Entre os mais variados tipos de animes que
encontramos, sempre tem algum que por mais que tenha noção de sua existência,
perguntamos o que exatamente é - no meu caso, animes de mistério e de mechas são
os que costumo ter um pé atrás, não por causa de opções e sim, porque como
parte deles possui o foco narrativo mais lento, demora pra engrenar e a vontade de
acompanhar é bem menor. Claro que tinha de começar por algum anime de mecha e
das opções que me interessaram, pulei as franquias deste gênero e inclusive o suprassumo
do tipo, o famoso “Evangelion”, chegando enfim ao que será comentado aqui.
Quando assisti “Argento Soma”, não era um dos meus
melhores anos – coisas da vida –, mas claro que assisti do começo ao final e
gostando muito do que vi. E aí, acabei o revendo, dando a perceber o que mais me motivou a acompanha-lo: a forma que a trama rola, seu núcleo de
personagens, seus mistérios sem precisar soar complexos ou filosóficos – mesmo
que haja estes elementos no enredo – e um protagonista que, pelo menos, não é um
bunda mole e possui um visual bem bacana.
Depois dele, cheguei a ver mais dois completos: “RahXephon” e “The Big O” (esse último do mesmo diretor), fora
dois desenhos ocidentais com uso da temática mecha, “Megas XLR” e “Titã Simbiônico” – estes são muito bons, só não foram bem recepcionados por conta da temática, o que é uma pena visto que ambos tem potencial – e pretendo ver mais animes de
mechas, dos quais estou com alguns anotados pra dar uma chance...
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Ano: 2000
Diretor: Kazuyoshi Katayama
Estúdio: Sunrise
Episódios: 25
Gênero: Ação / Drama / Mecha / Sci-fi
Se há um gênero bem nipônico e que de uns anos pra
cá tem sido influente no Ocidente são séries de mechas: o nome pode soar
estranho, mas se mudar o termo para robôs gigantes, aí sim, muitos devem saber
do que se trata. Sua história começa ainda nos anos 60 e segue até hoje, sendo
comum animes que tratam do tema e muitos tem como característica o estilo de
ficção científica em sua execução, trazendo em conjunto ou separado tramas de conteúdo psicológico, político, filosófico e uso de comédia ou sátira - os personagens são, em
sua maioria, masculinos, porém é claro que a ala feminina tem seus momentos e podem ser
importantes, dependendo do enredo. Caso queiram saber quais animes de mechas
influenciaram no contexto, esta postagem do blog Anime21 pode dar uma ideia.
O elemento mais importante do gênero mecha são os
robôs gigantes, máquinas que ora podem ter consciência como humanos, serem comandados por
algum aparelho ou, o mais comum, pilotados por alguém, seja esse capacitado para isso ou não. A
forma física de um mecha varia, podendo ser mais humanoide ou como um robô bem
grande, e cada série que carrega o tema pode botar o estilo com o qual mais se identifica, argumentos para tais máquinas serem o que são e as condições de seu uso. Fora
estes detalhes, há ainda o fator quanto a se os robôs gigantes serão o palco principal ou suporte
ao enredo, sendo tudo isso importante para que a história possa funcionar.
O anime segue uma pegada
dramática/piscológica/filosófica em sua execução, o que não é pra qualquer um e
aí vem o problema que “Argento Soma” sofre: por cima, qualquer semelhança com o
famoso “Neon Genesis Evangelion” não é mera coincidência - não à toa, já que
“Evangelion” deu uma recauchutada ao próprio gênero mecha e sua influência
segue até hoje, o tornando clássico sem constatação. Muito do contexto de ambas
as séries são bem parecidas, o que pode levar “Argento Soma” a ser mais uma
cópia, valendo lembrar que há dois fatores que muda parte desta ideia, sendo uma, que
foi feito anos depois do “Evangelion” e duas, o estúdio que a produziu é tecnicamente
a casa dos animes de mechas. Sabemos que qualquer conteúdo que surja se baseando em outra trama é bastante comum, só não significa que é pior que o original - pode até mesmo ser melhor em pontos que a primeira tenha falhado e trazer
novidades para diferencia-la.
O segundo fator dito tem seus motivos: o estúdio
que fez o anime, Sunrise, é conhecido por trazer em seu acervo diversos animes
de mechas e algumas terem sido importantes ao gênero em si. Portanto, é
daqueles casos em que uma produtora se identifica com um estilo e a torna o que é
para os demais, dando pouco espaço para outros tipos de histórias e tramas. Por
ter experiência com mechas, o estúdio pode desenvolver enredos variados, sem
sair da zona de conforto, acertando ou errando no meio do caminho.
Em termos práticos o anime é bem eficiente no
enredo mostrado, possuindo um núcleo diversificado de personagens, se destacando nisso o
protagonista – visual e psicologicamente – que tem de manter uma nova
identidade e seu propósito; Frank, que possui um visual diferente dos
alienígenas gigantes da trama; e Harriet, a que entende o Frank e cuja
espontaneidade dá um pouco de vida dentro da Funeral. O elenco tem seus
momentos, cada um com sua personalidade e estilo, e os inimigos mesmo sendo
parecidos possuem poderes e habilidades variadas, o que muda a estratégia para
derrotá-los e nem sempre atacar diretamente é a solução.
Na trilha sonora, a abertura “Silent Wind” de Eri
Sugai traz todo o tom do enredo apresentado, principalmente do drama; já o
encerramento “Horizon” do Sphere é completamente o oposto, carregando um toque mais
animado - são duas músicas que colocam
o espírito do anime, cada uma com seu estilo e personalidade.
Em vista disto, mesmo havendo semelhanças com
“Evangelion” e ser tachado de cópia, “Argento Soma” consegue ser um anime de
mecha com sua própria identidade e uma trama que pode nos fazer refletir nas atitudes
e decisões que tomamos, sejam benéficas ou não. Sua história pode ser complexa,
mas, seus mistérios e desenvolvimento compensam - fora que caso queira tentar um
mecha mais maduro, esta é uma boa opção.
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