3 de novembro de 2018

Resenha: Magi: The Labyrinth of Magic / The Kingdom of Magic




Por Escritora Otaku


Cá entre nós: não sou do tipo que acompanha vários animes atuais por temporada, como a maioria. Geralmente, foco apenas em um ou dois que me chamam a atenção, portanto, prefiro séries já concluídas ou que passou da época de exibição para poder desfrutar sem medo. Apesar disto, tenho tido certa sorte em acompanhar algumas séries semanais e esta foi mais uma delas.

Na época, acompanhei esta ao lado da última temporada de “Bakuman”, quando aconteceu de ficar sem internet e somente mais de um ano depois, retomei a esta e a sua continuação. Gostei bastante de seu plot e ambientação, personagens e seus rumos, dando interesse de ler o mangá, que está na minha lista limitada de títulos para ler. E sim, me animei quando soube que viria ao Brasil, mas, aí rolou a decepção: não pela tradução, tampouco por terem usado o título em português – apesar de gostar do original – e menos dos nomes... o problema tem o nome de distribuição setorizada. Sou das que compra via banca de jornal e o que fizeram foi à gota d’ água, fazendo com que desistisse da compra. E olha que foi a primeira vez que desisto de comprar um mangá por causa desta distribuição, que tenho raiva declarada quando fazem isso.

Saindo deste desabafo, digo que esta é uma série muito boa e mesmo que o seu começo seja mais aventureiro, a trama pode te envolver e muito - e no meu caso ajudou saber que é publicada na mesma revista de um dos meus xodós, “Detective Conan” e ser um dos carros chefes da Shounen Sunday. Vejamos como foi a sua trajetória com movimento, cores e vozes...

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Ano: 2012 (primeira série) / 2013 (segunda série)
Diretor: Koji Masurani (Uchuu Show e Youkoso / Kamichu!)
Estúdio: A-1 Pictures
Episódios: 25 (1ª temp.) / 25 (2ª temp.)
Gênero: Ação / Aventura / Comédia / Fantasia
De onde saiu: Mangá, 37 volumes, finalizado


Uma pergunta antes de seguir com a resenha: já ouviram, viram ou leram as histórias das “Mil e uma noites”?

Se sim ou não, o motivo está na ambientação e personagens que compõe estas duas séries. Pra quem não sabe, “As Mil e uma noites” são histórias que trazem o ambiente árabe, cheias de aventuras, criaturas fantásticas e personagens dos mais variados tipos.  Na história, um sultão vivia mudando de esposa – casava e no dia seguinte mandava a pessoa para a morte – até que uma jovem, Xerazade, decide enfrenta-lo de forma curiosa: quando terminava a noite, ela contava uma história e parava na melhor parte, deixando o restante para a noite seguinte. Curioso em saber como a história seguiria, o sultão permitia que ela continuasse viva e assim, por mil e uma noites, Xerazade conta as mais variadas histórias e conquista o coração dele.

Entre os contos das “Mil e uma noites”, algumas das mais famosas que temos são “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”, “Ali Babá e os quarenta ladrões” e “As aventuras de Simbad, o marujo”, todas já adaptadas em várias versões sejam em animações, seja em filmes e etc. Notaram os nomes? São familiares pra vocês? Acertou quem respondeu que a fonte de inspiração para “Magi” foram estas histórias e com este universo das arábias que a série pode seguir com sua história e personagens.

Como as animações que estamos acostumados a acompanhar, suas origens vem do mangá, em publicação na Shounen Sunday (“Silver Spoon”, “Hayate no Gotoku”, “Detective Conan” entre outros) e tem sido um dos mangás mais destacados da grade atual da revista. A mangaká é Shinobu Ohtaka, que põe o contexto da história de forma menos enrolada em comparação aos shounen de batalha que conhecemos. Sim, não leu errado: “Magi” é um shounen de batalha, mesmo que à primeira vista não tenha muita a cara de um.

Para a nossa sorte, o mangá tem sido publicado desde 2014 no Brasil pela JBC: um título destes é sempre bem-vindo, sendo lançado de forma mensal e com distribuição setorizada. Até aí, tudo bem, pois a editora precisa de títulos populares e acertaram nesta escolha. A parte ruim foi a forma que estão tratando a série: começa com o título em português, perdendo o login original que conhecem pela versão anime/mangá, algo que é padrão para parte dos mangás lançados pela editora e dá até pra relevar - ao menos, acertaram na estética que é melhor que outras versões estrangeiras -; e depois, a tradução de nomes e termos, onde neste ponto rola a maior reclamação dos leitores - nomes ficaram estranhos, seja pela pronúncia, seja por seguir o tipo de povo usado para criação de certos personagens – e não é a primeira vez que acontece isso. Tirando estes detalhes, ver o mangá em terras tupiniquins é uma conquista aos que acompanham mangás e animes.

O enredo de “Magi” nos leva para um mundo fantástico, no melhor estilo das “Mil e Uma Noites” e, portanto, com uma ambientação bem fora das habituais. Por isso, não estranhe ver personagens com visual oriental, porque é um diferencial e figurino também faz parte de fazer uma história, qual seja a mídia.



