27 de outubro de 2018

Resenha: Digimon Frontier



Por Escritora Otaku


Se até “Digimon Tamers” a concepção das digievoluções estava sendo mais tranquila de aceitar, estabelecida sua relação sobre digimon, aqui as coisas mudaram de vez - não vejo nada contra, a franquia abre essas possibilidades e esta foi uma delas, algo que o estúdio em si já tem controle, apenas é estranha quando analisada com mais cuidado. Ao menos, não fez tão feio como houve em “Digimon 02” pra mim, somente poderia ter sido melhor e diria que das quatro séries iniciais, antes de ter as temporadas seguintes com mais espaço de tempo, ela foi a segunda pior. Aqui é apenas uma opinião, não precisa concordar comigo, está bem?

O que mais me incomodou em Frontier nem foi muito a sua concepção de digiespíritos e sim, a sua trama e as diversas similaridades com a primeira série. Deu pra sentir que a produção teve problemas em criar uma trama melhor e portanto, não deu para aceitar muito da história; os personagens aqui foram até bem, exceto por parecerem demais com o grupo do primeiro anime - mesmo assim, curti muito o Kouichi e o J.P, meus personagens favoritos e seus digiespíritos, principalmente do primeiro.

Fechando as minhas fanfics da franquia, é a última das continuativas e desta vez, uma mistura de releitura (mudanças e melhor entendimento da própria concepção dada, fora um Digimundo mais vívido) e continuação, pois aproveito parte do que a série teve de bom. O lado positivo é que já terminei de refazer e digo que ficou melhor que a versão antiga. Outra é que refiz os desenhos do grupo da série e estão bem bacanas, de verdade, são fanarts bem ao meu estilo. De todo jeito, estão convidados a explorar mais uma vez um Digimundo e desta vez, com a capacidade de nos transformar em digimon e enfrentar seus perigos e aventuras.

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Alternativo: Digimon 4
Ano: 2002
Diretor: Yukio Kaizawa
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 50
Gênero: Aventura / Comédia / Drama / Fantasia


Vejamos: a trajetória de “Digimon” teve um início promissor, dando o pontapé inicial; sua continuação não conseguiu manter as expectativas, mesmo mantendo elementos do seu antecessor e tendo novidades; a terceira foi para uma trama complexa e mais pé no chão, sem conexão aos dois primeiros animes e pode reacender a vontade de saber para onde a franquia criada em bichinhos virtuais de luta e que ganhou vida nas mãos da Toei Animation iria seguir. Se há algo nas criaturas digitais são as famigeradas possibilidades e se a mudança posta em “Digimon Tamers” fora positiva, porque não tentar de novo?

Aí sim, dá para dizer que a intenção por trás de “Digimon Frontier” seja esta, a de manter o estilo independente e sem ligações com uma história e personagens que o público acabe se identificando. Seu nome é uma das pistas ao que esperar nesta quarta animação da franquia desde sua estreia no final dos anos 90, a fronteira que é ultrapassada para algo maior e com mais impacto. Convenhamos ser o caminho posto em “Digimon” desde o anime inicial, aliás, parte do conteúdo é de alguma maneira remetente a este, podendo ser ou não bom no resultado final do mesmo.

Nada anormal que uma franquia de diferentes núcleos de personagens e histórias tenha suas semelhanças e diferenças para diferir uma da outra. Quando bem executado, rende uma boa série ou anime, em outras, se questiona o que deu de errado em uma fórmula quase pronta. E fica a pergunta fatal: será que o quarto anime conseguiu ter sua própria identidade?

