Por Escritora Otaku
Se até “Digimon Tamers” a concepção das
digievoluções estava sendo mais tranquila de aceitar, estabelecida sua relação
sobre digimon, aqui as coisas mudaram de vez - não vejo nada contra, a franquia
abre essas possibilidades e esta foi uma delas, algo que o estúdio em si já tem
controle, apenas é estranha quando analisada com mais cuidado. Ao menos, não
fez tão feio como houve em “Digimon 02” pra mim, somente poderia ter sido melhor
e diria que das quatro séries iniciais, antes de ter as temporadas seguintes com
mais espaço de tempo, ela foi a segunda pior. Aqui é apenas uma opinião, não precisa
concordar comigo, está bem?
O que mais me incomodou em Frontier nem foi muito a
sua concepção de digiespíritos e sim, a sua trama e as diversas similaridades
com a primeira série. Deu pra sentir que a produção teve problemas em criar uma
trama melhor e portanto, não deu para aceitar muito da história; os personagens
aqui foram até bem, exceto por parecerem demais com o grupo do primeiro anime - mesmo assim, curti muito o Kouichi e o J.P, meus personagens favoritos e seus
digiespíritos, principalmente do primeiro.
Fechando as minhas fanfics da franquia, é a última
das continuativas e desta vez, uma mistura de releitura (mudanças e melhor
entendimento da própria concepção dada, fora um Digimundo mais vívido) e
continuação, pois aproveito parte do que a série teve de bom. O lado positivo é que
já terminei de refazer e digo que ficou melhor que a versão antiga. Outra é que
refiz os desenhos do grupo da série e estão bem bacanas, de verdade, são
fanarts bem ao meu estilo. De todo jeito, estão convidados a explorar mais uma vez um
Digimundo e desta vez, com a capacidade de nos transformar em digimon e
enfrentar seus perigos e aventuras.
*****
Alternativo: Digimon 4
Ano: 2002
Diretor: Yukio Kaizawa
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 50
Gênero: Aventura / Comédia / Drama / Fantasia
Vejamos: a trajetória de “Digimon” teve um início
promissor, dando o pontapé inicial; sua continuação não conseguiu manter as
expectativas, mesmo mantendo elementos do seu antecessor e tendo novidades; a terceira
foi para uma trama complexa e mais pé no chão, sem conexão aos dois primeiros
animes e pode reacender a vontade de saber para onde a franquia criada em
bichinhos virtuais de luta e que ganhou vida nas mãos da Toei Animation iria seguir.
Se há algo nas criaturas digitais são as famigeradas possibilidades e se a
mudança posta em “Digimon Tamers” fora positiva, porque não tentar de novo?
Aí sim, dá para dizer que a intenção por trás de
“Digimon Frontier” seja esta, a de manter o estilo independente e sem ligações
com uma história e personagens que o público acabe se identificando. Seu nome é
uma das pistas ao que esperar nesta quarta animação da franquia desde sua
estreia no final dos anos 90, a fronteira que é ultrapassada para algo maior e
com mais impacto. Convenhamos ser o caminho posto em “Digimon” desde o anime
inicial, aliás, parte do conteúdo é de alguma maneira remetente a este, podendo
ser ou não bom no resultado final do mesmo.
Nada anormal que uma franquia de diferentes núcleos
de personagens e histórias tenha suas semelhanças e diferenças para diferir uma
da outra. Quando bem executado, rende uma boa série ou anime, em outras, se questiona o que deu de errado em uma fórmula quase pronta. E fica a pergunta fatal:
será que o quarto anime conseguiu ter sua própria identidade?
