Não é de pouco tempo que curto demais esta série,
acontece que minha alegria foi maior quando vi lançarem aqui o mangá que
originou um dos meus animes favoritos. E não me arrependo de tê-lo colecionado,
pois o que gostava da versão animada se manteve no mangá, firmando meus
personagens favoritos – Rosette e Chrno – como também do vilão mais detestável,
o Aion (se bem que está dividindo o primeiro lugar com o Hakumen no Mono de
“Ushio to Tora” em minha lista de vilões). Este foi um dos poucos mangás completos que pude
comprar.
Ah sim, não sou de ficar comprando qualquer mangá,
só os que mais me interessam. Vou deixar que no depoimento saibam mais o que
me trouxe a esta obra e os aspectos de sua versão impressa.
*****
Mangaká:
Daisuke Moriyama
Número
de volumes: 8
Editora: Kadokawa Shoten (Japão) / Panini (Brasil)
Gênero/Temas: Ação / Drama / Fantasia / Sobrenatural
Indicações de leituras complementares: "Chrno Crusade", resenha aqui do blog sobre o anime; e "Chrono Crusade: Anime or Manga?", texto em inglês do ex-redator do Animecote xbobx, onde ele cita as diferenças de adaptação entre o mangá e o anime.
Indicações de leituras complementares: "Chrno Crusade", resenha aqui do blog sobre o anime; e "Chrono Crusade: Anime or Manga?", texto em inglês do ex-redator do Animecote xbobx, onde ele cita as diferenças de adaptação entre o mangá e o anime.
Imaginem a seguinte dupla de personagens: uma
garota que não consegue deixar de destruir tudo por onde passa, de pavio curto, comilona
e de muito bom humor; do outro, um garoto calmo, mais adulto que sua
companheira, que esconde sua real forma para não causar problemas para ela.
Este seria o melhor resumo pra definir os protagonistas de “Chrno Crusade”,
série que teve seus momentos de glória com seu anime e de praxe, adaptado de um
mangá - esta versão é a que será explorada, com seus pontos fortes e fracos,
se anime e mangá possuem semelhanças e o depoimento de como foi minha relação com a
obra.
Contexto,
traço, personagens
“Chrno Crusade” trata da jornada de Rosette Christopher
e Chrno, respectivamente uma humana e um demônio em busca do irmão da garota, pego por um
demônio com quem seu amigo teve ligações no passado. A história se passa nos
Estados Unidos, perto do final dos anos 20, um pouco antes do crash de 1929, justificando assim as vestimentas, estilo de vida, ambientação e nomes
dos personagens em maioria ocidentais que são mostrados, e de destaque neste cenário temos a Ordem de Magdala, um grupo
religioso que combate demônios e resolve casos sobrenaturais na base de armas
e apetrechos criados por eles.
Há um clima sombrio que revela muito das
atrocidades e sentimentos ruins que nós, seres humanos, não admitimos
abertamente. Analisando a história, vemos que isto é influência dos demônios
que aproveitam a época de prosperidade sem limites do país, e nisso a obra mostra parte dos
podres que uma pessoa tem e enfatiza o quanto o tempo é precioso. Este ponto do tempo é o
elemento mais importante da obra, pois do começo ao final ele é ressaltado em
diversos momentos, sejam bons ou ruins, com ou sem consequências dos atos e
decisões tomadas pelos personagens. O leitor é posto em xeque quando este
assunto é abordado, pois quem não se arrepende de alguma coisa ou de uma ação
na vida? Parando para pensar, quantas vezes você gostaria de voltar ao tempo e
mudar a decisão ou ação feita?
Apesar de haver momentos alegres e divertidos,
lembranças boas e felizes, a obra deixa claro que o oposto disto pode nos
ajudar a superar falhas e nos tornar mais maduros para a vida. Se isto vai ou
não influenciar, depende da própria pessoa. Filosófico, não acham?
Em termos de traço, “Chrno Crusade” possui uma
estética mais normal, sem atrativos em seus desenhos, o que não significa falta
de personalidade. Algo que a trama sabe fazer bem é aproveitar isto para
contar cada passo da história; a constituição de época é bastante básica, ou
seja, traz o que era mais comum, sem ficar detalhando demais, fora o fato de
poder dosar bem os momentos calmos/cômicos com os frenéticos/dramáticos
apresentados. O design dos personagens é bem definido, caracterizando o estilo
e personalidade de cada um, e as roupas adequadas aos padrões, com alguma
modernidade – não é uma reconstituição fidedigna – e mostrando diferenças entre
humanos, demônios e criaturas.
