22 de julho de 2014

Resenha: Sakamichi no Apollon



Sakamichi no Apollon

Alternativos: Kids on the Slope
Ano: 2012
Diretor: Shinichiro Watanabe
Estúdio: Tezuka Productions
Episódios: 12
Gênero: Drama / Romance

(Essa foi minha última resenha enviada para o Animehaus) 


A série Sakamichi no Apollon, ou apenas Apollon, foi adaptada do manga de mesmo nome escrito por Yuki Kodama. A obra original possui nove volumes que somam quarenta e cinco capítulos no total e começou a ser lançada dia 28 de setembro de 2007 e chegou ao fim dia 28 janeiro de 2012, pouco antes da série animada ser exibida pelo bloco Noitamina da TV Fuji.

O estúdio Tezuka Productions ficou encarregado pela produção do anime que possui direção de Shinichiro Watanabe e músicas de Yoko Kanno. Essa famosa dupla já trabalhou junta em outras obras, tendo como maior destaque a série Cowboy Bebop.

É verão no Japão no ano de 1966 e o jovem Kaoru Nishimi não esta nada feliz com a situação em que se encontra. Por causa do emprego de seu pai, Nishimi teve que se mudar de Yokosuka para Kyushu e morar com seus parentes.

Enquanto Nishimi faz seu percurso para o primeiro dia de aula em sua nova escola, ele pensa – “O brilho do sol que cai sobre você de manhã. Esses estudantes, que não possuem nada na cabeça...e ter de subir essa ladeira íngreme todo dia a partir de hoje só para chegar na escola. Isso me faz querer vomitar”.

Nishimi então se apresenta para a turma e passa o restante do tempo ocupado em seus pensamentos enquanto pratica um de seus hobbies, ler. Seu vizinho de carteira é “o nerd” da sala chamado Maruo. Ele puxa assunto com Nishimi que por isso acaba sofrendo seu primeiro bullying na nova escola. Maruo revela que o “delinquente“ Kawabuch senta-se próximo a eles. Só de saber disso Nishimi sente enjoo e começa a suar frio. 

Ritsuko Mukae é a representante de classe e tem o dever de apresentar as dependências da escola para os novos alunos, então ela leva Nishimi para um tour pela escola, porém as coisas não sem muito bem para ele, graças a uma pancada na cabeça causada por uma bola de baseball. Isso faz com que toda a atenção do local se volte para Nishimi, o que deixa com sufocado e enjoado. Em meio ao seu desespero ele corre para o telhado da escola e acaba encontrando um jovem com aparência americana deitado em frente à entrada do terraço e descobre que para ter acesso ao terraço ele precisa da chave que está em posse de um grupo de delinquentes. Sabendo disso Nishimi tenta pegar a chave em vão e acaba sendo empurrado por um dos integrantes do grupo. O jovem de aparência americana então decide ajuda-lo e consegue a chave depois de vencer os delinquentes em uma briga. Em seguida ele cobra certa quantia para entregar a chave a Nishimi.

De volta à sala de aula Nishimi descobre que o jovem de aparência americana é na verdade Sentarou Kawabuchi, o tal delinquente que senta próximo a ele cujo Maruo o havia avisado. Sentarou fica surpreso em saber que Nishimi é de sua turma e passa a chama-lo de riquinho, uma vez que Nishimi vem de uma família de boa situação financeira.

Ritsuko descobre que Nishimi toca piano e gosta de música clássica. Ela o convida a visitar a loja de discos de seu pai e Nishimi aceita o convite. Chegando lá ele se depara com muitos vinis de jazz e é convidado por Ritsuko a conhecer o porão da loja, onde encontra Sentarou tocando bateria próximo a um piano. Mal sabia ele que aquele porão, aquelas pessoas e aquele piano fariam parte dos melhores momentos de sua vida e ficariam marcados eternamente em sua memória.

Depois dessa extensa introdução ao enredo da série, faltou deixar claro algumas intenções e objetivos da mesma. A trama envolve amizade, romance, aprendizado, estudos, profissão, família, cotidiano, hobbies e conflitos. Tudo isso com jazz como plano de fundo, já que esse estilo musical é usado como válvula de escape durante a toda a série.

Sentarou, ou simplesmente Sen, ao contrário de Nishimi, vem de faimilia pobre com vários irmãos. O contraste entre os dois dá um tempero especial à série. Riquinho gosta de música clássica com todas as suas regras, enquanto Sen gosta de jazz e sua liberdade para improvisar e extravasar. Aos poucos eles vão trocando experiências entre si, tanto musicalmente quanto em relacionamentos.

No decorrer da estória são incluídos novos personagens que enriquecem ainda mais a trama. Com destaque especial para o trompetista Junichi e a artista plástica Yurika. Todos os personagens são bem trabalhados e possuem um firme desenvolvimento durante toda a série.

Por ser um anime que se passa na década de sessenta, Apollon possui um visual mais retro, até mesmo o design dos personagens possui um toque que remete a época. As roupas, objetos, instrumentos, as casas, ruas, enfim todo o cenário é característico da década. Isso combina muito bem com o clima agradável de liberdade que o anime possui. Logicamente a trilha sonora ajuda muito a dar esse clima, principalmente em momentos mais sentimentais.

