30 de março de 2016

Resenha: Pokemon



Por Escritora Otaku

Saudações para todos os que já tiveram a chance de acompanhar esta série ou se aventuraram nos games que serviram de inspiração para a considerada melhor fase de “Pokémon”. Tal resenha abordará esta fase, que traz três ligas: a Liga Kanto, a Liga Laranja e a Liga Johto.


Deve ter sido um impacto e tanto quando a série foi exibida e ao longo dos anos, apesar da queda eminente – comum em animes longos –, ela ainda continua dando suas desventuras. Falar desta fase é entrar numa história que apesar da sua simplicidade, representou uma parte da vida dos que assistem animações japonesas. Para esta redatora, foi muito bom e sim, já joguei os games que compõem tal fase. E já tive muita dor de cabeça em algumas partes dos jogos e tenho minha lista seleta de pokémon favoritos. Não citarei todos, mas, se fosse uma treinadora escolheria os seguintes iniciais: de Kanto qualquer um deles, principalmente se for o Bulbasaur e de Johto, o Cyndaquil.

Chega de comentários e vamos ao que interessa...


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Alternativo: Pocket Monsters (em japonês)
Ano: 1998
Diretor: Kunihiko Yuyama
Estúdio: Oriental Light and Magic
Episódios: 276
Gênero: Aventura / Comédia / Fantasia
De onde saiu: Games “Pokémon” Red / Blue para Game Boy; “Pokémon” Gold / Silver / Crystal para Game Boy Color





Temos que pegar!”

E com um slogan destes, “Pokémon” teve seu início na história das animações japonesas. Seguindo uma tendência comum, a história teve início nos games, quando foram lançadas as versões Red/Blue/Green (no Japão) e Red/Blue (nos Estados Unidos) para o portátil da Nintendo, o Game Boy e aí, o sucesso inevitável. Até hoje, os games da série faturam e são bastante aguardados pelo público que tomou gosto de bancar o treinador ou treinadora pokémon.

O cara que teve a brilhante ideia foi um japonês – só podia ser né! -; Satoshi Tajiri juntou esta e outras ideias, aliada à sua produtora de games - a Game Freaks - e com mais algumas pessoas trouxeram “Pokémon” ao mundo. A mistura de estilos como aventura e RPG, e também o fator de somente alguns pokémon existirem apenas em uma versão e pra tê-los era preciso trocar, virou uma febre daquelas. Muito simples, não acham? Pra falar a verdade, vários games que conhecemos têm como fator de êxito a simplicidade, tornando alguns verdadeiros clássicos na indústria de jogos.

Mudando de assunto, dos games para anime, mangás, brinquedos e outras quinquilharias foi um pulo. Claro que dos produtos licenciados, apenas os games e os mangás mantiveram a existência da própria série ao longo dos anos. Os games foram lançados para as plataformas portáteis da Nintendo, que viu o potencial e são muito esperados pelo público; alguns foram lançados para os consoles convencionais da mesma, cuja proposta é trazer o time de pokés dos portáteis para o 3D e lutar com tudo ou com propostas que fogem do habitual. Já os mangás, estes foram mais influenciados pelos games e dentre eles, merece destaque “Pokémon Adventures”, lançado pela Shogakukan, editora responsável pela publicação da Shounen Sunday, que traz a história dos games com mais afinco que a versão animada.

Pokémon” é visto por muitos como uma jogada de marketing bem bolada, o que não deixa de ser verdade, mas, ao mesmo tempo em que é um caça-níquéis, deve-se levar em conta que a ideia em si é genial e simples em sua essência. Fato que depois do lançamento da série, várias outras surgiram com proposta similar e a quantidade é um tanto abusiva. Das animações japonesas que tiveram cópias, “Pokémon” bate recordes e até hoje, visto que várias animações de teor infantil tem uma pontinha dela em seus enredos, sem contar a quantidade de piadas e paródias disponíveis.

Exemplos de séries que seguiram o estilo “Pokémon” de ser? Aqui vai as mais conhecidas e que também tiveram animações consequentes: “Digimon”; “Yu-gi-oh!”; “Beyblade”; “Medabots”, entre outras, umas mais parecidas e outras com alguns conceitos básicos do original. Podemos considerar que destas, algumas ganharam destaque e dizer que são tudo “farinha do mesmo saco” é um argumento completamente sem graça.