Já o elenco de personagens é, sem dúvidas, um dos
atrativos da obra; se o traço é comum, seus personagens seguem características
que retratam bem quem é quem - os clichês do gênero são presentes, mas, não são ruins
quando vemos o estilo de cada um na trama, tendo cada personagem apresentado uma boa colocação e com suas histórias e participações botando ritmo ao enredo. E qual deles se
destaca mais? Difícil, porque a forma que os personagens agem é entre o
esperado e o inesperado, então, pode-se citar a dupla de protagonistas Rosette
e Chrno.
Muito de “Chrno Crusade” se deve aos dois, que com
suas personalidades e estilos, controlam rédeas do roteiro - mesmo que o título
destaque mais o Chrno, a Rosette tem umas particularidades que a botam em cada
enrascada e apesar do bom humor que apresenta, ela sempre diz que não gosta de
ficar parada e esperar, preferindo correr contra o tempo. E a vida dela é
interligada com a dele, pois todas as vezes que Chrno usa sua forma real demoníaca, mais a
vida de Rosette se esvai - no mangá, o próprio conta que ela nem chegará perto
dos trinta anos por causa desse pacto que foi feito. Com isso de usar seus poderes e ter a vida da garota diminuída, há certa aflição para que consigam cumprir a
meta de salvar o irmão dela.
Aspectos
do mangá e edição brasileira
Quanto a versão brasileira do mangá, foi lançada
nos anos de 2008 a 2010 pela Panini, havendo distribuição bimestral e setorizada e mantendo o mesmo preço de R$9,90 durante o período em que foi publicada - chega a ser
curioso notar que a editora brasileira tenha contrato com a Kadokawa Shoten,
porque a quantidade de mangás vindos de lá é bem vasta. Em termos de material,
foi o padrão para mangás brasileiros, trazendo uma boa tradução (como manda a editora), glossário dos termos usados - o que inclui fatos e objetos da época passada na trama - e a parte de dentro da capa e contracapa coloridas, com os personagens
da série.
Depoimento
pessoal sobre o mangá
Minha história com “Chrno Crusade” tem começo numa
época que se comprava revistas de anime via banca de jornal: numa destas, a “Ultra Jovem” da editora Escala me fez conhecer um pouquinho da trama. E somente em 2006 é que, no meu computador todo branco, pude gravar três animes
completos fora este - os outros foram“DNAngel” (shoujo) e “Matantei Loki Ragnarok” (shounen).
Destes três, o que mais me marcou foi “Chrno Crusade”, muito pela sua trama e
personagens, fora aquela cena clássica que se tornou notória quando se fala do
anime.
Alguns anos depois, em 2008, quando ia a uma lan house
da minha cidade, num site de notícias de animes e mangás, soube que iam trazer
o mangá. Gente, não sabem a que ponto chegou meu contentamento em ter a chance de ler a versão
original de um dos meus animes favoritos - se pudesse, teria pulado de pura
alegria na mesma hora que li a notícia, podem acreditar! Claro que tinha de
esperar o mangá dar as caras no Espírito Santo, o que sucedeu no ano seguinte
ao seu lançamento, afinal, estamos falando da distribuição setorizada que bem
diferente de certa editora de mangás que me deu três mancadas – tô falando de
você, JBC – veio até que muito bem nas duas bancas que costumo comprar. Os
volumes seis e sete chegaram um mês antes do previsto e o último, mais de dois
meses depois. Dá pra dizer que “Chrno Crusade” foi meu primeiro mangá completo
que tive em mãos e minha experiência foi muito, muito boa demais.
Espero que assim, entendam: se “Chrno Crusade” está
no meu Top Animes no Animecote, é porque me marcou demais, tanto a série quanto
ao mangá. Tenho muito a dizer para esta história e pretendo, num tempo certo,
escrever uma fanfic com os personagens em nossos tempos. Até desenhei a Rosette
e o Chrno com o visual que teriam nesta fanfic, mostrando o quanto gostei
deles.
Com uma dupla de personagens que é o impulso da
história, tendo seus altos e baixos, “Chrno Crusade” não fica devendo em sua
versão mangá. Aos que conheceram o anime, não vão se desapontar nas
páginas da trama, que mantém o clima e ainda revela aspectos que levam ao seu
final. Vale lembrar que na época, adaptações pra ganhar versões animadas
precisavam ser bem receptivas e seguras em seus enredos e personagens; hoje,
qualquer trama que ganha destaque muito rapidamente ou tenha vendas muito boas,
sem se firmar ganham suas séries e muitas vezes, o resultado fica abaixo da média
ou da expectativa do público.
Ao menos,
não é este o caso: o mangá de “Chrno Crusade” é tão bom e em determinados
momentos, superior ao seu anime. Não podemos menosprezar nenhuma delas, apenas
ter a chance de poder saber como foram as desventuras de Rosette e Chrno antes
de tudo.
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