“Digimon Frontier” começa com mensagens sendo enviadas para crianças humanas, de alguém que precisa de ajuda e em Shibuya temos a porta de entrada para mais uma aventura no Digimundo. Por lá, cinco delas, Takuya, Kouji, Zoe, Tommy e J.P são escolhidas para ir atrás de quem os mandou ali e são acompanhados de dois digimon, Bokomon e Neemon, uma dupla que mesmo sem um entender o outro dão uma ajuda e tanto os guiando naquele mundo estranho; mais adiante entra Kouichi para completar o grupo. E para ajuda-los a chegar, inicialmente ao Castelo da Rosa Estrela, vem a maior novidade da trama e em partes, bem inovadora: saem os parceiros digimon presentes das séries anteriores e posteriores a esta e entram os digiespíritos, que são almas em armaduras e com elas, o grupo pode virar digimon. Isso mesmo que leu, aqui são crianças virando digimon, quem nunca imaginou poder virar algum personagem fictício na vida? Usando o poder dos digiespíritos, cada um deles ganha habilidades sobre-humanas que os ajudarão nesta empreitada perigosa e cheia de vida - seus oponentes são outros digiespíritos e digimon que querem interromper sua missão, como tem de impedir a completa destruição do Digimundo nas mãos do principal causador disso tudo, Lucemon.



O que era uma simples missão de resgate se transforma numa corrida pelo tempo para evitar tamanha tragédia e como chegou a este ponto? Bem, começa com os responsáveis em manter a paz no mundo digital, a tríade de arcanjos digimon, Seraphimon, Opharimon e Cherubimon: entre eles, o último começa a demonstrar sentimentos ruins e isto chama a atenção de Lucemon, que o corrompe para usar seus poderes e seus digiespíritos para os seus objetivos, sem que saibam. Tendo um companheiro no lado do mal, restou aos demais pedir por ajuda e é assim que entra o grupo de Takuya e companhia nesta, com o poder dos digiespíritos que tinham em mãos. Cada uma das crianças fica responsável por uma dupla de digiespíritos e seus elementos: Takuya com Agnimon e BurningGreymon do Fogo; Kouji com Lobomon e KendoGarurumon da Luz; Zoe com Kazemon e Zephyrmon do Vento; Tommy com Chakkemon e Polikakumon do Gelo; J.P com Beetlemon e MetalKabuterimon do Trovão; e Kouichi com Löwemon e KaiserLeomon das Trevas. Claro que, nada é fácil para eles terem tamanho poder, pois os mesmos foram espalhados em diferentes lugares do Digimundo e precisam provar ser donos de direito para usar seus poderes e habilidades.

Ao mesmo tempo, cada um deles tem de superar alguns conflitos que trouxeram de seus lares e trabalhar em equipe.


Diante disso, dá para ver que Frontier possui um contexto dos mais elaborados e parte disto é proveniente de sua antecessora, como os dramas dos personagens principais, nem tão complexos quanto e o peso da responsabilidade dada aos mesmos - há também o que pode ter sido a ideia inicial das digievoluções usadas, a segunda evolução da matriz dos domadores e que é conhecida como biomersão, onde humano e digimon viram um só (digo, em Tamers não é ao pé da letra como por aqui). Quanto a aventura, ela retorna ao estilo já visto em “Digimon” e “Digimon 02”, onde somos transportados a uma versão bem similar de Digimundo visto nestas duas animações e ao tom mais de aventura fantástica. E bem, aí neste ponto vemos o bom e ruim da quarta série da franquia, algo que pode afastar ou não os interessados.

Antes disto, explorar o conceito de digievolução utilizado por aqui: os digiespíritos podem ser ditos como uma evolução alternativa dentro da franquia, pois ela difere demais das linhas evolutivas reveladas até “Digimon Tamers” e em outras mídias da mesma. Como dito acima, o grupo recebe uma dupla de digiespíritos em suas andanças, sendo estes divididos em duas categorias: os digiespíritos humanos, cujas aparências e forma de pensar não diferem muito de seus egos humanos e os digiespíritos feras, que como diz são feras digimon e tem personalidade mais arredia e selvagem, podendo causar alguns problemas caso seus donos estejam fora de si. Fora estas, comuns em todos os digiespíritos apresentados à trama, temos as evoluções duplas e os hiperdigiespíritos: tanto um quanto o outro ficam sob tutela de Takuya e Kouji, o primeiro uma união dos poderes do humano e fera nascendo Aldramon e BeoWolfmon, o segundo uma união de cinco em cinco pares de digiespíritos, surgindo KaiserGreymon e MagnaGarurumon. Os do elenco principal são bem criativos e cheios de detalhes, quanto aos seus oponentes que são vivos, isto passou meio longe...