O anime teve início em 1997, pra alavancar o sucesso dos primeiros games e o método é bastante comum quando se trata de animes baseados dessa fonte. Por ora, ainda está em andamento (atualmente com "Pokemon XY&Z") e tem sido uma das séries mais assistidas do Japão, entrando fácil na lista das dez mais ao lado de séries tradicionais e animes de grande apelo. A sua posição varia geralmente entre o sétimo e oitavo lugar no ranking de audiência, nada mal para uma obra cujo enredo é bastante fácil de se entender.

E o enredo de “Pokémon” é um dos trunfos para esta longevidade, pois além de simples, pode usar o roteiro dos games e botar emoção em seu desenrolar. É neste último quesito que a fase clássica consegue expor e transmitir boas recordações aos que puderam acompanhar os episódios. A fase abrange três ligas: a primeira, baseada nas versões Red/Blue é a clássica Liga Kanto; a segunda é uma saga filler, que apesar de não ter sido baseada em lugar nenhum, pode ter sido “fonte de inspiração” para as Ilhas Seviis do remake das primeiras versões, chamadas de “Pokémon” Fire Red/Leaf Green para GBA; e a terceira pega nas versões Gold/Silver/Crystal, sendo esta a Liga Johto.

A história é a jornada de Ash Ketchum e seu leal companheiro Pikachu nas regiões usadas dos jogos, acompanhados de alguns companheiros de viagem em aventuras pelo universo pokémon de ser e estar. O sonho de Ash é se tornar o maior mestre pokémon de todos os tempos – sonho bem comum em histórias, se parar pra pensar – e pra conseguir, irá capturar os mais variados pokémon pra dar uma força e ganhar experiência. Nada de incomum e pra sermos sinceros, isso só podia resultar em mais uma animação japonesa padrão, se a série não tivesse os seus trunfos e estes são os que tornaram os games tão famosos.

Vamos esclarecer uma dúvida para os que pegaram o trem andando: de tantos pokémon existentes, por que Ash tinha de ficar com o Pikachu? Fora o fato de ter acordado tarde e perdido a chance de usar um dos três iniciais de Kanto – Bulbasaur, Charmander e Squirtle – o motivo principal veio antes da animação, quando pesquisaram com o público japonês qual poké ia ser o companheiro de viagens do protagonista e a resposta foi o Pikachu. Portanto, se está reclamando que o Pikachu não é de nada, podem culpar os japoneses e não a produção da animação.


Nesta fase clássica, o que teve de menos foi exatamente o contexto dos games: isso é sério! Uma animação baseada em algo precisa ter no mínimo a estética usada, e no caso de “Pokémon” em seus primeiros anos de vida, foi de apenas cinco a dez por cento de sua totalidade. Por isso não achem estranho que alguns acontecimentos não façam nenhum sentido se analisar o conteúdo dos episódios, pois foi apenas a partir da fase Advanced em diante que os games ditaram as regras na série. O que vale é a intenção, não concordam? Somente uma coisa manteve intacta, ou quase: os pokémon e neste caso, os que compõe as duas primeiras gerações. Uma qualidade nestes pokés é o carisma, pois tirando algumas exceções, são os mais queridos e memoráveis, sejam os iniciais, sejam raros, lendários e guardiões que povoam os games e a fase clássica. Não é difícil encontrar alguém que diga quais sejam os seus favoritos...

Para termos uma melhor compreensão do que foi dito, vamos explorar as três ligas que fazem parte da fase clássica da animação e ver o que deu entre elas.


A primeira liga, a de Kanto, de todas as regiões existentes do mundo Pokémon, pode ser vista como a mais simples e tradicional; as cidades têm nome de cores e o ambiente selvagem se mistura com o clima urbano, sem precisar ser drástico demais. É a região natal do protagonista, que vivia na cidade de Pallet e como muitas crianças precisam completar dez anos pra seguir jornada, sendo também local onde vivem dois dos seus companheiros de viagens. Para participar da Liga Kanto, o personagem precisa ir aos ginásios e enfrentar os líderes respectivos, obter as insígnias e assim, com elas fazer parte da competição realizada no Planalto Índigo.

