17 de novembro de 2014

Corrente de Reviews: Tenkuu no Escaflowne

Idealizado pelo blog Anikenkai, essa é a segunda vez que o Animecote participa da "Corrente de Reviews", sendo eu novamente, Erick Dias, o responsável pela resenha. Indicação do blog "Drop Hour", o anime "Tenkuu no Escaflowne" é uma das várias séries que tenho gravadas mas nunca assisti, e se não fosse por tal oportunidade é bem provável que jamais a veria - esse tem sido um comentário bem comum na Corrente, aliás...

Foi uma experiência... Bem, no texto meio grandinho abaixo tentarei explicar o que senti. Coincidentemente o "Drop Hour" resenhou um anime do mesmo diretor de "Escaflowne", Kazuki Akane, nesse caso "Noein - Mou Hitori No Kimi e". 
Por fim, já adianto que a corrente seguirá com o canal do Youtube "AHC TV", que resenhará a comédia "slice-of-life" "Joshiraku", anime baseado no mangá de Kumeta Kouji e do qual já cheguei a escrever uma resenha a respeito dois anos atrás. Não é uma obra (que eu gosto, a propósito) muito abordada pelos sites brasileiros, e por isso fiquei interessado em ver como e o que falarão de um anime que à primeira vista pode parecer mais um "garotas fofas fazendo coisas fofas", mas com o diferencial de ter o humor satírico, cínico e interno característico de Kumeta.


A quem se interessar, clique aqui para ver a primeira participação do Animecote na corrente, com a resenha do mangá "Kokuhaku".



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Preveja o futuro, salve o mundo das garras de um velho misterioso e, se sobrar algum tempo, reflita sobre qual rapaz é seu par ideal!



Ano: 1996
Diretor: Kazuki Akane ("Birdy the Mighty: Decode")
Estúdio: Sunrise
Episódios: 26
Gênero: Aventura / Fantasia / Romance
De onde saiu: Animação original




Uma garota de cabelos curtos, aparência modesta, e aficionada por leitura de tarô (!)... Hitomi Kanzaki começou mais um dia chegando atrasada aos treinos do clube de atletismo, algo que não a impediu de admirar seu amado colega Amano correndo na pista. Porém, ao chegar a sua vez, Hitomi corre apenas por alguns instantes e passa a vislumbrar estranhas imagens; máquinas gigantes, um rapaz empunhando uma espada, a destruição de uma torre, a mão de um anjo evitando sua queda em um buraco sem fim? Desmaiando e desabando no chão, seria de se refletir o significado dessas visões, mas, como ela acorda, sozinha, ao lado do colega que ama, e mais tarde fica aflita ao descobrir que ele está prestes a viajar para o exterior, logicamente tais "bobagens" são deixadas de lado. Ah, jovens!

Contudo, no dia seguinte, ao se reencontrar durante a noite com Amano e realizar uma tomada de tempo, Hitomi mais uma vez enxerga o mesmo garoto do dia anterior, só que dessa vez não são meras imagens: ele surge em carne e osso, na sua frente, falando palavras esquisitas enquanto procura por algo, e para piorar um dragão imenso também se materializa de lugar algum e os ataca. Perseguição, desespero, medo; vendo-se encurralados mesmo com a ajuda do misterioso guerreiro, Hitomi, de maneira inexplicável, consegue prever alguns segundos do futuro, e desse modo ajuda o rapaz a derrotar o dragão. Nisso, maus modos dele à parte - pois sequer sabe dizer um obrigado por ter sua vida salva -, uma luz branca surge ao redor dos dois de repente e os transporta até Gaia, um planeta fantástico onde a Terra e a Lua podem ser vistas do céu.

Um mundo, infelizmente, em guerra, cuja paz é atualmente ameaçada pelo avançado reino de Zaibach e seu imperador Dornkirk, que possui um plano de conquista ambicioso. Percebendo que sua capacidade de adivinhação é mais exata e intensa nesse lugar, Hitomi será de grande ajuda para Van Fanel, príncipe de Fanelia que ela conhecera de modo tão peculiar, na luta contra esse mal - não só ela, aliás, como juntamente Escaflowne, uma lendária máquina praticamente invencível que só ele é capaz de pilotar. (Não suspirem!)


