Após mais de dois anos eu retorno com uma nova postagem da seção "3 em 1", que inicialmente foi criada para reunir animações de curta duração que eu gostaria de recomendar aos outros, porém não renderiam textos de tamanho razoável para um post isolado - bem, essa era a intenção, mas digamos que para um dos selecionados aqui eu me "empolguei demais" na hora de escrever, tendo sido possível posta-lo sozinho se assim quisesse...
De qualquer forma, as indicações já estavam definidas há semanas e não queria caçar outra às pressas, então ficou assim mesmo. Nessa edição teremos um slice-of-life de garotinhas protagonizado por uma jovem de olhar estranho que não fala muito, uma antologia de romance que enfatiza certo lugar do Japão e um senhor apenas querendo fazer seu trabalho sossegado, que é o de matar pessoas (como é?).
No título de cada animação (as que forem japonesas) há um link que o leva às suas respectivas páginas no MyAnimeList, e clique aqui caso queira ver os demais posts dessa seção.
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De onde saiu: Animação original.
Composto por 6 episódios de em média 7 minutos cada e trazendo na sua equipe nomes conhecidos como Junji Nishimura na direção ("True Tears", "Bakuon!!") e a "rainha do drama" Mari Okada ("Kiznaiver", "Toradora!", "Nagi no Asukara") na criação de roteiros, "Koitabi: True Tours Nanto" retrata o romance de três casais em Nanto, cidade formada em 2004 (com a fusão de outras regiões) que se localiza na província de Toyama e que possui pouco mais de 50 mil habitantes. Para cada qual é dado um par de episódios, a fim de que possamos testemunhar o nascimento, amadurecimento ou término de seus respectivos relacionamentos.
Nos dois primeiros conhecemos Youji e Chiaki, um jovem casal adulto que decide se separar após 5 anos porque o rapaz está prestes a se mudar de cidade devido a uma transferência no trabalho, contudo sua namorada não deseja manter uma relação a distância. Como forma de despedida, os dois visitam alguns pontos turísticos em Nanto já que foi ali que tiveram seu primeiro encontro, e em cada episódio veremos esta situação por pontos de vista diferentes, evidenciando que ainda há tempo para que ocorra, quem sabe, alguma reconciliação caso um ou outro lado, ou então ambos, repense nas limitações do parceiro e seja mais sincero na hora de expressar o que realmente sente.
Já nos episódios 3 e 4 somos apresentados a Haruki e Aoi, dois adolescentes que são amigos de infância - composição essa "indispensável" em qualquer antologia de romance, né. Enquanto Haruki segue sem muita disposição e confiança os passos do pai na criação de esculturas em madeira, ele chega a receber em certo dia uma confissão de amor vinda de uma colega de classe que, antes de tomar coragem, confirmou com Aoi se ela não gostava do garoto de outra forma, ao que esta respondeu que de jeito nenhum, pois o enxergava mais como se fosse um irmão (...) - porém, sua reação agitada ao descobrir o ocorrido nos revela que não é bem assim. Do outro lado Haruki, como um bom homem, não entende o comportamento histérico da amiga, mas um momento a sós com ela ao se protegerem de uma chuva repentina, além da frase "Às vezes algo está tão perto de nós que nem notamos, hein?" dita casualmente por Aoi sobre uma pequena e detalhada decoração de madeira no templo em que se encontravam, faz com que o garoto enfim desperte em si um sentimento acima de amizade por ela (okay, também ajudou nisso flagrar um lado seu mais atraente devido aos cabelos molhados e a roupa grudada no corpo graças à chuva, mas não vamos ser tão indiscretos assim com o coitado...). Resta agora ver quem dará o passo seguinte e quais serão as consequências disso.Por fim, os dois últimos episódios trazem Takumi e Natsuko, sendo que o primeiro trabalha na manutenção das gôndolas de uma estação de esqui e, a segunda, é uma piloto amadora que está nesse local fazendo testes com seu carro - precisamente, ela pratica "Gymkhana", um tipo de competição automobilística onde você corre sozinho numa pista e deve enfrentar obstáculos naturais e artificiais com o intuito de completar uma volta no menor tempo possível. Fazendo isso como hobby, já que ela também trabalha numa floricultura localizada na região de Inokuchi (uma das vilas que se fundiram para criar Nanto) que é especializada numa flor conhecida no Japão pelo nome de tsubaki, Natsuko é quem toma a iniciativa ao fingir ter problemas em usar uma daquelas máquinas que vende bebidas para poder se aproximar do rapaz, não tardando para que acompanhemos o surgimento de mais um romance em potencial.
