27 de outubro de 2019

Resenha: Digimon Adventure tri. (Filmes 4 ao 6)


Por Escritora Otaku


Após acompanhar metade dos longas animados e analisar cada um, o momento é ir aos que fecham a cine série e constar se no fim, “Digimon Adventure Tri” foi ou não acerto da parte da Toei Animation para a franquia como um todo. O que posso falar destes três filmes seguintes é que há um crescente na trama e se você for dos que viram conforme seguia os lançamentos, lamento informar que vai perder seu tempo: a palavra aqui é sequência, pois um filme puxa a história para o outro até dar o final. Dá pra dizer que do terceiro ao sexto filme temos uma narrativa mais envolvente, podendo pegar desprevenido quem achava que não ia ficar mais interessante.

Minha experiência foi bastante positiva, se levar em conta a crescente da narrativa imposta e os rumos, em dados momentos, me fazerem voltar aos tempos que “Digimon Adventure” estava em voga. Quanto a mim, como acontece na maioria dos casos, acabei vendo os dois últimos filmes num único dia, de tão curiosa pra saber como ia terminar a aventura de Taichi e seus amigos; para os três primeiros filmes, vi um por dia, pausa por uns dias e retomar pra ver o restante. Vou contar, não vi estes filmes querendo que fossem melhores que o anime original, porque a comparação é muito injusta e fora que criar muito hype por algo que já viu ou teve acesso apenas para presenciar algo abaixo da média é o fim da picada. Ao menos, se for comparar o Tri com “Digimon 02” em termos narrativos, dá para adiantar que eles conseguiram ser sair melhor que o esperado. De toda forma, vejamos como foi estes últimos filmes e se no fim, valeu a pena esperar tanto tempo para poder acompanhar mais uma aventura com os primeiros personagens da franquia.



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Ano: 2017 (filmes 4 e 5) / 2018 (filme 6)
Diretor: Keitaro Motonaya
Estúdio: Toei Animation
Gênero: Aventura/ Drama / Fantasia

Esta é a segunda parte da resenha a respeito dos filmes de “Digimon Adventure Tri”, do quarto ao sexto longas; caso queira saber o que veio antes, cliquem aqui para a resenha dos três primeiros filmes. A análise não será muito diferente da postagem anterior, pois veremos cada filme de maneira individual, se funcionam dentro de suas propostas e aí sim, ver sua totalidade como um todo e sua repercussão, como as chances de outras temporadas da franquia receberem uma possível continuação nestes moldes.


O quarto filme, “Soshitsu” (Perda) segue as partes finais do terceiro longa, quando o grupo reencontra com seus parceiros digimon (nos formatos que foram apresentados inicialmente no primeiro anime), só que, sem nenhuma memória destes com eles, algo ocorrido para evitar um colapso entre mundos. As cenas iniciais, no entanto, focam num passado onde duas crianças veem o nascimento dos digimon sagrados e o sacrifício do parceiro digimon para deter os Mestres das Trevas vistos em “Digimon Adventure”, revelando desde antes a existência da parceria entre humanos e digimon há tempos. Taichi e companhia terão de recomeçar suas amizades com seus digimon, que apesar de não os reconhecerem mais, ainda possuem suas personalidades e jeito de ser intactas. É neste retorno ao Digimundo que descobrem quem está por trás dos problemas, da função da Meicoomon e acima de tudo, reconquistar a confiança de seus parceiros de longa data.

Quem ganha destaque aqui é a Sora, que precisa mostrar a sua parceira digimon o quanto se importa com a mesma, como ficou bastante claro no filme anterior na “despedida” dos digimon. E qual dos lados tem mais dificuldade de retomar confiança, a garota ou sua digimon? Mais pro lado da Biyomon, que leva tempo para aceita-la e só assim, a parceria volta mais uma vez e quando ocorre, vemos seu formato mega (Hououmon) numa luta contra Mugendramon. Não foi a única a mostrar o último estágio da linha evolutiva, pois Agumon, Gabumon e Tentomon fazem o mesmo e de novidade, mesmo já ter aparecido em outros animes da franquia, tivemos a mega do Patamon (Seraphimon), tornando este o filme com mais presença destas evoluções finais dos digimon principais. No final, quem esteve por trás consegue o que quer e fica a questão no ar: será que os digiescolhidos serão capazes de salvar mais uma vez aquele mundo da destruição eminente?