Tendo começado sua carreira de compositora em animações no filme do Ghibli "Porco Rosso" em 1992, mas só passando a ficar conhecida após iniciar sua parceria (a primeira de várias que vieram nas décadas seguintes, como "Cowboy Bebop" e "Space Dandy") com Shinichiro Watanabe em "Macross Plus" dois anos depois, as trilhas sonoras de Yoko Kanno são, assim, sem meio termos, sensacionais, capazes de intensificar e tornar memoráveis cenas em um anime não importando seu gênero, sejam eles a respeito dos dramas e conflitos amorosos juvenis entre três amigos ou as enrascadas pelas quais passam um problemático grupo de caçadores de recompensa no espaço. Logo, ouvir muitos dizerem "o melhor do anime são as músicas" quando tem essa moça na equipe de produção nem chega a ser um exagero, tampouco uma falta de reconhecimento com os demais envolvidos.

O problema surge no momento em que certo chato (eu?) diz que só isso se salva no anime e mais nada. Nem que nesse caso estejamos falando de preciosidades como essa e essa.


Okay, posso dizer ainda que as empolgantes e coreografadas lutas de mechas (com espadas!) em um mundo de fantasia são um primor visual considerando a data de lançamento - se bem que, mero detalhe inútil, nem questionarei a lucidez de às vezes vermos homens a pé indo pra cima de máquinas gigantes no campo de batalha... -, mas inclusive aqui tem-se o incremento e a influência de Yoko Kanno e suas composições em ótima sincronia com o que é mostrado... Oras, admito que até as que são pra mim as melhores cenas de confissões/revelações/diálogos quaisquer, que mesmo após dias de terminado de ver o anime estão frescas em minha mente, só o assim foram devido ao fato de virem juntas ora com enérgicos violinos ao fundo ou então a mescla incomum de diversos efeitos e instrumentos sonoros em tons místicos, por exemplo. Enfim, Yoko Kanno pode ter sido "apenas" a compositora - com o auxílio de Mizoguchi Hajime em alguns trechos, aliás -, e não dá pra negar também que a direção de Kazuki Akane (que atualmente está cuidando dos filmes de "Code Geass: Boukoku no Akito") deixa toda a trama bem amarrada; porém no fim, sinceramente, seu trabalho me foi o único motivo real de não ter considerado tal anime uma perda total de tempo - se bem que demorei para conseguir achar palavras que justificassem isso. 

Essa foi a primeira (e única) animação do Sunrise que reuniu mechas em uma obra de teor shoujo - mas não que haja muitas desse estilo em qualquer estúdio, se resumindo a "Magic Knight Rayearth" e outros dois títulos no máximo. Uma obra shoujo, mas que antes era shounen. Explico aqui rapidamente, porém lá embaixo poderão ler mais a respeito: "Tenkuu no Escaflowne" saiu da mente de Shoji Kawamori, criador original da franquia de "Macross" e recentemente do escabroso "Nobunaga the Fool". Um mangá viria junto com o anime em 1994, mas, devido a alguns problemas na produção, esse último atrasou dois anos e passou por diversas transformações no período; enquanto o mangá (que se encerraria em 1998 com 8 volumes) tinha de público-alvo o masculino, apresentando uma Hitomi lerdinha usando óculos e com um corpo de medidas generosas, o anime tomou moldes de um shoujo com uma heroína mais "viva", digamos assim, e de visual menos provocante, ao lado de personagens masculinos que de uma mídia para outra se tornaram um bando de "bishounens". É por isso que, em meio a robôs gigantes numa terra fantástica de estilo steampunk, acompanhamos Hitomi não só perdida em relação a sua capacidade absurda de adivinhar eventos futuros enquanto ajuda a salvar Gaia de um vilão com pensamentos idealistas, como também sobra tempo para ocorrerem alguns enrolos e triângulos, quadrados e pentágonos amorosos aqui e ali conforme é montado um grupo de viajantes à sua volta.



