1 de setembro de 2017

Resenha: Yami Shibai





Por Maylah Esteves



Ano: 2013-2017
Diretor: Vários (cada uma das 5 temporadas teve um ou mais diretores diferentes)
Estúdio: ILCA
Gênero: Horror



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Para apreciar esse anime, primeiramente é necessário a explicação de um fato da cultura japonesa, que é muito popular e importante: o teatro de sombras e bonecos.

O nome do anime não é por acaso; ele é composto pelos kanji Yami (), que significa escuridão, e Shibai (芝居), que seria peça de teatro - ou seja, a junção desses kanji formam a arte do teatro com sombras e bonequinhos. Essa prática é comum até hoje e lembrada como uma tradição muito popular de entretenimento, seja para passar uma moral ao espectador, como forma de contar uma lenda ou então um mito essencial da cultura nipônica.

O teatro é uma das bases de como as lendas serão passadas aos mais jovens, como podem ver nestas imagens:


(Fonte da primeira imagem: Fundação Japão “Mukashi Mukashi”)

Percebam a semelhança da animação com relação ao titeriteiro (nome do artista que controla as marionetes).

O anime é nesse estilo, com a animação feita por bonecos de papel em sombras, o que corrobora para o clima tenso e de terror. 

Ele é feito para parecer um espetáculo de marionetes, PORÉM as narrativas são tão bem construídas que esse clima teatral é um ponto imensamente positivo para o anime e de modo algum quebra a expectativa entre telespectador e “fantoches”. As histórias são curtas e despertam uma curiosidade dilacerante, pois o fim de cada episódio é no clímax do horror e da ação, ou seja, não há explicações fáceis ou instantes de relaxamento.

Se o seu intuito é relaxar, "Yami Shibai" não seria recomendado para esse momento.



Cada episódio conta uma história diferente que não tem relação nenhuma com a outra, apenas a certeza de que todas se passam no Japão, mas em que lugar? Tóquio? Osaka? Okinawa? Não é possível saber com exatidão, pois como foi dito, cada conto parece ocorrer em uma parte aleatória do Sol Nascente. Os episódios são curtos, com aproximadamente 5 minutos cada um: SÓ? Sim, só, mas, a  história e a imagem teatral são tão intrigantes e ainda há o estranhamento proposital.


Você leva susto fácil? Sim? Em "Yami Shibai" há vários “jump scare” que vão te surpreender.

O primeiro episódio da primeiríssima temporada narra a história de um mocinho (que não é revelado o nome, aliás quase ninguém dessas 5 temporadas possui algum nome) que se muda para um apartamento típico japonês, sala/banheiro-quarto/cozinha. Lá, quando se prepara para descansar, ele vê vários amuletos protetores na casa. Intrigado, o rapaz pega um deles para analisar, até descobrir que uma mulher invadira seu apartamento e o observa a todo momento.

Ficando cansado dessa perseguição, o jovem finalmente chama a polícia e a misteriosa mulher é presa, mas seria aqueles amuletos para assustá-lo ou ela teria outras intenções?

E assim, as histórias vão se diversificando, sem ligações.
O homem de máscara é quem narra os contos da primeira, segunda, quarta e quinta temporadas, mas não as da terceira, que, aliás, não possui narrador. Esse fato é bem interessante no decorrer das séries, pois percebemos que, talvez, o contador de histórias poderia ser um personagem de suas próprias criações? É uma especulação, mas seria interessante acontecer - a propósito, na cena final da ending da segunda temporada esse narrador cogita tirar a máscara, quase nos revelando seu rosto, que aparentemente não é humano.


  
É difícil escolher entre tantos contos o meu favorito, mas posso falar um pouco de um em particular da terceira temporada que me marcou bastante: Um jovem, exausto depois do trabalho, descobre um local de banho público (que é comum no Japão), e após pagar pelos itens de higiene pessoal ele ouve uma mulher do outro lado que começa a lhe pedir emprestado vários itens. Em certo ponto o homem diz que não há mais o que lhe emprestar e, nesse momento, a jovem insistentemente acha que ele está mentindo e o desfecho é horripilante.



E um detalhe muito importante: as músicas!
Elas merecem atenção especial, mesmo! São muito boas, havendo letras aparentemente desconexas e com um ritmo que varia do rock, rap ao nosso amado j-pop.

Enfim, "Yami Shibai" agrega muito da cultura oriental ao estilo anime.

Para alguns, ele pode ser frustrante por não ter o comprometimento de trazer uma explicação lógica para o sobrenatural e ainda haver uma certa estranheza com a animação, mas vale a pena investir um tempo para apreciar e romper alguns paradigmas que temos com relação aos animes.

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