Ano: 2012
Diretor: Kenichi Imaizumi (“Katekyo Hitman Reborn”)
Estúdio: AIC
Episódios: 10
Gênero: Comédia
De onde saiu: Light novel, 10 volumes, finalizada
(2008-2012).
Continuação de: “Seitokai no Ichizon” (2009).
*****
Nada
de “Seitokai no
Ichizon Z” ou “New Seitokai no
Ichizon”, como sugerido pelos protagonistas no primeiro episódio; exibido
em baixa qualidade via stream durante a temporada de outono (e sendo reexibido
nesta na televisão), “Seitokai no Ichizon Lv.2” traz de volta os cinco
integrantes do conselho estudantil da escola Hekiyou, e novamente eles gastam
quase todo o seu tempo em longos e inúteis diálogos dentro de uma sala.
Quatro
garotas escolhidas por voto popular; um rapaz prestigiado com a quinta vaga
após obter as melhores notas nos exames. É um Harém? Sim, muito mais do que a
primeira temporada tentou não ser, para alegria do tarado Sugisaki. Dando maior
atenção às interações entre ele e as garotas da sala, sem esquecer os novos
belos rostos que surgem aqui (amiga de infância e irmã que sofre de “brocon”?
Pelo menos em jogos Sugisaki conhece bem essas rotas...), “Seitokai no Ichizon”
praticamente abandona seu lado paródia e o hábito de quebrar a quarta barreira,
virando assim uma comédia pseudo-romântica comum e capenga em boa parte de sua
duração. E essa é apenas uma das várias mudanças que o anime traz em relação à
sua antecessora, exibida três anos atrás.
Tchau, Studio DEEN; olá, AIC. Novo
diretor – Kenichi Imaizumi, menos experiente que o anterior, Takuya Satou –,
novo “character designer” (Masahito Onoda, também com menos trabalhos no ramo
do que o nome da primeira temporada, Kumi Horii), e inclusive novos dubladores,
por motivos adultos chatos. Yuka Saitou (Chizuru) e Yuki Horinaka (Mafuyu) foram substituídas,
respectivamente, por Mina e Iori Nomizu, e a
razão disso é que as duas que saíram não fazem mais parte da agência Production
Ace, subsidiária da editora Kadokawa, financiadora do anime – os seiyuus de
Kurimu, Chinatsu e Sugisaki, por outro lado, permanecem nessa agência, e por
isso continuam em seus papéis. Fazer o quê, acontece. Com uma mal se notará a
diferença; com a outra, se notará até demais.
Começando
no “episódio 0” (que é contado no total dos dez episódios do anime, logo ele é
numerado até o 9), há um prólogo mostrando como Sugisaki se interessou e se
preparou para entrar no conselho estudantil. No final, surge enfim a sala e as
garotas protagonistas, já discutindo brevemente o título do anime e as
modificações feitas nele, algo que é mais aprofundado no episódio um, quando
debatem sobre as inovações que deveriam ser inseridas para atrair um novo
público à série. Brincando com vários artifícios usados nesses casos por outras
produções – resetar a história, criar spin-off de um personagem coadjuvante etc
– e não deixando de se autodepreciar pelas mudanças feitas (em um grau um tanto
exagerado, quase como se pedissem desculpas por tudo isso) o anime dá uma longa
amostra daquela prazerosa quebra da quarta barreira tão presente na primeira
temporada, mas que aqui, como se verá adiante, será esporádica e deixada em
segundo plano. E, se a novidade nos traços e vozes é o que mais chama atenção
em um primeiro instante, logo se percebe que a postura dos personagens e o
próprio humor também estão muito diferentes, e de uma maneira negativa.
É
como se fosse um aquecimento: Sugisaki não parece tão enérgico como lembrávamos
ser, e o mesmo se passa com Kurimu, Minatsu, Mafuyu e Chizuru; estão todos ali
na sala, conversando e fazendo piadinhas entre si, porém parece mais que
acabaram de se conhecer, e não que estão prestes a se separarem após um ano
juntos – lembra? A série anterior acabou com a promessa de que as irmãs seriam
transferidas e as outras duas meninas se formariam, deixando Sugisaki sozinho.
Não é lá uma boa primeira impressão, principalmente ao testemunhar um humor tão
forçado e bobo de ritmo sonolento, digno dos piores momentos do anime de 2009.
A versão do Studio DEEN nunca chegou a ser algo esplêndido, mas o pontapé
inicial da AIC é bastante desanimador e frustrante, principalmente para quem
esperava melhoras no anime com a troca de estúdio – já que DEEN não tem
exatamente uma boa reputação, muito pelo contrário.

