3 de fevereiro de 2014

Resenha: Anne of Green Gables


Anne of Green Gables

Ano: 1979
Títulos alternativos: Akage no Anne / Ana dos Cabelos Ruivos
Diretor: Isao Takahata
Estúdio: Nippon Animation
Episódios: 50
Duração: 25 min
Gênero: Drama / Slice of Life


(Essa resenha foi publicada originalmente no site Animehaus em 24 de janeiro de 2012)


Lucy Maud Montgomery foi uma escritora canadense nascida em 1874. Ela escreveu uma série de livros sobre a vida de uma personagem chamada Anne Shirley. Sua obra foi adaptada para filmes, animações e até mesmo manga. O primeiro livro lançado em 1908, intitulado Anne of Green Gables, narra a adolescência de Anne, mas precisamente entre seus 11 e 16 anos de idade. Além de Anne of Green Gables, existem mais oito livros sobre a vida de Anne, onde cada um narra uma fase da sua vida.


O best-seller canadense foi animado pelo estúdio Nipon Animation e dirigido pelo mestre Isao Takahata. Anne of Green Gables foi ao ar em 1979 pelo famoso World Masterpiece Theater. Para quem nunca ouviu falar no World Masterpiece Theater, segue uma breve explicação sobre ele. World Masterpiece Theater é um programa da TV japonesa que transforma livros clássicos da literatura mundial em versões animadas. O programa começou em 1969 e até hoje ainda existe, porém ouve um hiato de alguns anos. Alguns belos clássicos animados pelo projeto foram: A Dog of Flanders, 3000 Leagues in Search for Mother (conhecido no Brasil como Marco), The Adventure of Tom Sawyer, Heidi - Girl of the Alps, Les Misérables, Adventures of Peter Pan, Princess Sarah, entre muitos outros.

 A trama gira em torno de Anne, uma jovem órfã que vivia em um orfanato até que certo dia ela teve a grande noticia, Anne seria adotada. Ela pegou o trem e seguiu para uma pequena cidade no campo, quando chegou à estação percebeu que ninguém estava a sua espera, então Anna sentou-se e aguardou pacientemente pela sua nova família. Matthew Cuthbert é um senhor calmo e calado, cresceu e construiu toda sua vida trabalhando no campo, porém o peso do tempo fez com que sua produtividade caísse. Matthew já estava cansado demais para trabalhar sozinho, e sua irmã Marilla Cuthbert que não gosta muito de crianças, resolver adotar um menino para ajudar no trabalho do campo. Matthew foi com sua charrete até a estação buscar o jovem adotado, porém ao chegar lá, e, diga-se de passagem, bem atrasado, ele foi surpreendido pela jovem Anne. O que ele não sabia é que esse mal entendido mudaria sua vida pra sempre.
  
Anne é totalmente o oposto do senhor Matthew. Ela fala como uma metralhadora é muito curiosa e prestativa, e sua disposição para a vida despertou um lado de Matthew que parecia adormecido há muito tempo, os pequenos prazeres da vida. No percurso da estação de trem até a casa do casal, Anne encantou seu possível pai adotivo, com seu jeito simples e natural de ser, fazendo com que ele percebesse a beleza das pequenas coisas no caminho que ele percorreu muitas e muitas vezes e nunca havia visto sua cidade ser descrita com tanta paixão e alegria.


Akage no Anne possui ótimos conflitos, e eles são realistas ao ponto de despertar um turbilhão de emoções no publico. Os personagens mostram a verdadeira essência do ser humano, pois nenhum é mal ou bom, são apenas seres humanos com suas dificuldades seus defeitos, com suas habilidades e virtudes. As emoções são o ponto forte do anime, uma vez que existem poucas cenas de ação, fazendo com que o foco fique realmente nos diálogos e no drama vivenciado por Anne, alias, ai está outro trunfo da série, a protagonista tem um carisma cativante. Quando Anne chora, choramos com ela, quando ela ri, rimos com ela. Essa menina é tão intensa na sua forma de ver a vida, que é quase impossível não torcer por ela. Isao Takahata se saiu muito bem no desafio de adaptar o livro para animação. Coisa que não é uma tarefa fácil, pois a falta de ação e a grande quantidade de diálogos e emoções presentes na obra ficariam facilmente maçantes de serem vistas em uma animação, uma vez que é complicado prender a atenção em animações cadenciadas com ritmo lento, ainda mais no caso de Akage no Anne, onde essas cenas são de suma importância para o enredo.


Arrisco-me a dizer que Anne não teria tido o êxito que teve se não fosse por um gênio chamado Yoshifumi Kondo. Dono de uma sensibilidade invejável e muito detalhista, ele foi o responsável pelo designer dos personagens e também pela direção da animação. Infelizmente com sua morte precoce a animação perdeu um de seus gênios, porém seu trabalho em Whisper of the Heart com todas as sutilezas e uma maneira única de se retratar o ser humano, ficara gravado para a eternidade.

Em comparação com o nível dos animes contemporâneos, Anne deixa a desejar em certos aspectos, principalmente técnicos. O ritmo lento do anime não atrapalha a maior parte do tempo, pois as riquezas de detalhes nas conversas conseguem prender a atenção, porém é difícil manter a qualidade sempre no alto, e um problema de Akage no Anne é que qualquer deslize, por menos que seja, acaba fazendo com que uma cena de 5 minutos pareça um dia inteiro. No entanto são poucas essas cenas. A trilha sonora é bela, mas com o passar dos episódios começa a incomodar, principalmente as musicas muito melosas. O traço, tanto dos personagens quanto dos cenários são simples e eficientes, possuem um charme único. A animação é mediana, mas para a época está acima da média. As expressões dos personagens são assombrosas de tão realistas, cada personagem tem características próprias.

Akage no Anne não é um anime para todos os públicos, precisa-se de certo amadurecimento e uma visão do mundo de forma mais simplista para se apreciar a obra melhor. Se você gostou de Only Yesterday certamente gostara de Akage no Anne, pois existe uma semelhança no estilo da história. Obs: Recentemente foi lançado o Blu-Ray de Anne of Green Gables: : Road to Green Gables.



Nota: 68%
Posição no MAL:  1485
http://myanimelist.net/anime/283/Akage_no_Anne

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