Até aí nada de mais: capturar os pokés, batalhar contra os líderes de ginásio e encarar alguns perigos. Por falar em perigos, estes são representados pela Equipe Rocket, cujas intenções são dominar o mundo e capturar a quantidade de pokémon que tiver no caminho, o que inclui os raros, lendários e guardiões. E é num trio bem atrapalhado e de intenções ora boas, ora ruins, que o grupo criminoso é representado na animação.

A segunda liga, a das Ilhas Laranja, prossegue após a participação de Ash na Liga Kanto; pra começo, saímos de uma região e partimos para um arquipélago de ilhas, então, o clima tropical e ensolarado faz parte do itinerário. Fora que temos uma substituição de um dos companheiros de viagem e a entrada do meio de transporte desta fase, Lapras, um pokémon que topou ir com o pessoal. Como as regiões comuns, as Ilhas Laranja tem sua própria competição e este é o maior diferencial das competições conhecidas: mesmo tendo as batalhas de ginásio – quatro ginásios contra os oito costumeiros – elas favorecem mais a interação entre treinador e pokémon.

Os desafios impostos revelam uma faceta que seria mais explorada a partir da fase Advanced em diante, que é a necessidade em haver uma interação mais íntima entre os pokés e seu treinador. E graças a ela, que é um filler – lamente ou não, mas, a maioria das animações tem isso – pode continuar com o ritmo já dito da primeira liga. Como dito antes, estas ilhas podem ter sido a inspiração para a criação das Ilhas Seviis em Fire Red/Leaf Green, pois algumas características estão presentes nelas. O resultado não é tão ruim quanto uns aparentam e vemos o protagonista ganhar a competição, numa luta acirrada e cheia de emoção.    

A terceira e última liga da fase clássica, Johto, retorna aos patamares vistos da primeira liga: as cidades, as batalhas de ginásio e a competição realizada na Montanha Prateada. Também temos o retorno de um dos companheiros de viagem de Ash, voltando ao trio de sempre e a maior novidade são os pokémon que fazem parte da região. E é desta novidade que vem o lado bom e o ruim dessa fase. Se a intenção da animação era mostrar a nova leva de pokés, infelizmente, o resultado não foi das melhores: até que o começo foi bem, mas conforme seguia os episódios, a novidade se tornou um torvo sem utilidade para a história.

Leva-se em conta o arrasto no andamento da série, que aconteceu por causa da fonte original – os games - não ter tido nenhuma novidade, ficando cansativo de acompanhar. Somente a última leva de episódios pode salvar a pátria da Liga Johto e a competição em si foi muito mais emocionante e estratégica, se comparar com a primeira liga do anime. E quando após várias batalhas temos a esperança de ver Ash se consagrar campeão vem a derrota... não pior que a de Kanto, pois ele chegou às semifinais. Mesmo assim, um pensamento bate na cabeça dos pokemaníacos de plantão: a produção tem raiva do Ash por acaso? Porque isso se repete nas ligas seguintes; esta aí é outra história...


Personagens? A série tem um monte deles: treinadores, pessoas comuns e até mesmo os pokémon, cada um em seu contexto e lugar ao sol. Clichês? Sim e bem óbvios, havendo suas qualidades e defeitos representados ao longo da fase clássica. Destes podemos destacar os companheiros de viagem de Ash e o trio atrapalhado da Equipe Rocket, que seguem a cada aventura, capturas e batalhas.

Dos companheiros de viagem temos a Misty, líder do Ginásio de Cerulean e que seguiu o protagonista nesta fase clássica – e das personagens femininas que o acompanharam, a mais querida - com sua personalidade forte e amiga de ser; Brock, líder do Ginásio de Pewter, que banca o irmão mais velho do trio e verdadeiro Don Juan da série; e Tracey, que acompanha Ash e Misty durante a estadia nas Ilhas Laranja, com papel similar ao do Brock e aspirante a Observador Pokémon – desenha os pokés em seus ambientes para registrar informações a respeito destes para cientistas e interessados. Dos três, Misty e Brock são os mais representativos e marcaram suas presenças na animação.