Bastante complexo, não acham? Um poder que possui uma grande história de fundo, que não foi apresentada como deveria, uma falha que “Digimon” nem tenta esclarecer direito. A mitologia das criaturas digitais quase sempre teve problemas em ser estabelecida, devido às variadas possibilidades e infelizmente, apenas acessadas de forma porca ou bem restritas aos games e mangás, nem mesmo os animes escapam deste dilema.

Mais cientes, vamos ao calcanhar de Aquiles de “Digimon Frontier”, suas semelhanças aos dois animes da franquia, mais pendente ao pioneiro. Visual dos personagens humanos, uns são praticamente uma troca de sprites dos digiescolhidos – ironia, aqui são chamados da mesma forma –, só com sutis diferenças e vale também com seus digiespíritos, uns mais outros nem tanto; algumas situações como a do Kouichi lembram demais às do Ken de “Digimon 02”, sério mesmo; o Digimundo apresentado quase não há muitas diferenças, até mesmo digimon das séries posteriores e alguns que foram descartados de conceitos de evolução estão presentes. Fica a sensação de déjà vu e aí, o desgaste é mais que evidente conforme a trama segue até o final. Nem os vilões centrais, Cherubimon e Lucemon escapam disto - até que o primeiro possui seu carisma, mas quanto ao segundo, nem tem cara de ser perigoso demais ou ameaçador, apenas está aí para completar elenco.


A sensação é de puro desgaste para uma obra bem interessante em suas intenções iniciais; pena que o envolvimento da produção não ajudou a melhorar este problema, e bom que o conceito de digievolução não sofreu o dilema visto em “Digimon 02” e parece sina, porque quando acertam em um anime de “Digimon”, o seguinte quebra esta sintonia tão boa. E tal como houve no segundo anime, a franquia sofre sua segunda mudança e esta é a respeito do tempo de cada animação: por quatro anos consecutivos, “Digimon” foi feito direto, um anime por ano; o digamos “fracasso” da inovação de Frontier botou a franquia na geladeira por quatro anos, só voltando em “Digimon Savers” e desde então, há um espaçamento para suas produções. Isso é uma boa solução? De um lado sim, porque dá tempo para criar um anime sem pressão, por outro lado, afeta na questão de popularidade e reconhecimento da mesma fora do Japão.

Falando de produções da Toei Animation, é fato mais que contestado que o estúdio tem problemas muito sérios quanto ao fator continuidade em suas obras de longa data. Exceto uma produção ou outra, fica na cara a falta de esforço da mesma em manter franquias e sagas em evidência, seja pelo roteiro, pela animação ou ambas. Chega a ser irônico quando anunciam um anime deles e fica a pergunta: vai dar certo?

E no Brasil? Se é a repercussão, dá para adiantar que não foi das mais felizes, aliás, tem pessoal que gosta do anime em si? Porque é fácil achar gente que curte os três anteriores de lambuja, enquanto este aqui é praticamente o patinho feio da franquia. Pior, teve duas exibições televisivas, a primeira nos moldes dos seus antecessores e a segunda no TV Kids da RedeTV e por curiosidade, nisto aí, nem era para ter ido ao ar e sim o primeiro anime, vide vídeo do “Trivia Box” do canal JBox sobre o programa. Nem a dublagem deste escapou ilesa, por partes: Frontier foi o primeiro “Digimon” a ser dublado em São Paulo e parando para ver, devia ter recebido um tratamento digno por pertencer a uma franquia conhecida por aqui; que perdoem o extinto estúdio da Alámo, faltou alma neste anime, faltou uma interpretação marcante para esta estreia do mesmo em terras paulistas. Só para não sermos negativos, a dublagem teve sim uma escalação boa, apenas faltou uma sintonia nas vozes escolhidas, pois somente algumas ficaram perfeitas. O elenco central contou com Fábio Lucindo (Takuya), Márcio Araújo (Kouji), Raquel Marinho (Zoe), Thiago Klepermaier (Tommy), Vagner Fagundes (J.P), Wendel Bezerra (Kouichi), Angelica Santos (Bokomon) e Mauro Eduardo (Neemon). Ou seja, se temos casos de boa staff e estúdio não condizer ao andamento da versão animada, em dublagens não é diferente. O anime só foi aquém do que merecia e sim, tivemos versão em português da abertura da série e ela é dos mesmos moldes do “Digimon Tamers” em termos de aproximação à música original, cantada por Nil Bernardes.