Um príncipe em busca de vingança, um cavaleiro galante de passado sombrio, uma princesa perdidamente apaixonada pela pessoa errada e dois inimigos complexados (sendo um deles altamente psicótico) liderados por um ancião enigmático que inicia uma guerra... Para criar um mundo livre de guerras. Ah, e claro, não esqueçamos a protagonista "estrangeira" cujos poderes são bastante convenientes e uma manhosa "mascote" neko (ela odiaria ouvir isso!). Já ficou evidente que "Tenkuu no Escaflowne" amontoa em seus 26 episódios diversos elementos típicos de fantasia - traduzindo para uma palavra mais chata: clichês -, em um tema, esse de personagem principal que viaja para outro mundo, que era bem habitual na sua época de produção e que hoje tem sido um tanto menos explorado - e quando o fazem tentam geralmente subvertê-lo com bom humor ou moderniza-lo, igual a "No Game No Life" ou "Outbreak Company", para se ter ideia. Todavia, apesar dessa falta de criatividade, o que é deveras elogiado pelos fãs do anime além das músicas de Yoko Kanno - e o esquecido Mizoguchi... - é como ele executa tão habilmente seu enredo em boa parte do tempo, algo a ser creditado ao diretor Kazuki Akane, principal responsável pela inversão demográfica da história em relação ao mangá. São 26 episódios que, mesmo abundantes em atalhos narrativos (frases ditas e ações vistas pela metade que são drasticamente mal interpretadas, Hitomi e suas visões, adversários ao estilo "Irei embora agora mas te pego depois!" e etc), seguem uma linearidade elogiável e modesta, não havendo, literalmente, um mínimo descanso em sua evolução - episódios e acontecimentos "fillers" passam longe. Das alianças e táticas que vão sendo formadas entre reinos para enfrentar um inimigo em comum, às pequenas revelações gota a gota das reais intenções do líder de Zaibach ou do desvendar do passado de alguns protagonistas, e inclusive o desenvolver calmo de caráter da Hitomi e de um vilão em particular (Folken) muito bem dublado por Nakata Jouji, reconheço que "Tenkuu no Escaflowne" mostrou-me um crescimento narrativo coeso e limpo, talvez só um pouco "divisor de águas" para alguns o ritmo dos episódios finais, bem como o maior segredo da trama, que exige mais suspensão de descrença do que o normal - o que não é difícil após aceitar uma Hitomi salvando o dia mais de uma vez graças às suas premonições e outros dons, né?

Entretanto, mesmo com tudo isso, terminei esse anime suspirando de alívio, satisfeito por ver-me livre dele. As razões para tal, em sua maioria, beiram muito o pessoal, mas outras são até que aceitáveis.


Após assisti-lo em três dias foi como se eu ficasse parado na frente do monitor e pensasse "Não gostei muto do que vi, mas não sei explicar ao certo o porquê". Honestamente, precisei de fato refletir melhor sobre ele durante algum tempo antes de surgirem explicações que fizessem algum sentido. A primeira é culpa de experiências anteriores com diversos outros animes, jogos ou filmes; invertendo o que escrevi no parágrafo acima e vendo o outro lado da moeda, por mais que "Tenkuu no Escaflowne" saiba contar direitinho (até determinado ponto) sua aventura épica ele esbarra na questão de ser carente de originalidade no seu desenvolvimento, abusando de estereótipos do gênero para levar adiante os conflitos que ocorrem no planeta Gaia. O drama do príncipe Van em busca de vingança e de limpar o nome de sua família, juntamente com seu passado um tanto conturbado, é um bom exemplo; não apresenta exageros ou pieguice, e tem uma conclusão decente, mas não é algo tão diferente do que pode ser visto num jogo de RPG. Isso vale igualmente, só citando alguns, para o galanteador Allen, a princesa Millerna e sua obstinação em ir contra o pai e a família real em favor de um romance com poucas chances de dar certo e mesmo o desvairado e afetado vilão Dilandau, que pode mandar e desmandar e não dar a mínima para a vida de ninguém, mas, que coisa, é só levar um machucadinho no rosto que perde toda a compostura... Vejam, pode soar um tanto contraditório, mas espero que compreendam: ao mesmo tempo em que não tinha muito do que reclamar da progressão de sua história, também ela não me animava justamente devido a essa profusão de lugares-comuns, tornando bastante morna a experiência de ver "Escaflowne".


