Por Escritora Otaku
Oi, pessoal! Vamos ao que interessa e sim, a série
nova é boa, mas, não vamos deixar de lado a primeira versão e é desta que esta
resenha propõe. Só para ter uma noção: da segunda versão, assisti somente o que
não havia sido animado na primeira (Formigas Quimeras e o das Eleições)
e gostei de sua conclusão. O autor nem precisava ter continuado a trama, porque
fechou bem - fora que na época, tinha terminado de assistir a 1ª versão e,
portanto, não quis recomeçar a ver o que já tinha visto antes. Se perguntar
qual das duas é a melhor, diria que ambas têm seus pontos fortes e fracos, pena
ver que o pessoal amou a segunda série e simplesmente ignora a anterior. Até
porque considero que tal como houve com “Full Metal Alchemist”, as duas versões
não são tão distantes uma da outra.
Antes de tudo, vamos deixar bem explícita: em
nenhum momento, esta resenha irá comparar esta série com a atual, pois seria
absurdo e chato ter de dizer qual das duas versões é a melhor. Vamos aproveitar
o que tem esta animação de interessante e ponto final, pois são poucas
animações que ganham uma segunda chance e é legal conhecer a primeira versão
que por anos, foi a oficial.
Espero que curtam... .
*****
Ano: 1999
Diretor:
Kazuhiro Furuhashi
Estúdio: Nippon Animation
Episódios: 62 + três OVAs (York Shin, 8 epísódios; Greed
Island, 8 episódios e Greed Island Final, 14 episódios)
Gênero: Ação / Aventura / Comédia / Fantasia
De
onde saiu: Mangá, 36 volumes, em andamento
Imaginem a seguinte situação: quando um mangaká
consegue emplacar uma série é muito bom, quando a emplaca novamente, aí
perguntamos "como que fez isso?". Primeiro, a maioria dos mangakás consegue no máximo
de uma a duas obras de sucesso. No caso, o mangaká por trás de “Hunter x Hunter”,
Yoshihiro Togashi, teve mesmo esta sorte e é sobre sua atual série que a
resenha vai abordar.
“Hunter x Hunter” começou em 1998 – bem antigo, não
acham – e apesar das constantes paralisações do próprio mangaká, característica
típica dele, tornou-se um dos shounen mais famosos da Shounen Jump. A estética
da série é uma evolução bem elaborada se comparar com o primeiro trabalho dele, o
famoso “Yu Yu Hakusho”, pois o autor teve mais liberdade para produzir a série
sem as pressões do primeiro mangá. Claro que as semelhanças existem e dá para
comparar o quarteto de protagonistas daqui com o quarteto de “Yu Yu Hakusho” - nada
fora do normal, pois é até comum criar personagens que lembrem algum que já existe,
não sendo exatamente uma cópia e sim a maneira de quem cria uma história.
Yoshihiro Togashi iniciou carreira na Shounen Jump
no ano de 1985, mas, somente nos anos 90 que veio a consagração: as aventuras
do detetive espiritual Yusuke Urameshi em “Yu Yu Hakusho” ganharam uma gama de
fãs por dentro e fora do Japão, tendo em torno de 19 volumes encadernados;
depois seguiu com “Level E” que possui 3 volumes, mas,
sem ser uma série sensação (ambos tiveram animes) e por fim, “Hunter x Hunter”,
no qual readquiriu o sucesso. Três caraterísticas são marcantes em seus mangás:
seu traço; as histórias e sua preguiça, que costuma irritar os que acompanham
seu trabalho.
A história de “Hunter x Hunter” traz um mundo no qual
uma profissão se destaca: a de caçador, por causa dos benefícios e da enorme
gama de especializações - fora que existem os mais variados lugares e criaturas
surpreendentes, tornando a profissão uma meta para muitas pessoas. Claro que para
ser um caçador é preciso passar por uma série de testes que avaliam o
desempenho físico e psicológico dos candidatos e a quantidade de aprovados é
bem pequena. Pode até não ter nenhum aprovado, dependendo dos candidatos
disponíveis no teste.
Somos apresentados ao protagonista, um garoto
chamado Gon Freecss, que vive na Ilha da Baleia: desde pequeno está sob
responsabilidade de sua tia e da avó devido à ausência paterna - o pai de Gon é
um caçador bastante conhecido e ele tem apenas uma foto, que o mostra perto de
uma moto. Chega um momento no qual o personagem decide ir atrás dele e para isso,
parte para fazer o teste de caçador a fim de que possa encontrá-lo e quem sabe,
descobrir a razão de estar ausente. Por ter sido criado numa ilha fora da
civilização, Gon adquiriu habilidades como audição e olfato aguçados, como
também certa força física que será importante para o teste de caçador. E assim, sua jornada começa e vai conhecer pessoas e lugares
jamais vistos...