“Digimon Frontier” começa com mensagens sendo
enviadas para crianças humanas, de alguém que precisa de ajuda e em Shibuya
temos a porta de entrada para mais uma aventura no Digimundo. Por lá, cinco
delas, Takuya, Kouji, Zoe, Tommy e J.P são escolhidas para ir atrás de quem os
mandou ali e são acompanhados de dois digimon, Bokomon e Neemon, uma dupla que
mesmo sem um entender o outro dão uma ajuda e tanto os guiando naquele mundo
estranho; mais adiante entra Kouichi para completar o grupo. E para ajuda-los a
chegar, inicialmente ao Castelo da Rosa Estrela, vem a maior novidade da trama
e em partes, bem inovadora: saem os parceiros digimon presentes das séries
anteriores e posteriores a esta e entram os digiespíritos, que são almas em
armaduras e com elas, o grupo pode virar digimon. Isso mesmo que leu, aqui são
crianças virando digimon, quem nunca imaginou poder virar algum personagem
fictício na vida? Usando o poder dos digiespíritos, cada um deles ganha
habilidades sobre-humanas que os ajudarão nesta empreitada perigosa e cheia de
vida - seus oponentes são outros digiespíritos e digimon que querem interromper
sua missão, como tem de impedir a completa destruição do Digimundo nas mãos do
principal causador disso tudo, Lucemon.
O que era uma simples missão de resgate se transforma numa corrida pelo tempo para evitar tamanha tragédia e como chegou a este ponto? Bem, começa com os responsáveis em manter a paz no mundo digital, a tríade de arcanjos digimon, Seraphimon, Opharimon e Cherubimon: entre eles, o último começa a demonstrar sentimentos ruins e isto chama a atenção de Lucemon, que o corrompe para usar seus poderes e seus digiespíritos para os seus objetivos, sem que saibam. Tendo um companheiro no lado do mal, restou aos demais pedir por ajuda e é assim que entra o grupo de Takuya e companhia nesta, com o poder dos digiespíritos que tinham em mãos. Cada uma das crianças fica responsável por uma dupla de digiespíritos e seus elementos: Takuya com Agnimon e BurningGreymon do Fogo; Kouji com Lobomon e KendoGarurumon da Luz; Zoe com Kazemon e Zephyrmon do Vento; Tommy com Chakkemon e Polikakumon do Gelo; J.P com Beetlemon e MetalKabuterimon do Trovão; e Kouichi com Löwemon e KaiserLeomon das Trevas. Claro que, nada é fácil para eles terem tamanho poder, pois os mesmos foram espalhados em diferentes lugares do Digimundo e precisam provar ser donos de direito para usar seus poderes e habilidades.
Ao mesmo tempo, cada um deles tem de superar alguns
conflitos que trouxeram de seus lares e trabalhar em equipe.
Diante disso, dá para ver que Frontier possui um
contexto dos mais elaborados e parte disto é proveniente de sua antecessora,
como os dramas dos personagens principais, nem tão complexos quanto e o peso da
responsabilidade dada aos mesmos - há também o que pode ter sido a ideia inicial
das digievoluções usadas, a segunda evolução da matriz dos domadores e que é
conhecida como biomersão, onde humano e digimon viram um só (digo, em Tamers não é ao pé da letra como por aqui). Quanto a aventura, ela retorna ao estilo já visto
em “Digimon” e “Digimon 02”, onde somos transportados a uma versão bem similar
de Digimundo visto nestas duas animações e ao tom mais de aventura fantástica.
E bem, aí neste ponto vemos o bom e ruim da quarta série da franquia, algo que
pode afastar ou não os interessados.
Antes disto, explorar o conceito de digievolução
utilizado por aqui: os digiespíritos podem ser ditos como uma evolução
alternativa dentro da franquia, pois ela difere demais das linhas evolutivas
reveladas até “Digimon Tamers” e em outras mídias da mesma. Como dito acima, o
grupo recebe uma dupla de digiespíritos em suas andanças, sendo estes divididos
em duas categorias: os digiespíritos humanos, cujas aparências e forma de pensar
não diferem muito de seus egos humanos e os digiespíritos feras, que como diz
são feras digimon e tem personalidade mais arredia e selvagem, podendo causar
alguns problemas caso seus donos estejam fora de si. Fora estas, comuns em
todos os digiespíritos apresentados à trama, temos as evoluções duplas e os
hiperdigiespíritos: tanto um quanto o outro ficam sob tutela de Takuya e Kouji,
o primeiro uma união dos poderes do humano e fera nascendo Aldramon e
BeoWolfmon, o segundo uma união de cinco em cinco pares de digiespíritos,
surgindo KaiserGreymon e MagnaGarurumon. Os do elenco principal são bem
criativos e cheios de detalhes, quanto aos seus oponentes que são vivos, isto
passou meio longe...