Deste modo, “Digimon Frontier” encerra um ciclo que veio em “Digimon” e rendeu a atual situação da franquia: se de um lado teve grandes inovações, por outro, teve problemas bem próximos dos vistos em “Digimon 02” quanto ao fator roteiro e falta de tato na sua trama. Não quer dizer que seja ruim, só é apenas mal interpretado e teve umas infelicidades em sua exibição brasileira, parece que poucos se envolveram nesta aventura como deveria. Vale sim dar uma conferida e conhecer mais dos humanos capazes de virar digimon, pois quem nunca quis ser uma criatura digital em sua imaginação?


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Sobre fanfics de “Digimon”: Digimon Frontier OVA

Terceira e última história continuativa da franquia, posso dizer que é um misto de releitura e continuação e das sete fanfics que fiz sobre “Digimon”, a única já completa, com 52 capítulos divididos em duas fases de 26. É uma das fanfics que tenho mais orgulho de ter feito, fora que fiz os desenhos dos digiescolhidos para a mesma e que gosto do estilo dado a eles. Deu trabalho para ser refeita com mais detalhes e coisas novas, mesmo assim, o resultado compensou.

A trama passa um ano depois dos acontecimentos do anime, com mudanças sutis em relação a certos fatos decorridos, quando vemos o quanto o grupo amadureceu e tem tido bons momentos entre eles, famílias e amigos. Quando Kouichi é atormentado por pesadelos, estes indicam que o Digimundo está novamente em perigo e inicialmente pensa em ir sozinho – muito pelo que passou antes – antes de ser convencido por Kouji a irem todos juntos para lá. Ao ligar pro pessoal, somente Takuya se recusa a ir e assim, o grupo parte ao Digimundo e veem que houveram muitas mudanças desde que estiveram ali. Lá, são recepcionados aos atuais responsáveis em manter a paz no mundo digital, os Digimon Guardiões: dezesseis digimon escolhidos por Seraphimon que falam de uma ameaça presa no Castelo Sombrio, SkullApocarimon e a missão é deter ele e seus subordinados de causar o caos e destruição desse mundo. Assim, para esta nova aventura, seus digivices e digiespíritos sofrem melhorias tendo novas forças, os pondo num Digimundo mais vívido e cheio de digimon. Mais tarde, precisamente um dia após a saída do pessoal, Takuya e seu irmão, Shingo também vão pro mundo digital, se aliando ao grupo e o fortalecendo para a luta final.

É uma história cheia de novidades, indo para aspectos que não foram explorados direito do anime e colocando os digiescolhidos nas mais variadas aventuras, descobertas e batalhas ao lado dos seus digiespíritos. E sim, o Shingo também tem os seus, no caso, os digiespíritos das chamas. Melhor botar como ficou isso ao grupo em si: do Takuya, apenas muda sua evolução dupla, que acaba virando a do irmão e vira Magnusmon; Kouji são os mesmos; Zoe ganha Windymon (evolução dupla) e LisChevalimon (hiperdigiespírito); Tommy com KristellPolikakumon (evolução dupla) e MagnaArticusmon (hiperdigiespírito); J.P ou Junpei, nome real dele, possui ThunderHawkermon (digiespírito mestre, outrora um Digimon Guardião); Kouichi ganha LordDungeonLeomon (digiespírito mestre); Shingo tem SkullAgnimon (digiespírito humano) e BurningAldramon (digiespírito fera) que são versões gêmeas às dos irmão, a antiga evolução dupla dele, Aldramon e DracmaKaisermon (hiperdigiespírito).



Nota (Erick Dias): Os links nessa parte levam aos desenhos feitos pela Escritora para cada personagem.


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