E sim, não podemos esquecer Jesse, James e Meowth: o trio atrapalhado da Equipe Rocket dá o ar de sua graça e o fardo sem noção de capturar o Pikachu de Ash os tornam tão representativos quanto os companheiros de viagem do nosso protagonista. A primeira tem personalidade ardilosa e feminina; o segundo tem o lado abobalhado e despreocupado; quanto ao último, pode-se dizer que é mandão e pode falar a língua humana muito bem e até demais. Vários dos momentos cômicos e certos desdobramentos vêm destes três, que no fundo, são bons e querem apenas ser reconhecidos pelo seu amado chefinho, líder da Equipe Rocket.

Descrever o fenômeno “Pokémon” fora do Japão é até fácil, o difícil é informar bem como foi, então vamos ater a série no Brasil que é o que mais interessa. O anime deu o ar da graça no ano 2000 e como em outras partes do mundo, um verdadeiro fenômeno durante o começo - e com as quinquilharias e os games, deu no que deu... A exibição ocorreu primeiro na Rede Record, depois Cartoon Network – onde é exibido até hoje – Rede Globo – apenas o final da Liga Johto e o meio da fase Advanced – Rede TV (que exibiu parte da fase clássica; final da fase Advanced, Battle Frontier e dois terços da fase Diamond/Pearl), fora canais avulsos. Ufa! Tantos canais televisivos que dá até náuseas... E se contar os estúdios de dublagem, então temos uma típica novela mexicana.

Em termos de dublagem, a fase clássica passou por três estúdios paulistanos: a primeira temporada foi na Master Sound, onde as vozes dos pokés eram bem baixas de se ouvir e tínhamos uma tela escura nos momentos de maior brilho – cortesia do clássico episódio censurado que deu uns problemas epiléticos –; a segunda temporada foi na BKS e aí as vozes dos pokés estavam em bom som, fora a repetição de algumas vozes e o chá de sumiço do dublador do Meowth, que passou a ser feito por outra pessoa; e enfim a Parisi Video, onde as três temporadas da Liga Johto foram feitas e onde “Pokémon” pode mostrar a que veio.

Destes três estúdios, o último foi o que ofereceu mais suporte a animação e também manteve parte do elenco principal e secundário de vozes. Por falar de dubladores, vamos destacar o elenco principal, encabeçado por Fábio Lucindo (Ash); Márcia Regina (Misty); AlfredoRollo (Brock); Rogério Vieira (Tracey); Isabel de Sá (Jesse); Márcio Araújo (James) e Armando Tirabosque (Meowth): sem eles, “Pokémon” não seria um terço do que foi nesta fase clássica - e convenhamos, que em português brasileiro é melhor aos nossos ouvidos que a dublagem japonesa.


Outra explicação: porque a resenha se refere a “Pokémon” apenas na fase clássica? Porque a intenção é separar esta das outras fases que a sucederam, após mais de 200 episódios, cinco filmes e sem contar com especiais de TV e vídeo. E também tem a ver com o traço, que tem um toque simples e baseado em animes dos anos 60/70. Não vamos estender sobre episódios, mas, vale ressaltar que desta leva tivemos três censurados – todos da primeira temporada – e alguns que apenas foram exibidos depois, por motivos culturais ou sem querer e também são parte da mesma temporada dos censurados.

Desta maneira, “Pokémon” em sua fase clássica fez o que muitos animes fizeram: imaginar o quanto pode ser divertido a profissão de treinador ou treinadora pokémon. E estes são os episódios que mais dão saudades...


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Um comentário:

  1. Na verdade a saga jotho e é considerada a segunda pior, sendo a pior BW, a melhor é considerado sinnoh, e kanto tem tantos problemas em relação a batalhas pokemon e ginásios e outros detalhes que eu acho que isto é mais opiniões de pessoas que não são realmente fãs da franquia, só de nostálgico. Em relações de kanto só alguns são favoritos ainda, calro que vários são lembrados, por que foram os primeiros, mas vários não são tão populares assim, digo nas várias gerações depois não perde nada em carisma e concepções de ideia se você for pesquisar sobre.

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