O mais interessante da série é não ficar apenas
restrito ao teste de caçador, pois parte para desventuras que trazem melhor
desenvolvimento de cada um dos personagens presentes e lutas, afinal,
acompanhamos um shounen de batalha que possui estas características. É durante o
teste que conhecemos os personagens que estarão ao lado de Gon em sua
empreitada: Killua, Leorio e Kurapaika – Kurapika no original – como também o
Hisoka que representam o contexto da trama em si.
Vamos analisar estes personagens, para ter noção do
que esperar na série:
Killua é da mesma idade que o Gon; vem de uma
família de assassinos e acaba agindo como um, fazendo o garoto demonstrar um
lado mais sombrio e cruel em certas situações. No entanto, está cansado de ser
visto como assassino e participa do teste mais para se divertir e acaba
conhecendo o protagonista. A princípio, achava o Gon um completo bobo, mas percebe as atitudes gentis e o esforço dele, virando melhores amigos. E é com a
convivência de Gon que Killua acaba mudando e aprende a conviver com a vida sem
precisar ser frio o tempo todo.
Digamos que é como um irmão mais velho para Gon,
por já ter experiência sobre o mundo que o cerca e tenta descobrir um propósito
para sua vida.
Leorio aparece como um cara que quer se tornar
caçador mais pelo dinheiro (tal como os alquimistas federais de “Full Metal
Alchemist”, que tem uma renda para realizar pesquisas e é bastante generosa); no
entanto, o sonho dele é ser um médico e tratar das pessoas de graça, sem ser
pago. E vai para o teste para realizar este objetivo e mesmo não sendo um lutador
em potencial como a maioria dos personagens da trama, demonstra uma
personalidade camarada e pronta para dar uma mãozinha aos amigos. Ganha a
amizade de Gon e podemos encaixá-lo no quesito “não tem habilidades de combate,
mas, sem ele a gente estaria enrascado em situações que exigem inteligência e
apoio moral”.
Do quarteto de personagens é o mais velho e apesar
de não ter uma atuação constante, acaba se envolvendo na jornada de Gon, por
ver que suas intenções são boas.
Kurapaika pertencia a uma tribo, cuja principal
característica é os olhos vermelhos quando são ameaçados, sendo o único
sobrevivente. Participa do teste para ser um caçador de lista negra e ir atrás
dos que mataram sua tribo: um grupo chamado Gennei Ryodan, cujos membros estão
entre os mais procurados. Tem uma personalidade controlada na maior parte do
tempo, possui um vasto conhecimento e instintos similares ao Gon, sendo um
lutador e tanto. Torna-se protagonista durante um dos arcos da
série, revelando o que aprimorou com o treinamento e ao mesmo tempo, seguir com
seu objetivo.
Já o Hisoka... pode encaixar no perfil dos
antagonistas – bem comum nos personagens da série – por não ter um lado a
defender, nem bom e nem malvado. Um assassino sem escrúpulos, cujas intenções
são um mistério; além de ter um visual similar ao dos curingas, aumentando sua
ambiguidade na história. Só um fato é curioso a respeito de sua pessoa: certa
quedinha pelo Gon, não por compaixão e sim pelo garoto ser um indivíduo
“interessante”, às vezes atacando-o sem parar e outras o auxiliando, mantendo
esta falta de posição. Visto por muitos como um dos personagens mais
populares da trama, que acaba sendo simpatizado com quem o vê em ação.
Estes e outros personagens (bizarros, incomuns
e até normais) fazem parte desta série que é dividida em arcos, todos revelando
e reafirmando detalhes relativos à história ou aos próprios personagens em si.
Em “Hunter x Hunter” os mais fortes normalmente não são de forma física e sim,
suas habilidades de luta que podem ser das mais diversas. Por isso não tem como
não ficar surpreso em descobrir qual é a especialidade deste ou daquele
personagem e em certos casos, apenas força bruta não basta pra derrotá-los;
precisa de estratégia e neste quesito, a série supera e muito a maioria dos
shounen de batalha, que focam mais em ataques de grande impacto.
