Saudações para
todos: estou de volta para mais uma resenha saindo do forno, numa das mais
famosas histórias de um grande dramaturgo em anime. Quem não possui alguma noção
de “Romeu e Julieta”, peça que já teve tantas adaptações de diferentes estilos
e épocas - há inclusive uma versão brasileira calcada no humor para se terem
ideia. Como leitora de livros, nunca fui com a cara da obra original, uma birra
pessoal; claro que, quando fui apresentada a este anime, diria que as coisas
mudaram um pouco. Ainda acho o original meio sem graça, não o anime abaixo.
Um dos fatores que
amo em animes é a maneira que criam e adaptam histórias para todos os gostos,
acertando em uns e errando em outros, nada diferente do que um
filme/seriado/animação/novela/quadrinhos já não façam. Se nos últimos anos as
adaptações de obras famosas têm ganhado cada vez mais espaço, no histórico das
animações japonesas, sempre estiveram presente. O ápice destes animes foram nas
décadas de 70 e 80, se rareando nos anos seguintes.
Ao menos, foi melhor
que seu original, acrescentando novos elementos e tem um dos temas de abertura
mais lindos que já ouvi. Sua versão em inglês é bem conhecida, agora, a
japonesa, como é maravilhosa. Consigo cantar esta música até bem, se querem
saber.
Ano: 2007
Diretor: Fumitoshi Oikazi
Estúdio: Gonzo
Episódios: 24
Gênero: Aventura
/ Drama / Romance
De
onde saiu: “Romeu e Julieta”, peça teatral
Histórias de amor são comuns e incomuns, depende do
ponto de vista de quem escreve ou dirige. A maioria gosta
quando o casal principal supera todas e acaba se casando e vivendo suas vidas
sem empecilhos, e detesta quando este casal termina a desventura de maneira
trágica ou triste: aí, as lágrimas são garantidas e ficamos pensando “qual a
razão disto ter ocorrido?”.
Essa
história é uma das mais famosas e quem a escreveu foi o dramaturgo William Shakespeare, famoso por suas peças de teatro: escrevia peças cômicas ou
trágicas e era capaz de usar as palavras para expressar o melhor de seus
textos. “Romeu e Julieta” conta sobre um amor proibido, pois as famílias dos
dois jovens eram rivais de longa data e não queriam eles juntos. E ela termina
de forma trágica; com certeza nem precisa ter lido a obra original pra saber
disto, afinal, esta obra foi adaptada várias vezes em diferentes versões, umas
mais fiéis e outras nem tanto.
Já
a versão anime desta história segue o enredo e nos leva para um mundo medieval
fantasioso, existente em algumas animações japonesas. “Romeo X Juliet” possui a
essência da trama original e consegue ir mais além em alguns termos, como
veremos a seguir.
A trama se passa em Neo Verona, uma ilha flutuante, onde duas
famílias reinam: os Capulets (Capuletos) e os Montagnes (Montéquios), que
por anos coexistiram sem rixas. Claro que esta harmonia não ia durar e o atual
líder dos Montagne decide tomar o poder pra si mesmo, matando todos os Capulets
para ter o poder de Neo Verona. Seria o plano perfeito; no entanto, um dos
Capulets consegue fugir dessa chacina e essa pessoa é Juliet, que viu seus pais
serem mortos. E ela seria a próxima vítima se não fosse salva por um dos subordinados
da família, que a tira de lá e deixam o palácio.
Quatorze
anos depois, Neo Verona é governada pelo Duque de Montagne – o cara que
massacrou os Capulets sem piedade – onde os ricos possuem o bom e melhor,
enquanto os pobres têm de passar com o pouco que dá pra viver. Esta diferença
de classes sociais revela os dois lados: entre os ricos, manter as riquezas e
os status; aos pobres, ter o de comer e ter ânimo com a vida. Também podemos
observar as consequências da opressão contra os menos favorecidos: desde
prisões e trabalhos forçados até a morte dos que não aguentam tanto sofrimento
e dor. Além de tudo, é óbvio reparar nas opiniões de cada pessoa que ora
aceitam as ordens do duque, ora se arriscam para a existência de um futuro sem
restrições ou desigualdades sociais.
Ainda
por cima, o duque não desistiu de procurar a última dos Capulets e isto
ocasiona numa perseguição sem precedentes, onde jovens inocentes acabam sendo
pegas e nestas investidas, conhecemos um jovem herói medieval. Ele é o Vendaval
Vermelho, que luta contra estas injustiças, bastante conhecido entre os pobres
e numa destas, acaba encurralado e seria o fim de sua carreira se não fosse
salvo por um jovem rapaz montado em um pégasos. Sem querer, o nosso herói sente
algo a mais do rapaz, porém, deixa de lado, pois era um nobre e o que teria a
dizer a respeito de um cara destes?