Bastante complexo, não acham? Um poder que possui
uma grande história de fundo, que não foi apresentada como deveria, uma falha
que “Digimon” nem tenta esclarecer direito. A mitologia das criaturas digitais
quase sempre teve problemas em ser estabelecida, devido às variadas
possibilidades e infelizmente, apenas acessadas de forma porca ou bem restritas
aos games e mangás, nem mesmo os animes escapam deste dilema.
Mais cientes, vamos ao calcanhar de Aquiles de
“Digimon Frontier”, suas semelhanças aos dois animes da franquia, mais pendente
ao pioneiro. Visual dos personagens humanos, uns são praticamente uma troca de
sprites dos digiescolhidos – ironia, aqui são chamados da mesma forma –, só com
sutis diferenças e vale também com seus digiespíritos, uns mais outros nem
tanto; algumas situações como a do Kouichi lembram demais às do Ken de “Digimon
02”, sério mesmo; o Digimundo apresentado quase não há muitas diferenças, até
mesmo digimon das séries posteriores e alguns que foram descartados de
conceitos de evolução estão presentes. Fica a sensação de déjà vu e aí, o
desgaste é mais que evidente conforme a trama segue até o final. Nem os vilões
centrais, Cherubimon e Lucemon escapam disto - até que o primeiro possui seu
carisma, mas quanto ao segundo, nem tem cara de ser perigoso demais ou ameaçador,
apenas está aí para completar elenco.
A sensação é de puro desgaste para uma obra bem
interessante em suas intenções iniciais; pena que o envolvimento da produção
não ajudou a melhorar este problema, e bom que o conceito de digievolução não
sofreu o dilema visto em “Digimon 02” e parece sina, porque quando acertam em
um anime de “Digimon”, o seguinte quebra esta sintonia tão boa. E tal como
houve no segundo anime, a franquia sofre sua segunda mudança e esta é a
respeito do tempo de cada animação: por quatro anos consecutivos, “Digimon” foi
feito direto, um anime por ano; o digamos “fracasso” da inovação de Frontier
botou a franquia na geladeira por quatro anos, só voltando em “Digimon Savers”
e desde então, há um espaçamento para suas produções. Isso é uma boa solução?
De um lado sim, porque dá tempo para criar um anime sem pressão, por outro
lado, afeta na questão de popularidade e reconhecimento da mesma fora do Japão.
Falando de produções da Toei Animation, é fato mais
que contestado que o estúdio tem problemas muito sérios quanto ao fator continuidade
em suas obras de longa data. Exceto uma produção ou outra, fica na cara a falta
de esforço da mesma em manter franquias e sagas em evidência, seja pelo
roteiro, pela animação ou ambas. Chega a ser irônico quando anunciam um anime
deles e fica a pergunta: vai dar certo?
E no Brasil? Se é a repercussão, dá para adiantar
que não foi das mais felizes, aliás, tem pessoal que gosta do anime em si?
Porque é fácil achar gente que curte os três anteriores de lambuja, enquanto este
aqui é praticamente o patinho feio da franquia. Pior, teve duas exibições
televisivas, a primeira nos moldes dos seus antecessores e a segunda no TV Kids
da RedeTV e por curiosidade, nisto aí, nem era para ter ido ao ar e sim o
primeiro anime, vide vídeo do “Trivia Box” do canal JBox sobre o programa. Nem
a dublagem deste escapou ilesa, por partes: Frontier foi o primeiro “Digimon” a
ser dublado em São Paulo e parando para ver, devia ter recebido um tratamento digno
por pertencer a uma franquia conhecida por aqui; que perdoem o extinto estúdio
da Alámo, faltou alma neste anime, faltou uma interpretação marcante para esta
estreia do mesmo em terras paulistas. Só para não sermos negativos, a dublagem
teve sim uma escalação boa, apenas faltou uma sintonia nas vozes escolhidas, pois somente algumas ficaram perfeitas. O elenco central contou com Fábio Lucindo (Takuya),
Márcio Araújo (Kouji), Raquel Marinho (Zoe), Thiago Klepermaier (Tommy), Vagner Fagundes (J.P), Wendel Bezerra (Kouichi), Angelica Santos (Bokomon) e Mauro Eduardo (Neemon). Ou seja, se temos casos de boa staff e estúdio
não condizer ao andamento da versão animada, em dublagens não é diferente. O
anime só foi aquém do que merecia e sim, tivemos versão em português da
abertura da série e ela é dos mesmos moldes do “Digimon Tamers” em termos de
aproximação à música original, cantada por Nil Bernardes.
