-vindo, mas encenar solenemente um caso de corrupção e outros elementos como fundo de enredo em um ambiente desses? Não, aí não, já é querer esperar boa vontade demais do espectador para aceitar isso. Com tais criaturas em mãos, bastava continuar "aeternum" na brincadeira pastelão de polícia e ladrão, com os mocinhos que não resolvem nada e os vilões que sabotam seus próprios planos.


No geral, falha muito e sua comédia está longe de ser tão boa quanto a de outras séries “nonsense” recentes, como “Binbougami ga!” ou “Danshi Koukousei no Nichijou”; entretanto, em uma temporada tão abaixo da média como foi a de inverno, “Cuticle Detective Inaba” obteve relativo destaque e no geral entretém graças, especialmente, à simpatia de seus personagens - sejam eles bodes ou humanos, fetichistas por cabelos ou não. Um grupinho tonto e enérgico, que compensa o sobe e desce do humor.

E, desde já, Don Valentino desponta como um dos melhores vilões de 2013!


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Nota: 7,5


(clique para uma melhor visualização)



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3 comentários:

  1. Comentando só pela gráfico elaborado no paint. Baita resenha. Curto demais o Animecote...

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    Respostas
    1. Nem foi no Paint, e sim no Excel!

      Haha, vlw pelo comentário.

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  2. Sinceramente... só vi esse anime por conta do Inaba ser muuito bonitinho. -oi
    Por que quando o anime foi anunciado, só havia o cartaz dele, e pelo cartaz eu fiquei pensando comigo "deve ser algum tipo de anime de perseguição, ou policial, alguma coisa bem badass, olha a cara desse cara ruivo atrás do primeiro cara ruivo, parece que ele está pronto pra chutar algumas bundas omg -qq". ENFIM. Apenas ilusão. O anime é engraçadinho, mas incrivelmente esquecível, mas rende boas risadas, se você não ligar pras referências yaoi sendo jogadas na sua cara a cada 5 minutos. -q

    Muitos beijos,
    UsagiQUEEN~ Otome TeaTime!

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