“Kyousei” (Coexistência) coloca um ponto delicado a ser resolvido pelos digiescolhidos, que é ir atrás ou não da Meicoomon; afinal, muitos dos problemas presentes na trama têm a digimon como causa das infecções nas criaturas digitais e das distorções entre Digimundo e Terra. Reunidos finalmente, o grupo tem a necessidade de mostrar à sua parceira humana, Meiko o quão é importante estar por perto de sua amiga digimon e ajuda-la para evitar a tragédia atingir a própria Terra, o lar deles. E a situação vai só piorando, quando vemos que até mesmo os que cuidam do mundo digital também pensam em deletar Meicoomon, para sempre. Cabe aos nossos personagens resolver esta treta e mostrar que é possível humanos e digimon interagirem juntos.

Algo bem evidente é o que ser um digiescolhido, assunto abordado ao longo da trama, chegando ao clímax do clichê sempre bem-vindo de destruição de mundos. Há uns momentos mais descontraídos entre o grupo, uma calmaria antes da tempestade e é aí que fica a questão: o que significa ser um digiescolhido, qual é o papel dos humanos perante problemas vindos do Digimundo? Quanto ao quesito de protagonismo, podemos colocar o grupo de Taichi como um todo e todas as megas já apresentadas retornam mais uma vez, como a presença de Omegamon, a união entre WarGreymon e MetalGarurumon, vista só no primeiro filme.


Chega-se ao final, ao último filme, “Bokura noMirai” (Nosso Futuro) e tudo pode ser resumido em milagres, algo que apenas quem teve contato constante, mesmo com o tempo, da confiança depositada, seja entre os personagens, seja entre seus parceiros e amigos digimon pode proporcionar nesta reta derradeira de toda a trama. De novas evoluções, ou não, depende do seu ponto de vista, temos a mega da Tailmon (HolyDramon) e a nova forma de Omegamon, unindo todas as megas numa única forma digimon, detendo a ameaça e evitando a destruição da Terra. Claro que, há um preço alto a ser pago e este é que dá o tom mais emotivo e conclusivo, necessário para fechar toda a trajetória de “Digimon Adventure Tri”.

Não dá para falar demais da história que fecha, a não ser um ponto meio estranho aos que chegaram até aqui: que raios houve com os personagens centrais de “Digimon 02”? Os mais observadores devem ter entendido que eles não eram o foco da trama, justificando as presenças de Takeru e Hikari ao elenco central dos filmes, a dúvida é o que houve e isto esclarece neste filme, só não aparecem eles, apenas suas silhuetas e citações pelos personagens principais aqui e acolá. E se for parar pra pensar mais atentamente quanto a trajetória da franquia, deu para entender que há uma certa repulsa quando se trata do segundo anime entre os produtores. Justificando porque não houve maior envolvimento destes personagens, como porque levou tantos anos para realizar uma continuação.

A palavra mais sensata a estes filmes seris sequência: isso porque a partir do terceiro longa, Tri segue numa sucessão de fatos atrás de outros que culminam ao final da história - por esta razão, assistir vira uma necessidade quanto ao conteúdo que jogam ao público, bem diferente dos três primeiros filmes, que funcionam de maneira mais independente. Estes longas são interligados e fica melhor se forem vistos um atrás do outro; um ponto interessante aqui é o peso da responsabilidade de ser um digiescolhido, pois o grupo teve de passar por poucas e boas em sua primeira animação, dando a entender que, para eles, é um dever manter Digimundo e Terra em harmonia, humanos e digimon em seus mundos e evitar que algo afete completamente a ambos. O que os coloca num limiar acima de qualquer um, só resolvida quando entram em pleno acordo para acabar com o problema dado. Aqui não há propriamente um vilão central, porque devido a circunstâncias abordadas ao longo dos filmes se vê as consequências de decisões que levam as sequelas mais impactantes da história em si.

Um aspecto a ser levado fica para a forma que os digimon são vistos pela população humana, de forma bem negativa e mesmo tendo sido mostrada de leve no segundo longa, aqui surge em maior evidência conforme o enredo fica mais dramático. Quem já teve contato com os animes da franquia sempre foi motivo controverso se os digimon poderiam viver na Terra, muito pela sua natureza animalesca quando acudidos ou ameaçados. No Tri, por exemplo, as destruições causadas pelas criaturas digitais botam mais controvérsia quanto aos mesmos, ficando difícil aceitar suas existências. O quinto e sexto longas deixam isso bem claro, até antes, pois os digimon que atuam ao lado de humanos tem de se manter sob disfarces para andar sem levantar suspeitas.

Na trilha sonora, tivemos de encerramentos: nova versão da “Keep on” pela AiM, antiga dubladora da Mimi no quarto filme; “Aikitoba” nas vozes de AiM e Ayumi Miyazaki no quinto filme; como da versão com os dubladores dos digiescolhidos para a “Butter-fly tri.version” no sexto filme.


Em vista disto, podemos levantar o conjunto da obra, certo?