Deste modo, “Digimon Frontier” encerra um ciclo que
veio em “Digimon” e rendeu a atual situação da franquia: se de um lado teve
grandes inovações, por outro, teve problemas bem próximos dos vistos em
“Digimon 02” quanto ao fator roteiro e falta de tato na sua trama. Não quer
dizer que seja ruim, só é apenas mal interpretado e teve umas infelicidades em
sua exibição brasileira, parece que poucos se envolveram nesta aventura como
deveria. Vale sim dar uma conferida e conhecer mais dos humanos capazes de
virar digimon, pois quem nunca quis ser uma criatura digital em sua imaginação?
*****
Sobre
fanfics de “Digimon”: Digimon Frontier OVA
Terceira e última história continuativa da
franquia, posso dizer que é um misto de releitura e continuação e das sete
fanfics que fiz sobre “Digimon”, a única já completa, com 52 capítulos
divididos em duas fases de 26. É uma das fanfics que tenho mais orgulho de ter
feito, fora que fiz os desenhos dos digiescolhidos para a mesma e que gosto do
estilo dado a eles. Deu trabalho para ser refeita com mais detalhes e coisas
novas, mesmo assim, o resultado compensou.
A trama passa um ano depois dos acontecimentos do
anime, com mudanças sutis em relação a certos fatos decorridos, quando vemos o
quanto o grupo amadureceu e tem tido bons momentos entre eles, famílias e
amigos. Quando Kouichi é atormentado por pesadelos, estes indicam que o
Digimundo está novamente em perigo e inicialmente pensa em ir sozinho – muito
pelo que passou antes – antes de ser convencido por Kouji a irem todos juntos
para lá. Ao ligar pro pessoal, somente Takuya se recusa a ir e assim, o grupo parte
ao Digimundo e veem que houveram muitas mudanças desde que estiveram ali. Lá, são
recepcionados aos atuais responsáveis em manter a paz no mundo digital, os
Digimon Guardiões: dezesseis digimon
escolhidos por Seraphimon que falam de uma ameaça presa no Castelo Sombrio,
SkullApocarimon e a missão é deter ele e seus subordinados de causar o caos e
destruição desse mundo. Assim, para esta nova aventura, seus digivices e
digiespíritos sofrem melhorias tendo novas forças, os pondo num Digimundo mais
vívido e cheio de digimon. Mais tarde, precisamente um dia após a saída do
pessoal, Takuya e seu irmão, Shingo também vão pro mundo digital, se aliando ao
grupo e o fortalecendo para a luta final.
É uma história cheia de novidades, indo para
aspectos que não foram explorados direito do anime e colocando os
digiescolhidos nas mais variadas aventuras, descobertas e batalhas ao lado dos
seus digiespíritos. E sim, o Shingo também tem os seus, no caso, os
digiespíritos das chamas. Melhor botar como ficou isso ao grupo em si: do
Takuya, apenas muda sua evolução dupla, que acaba virando a do irmão e vira
Magnusmon; Kouji são os mesmos; Zoe ganha Windymon (evolução dupla) e
LisChevalimon (hiperdigiespírito); Tommy com KristellPolikakumon (evolução
dupla) e MagnaArticusmon (hiperdigiespírito); J.P ou Junpei, nome real dele,
possui ThunderHawkermon (digiespírito mestre, outrora um Digimon Guardião);
Kouichi ganha LordDungeonLeomon (digiespírito mestre); Shingo tem SkullAgnimon
(digiespírito humano) e BurningAldramon (digiespírito fera) que são versões
gêmeas às dos irmão, a antiga evolução dupla dele, Aldramon e DracmaKaisermon
(hiperdigiespírito).
Nota (Erick Dias): Os links nessa parte levam aos desenhos feitos pela Escritora para cada personagem.
Nota (Erick Dias): Os links nessa parte levam aos desenhos feitos pela Escritora para cada personagem.
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