14 de setembro de 2017

Resenha: Dragon Ball Z


Por Escritora Otaku


Nos meados dos anos 2000 no Brasil um anime deu uma reviravolta do mesmo jeito que fizeram “Os Cavaleiros do Zodiaco” em 1994, que era um shounen de batalha. Minha experiência foi quando parei no canal que o exibia e flagrei Gohan sendo perseguido por um animal selvagem e não sabia no que via, então, acompanhei e aí, “Dragon Ball Z” entrou na minha vida. Com um roteiro mais focado na ação e mantendo um ritmo frenético em sua execução, uma dublagem ótima e grandes batalhas, ele se tornou uma lenda viva no mundo da animação japonesa e até mundial.
Tenho um grande carinho por esta fase,que é pra mim um dos quatro melhores shounens de batalha em animes que já vi - com certeza, é uma obrigatoriedade conhecer e ter noção de sua importância. A resenha deve dar um pouco disto e quem sabe, poderá fazer entender que apesar de ter mais de vinte anos, ainda é mais impactante que muitos animes atuais do mesmo estilo. Mais nostálgico, impossível...

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Ano: 1989
Diretor: Daisuke Nishio (epis. 1 ao 199) / Shigeyasu Yamauchi (epis. 200 ao 291)
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 291
Gênero: Ação / Aventura / Comédia
De onde saiu: Mangá, 42 volumes, finalizado


Quando se trata de continuações, umas entram fácil como superiores que suas primeiras fases ou temporadas; para outras, a sensação é de inferioridade e mais algumas ficam no mesmo patamar, sem mudanças. O que se espera destas continuações é que mantenham sua essência, acrescentando novos fatos e uma evolução em seu núcleo de personagens - só assim pra dizer se valeu ou não esta ou aquela sequência.

E, se o caso foi apresentar a fase seguinte? Questão que houve com a continuação de “Dragon Ball”, a famosa e frenética “Dragon Ball Z”, que por onde passou, seu sucesso conquistava a todos que acompanharam seus episódios, angariando um carinho especial do público. Pode soar estranho que a continuação seja mais vista que a fase anterior, mas, houve fatores que contribuíram e são estes que serão analisados com cuidado. Caso não esteja entendendo, clique aqui para ver a resenha da série anterior e tire suas próprias conclusões.

Pra início, “Dragon Ball Z” é como chama a segunda série da “Saga Dragon Ball”, pois no original não existe esta denominação (no mangá é apenas “Dragon Ball”) seguindo a partir do volume 17 e indo até o 42, o último volume do mangá. Seu sucesso se deve ao fato de ter sido exibido antes de sua primeira fase, mostrando um shounen de batalha em sua execução, com direito a estética típica de animes dos anos 80/90 que não poupavam em cenas fortes e de impacto. Outro ponto é apresentar seu principal personagem em níveis de poder jamais vistos, do mesmo modo que fazem seus oponentes. Se você pergunta como os atuais personagens de shounens chegam com poderes sobre-humanos e até sobrenaturais, na maioria, leve em consideração que foi por causa de “Dragon Ball” que deu no que deu.

A mudança do clima aventura/comédia apresentado anteriormente para uma ação desenfreada, batalhas épicas e altos poderes são as características mais recorrentes em “Dragon Ball Z”. Dividida em quatro temporadas ou sagas, todas se caracterizam por apresentar um inimigo de grande poder que ameaça a Terra e o Universo, preparando terreno para a grande luta e suas sequelas, o que resume a estética da trama.

Melhor falar da história em si e, tal como a primeira fase animada, também é simples de se entender: quatro anos se passam desde o fim mostrado em “Dragon Ball”, onde Goku já é casado e tem um filhinho, quando surge um cara de outro mundo que revela que nosso protagonista também é alienígena de uma linhagem de grandes guerreiros chamados Saiyajins, cujo real nome é Kakarotto. Este cara revela suas intenções e quer que Goku se alie a ele - o que não acontece, afinal, é um cara de bem e a Terra é o seu lar. Aí, vem a luta e antes de sucumbir, o cara avisa que tem mais saiyajins que irão vingar a sua morte e destruirão aquele planeta. Como o tempo é curto, nosso protagonista e companhia se preparam para o embate, começando uma série de perigos e lutas mortais para evitar o pior.


Bem resumido, não acham? É justamente por ser um tanto direto que “Dragon Ball Z” traz em seus 291 episódios: um inimigo de grande poder surge, treinamentos são realizados, chega o momento da luta e vai até o ápice, quando estes são derrotados. Cada fase ou temporada explora esta fórmula simples, claro que de maneira eficiente e é esta simplicidade que o torna tão atrativo. Se em “Dragon Ball” vemos o começo de Goku e sua evolução como gente e lutador, na fase seguinte, acompanhamos o lado lutador dele ficar mais forte e são reveladas facetas jamais alcançadas quando mais novo.

Sobre o elenco de personagens apresentados, vale destacar os vilões de cada fase, caras que querem simplesmente a destruição de quem impede os seus planos. Estes podem até roubar a cena do protagonista e são responsáveis pelos embates mais intensos, que dura uma penca de episódios. Também entra os personagens que foram feitos para esta fase, cada um com o contexto do qual são apresentados, só que, mais apressados que na fase anterior - sendo uma característica até comum em shounens de batalha, alguns personagens ficaram a ver navios ou inutilizados em sua narrativa; basta comparar o elenco formado de “Dragon Ball” com sua continuação e esta prática acontece sem dó, sem piedade, como se estes não conseguissem progredir. 