Considerando que cada casal possui ao todo cerca de 10 minutos em destaque (isso porque a música de encerramento é de tamanho normal), devo dizer que "Koitabi: True Tours Nanto" até que monta de forma decente esses pequenos conflitos amorosos, ainda que no caso do primeiro e terceiro par eu tenha sentido falta, respectivamente, de uma conclusão e introdução mais esmerados. Descrevendo um pouco melhor os três pares pela minha ordem de preferência - contudo evitarei grandes spoils -, podem me jogar pedras, porém os amigos de infância Haruki e Aoi foram os que mais me agradaram apesar de terem o argumento menos original; o motivo para isso, simplesmente, foi que eu gostei do tom leve, inocente e às vezes engraçadinho nas interações entre dois adolescentes tão íntimos que de uma hora para outra "descobrem" o amor, valendo ressaltar que o segundo episódio deste arco foi onde eles me conquistaram de vez por conta da maneira um tanto inesperada que terminaram tal drama de amigos se apaixonando entre si - eu muito gostaria de usar outros adjetivos e alongar o parágrafo para expressar com maior exatidão o que senti e o que acontece, mas aí estarei prejudicando a graça em ver o anime...
Já com os outros dois casais passei por sensações mistas. Em relação a Youji e Chiaki, é sempre bom quando um anime foca num romance adulto - mesmo que estes ainda sejam bem jovens e imaturos - e foge do habitual cenário escolar e dilemas juvenis, e no caso deste tal mudança me agradou quase que integralmente, para ser preciso até os "45 minutos do segundo tempo", digamos assim. Sem enrolação - porque nem poderiam se quisessem, né... -, rapidamente notamos que trata-se de um casal que nunca enfrentou grandes tempestades em seu relacionamento, e por isso um deles ser obrigado a mudar de cidade por culpa do trabalho acaba virando algo mais trágico do que deveria. Mostrou-se uma ótima ideia ter cada episódio narrando a história por um ponto de vista diferente, pois desse modo os receios, falhas na personalidade e como um enxergava e ainda enxerga o outro nos são apresentados de modo mais natural e direto, não havendo exagero de diálogos expositivos forçados para nos explicar a situação. Eu confesso que me simpatizei e, principalmente, me identifiquei pelo que eles passam, e só falei acima que não gostei de sua totalidade pois, questão antes de gosto pessoal mesmo do que uma falha grande na história que a desmereça, não curti presenciar no clímax um truque comum em animes, que é o de mostrar os personagens falando algo importante entre si sem haver dublagem, apenas o movimento dos lábios - acho um artifício geralmente tolo, desnecessário, preguiçoso, mesmo que aqui os eventos anteriores possam nos dar clara ideia do que foi discutido (mas, puxa, usar isso justo na parte de resolução do conflito...).
Sendo breve com o terceiro casal, se desse que falei agora achei natural seu desenvolvimento (tendo em vista a mídia e tempo disponível) e fiz cara feia pro seu final, neste aqui o problema me ocorreu desde o início: A falta de um bom "background" para caracterizar melhor Takumi e Natsuko dificulta tanto na criação de alguma empatia por eles, quanto para posteriormente nos importarmos muito com a preocupação por parte da garota sobre o relacionamento que estão levando, fazendo com que alguns diálogos e monólogos soem inócuos e vazios - cito como um dos agravantes o modo como os dois se conheceram e conversaram na primeira parte, a qual pareceu pra mim ter um quê artificial de evento retirado de uma visual novel qualquer, pra ficar num exemplo de mídia do nosso meio. Desse par só me chamou a atenção mesmo o desfecho de seu arco, que tem uma das cenas mais curiosas que poderão ver num anime de romance.