Watanabe mandou muito bem, uma vez que as cenas foram dirigidas com maestria, ao ponto de você ficar imerso no mundo de Apollon sem se dar conta disso. O ritmo da série é outro ponto forte, já que tudo parece acontecer no momento certo e de maneira natural. A única resalva quanto ao ritmo fica para os dois últimos episódios, onde se percebe facilmente que aceleraram os acontecimentos.

O desfecho da série é um ponto onde posso dizer que poderia ser melhor trabalhado. Apesar do anime terminar de forma aceitável, ainda seria melhor que o encerramento fosse como no manga, onde o ritmo natural que comentei no parágrafo anterior é mantido. O problema é que para ser fiel aos capítulos finais do manga, o anime precisaria de pelo menos mais uns dois episódios, talvez mais um, porém isso não aconteceu. No fim das contas não é nada que prejudique a obra em si, mas tira um pouco da excelência que a série possui na maioria dos episódios.

Chegou a hora de falar da arte, e que arte! O belo e peculiar traço de Yuki Kodama ficou perfeito na animação. Como já foi dito antes, toda a arte combina com a década. Os personagens são bem detalhados e possuem expressões assombrosas de tão reias que são. A textura da animação também é linda. Os movimentos são bem naturais e fluidos. Toda a arte e animação do anime em si são de alta qualidade. Agora veja você, como se não bastasse à direção de Watanabe, um dos grandes nomes da animação mundial, o excelente trabalho do estúdio Tezuka, a quase perfeita adaptação da obra original e o belo traço de Yuki Kodama, ainda colocaram as composições da lendária Yoko Kanno!! É para deixar qualquer fã de animação entusiasmado.

A trilha sonora é um espetáculo a parte. Logo na abertura do anime temos o tema “Sakamichi no Melody” da cantora Yuki. Um pop com pegada rock rico em instrumentos e melodia. O tema de encerramento é "Altair" de Motohiro Hata que possui uma melodia sentimental daquelas de encher os olhos. Agora as melhores músicas estão no recheio do anime e possuem assinatura de Yoko Kanno e alguns clássicos do mundo do jazz como Moanin’ deArt Blakey and the Jazz Messengers, Bag’s Groove de Miles Davis, Blowin’ the Blues Away  do pianista Horace Silver, Saint Doll de Duke Ellington e Billy Strayhorn, My Favorite Things do mestre John Coltrane, Lullaby of Birdland de George David e imortalizada na voz de Ella Fitzgerald, Milestones de Miles Davis e But not for me que será comentada mais abaixo. Além de todas essas músicas de artistas famosos, tem várias composições de Yoko, com destaque para a triste Apollon Blue, Equinox que lembra muito as trilhas de faroeste de Cowbe e o jazz dançante e semi virtuoso de Easy Waltz.
 
A grande maioria das músicas é instrumental, as que possuem letra são cantadas pelos próprios personagens. Com grande destaque para o medley “Kaoru & Sentaro Duo in BUNKASAI”.  Guardem o nome dessa música e corram para ouvir.
 
But not for me merece comentários a parte. Música famosa composta por George Gershwin e letra de Ira Gershwin. Ela já esteve presente em vários filmes, entre eles Manhattan e Four Weddings and a Funeral. Já foi gravada por vários interpretes de qualidade como, Billie Holiday, Chet Baker, Helen Forrest, Chris Connor, Miles Davis, Ella Fitzgerald, John Coltrane, Frank Sinatra e Diana Krall isso só para citar alguns. Na série a música é cantada por Junichi com o Riquinho ao piano. É uma das poucas músicas com vocal do álbum.

Bem, chegou a hora de concluir essa resenha antes que eu me empolgue e escreva ainda mais sobre essa excelente série que merece ser apreciada por todos os fãs de boas estórias contadas de maneira agradável e com trilha sonora sofisticada e de alto nível sentimental. Não conheço sequer uma pessoa que tenha desgostado de Sakamichi, pois apesar de ser uma série mais voltada ao público jovem adulto, certamente agradara aos mais novos também. Sakamichi merece ser vista com carinho e em alto volume. Altamente recomendada. Então não perca mais tempo lendo essa resenha e vá assistir a série e ouvir a ost no volume máximo.

“Naquele momento eu senti como se tivesse asas nos pés”  Kaoru Nishimi





Nota: 96%
Posição no MAL:  88

Indicação de leitura: Sakamichi no Apollon OST


 
 Bebop

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Um comentário:

  1. Anime ótimo, mas infelizmente parei por ficar meio impaciente com o protagonista, apesar de ter que admitir que, junto do jazz, ele é o diferencial da série.

    Talvez pela atmosfera me lembra muito Rainbow, outro digno de no mínimo um 9 até onde acompanhei. Aliás, creio que esse seja o ponto especial em ambos, a atmosfera. Claro que se for olhar uma atmosfera tensa como de Rainbow com uma mais light como Sakimichi, não parece ter muito a ver, mas uma me lembra a outra, posso fazer nada hehe.

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