Que sejamos justos: comparar Tri com o primeiro anime é deveras injusto, muito pela maneira que ambos foram produzidos, agora, se a comparação for com o segundo anime, aí sim, fica mais justo. Porque convenhamos, o fato de haver poucas referências a “Digimon 02” revela que o anime não foi exatamente o esperado dos seus envolvidos.

Mais que esclarecidos, podemos afirmar que os filmes foram uma resposta sobre o destino do elenco do primeiro anime, que mesmo após anos, continuava tão relevante quanto. O impacto deste foi crucial para a produção toda, como de manter certo tom nostálgico aos que acompanharam a trama do anime e há sim, referências sutis às animações que vieram depois, como “Digimon Tamers” e demais temporadas da franquia aos seus fãs mais fervorosos.

Quanto à pergunta levantada acima, pegando todos os filmes como um só, não de forma isolada, a resposta é que de uma forma ou outra, funcionam bem. Tem suas falhas ou cenas que nem deviam ter usado, como houve nos dois primeiros filmes? Sim, meio que inevitável quando se trata da Toei Animation, digamos que mais acertos do que erros, se for comparar a narrativa com o segundo anime. Não fica estranho dizer que o Tri é uma continuação mais acentuada do primeiro anime, acrescentando pontos da temporada sequente numa história nova. Em termos de produção, os filmes não foram tão primorosos em animação; a impressão deles fica mais perto de especiais de vídeo, que costumam ter maior liberdade de conteúdo do que em séries de TV; de vozes, apenas dos parceiros digimon foram as mesmas dos animes, ao passo que dos digiescolhidos foram feitas por novos dubladores e as adições deram um ar diferente, nada que não aconteça em animes que ganhem novas versões ou temporadas - o resultado disto não é de todo ruim para comemorar os vintes anos do anime inicial que deu pontapé à franquia “Digimon”. Quanto ao público alvo, fica fácil dizer que aqueles que acompanharam os primeiros animes ou a franquia como todo vão aproveitar melhor a experiência; caso não tenha vivenciado, as alternativas ficam em ler toda a trama ou assistir aos animes. É caso típico de filmes de animes que funcionam aos que a conhecem...

O resultado dos filmes foi bem positiva em terras nipônicas, onde os longas foram exibidos nos cinemas e aos mais apressadinhos, a versão em episódios disponibilizada na mesma época. Um problema é justamente o espaçamento de tempo dado para os filmes em si: analisando profundamente, fica meio de cara que isso pode afastar quem esperou demais pela conclusão da história; mais pela trama custar para engrenar, investir numa boa história e num geral, ficou dividida entre momentos bons e ruins, se levar em conta os acontecimentos dos dois primeiros filmes, mais para o segundo. Dá a impressão que os longas foram feitos ao mesmo tempo, pela forma que foram se apresentando, como se fosse um anime de exibição semanal normal.

A recepção mais que aceita deu um ânimo para a produção que já programou mais um filme, focando nos personagens já adultos e previsto para 2019. E isto pode abrir possibilidades quanto a outros animes da franquia a ganhar continuações nos mesmos moldes do Tri, em filmes - se fosse escolher uma série, a opção melhor ficaria para “Digimon Tamers”. O terceiro anime tem tanta aceitação quanto e o público ficaria satisfeita se fosse feito, sendo que há notícias que o roteirista do anime, Chiaki J. Konaka tem muito interesse do Tamers ter uma continuação, fora os envolvidos. Resta o estúdio pensar a respeito, algo que fica na pura incógnita, pois diferente de “Dragon Ball” e “Precure” que tem produções frequentes, “Digimon” nunca foi uma franquia recorrente e explorada como tem de ser. Com a boa entrada do Tri, quem sabe aconteça de verdade? Desde o momento que optaram em fazer temporadas mais espaçadas, a franquia perdeu popularidade fora do Japão; nem mesmo os jogos escaparam disto, entre altos e baixos.

Se o estúdio soubesse investir no universo de “Digimon”, levar a sério, a história em si teria sido diferente; outro problema é justamente a qual público atingir. Analisando as produções já feitas, é fácil supor que o alvo fique entre o infanto-juvenil a juvenil; com o sucesso dos filmes, é mais óbvio que seja este o caminho que a franquia precisava. Os games já estão seguindo por tal caminho e tendo resultados satisfatórios, é questão de tempo dos animes irem no mesmo patamar. Resta saber se isso vai impulsionar novamente a franquia a um público maior ou ficar restrita aos que curtem a temática oferecida.


“Digimon Adventure Tri” é uma aventura que provou que sim, a franquia “Digimon” tem seu espaço e que apenas precisava de melhor reconhecimento da parte do estúdio e produção para alcançar os que já conhecem ou não as criaturas digitais. Funciona como continuação e uma nova leitura para Taichi e seus amigos, que tiveram de esperar muito tempo para voltar à ativa.



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