Após esse "wall of text" gasto com sinopses e opiniões pessoais, sobre "Koitabi: True Tours Nanto" falta dizer algo que talvez só lendo o que escrevi não deve ter ficado tão óbvio (e até de propósito pois não quis dispersar o assunto), mas na hora de assistir o anime será evidente desde os seus primeiros minutos, que é o quão esta animação enfatiza pontos turísticos e a cultura de Nanto, não sendo por menos que um de seus financiadores tenha sido a própria prefeitura da cidade. Youji e Chiaki visitam em seu último encontro um museu dedicado ao budismo cujo nome não pude descobrir (mas há fotos reais dele nos créditos, assim como de todos os outros lugares que os seis personagens frequentam), e mais tarde o Festival de Yotaka em Fukuno, que apresenta um desfile de belos templos coloridos feitos de papel onde, no final, os participantes "lutam" rasgando e destruindo o trabalho um do outro que levou meses para ficar pronto, serve como ponto crucial para encerrar o drama deles. Morador da região de Inami, o pai de Haruki realiza uma atividade muito tradicional nesse lugar, que é a criação de esculturas em madeira - e no segundo episódio ele e Aoi participam de uma excursão para visitar as vilas de Taira e Kamitaira, conhecendo assim e se maravilhando com uma dança popular chamada "kokiriko buchi" (vídeo do Youtube no link). Encerrando, Takumi trabalha na estação de esqui IOX-AROSA que fica em Fukumitsu (seria exaustivo explicar em detalhes as divisões administrativas do Japão, mas a grosso modo considere como uma espécie de distritos de Nanto essas regiões que foram fundidas em 2004), e lá ocorre mesmo encontros de "Gymkhana", isso em períodos de baixa temporada. A tal flor com a qual Natsuko trabalha na floricultura, tsubaki, é outro chamariz de Nanto e também acaba tendo uma participação relevante nessa última história.
Ufa! Há mais detalhes que poderiam ser citados sobre toda essa "propaganda", tais como a fidelidade na retratação de casas de arquitetura típica, ruas, lojas e etc, mas já está bom - o estúdio que produziu o anime, P.A. Works, é conhecido por frequentemente se basear em lugares reais para criar ótimos cenários, além de fazer acordos com prefeituras para realizar esse tipo de divulgação em suas obras, causando nas empreitadas mais bem sucedidas um momentâneo aumento no fluxo do turismo local. Em sua maior parte esse "guia turístico animado" não ofusca, mas sim se mescla bem à narrativa dos pequenos dramas amorosos, adquirindo contexto neles, porém às vezes chega a soar um tanto falso como em certas cenas esse ou aquele personagem demonstra em palavras um exagerado entusiasmo por alguma dessas atrações...
Falei demais. Próximo anime.
O que eu mais gostei:
O inocente casal formado por amigos de infância, e também a questão desse anime ter feito eu pesquisar e conhecer um pouco mais sobre a cultura e geografia japonesa.
O que eu menos gostei:
O terceiro casal me foi muito apático, ainda que a cena final deles tenha sido um dos momentos mais interessantes da série.
Nota: 7
Nota: 7
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Ano: 2011
De onde saiu: Mangá, 9 volumes, em andamento.
Baseado em um mangá de tirinhas 4-koma que é publicado irregularmente desde 2007 numa revista seinen, "Morita-san wa Mukuchi." traz como protagonista Mayu Morita, uma garota de 16 anos extremamente quieta cuja principal característica física são seus olhos inexpressivos, muito parecidos aos de um peixe morto - ou precisamente aos de uma lula congelada, segundo a comparação certeira e sem maldade, mas inconveniente de uma colega. Muito bem dublada pela diva Hanazawa Kana, a razão de Mayu falar pouco é que ela tem o costume de refletir demais no que vai dizer mesmo quando alguém só lhe pergunta qual dos rapazes numa revista de moda é o mais bonito, por exemplo, hábito esse que, aliado aos conselhos de socialização dados por sua elegante mãe que são seguidos ao pé da letra (tais como ser educado manter contato visual com a pessoa que está falando contigo, algo que não dá muito certo tendo esse olhar um tanto "intimidador"), frequentemente gera certos problemas de comunicação e mal entendidos. Sua cabecinha pode estar com mil e um pensamentos se acotovelando, porém a fala não consegue seguir o mesmo ritmo.