Outro detalhe (esse, creio, mais pessoal ainda) que me causou um estresse profundo a cada episódio é a própria Hitomi com seu comportamento tão volúvel e intrometido. Acho bom sempre levarmos em conta a idade do personagem e o estilo de seu anime nesses casos para não exigirmos mais dele do que é sensato, porém me foi um martírio acompanhar uma protagonista que chega ao ponto de colocar seus dilemas amorosos a frente da salvação de uma nação, e que pra piorar parecia a cada episódio apaixonada por um rapaz diferente; ora suspirava de saudades pelo colega de escola Amano, ("Amano-senpai!!") que ficou na Terra, ora se derretia pelo galante Allen (assustadoramente parecido com Amano) e, de quando em quando, percebia em Van algo além de seu modo rude de agir e falar. A narrativa, da qual já comentei o quão simples é, deixam claras sem dificuldades as razões para essa ebulição de sentimentos na mentezinha de uma garota de quinze(?) anos, mas ainda assim não é o suficiente para permitir passarem batidos diversos diálogos tolos e cenas de vergonha alheia envolvendo ela e seus pseudos-namoricos, principalmente quando se tinha ao lado tramas mais adultas e urgentes - uma que envolve traição e um filho fora do casamento me foi sem dúvida a maior surpresa, pois não esperava algo do tipo nesse anime, ao contrário de outras mídias onde acharia normal. Não direi que a exclusão de certas cenas e conversas resolveria isso, pois há de se considerar seu público-alvo, porém com certeza um melhor tratamento e delicadeza do roteiro em algumas dessas ocasiões já seria o suficiente a fim de evitar tantos momentos cafonas que soam tão artificiais. E, pobre Hitomi, sofre do complexo de protagonista que tenta empurrar suas ideologias nos outros, querendo o bem a todos sem perceber que está incomodando, e é uma pena ela só se dar conta disso no final do anime! Menina, as pessoas tem o direito de ter opiniões diferentes das suas!

Pronto, desabafei. Apesar disso tudo, ela é inegavelmente melhor que a sua versão peituda e burrinha do mangá...

E o último ponto que gostaria de destacar (haveria outro, mas esse estaria carregado de spoils) é, esse sim, algo consensual entre os que não estão com a vista turva pelo saudosismo - é porque flagrei dezenas de comentários de pessoas elogiando o anime com mil adjetivos, mas cautelosas quanto a se os sentimentos seriam os mesmos hoje -, que seria o teor dos últimos episódios. Últimos e corridos episódios, para ser exato. Problemas no orçamento surgiram, Kazuki e companhia estavam com menos dinheiro e tempo em mãos para um anime que, inicialmente, teria 39 episódios, e a solução, uma vez que não queriam excluir nenhum personagem ou trama já preparados, foi resumir e espremer o máximo de conteúdo possível na parte final da animação - na verdade isso foi feito desde os primeiros episódios, mas numa intensidade muito menor. Aqui, "Tenkuu no Escaflowne" perde aquela coesão e andar calmo tão benquistos, e se não fosse a ótima direção de Kazuki, que ainda soube apresentar uma fartura de reviravoltas e revelações de maneira aceitável, presenciaríamos nesse caso um desastroso descarrilhamento de trem como é de praxe (descanse em paz, "Mahou Sensei Negima", o pior resultado que já vi para um problema desses, se bem que nele o corte, de 52 para 26 episódios, foi mais brutal). No fim, ocorreram só alguns solavancos, que culminaram em um final "bonitinho" e sentimental, vai, mas um tanto frustrante e anti-climático.