A Nippon Animation é um estúdio cujas animações são
focadas para todas as idades e a estética de “Hunter x Hunter” foi um desafio
para eles. Pra começo, eles seguiram o roteiro original em pequenos passos – os
animes que conhecemos costumam acelerar e muito em termos de adaptação –, seguindo o ritmo do próprio mangá. Toda a animação teve um traço bem elaborado
e bastante coerente, tendo poucas mudanças da versão original, porém com apenas uma
ressalva: um dos testes usados durante o primeiro arco, o do navio abandonado
para sair de uma ilha, é um mini-filler e tirando isto, o resto manteve o
cronograma da história.
Outro fato deveras curioso houve durante os arcos
da Cidade de York e da Ilha da Ambição (York Shin e Greed Island, no original) devido
ao fator “preguiça” do Togashi, onde o estúdio fez uma opção: ao invés de usar
fillers, deram uma pausa na produção e esperaram o cara finalizar os arcos.
Isso é um tanto incomum, ao mesmo tempo, deu tempo para que o mangaká fizesse a
finalização e assim, puderam realizar a versão animada. Por isso, a quantidade
grande de OVAs após o final da série de TV: o primeiro finaliza o arco da Cidade de York e possui o mesmo traço da versão animada, produzido em 2002; os
dois seguintes englobam o arco da Ilha da Ambição e esta foi dividida em duas
partes, sendo produzidas nos anos de 2003 e 2004, possuindo uma animação com
colorização mais viva e traço mais jovial para dar um tom de maior modernidade para a
série.
Havia a proposta de realizar o arco das Formigas Quimeras,
no entanto, como o arco levou muito tempo para ser finalizado, esta parte não
pode ser animada. Finalmente, em 2011, a MADHOUSE adquiriu os direitos e fez
uma nova versão de “Hunter x Hunter”, que teve em torno de 148 episódios, sendo
parte do anime remake e depois inédito, com os arcos das Formigas Quimera e o
das Eleições.
A animação desembarcou em terras brasileiras em
2006, sendo exibida no extinto Animax e na Rede TV; a série teve muita sorte,
pois ela e os OVAs foram trazidos e dublados no nosso idioma. O
estúdio responsável foi a Álamo, que fez a maior parte das dublagens do Animax
e realizada em doses pequenas, dando oportunidade aos dubladores pegarem o
estilo de seus personagens. A fase TV e o primeiro OVA foram dublados primeiro
– devido ao Animax da América Latina ter posto a série e o OVA juntos -
mantendo o mesmo elenco de vozes; já os dois OVAs restantes foram pegos
depois, no ano de 2009. Sobre a escalação de vozes, temos dubladores em ínicio
de carreira misturados com veteranos, resultando numa dublagem média: nem ruim
e tampouco impagável. Os destaques ficam por conta das vozes do quarteto
principal – Gon, Killua, Kurapaika e Leório – como do Hisoka, que interpretaram
seus personagens com convicção e veracidade. Outra curiosidade é que na exibição em canal
aberto, foi feita a versão em português da primeira abertura, cujo resultado é
bem satisfatório.
Já o mangá deu as caras em 2008, lançado pela JBC –
que também trouxe “Yu Yu Hakusho”, que teve republicação tempos depois e “Level
E” – em formato tankobon e por ora, está encostada a versão original. Afinal,
o fator “preguiça” do mangaká influencia e muito quando precisa encadernar as
histórias da série.
Ultimamente, com a exibição da nova versão, muitos
têm debatido qual das delas é a melhor: uns dizem que a primeira, outros que é
a atual e fica numa lengalenga sem fim. Francamente, esta discussão não faz
sentido nenhum, já que as duas versões oferecem atrativos positivos e
negativos. Como puderam ver na resenha eu não quis pegar neste ponto para não
haver uma desvalorização, afinal, comparar séries antigas com novas estraga e
muito a sensação de assistir.
Desta maneira, a primeira versão de “Hunter x Hunter”
ao menos, pode fazer seu dever de casa: trazer o atual mangá de Togashi em
movimento e cores. A quem quiser assistir, fica a dica de não comparar com a
versão atual e curtir a história propriamente dita. E outra dica deveras
interessante: quem assistiu a primeira versão e quiser seguir os arcos que não
foram animados, pode ficar sossegado, já que tanto esta como a versão atual
seguiram o roteiro original e dá pra ver numa boa.
Quanto ao mangá, resta saber se o mangaká vai dar
um sinal de vida, pois outros mangás que estavam numa situação semelhante foram
finalizados. Vamos torcer que ao menos, ele toque na história com mais
frequência.
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