Composto por 13 episódios de 3 minutos cada produzidos pelo estúdio Seven - e havendo uma continuação com mais 13 -, "Morita-san wa Muckuchi." é um ingênuo e típico slice-of-life de garotinhas, onde ao lado da Mayu temos as suas amigas Miki, uma tagarela que sofre constantes desilusões amorosas e é capaz de compreender, apesar das duas serem extremos opostos, as vontades e pensamentos da protagonista mesmo sem esta dizer uma palavra uma vez que a conhece desde criança; Hana, uma loirinha tímida que sofre um pouco para conversar com Mayu por se incomodar com seu olhar "sem alma", e que além disso possui o costume de proferir algumas frases um tanto pessimistas e realistas demais para esse perfeito mundinho 2D feminino (como durante uma rotineira conversa sobre homens ideais ela dizer que alguém não morando com os pais já seria um ótimo partido...); e por fim Chihiro, uma garota um tanto interesseira e brincalhona. Também posso citar brevemente alguns coadjuvantes de destaque, em específico dois rapazes que só aparecem para exibir seus delírios em torno das interações (não tão assim) sugestivas entre jovens adolescentes do sexo oposto, e a somente conhecida como "garota de óculos", uma personagem da qual apenas temos conhecimento sobre sua peculiar rotina em admirar Mayu a distância, ficando sempre escondida pelos cantos para observa-la.
É uma stalker moe, pronto.
Nisso, tendo já explicado num só parágrafo o seu elenco, resta dizer neste outro que "Morita-san" segue eventos padrões para um anime desse gênero, não fugindo de cenários como festival de rua, dia da piscina - sem os rapazes, é claro -, passeio em grupo a alguma lanchonete depois da escola (rever esta animação me fez voltar a ter vontade de comer crepe; sério, nunca experimentei!), conversas preguiçosas na sala de aula sobre estudos, comida ou garotos e por aí vai, não esquecendo no meio disso uma ou outra leve cena yuri vibe como seria de se esperar e os mal entendidos ocorridos, principalmente, por conta dos trejeitos e olhares da fofa Mayu. É uma comédia inocente de cotidiano, de baixa apelação, que me atraiu graças ao bom convívio entre seus personagens e, em segundo plano, pela questão de ter episódios curtinhos, os quais auxiliam no dinamismo do humor de suas pequenas histórias.
Citei um romance água com açúcar e agora um clássico "cute girls doing cute things", mas no próximo título recomendado o assunto será muito mais pesado e denso (ou nem tanto, na verdade).
O que eu mais gostei:
As interações bem humoradas e bonitinhas entre as garotas.
O que eu menos gostei:
Os traços da animação poderiam ser mais caprichados.
Nota: 6,5 para a 1ª temporada, e 7 para a 2ª
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Zing
Ano: 2011
De onde saiu: Animação original.
Para essa seção com postagens tão irregulares eu pretendo de agora em diante sempre indicar uma animação que não tenha sido produzida no Japão - e nisso darei preferência a curtas, que é o que mais vejo hoje fora os animes (aliás, este não é o primeiro post com uma obra desse tipo, pois nesta edição do "3 em 1" eu recomendei um adorável curta taiwanês).
Produzido por um estúdio alemão em 2011 e já exibido aqui no Brasil durante a edição do Anima Mundi no ano seguinte, a obra em CG "Zing" se inspira na lenda das Moiras - as três irmãs da mitologia grega que controlavam a vida de deuses e humanos por meio de fios - e apresenta logo de início um velho ceifador realizando praticamente o mesmo trabalho numa mansão isolada. Usando para isso uma máquina que vai selecionando e mostrando a foto daqueles cujas vidas chegarão ao fim em instantes, a este senhor basta apenas cortar a ponta de seus respectivos fios para fazê-los passarem ao outro mundo, sejam estes um velhinho internado num hospital ou um gatinho que é pego por um cachorro na rua. Nisso, enquanto recebe a foto e se prepara para dispensar sua próxima vítima que seria uma garotinha, eis que a campainha toca e, olha só, lá está a bendita criança na sua frente.
E como coincidências nunca são o bastante, ela está à procura de seu gatinho de estimação, que acabou de ser morto pelo ceifador (ou o ceifador "autorizou" que um cachorro o matasse, enfim).
De resto, imagine uma criança se interessando pela terrível gerigonça da morte e causando dor de cabeça a quem não devia, já que invade a casa dos outros sem cerimônia e começa a mexer em tudo.
O que eu mais gostei:
O seu bom humor mórbido em relação a um tema delicado como a morte.
O que eu menos gostei:
Poderia ter se estendido por mais alguns minutinhos para incrementar o clímax da história e, por consequência, o seu final.
Nota: 7
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