"Oras, Erick, então qual é o saldo final?" Não façam perguntas difíceis! Teimo e não tiro o pé em dizer que as belas composições de Yoko Kanno evitaram, pra mim, que esse anime fosse uma perda total de tempo, contudo espero ter deixado evidente que muito do que me desagradou em "Tenkuu no Esclaflowne" é potencialmente subjetivo para a maioria das pessoas. Eu estou vendo 29 animes nessa temporada de outono, e no máximo uns três possuem roteiros tão ou mais bem amarrados que nem esse aqui mostra antes do incidente descrito no parágrafo anterior. O crescimento de uma garota em um mundo fantasioso, onde mechas e dragões são elementos comuns e diversos reinos se unem contra um mal de grandes proporções e tecnologia avançada: note qual é seu público-alvo e tenha noção dos vícios que ele exibirá por conta disso, perceba os gêneros existentes e faça sua própria decisão, pois eu mesmo lavo as mãos e não darei uma sentença final - mas espero que as "dicas" dadas durante essa resenha lhe sejam úteis para isso.




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(abra em nova aba para uma melhor visualização)




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Segue abaixo não uma análise ou discussão mais aprofundada, mas apenas alguns comentários e curiosidades soltas que na resenha não houve espaço para colocar (os destacados em vermelho contêm spoils significativos):


Baseado em pessoas reais: A identidade de Dornkirk em "Escaflowne" não é uma surpresa imensa; após duas ou três aparições suas se nota que estamos vendo um Isaac Newton adiando ao máximo a sua morte em busca do poder que pôs fim a Atlântida, o de alterar o destino à vontade. Na vida real, atrás do homem racional existia um lado obscuro de alquimista que gastou anos em teorias, cálculos e experimentos hoje considerados estapafúrdios, como a busca pela pedra filosofal ou a prova de que Deus criou o mundo, realmente, em 7 dias. Igual ao anime, ele também tinha interesse em Atlântida e seus segredos.

Suspensão de descrença²²: Logo, considero que sabendo isso fica mais fácil de acreditar em sua obsessão, em "Escaflowne", de criar uma máquina de alteração de destinos; é algo tolo, e dá para questionar muito o seu uso no anime (entre outros casos, é ridículo quando ele força Hitomi e Allen a se apaixonarem para evitar que a aproximação dela com Van continue a prejudicar o funcionamento da máquina), mas tem de notar que Newton viveu numa era onde grandes cientistas pensavam que urina ou ovos podres eram ingredientes para se criar a pedra filosofal, por exemplo! As teorias dele aqui para a sua máquina (que envolve gravidade, oh!) são inofensivas perto disso - e, como as leis da física de Gaia são diferentes das aplicadas na Terra, há uma brecha maior para essas especulações. O problema mesmo fica com a maneira simplória que isso foi abordado nos episódios finais após tanto suspense.

Outras reencarnações: No maravilhoso mundo dos animes ele também já foi um garanhão narcisista apaixonado por maçãs e... Uma garota, obviamente.

Evangelion: Não, sem comparações com "Evangelion", que por ter vindo um ano antes fez "Escaflowne" ser tachado de cópia e o deixou nas sombras durante algum tempo. São demografias opostas, gêneros diferentes e com um menino chorão e complexado de um lado, e uma menina intrometida e de coração confuso do outro. 

Novata: No papel de Hitomi, essa foi praticamente a estreia da ótima Maaya Sakamoto (Oshino Shinobu em "Nisemonogatari") como dubladora e cantora - antes disso só tinha feito uma ponta em Mizuiro Jidai, exibido na mesma temporada em 1996. Na época com apenas dezesseis anos, ela é quem canta a música de abertura. Elogiada por Yoko Kanno, as duas viriam a trabalhar juntas em outros projetos, tais como "Macross Frontier", "Earth Girl Arjuna" e "Wolf's Rain".

Heresia!: Por falar em Yoko Kanno, quando "Escaflowne" chegou aos Estados Unidos ele sofreu mudanças severas e incoerentes para se adequar ao canal infantil Fox Kids, como cortes (tipo o primeiro episódio inteiro, algo nada perceptível...), adição de flashbacks e diminuição massiva da participação de Hitomi no anime - fora com as garotas! Não pouparam nem a trilha sonora, pois boa parte das composições de Yoko Kanno foram trocadas por músicas techno - a abertura virou isso aquiLogicamente, tal desastre durou 10 episódios e foi cancelado, e o mesmo ocorreu com o lançamento em DVD.