Aí
que descobrimos sobre o Vendaval Vermelho: na
verdade é a própria Juliet, que se disfarça de menino, é chamada de Odin e mora
em um teatro que pertence a um dramaturgo bastante parecido com Shakespeare.
Durante anos, ela esteve escondida e nesse mesmo dia ocorre um baile no castelo
dos Montagne, onde acaba indo como ela mesma e se depara com o nobre que a
salvara. E sem querer, num primeiro olhar os dois se apaixonam...
Amor
à primeira vista: que romântico! Claro que depois descobrem que suas famílias
são inimigas, e agora? Será que o amor de Romeo e Juliet pode livrá-los desta
ameaça para aproveitarem os momentos de paixão?
Vamos
ao ponto mais relevante: livro x adaptação, parecidos ou há diferenças?
Primeiro, em termos da história em si, são idênticas, pois temos uma história
de amor trágico; segundo, os personagens que existem no livro aparecem no anime
e alguns ganham mais personalidade e participação; terceiro, no anime revela a
razão das duas principais famílias de Neo Verona serem inimigas, enquanto que,
no livro, em nenhum momento explicam esta rivalidade. A maior diferença está
nos dois personagens que dão nome a série, pois ambos são bem diferentes da
versão literária, exceto pelo amor que um tem pelo outro.
Romeo
é um jovem rapaz criado pelo pai, atual Duque de Montagne: não aceita a forma
com que ele governa Neo Verona e, por ter vivido na nobreza, pouco conhece
sobre a situação do lugar. É um rapaz bondoso, que está preocupado por nenhum
dos nobres ajudarem a mudar a situação, devido ao poder de seu pai. Seu sonho é
governar Neo Verona com dignidade e justiça, e aprende com Juliet e com a vida
o que é preciso fazer. Tem como melhor amigo Benvolio, filho do prefeito de Neo
Verona, e Cielo, um pégasos que ganhou da mãe, que o acompanha em seus
passeios. Ao descobrir a verdade sobre Juliet, passa a ser um importante aliado
contra a soberania do próprio pai.
Juliet
é uma moça que teve de se esconder para não ser morta, após ter perdido sua
família: ao ver as injustiças ocasionadas pelo duque, passa a atuar como
Vendaval Vermelho. E foi neste disfarce que conheceu Romeo e o amor, sendo
dividida entre o dever de vingar-se dos Montagne – pelo o que fizeram com sua
família - e o amor por ele. Quando descobre que Romeo é filho dos Montagne,
decide no começo afastar-se dele, mas o sentimento de paixão acaba falando mais
forte. Sua personalidade nos revela alguém que quer ajudar os mais fracos e
faria qualquer sacrifício pela felicidade de todos e de si mesma. Tem como
melhores amigos a Cordelia, que conhece desde pequena, e Antonio, um garoto que
ajuda Juliet nas suas ações como Vendaval Vermelho.
A
animação feita pela Gonzo possui um traço demasiado simples e ao mesmo tempo
humano; a ambientação lembra de séries de estilo fantasia medieval, com um
toque mais moderno, sem descaracterizar a época imposta. Não foi a primeira adaptação de livro do estúdio, pois
anos antes produziram “Gankutsuou - O Conde de Monte Cristo” baseado no livro
de Alexandre Dumas, pai; só que no caso de “Romeo X Juliet”, seguiram mais
a história original que a outra série.
Na
trilha sonora, temos como tema de abertura “Inori~You Raise me Up” cantada pela
Lena Park, possuindo duas versões: a japonesa que é usada na abertura e a em
inglês cantada em alguns episódios. A música expressa o romantismo e o amor de
uma paixão; a versão japonesa é sem dúvidas a melhor, e seu ritmo um dos mais
lindos em questão de aberturas de animes. Os dois temas de encerramento são
“Cyclone” pela banda 12012, de toque bem rock e acelerado, que revela a
rivalidade das duas famílias, e “Sayonara Yesterday” cantada pela Mizrock, com
ritmo mais suave e calmo.
Para
quem curte adaptações literárias e românticas, a série é uma opção
interessante; aos que preferem uma animação de fantasia medieval, pode até
dever em alguns aspectos, por não apresentar muita ação; no entanto, é bom pra
assistir uma série mais dramática. Qual seja sua preferência, “Romeo X Juliet”
mostra um pouco da força das animações japonesas de adaptar clássicos
universais e dar seu toque pessoal.
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