Somos apresentados a uma cena da qual nosso protagonista quer sair e conhecer o mundo, pedido feito pelo seu amigo Ugo e assim, Alladin - que apesar de pequeno, não tem nada de inocente – se encontra com Ali Babá numa carroça e comendo melancia, pra desespero do jovem. Depois desta confusão e envolvendo outras, Ali Babá percebe que o menino não é o que aparenta e decide convidá-lo a explorar uma dungeon, que são construções gigantescas que surgiram no mundo, onde quem os explorar até o final pode adquirir riquezas e outras quinquilharias. Ideia aceita e eles partem juntos. Até aí, “Magi” parece mais um shounen de aventura, só que não: depois disto, vários evedntos acontecem e dizer mais pode acabar dando em revelações que estragam a história em si.

A série teve duas temporadas: na primeira, “The Labyrint of Magic” traz todo o começo da história, mostrando as aventuras de Alladin e de seus amigos, sendo uma fase mais animada, apresentando os personagens; na segunda, “The Kingdom of Magic” temos o desenrolar de um arco mais extenso e a série ganha tons mais sérios e revela ser um shounen de batalhas, afinal, é o gênero da trama. Por falar em elenco, “Magi” nos presenteia com uma galeria de personagens carismáticos e cheios de vida, onde tanto os personagens masculinos quanto os femininos conseguem desempenhar seus papéis de tal maneira, que não é difícil não gostar de um deles - o visual do elenco segue a estética de suas personalidades, com um traço simpático e que à primeira vista, pode parecer comum. Nem todos gostam afinal, quando acompanhamos animes e mangás, o traço é fator crucial para desenrolá-lo, sendo um estilo para a história. E para a série, isto não impede de mostrar a que veio e a ambientação favorece, nos presenteando em cada momento seja nas horas cômicas, seja na aventura ou no maior drama.

Se for um shounen de batalha, então, deve ser clichê? Com certeza que é, porém, “Magi” consegue se sobressair de outros títulos do mesmo gênero. A começar pelo elenco da série, principalmente o feminino, que normalmente em shounen de batalha são apenas fetiches para a história principal – ou já parou pra pensar porque neste tipo de história, elas estão mais pra complementar o elenco ou a ver navios –, fora que os personagens se desenvolvem aos poucos, sejam os principais, sejam os secundários. Outra é ressaltar questões como escravidão e desigualdades políticas e sociais, fugindo da estética das batalhas intermináveis e dos inimigos dando surra nos mocinhos.

Fato que sendo publicado fora da toda poderosa “Shounen Jump”, dá para “Magi” a chance de mostrar um outro lado dos shounen de batalha, que poucos veem. Afinal, há shounen que não precisam tanto de seguir o roteiro básico que caracteriza tais séries, apresentando uma rota que faz diferença em seu produto final. E numa revista como a Shounen Sunday, que é vista como a “menos carrasca” das revistas semanais, faz e muita diferença quanto a recepção do público e dos seus editores.



As versões animadas foram feitas pela A-1 Pictures, que de uns anos pra cá tem se destacado nos animes que tem produzido e “Magi” não fugiu das regras básicas: duas temporadas englobando um trecho do roteiro já desenvolvido no original, com algumas mudanças que parte das adaptações animadas que vemos por aí tem; elenco de vozes que combina com o estilo dos personagens apresentados e uma trilha sonora que soube trazer o melhor da história.

Falando em trilha sonora, as aberturas e encerramentos usados foram bem colocados e só não é melhor porque tem música um pouco abaixo da média. Na primeira temporada, “The Labyrint of Magic”, as aberturas “V.I.P” do SID e “Matataku Hoshi no Moto” do Porno Graffitti trazem o tom aventureiro e animado que a série apresenta; os encerramentos “Yubi Boenkyou” da banda Nogizaka 46 e “The Bravery” do Supercell também seguem a mesma estética das aberturas.

Na segunda temporada, “The Kingdom of Magic”, as aberturas “ANNIVERSARY” do SID (olha lá eles de novo) mantém o estilo das aberturas da série anterior, claro que não com o mesmo impacto, enquanto “HIKARI” do ViVid já pega uma batida mais pro rock e destaca o desenrolar que a série adquire; os encerramentos “Eden” do Aqua Timez tem um tom mais suave e calmo, fora o tom mais baixo em comparação com o restante da trilha sonora e “With You/With Me” do 9nine, música de tom conclusivo e que retoma o estilo animado da trilha sonora da primeira temporada. O curioso é que o responsável pela trilha das duas animações é o mesmo que fez “Bleach”, ou não reparou que parte dos que cantam já compuseram trilhas do anime citado? Ao menos, as escolhas foram muito boas, pois aberturas e encerramentos de animes têm de trazer um pouco do que esperar nas animações.



Em vista de tudo, vale recomendar “Magi”? Vale sim, pois com tantos shounen que tem por aí, consegue sobressair com história, personagens e ambientação; aos que estão começando a assistir animes, sua estética consegue chamar a atenção (recomendação bem comum quando se fala da série) e aos que gostam de shounen de batalha e quer algo fora das páginas da “Shounen Jump”, dê ao menos uma chance. Se há esperança de haver uma terceira temporada? Depende do próprio andamento do mangá e por estar em reta final, tem certas chances de rolar mais.

Quem sabe, sem querer, vai acabar se envolvendo nesta aventura das Arábias...

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