Começa tudo de novo: "Se Macross era sobre robôs e músicas românticas, por que não uma história sobre robôs e poderes de adivinhação?"; essa foi a ideia que Shoji Kawamori tentou empurrar para o Sunrise após uma viagem ao Nepal, que lhe inspirou o tema de "Escaflowne". Com Yasuhiro Imagawa na direção (um veterano em animações de mechas), o anime teria o mesmo estilo do mangá shounen explicado brevemente na resenha, com uma Hitomi lindona de óculos e lerdinha, havendo foco muito maior em batalhas de grandes proporções. Porém, Yasuhiro abandonou de última hora a produção para comandar "Mobile Fight G Gundam", Kawamori também preferiu trabalhar em outros projetos e só dois anos depois o Sunrise decidiu retornar com o anime, dessa vez na direção do na época novato Kazuki Akane, que enxergava uma oportunidade de aumentar a audiência de "Escaflowne" o voltando para o público feminino e fazendo as mudanças das quais já estão cientes.

Dessa forma, o mangá... : Lançado em 1994 com a ideia inicial de acompanhar a estreia do anime se tornou um trabalho totalmente diferente, onde diversos personagens da série de TV sequer existem, como Dilandau e Melerna, e outros possuem papéis e personalidades diferentes (Allen não chega a se interessar por Hitomi ou qualquer outra mulher, e Folken é o vilão principal).

E o filme, então... : De 2000, é uma versão alternativa com personagens novamente passando por transformações de personalidade - Hitomi é uma garota depressiva e Folken é um sanguinário e principal inimigo, não havendo aqui Dornkirk, sem falar que Van e Allen também estão mais agressivos. Serve mais pela evolução técnica e ótimas sequências de ação, mas, história por história, a série de TV é superior com folga.

Aquele final: Só isso? Hitomi finalmente percebe de quem ela realmente gosta, mas, ah, tudo bem, hora de voltar pra casa e pronto. Adeus, Gaia. Adeus, Van. E sem beijinho de despedida. Há quem defenda a sutileza do final dizendo que o elo entre os dois era mais forte do que qualquer demonstração física de amor e blá blá blá... Mas o fato é que os momentos derradeiros de "Esclafowne" foram bastante sem graça e covardes.

Eu morri, mas venci o jogo: Você derrota o vilão, o famoso Isaac Newton, e em seus últimos suspiros ele revela que até isso foi de acordo com seus planos, pois conseguiu alterar o destino para chegar naquele ponto! Certas pessoas simplesmente não sabem perder!

Eu morri, e ninguém deu a mínima: E puxa, Folken, você merecia uma morte menos estúpida...

Tarô: Não abordei com mais detalhes na resenha por não ter achado necessário, mas, independente do quão isso é usado, juntamente ao pingente, de muleta para a narração em vários trechos, acho que uma das melhores reviravoltas no anime é quando Hitomi percebe que ela própria tem causado as desgraças que tem previsto por conta de seu pingente capaz de realizar os sonhos de seus usuários - daí, como em momentos de nervosismo a garota imaginava eventos ruins isso fazia com que eles ocorressem de fato. Ou seja, no final era tudo culpa dela!



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2 comentários:

  1. Este é um anime que venho enrolando pra ver há bastante tempo, embora meu problema seja mais o character design. Os narizes para ser mais específico.
    Acredito que o fato de você ter maratonado em 3 dias também deve ter influenciado neste aparente tédio que foi assistir Escaflowne. Mas de qualquer forma entendo o cansaço em relação aos clichês, abundantes na série.
    Gostei das informações sobre as outras encarnações de Escaflowne, nem sabia do longa.

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    1. Ha, os narizes de alguns personagens realmente "se destacam" em certos momentos, mas não os achei tão feios.

      Obrigado pelo comentário, ham... Murilo =F?

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