Neste aspecto, o anime/mangá não difere muito da estética do estilo de história, porque cá entre nós, ninguém que acompanha uma trama gosta de quando certos personagens saem de cena ou ficam apenas de fundo - como se o autor não soubesse aproveitar o elenco que formou durante sua história e não é o único caso: basta checar que a maioria dos shounens, tirando exceções, segue esta triste realidade.

Quanto a fama, “Dragon Ball Z” cumpriu o prometido, sendo até mais famoso que “Dragon Ball” e das séries que vieram depois da saga - isso deve-se ao fator que, diferente da fase anterior, esta teve maior repercussão do público, principalmente do ocidental, que conheceu a saga a partir desta animação. Por isso que este seja um caso bem incomum, pois o normal é começar pela fase introdutória e não por sua continuação.

Vamos focar no desempenho deste no Brasil, para entender o que houve em sua trajetória: após a tentativa frustrada da primeira série nos anos 90, a segunda animação teve mais sorte em sua exibição - o anime servia de tapa-buraco nas tardes da Bandeirantes e de repente, do mesmo jeito que sucedeu a “Pokémon” (nas manhãs)  e “Cavaleiros do Zodiaco” (final de tarde para a noite) em seus canais televisivos, “Dragon Ball Z” foi um sucesso e tanto. Só pra ter uma noção disso, foi criado um programa pra exibir animes e equivalentes no canal, o “Band Kids”, e foi ao lado de “Pokémon” que se tornou um dos animes que trouxeram uma nova leva da animação japonesa ao público brasileiro nos anos 2000 tanto aos canais abertos, quanto aos de assinatura, uns mais, outros menos. As três primeiras temporadas foram exibidas na Bandeirantes, enquanto que a quarta foi parar na Rede Globo, com alguns cortes ou se preferirem, com alguma censura, fora a exibição no Cartoon Network - que trouxe a série por inteiro - e alguns canais avulsos.

Peraí, como assim? Quer dizer que na exibição em canais abertos, “Dragon Ball Z” não foi exibido por completo, e tem uma razão por trás: entre o final da terceira temporada para a quarta, houve em torno de cinco episódios que nem um e nem outro canal aberto exibiram. Parece que durante a troca de canais estes episódios foram esquecidos e, portanto, quem achava que viu o anime inteiro, pode ficar decepcionado com isto.

Outro ponto que contribuiu foi a sua dublagem: feita nos estúdios da Alámo, em São Paulo, o anime ganhou e muito em termos de atuação do seu elenco de vozes e com isto, foi possível a dublagem das demais séries da saga no nosso país. Se não fosse por “Dragon Ball Z”, não teríamos a versão em português das outras obras para ouvirmos e convenhamos que assistir ao anime em sua língua original... não é a mesma coisa. Conhecimento comum que a voz oficial do Goku é feita por uma mulher, então, ainda bem que aqui foi feita por um dublador. E por falar disto, com todas as letras, a contribuição de Wendel Bezerra ajudou e muito: nosso Goku brasileiro foi o papel que colocou o dublador em voga ao público, assim, personagens como o Bob Esponja e o Metabee de “Medabots” não seriam as mesmas sem a sua voz. E não foi o único: Fátima Noya (Gohan/Goten crianças); Alfredo Rollo (Vegeta); Luiz Antônio Lobue (Piccolo); Vagner Fagundes (Gohan adolescente/Yajirobe); Wellington Lima (Majin Boo) e Melissa Garcia (Videl), dentre outros, emprestaram suas vozes para esta série, uns ficando mais conhecidos a partir dali em outras produções.

Sem esquecer os temas de abertura que o anime trouxe, sendo que o primeiro é um “clássico” mais que declarado.

Efeito que também é visto em “Cavaleiros do Zodiaco” e “Yu Yu Hakusho”, onde muitos preferem as vozes em versão brasileira e contribuíram em mostrar os dubladores a nós, espectadores. Em palavras mais sensatas: a interpretação deste pessoal nos revelou que como os atores de novelas e de filmes, estes emprestam suas vozes para atuar em tantos papéis quanto - e com uma interpretação que marca a quem os ouve, é claro! Temos e muito a agradecer por este pessoal por dar vida aos nossos personagens favoritos.


Com um tom nostálgico, direto e que fez muitos assistirem mesmo sendo clichê em vários momentos, não podemos negar o legado que “Dragon Ball Z” trouxe - sem ele, acho que ninguém saberia o quanto um shounen de batalha antigo pode nos divertir e torcer como se os personagens fossem velhos conhecidos. Se tiver algo que as animações japonesas podem revelar é a forma que nos faz querer saber como será o próximo episódio. E desta, encerra o ciclo que inicia com “Dragon Ball” em termos de história, pois o que veio depois, melhor não comentar... Enfim, não vamos estragar este momento de lembranças gostosas que muitos, alguns mais, outros menos, devem ter sobre esta série.


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