A
amiga de infância? Está ali para fazer número no Harém do protagonista, demora
a aparecer. A garota de óculos do primeiro episódio que possui grande
importância na vida do rapaz? Ótima personagem, mas sua participação se resume
mesmo ao passado de Sugisaki. A irmã que sofre de “brocon”? Ah, essa sim, tem
apelo, sendo inclusive considerada pelas garotas do conselho estudantil como
uma “ameaça” às outras personagens coadjuvantes, que perderiam espaço por conta
dela – e nisso entram as já conhecidas da primeira temporada, a jornalista
riquinha e sua irmã, que pouco aparecem, mas garantem um bom e (no caso da loli)
questionável humor. Presenteada com a voz docíssima de Yunezawa Madoka (Hirasawa Ui de “K-ON!”), a demasiada inocente
Sugisaki Ringo será a mais bem-vinda e bela novidade para quem tiver uma queda
para esse tipo de personagem tão burrinha e delicada, caso não se sinta
incomodado com a gritante tentativa do anime em força-lo a gostar dela, nem com
a relação exagerada que há com o irmão – não, não é normal você ficar tentado a
ver uma foto provocante da irmãzinha no celular. E Sugisaki, aliás, mesmo sendo
tão pervertido e bobalhão, impressiona ao mostrar tanto carinho pelas meninas
que o rodeiam, um ponto ao mesmo tempo elogiável e frágil do anime.
Por
si só é uma raridade ver o líder masculino de um anime desse gênero ser o
preferido dos fãs, mas possivelmente isso se justifica em "Seitokai no
Ichizon" não só por Sugisaki ser engraçado, mas também por demonstrar uma
preocupação tão grande para as personagens femininas; quem viu a primeira
temporada testemunhou isso. Mas, lá, esses momentos de seriedade por sua parte
eram escassos, e não tão íntimos. Por sua vez, “Seitokai Lv.2” aumenta a
duração dessas sequências e inclusive as faz com cada garota individualmente em
certos episódios, dando-lhes um destaque todo especial e não ficando restrito
apenas às integrantes do conselho. Uma palavra de apoio, uma palavra de
carinho, um elogio sincero; Sugisaki sabe o que falar e quando falar, e seus
momentos sentimentais com suas colegas criam, geralmente, uma razoável carga
dramática nas historinhas, superior ao visto no primeiro anime.
O problema disso? Ainda é um Harém, e um onde o protagonista fica em um eterno campo neutro, manifestando seu amor por todas e tendo noção de que essa sua escolha em não se decidir por nenhuma não é a melhor opção, mas, mesmo assim, prefere seguir nesse caminho. Do lado delas, vão pensando e tentando aceitar que a possível paixão é na verdade uma forte amizade, e assim se conformam em "dividi-lo" com as outras. O anime se esforça em mostrar o quão isso é lindo e tocante, mas, no fim, essas declarações acabam soando um tanto artificiais e pretensiosas, como um óbvio e preguiçoso pretexto para deixar tudo do jeito que está, mas sem abrir mão de dar um "fanservice" ao fãs dessa ou aquela personagem – não que fosse esperada uma conclusão para isso num anime desses, jamais, mas que ao menos não se criasse desculpas tão aparentemente fracas e, por que não, machistas. “Seitokai no Ichizon Lv.2” supera seu antecessor quanto às relações de seu elenco, mas comete as mesmas falhas nas horas em que vai longe e tenta se levar a sério demais, demonstrando grande afetação (cujo ápice é alcançado nos episódios focados em Chinatsu e na amiga da infância) e inconsistência em certas questões (o aparente problema amoroso no passado de Sugisaki fica muito mal explicado para quem não conhece a light novel). Os pseudos-romances são bonitinhos, sem dúvida, mas cansa reparar que isso só dá voltas ao atirar igualmente para todos os lados.

Vindo logo após
o término da light novel, "Seitokai no Ichizon Lv.2" pode não ter um
início animador; porém, felizmente, ele não demora muito a entreter quase na
mesma medida aqueles que viram e gostaram do primeiro anime. Faz rir, diverte e
comete tropeços feios pelo caminho, mas isso já vem desde 2009. Independente
disso, o desfecho será consideravelmente sentimental para quem tinha se
afeiçoado a esse quinteto, e no final é isso o que marcará e importará mais,
dando aquela vontadezinha de que não fossem somente dez episódios. Alcança a
conclusão da obra original, se encerra como um anime mediano em um todo, mas
agradável e simpático, e, apesar de já haver uma sequência em light novel em
andamento*, sua adaptação animada deve parar por aqui.
**********
Nota: 7
* "Shin (Novo) Seitokai no Ichizon" começou a ser publicado em novembro de 2012, e nele Sugisaki se vê de volta ao conselho estudantil, mas dessa vez com outras garotas no lugar das que foram transferidas (Chinatsu e Mafuyu) ou se formaram (Kurimu e Chizuru).
(clique para uma melhor visualização)
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