24 de agosto de 2017

Resenha: Argento Soma



Por Escritora Otaku


Entre os mais variados tipos de animes que encontramos, sempre tem algum que por mais que tenha noção de sua existência, perguntamos o que exatamente é - no meu caso, animes de mistério e de mechas são os que costumo ter um pé atrás, não por causa de opções e sim, porque como parte deles possui o foco narrativo mais lento, demora pra engrenar e a vontade de acompanhar é bem menor. Claro que tinha de começar por algum anime de mecha e das opções que me interessaram, pulei as franquias deste gênero e inclusive o suprassumo do tipo, o famoso “Evangelion”, chegando enfim ao que será comentado aqui.

Quando assisti “Argento Soma”, não era um dos meus melhores anos – coisas da vida –, mas claro que assisti do começo ao final e gostando muito do que vi. E aí, acabei o revendo, dando a perceber o que mais me motivou a acompanha-lo: a forma que a trama rola, seu núcleo de personagens, seus mistérios sem precisar soar complexos ou filosóficos – mesmo que haja estes elementos no enredo – e um protagonista que, pelo menos, não é um bunda mole e possui um visual bem bacana. Depois dele, cheguei a ver mais dois completos: “RahXephon” e “The Big O” (esse último do mesmo diretor), fora dois desenhos ocidentais com uso da temática mecha, “Megas XLR” e “Titã Simbiônico” – estes são muito bons, só não foram bem recepcionados por conta da temática, o que é uma pena visto que ambos tem potencial – e pretendo ver mais animes de mechas, dos quais estou com alguns anotados pra dar uma chance...


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Ano: 2000
Diretor: Kazuyoshi Katayama
Estúdio: Sunrise
Episódios: 25
Gênero: Ação / Drama / Mecha / Sci-fi


Se há um gênero bem nipônico e que de uns anos pra cá tem sido influente no Ocidente são séries de mechas: o nome pode soar estranho, mas se mudar o termo para robôs gigantes, aí sim, muitos devem saber do que se trata. Sua história começa ainda nos anos 60 e segue até hoje, sendo comum animes que tratam do tema e muitos tem como característica o estilo de ficção científica em sua execução, trazendo em conjunto ou separado tramas de conteúdo psicológico, político, filosófico e uso de comédia ou sátira - os personagens são, em sua maioria, masculinos, porém é claro que a ala feminina tem seus momentos e podem ser importantes, dependendo do enredo. Caso queiram saber quais animes de mechas influenciaram no contexto, esta postagem do blog Anime21 pode dar uma ideia.

O elemento mais importante do gênero mecha são os robôs gigantes, máquinas que ora podem ter consciência como humanos, serem comandados por algum aparelho ou, o mais comum, pilotados por alguém, seja esse capacitado para isso ou não. A forma física de um mecha varia, podendo ser mais humanoide ou como um robô bem grande, e cada série que carrega o tema pode botar o estilo com o qual mais se identifica, argumentos para tais máquinas serem o que são e as condições de seu uso. Fora estes detalhes, há ainda o fator quanto a se os robôs gigantes serão o palco principal ou suporte ao enredo, sendo tudo isso importante para que a história possa funcionar.

“Argento Soma” é uma série que usa desta temática, cujo conteúdo tem mais direcionamento a uma trama cheia de altos e baixos sobre se a Terra é o único mundo habitável neste universo. O enredo nos leva a Kaneshiro Takuto, um jovem universitário bastante inteligente e que namora com Agata Maki - a personalidades deles são opostas, sendo Takuto mais jovial e Maki um tanto tímida. Assistentes do cientista Ernest Noguchi, a vida do protagonista muda no momento em que, numa base usada para testes científicos, um experimento ganha vida e praticamente mata a todos os envolvidos, exceto o jovem. No hospital, amargurado e machucado por tudo que houve, recebe a proposta de um estranho homem que lhe dá uma nova identidade e a chance de se vingar do experimento que causou sua dor. Assim, com o nome de Ryu Soma, ele chega na base da Funeral, um grupo militar que usa aviões especiais (viram mechas) e combatem seres alienígenas gigantes pra impedi-los de chegar a determinado lugar, cercado de mistérios. Além dos pilotos do grupo militar eles usam Frank, o tal experimento que apenas segue ordens de Bartholomew Harriet, uma garota que de certa forma lembra a Maki. Conforme a trama passa, descobre-se o que há naquele lugar que os alienígenas tanto querem ir, quem realmente é Frank e se o intuito de vingança de Soma/Takuto vai se concretizar.

O anime segue uma pegada dramática/piscológica/filosófica em sua execução, o que não é pra qualquer um e aí vem o problema que “Argento Soma” sofre: por cima, qualquer semelhança com o famoso “Neon Genesis Evangelion” não é mera coincidência - não à toa, já que “Evangelion” deu uma recauchutada ao próprio gênero mecha e sua influência segue até hoje, o tornando clássico sem constatação. Muito do contexto de ambas as séries são bem parecidas, o que pode levar “Argento Soma” a ser mais uma cópia, valendo lembrar que há dois fatores que muda parte desta ideia, sendo uma, que foi feito anos depois do “Evangelion” e duas, o estúdio que a produziu é tecnicamente a casa dos animes de mechas. Sabemos que qualquer conteúdo que surja se baseando em outra trama é bastante comum, só não significa que é pior que o original - pode até mesmo ser melhor em pontos que a primeira tenha falhado e trazer novidades para diferencia-la.

O segundo fator dito tem seus motivos: o estúdio que fez o anime, Sunrise, é conhecido por trazer em seu acervo diversos animes de mechas e algumas terem sido importantes ao gênero em si. Portanto, é daqueles casos em que uma produtora se identifica com um estilo e a torna o que é para os demais, dando pouco espaço para outros tipos de histórias e tramas. Por ter experiência com mechas, o estúdio pode desenvolver enredos variados, sem sair da zona de conforto, acertando ou errando no meio do caminho.

Em termos práticos o anime é bem eficiente no enredo mostrado, possuindo um núcleo diversificado de personagens, se destacando nisso o protagonista – visual e psicologicamente – que tem de manter uma nova identidade e seu propósito; Frank, que possui um visual diferente dos alienígenas gigantes da trama; e Harriet, a que entende o Frank e cuja espontaneidade dá um pouco de vida dentro da Funeral. O elenco tem seus momentos, cada um com sua personalidade e estilo, e os inimigos mesmo sendo parecidos possuem poderes e habilidades variadas, o que muda a estratégia para derrotá-los e nem sempre atacar diretamente é a solução.

Na trilha sonora, a abertura “Silent Wind” de Eri Sugai traz todo o tom do enredo apresentado, principalmente do drama; já o encerramento “Horizon” do Sphere é completamente o oposto, carregando um toque mais animado - são duas músicas que colocam o espírito do anime, cada uma com seu estilo e personalidade.


Em vista disto, mesmo havendo semelhanças com “Evangelion” e ser tachado de cópia, “Argento Soma” consegue ser um anime de mecha com sua própria identidade e uma trama que pode nos fazer refletir nas atitudes e decisões que tomamos, sejam benéficas ou não. Sua história pode ser complexa, mas, seus mistérios e desenvolvimento compensam - fora que caso queira tentar um mecha mais maduro, esta é uma boa opção.


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