"A vida no fim das contas não é tudo de bom, mas se a
pessoa escolhe viver, é preciso ter esperança." Adaptado de uma entrevista
que Isao Takahata deu para o site GhibliWorld.com.
Isao Takahata nasceu em 1935 em Ise, no Japão, e como outros
grandes nomes da animação, conviveu nos tempos difíceis da segunda guerra
mundial. Formou-se em literatura Francesa na universidade de Tokyo em 1959. Seu
grande fascínio pela animação surgiu ao conhecer a animação francesa Le
Roi et l’oiseau (The King and the Mocking Bird). Ainda durante a
universidade procurou emprego na recém-criada Toei Doga (Toei Animation). Na
empresa ele conheceu grandes nomes da animação, dentre eles aquele que seria
seu grande amigo e com quem posteriormente montaria o Studio Ghibli, Hayao
Miyazaki. Na Toei, dirigiu o filme Horus: Prince of the Sun, a primeira
animação em que trabalhou com Miyazaki, porém o filme não fez sucesso e
Takahata acabou sendo rebaixado do cargo de Diretor.
Em 1971, junto com Hayao Miyazaki e Yoichi Kotabe, Takahata deixa
a Toei e se une ao estúdio Shin-Ei Animation, um estúdio fundado por Daikichiri
Kusube, antigo chefe de Takahata. Ainda em 1971 passa a dirigir alguns
episódios para tv de Lupin III e no mesmo ano é convidado a trabalhar
na Zuiyo Eizo. Novamente junto a Miyazaki e Kotabe partem para uma nova empresa
e nela produzem a animação Heidi, Girl of the Alps. Ainda nos anos 70 trabalha
em várias outras animações onde demonstra toda sua habilidade em contar histórias
se firmando em conceitos neo-realistas. Dentre as animações que dirigiu nos fim
dos anos 70 e começo dos anos 80 destacam-se também Kôya no Shônen Isamu, Future
Boy Conan (Mirai shônen Konan), Akage no Anne (Anne of Green Gables), Haha
o Tazunete Sanzenri e Jarinko Chie. Importante destacar
que durante um tempo dirigiu a animação Pequeno Nemo que era uma
co-produção EUA-Japão, mas com a saída da parte japonesa do projeto
decidiu abandonar a direção atrasando ainda mais a estreia desta animação.
Em 1984 se une novamente a Hayao Miyazaki e produz o filme
de animação que daria início as produções do Studio Ghibli, Nausicaä do
Vale dos Ventos (Kaze no Tani no Naushika). Seu primeiro filme para o
Studio Ghibli é lançado apenas em 1988 e trata-se de O túmulo dos
vaga-lumes (Hotaru no Haka), considerada até hoje uma das grandes animações que
retratam a vida durante a segunda guerra. Em 1991 lança o filme Omohide
Poro Poro (Only Yesterday), uma animação que retrata as férias no campo de uma
mulher independente que vive em Tokyo, mas que decide visitar sua família no
campo e nesta viagem acaba relembrando sua infância e adolescência. Esse é
outro filme que mostra que, mesmo com alguma fantasia, Takahata era sempre
focado em mostrar algo realista, seja a infância de uma criança ou luta pela
sobrevivência. Seu filme seguinte, Heisei Tanuki Gassen Ponpoko (A
guerra dos guaxinins) é considerada a obra mais fantástica de Takahata,
além de ser a única totalmente original. Ela mistura uma lenda do folclore
japonês com a mensagem das mudanças na natureza causadas pela humanidade devido
ao desenvolvimento, mostrando a luta pela sobrevivência dos guaxinins.
Em 1999 é lançado mais um filme dirigido por Takahata, o
primeiro filme totalmente focado em comédia lançado pelo estúdio Ghibli, Houhokekyo
Tonari no Yamada-kun (Meus vizinhos, Os Yamada), que conta os
acontecimentos cotidianos pelos quais a família Yamada, uma típica família
japonesa, tem que passar. Em 2003 junto a outros diretores lança o projeto Fuyu
no Hi, encabeçado por Kihachiro Kawamoto, que conta com várias animações
de diferentes diretores. Em 2010 Takahata lançou uma nova adaptação para cinema
de animação do clássico livro Akage no Anne (Anne of Green Gables), que como
citado anteriormente, já havia sido adaptado para uma série de animação
dirigida por Takahata no fim dos anos 70. O trabalho mais recente de Takahata
foi o filme O conto da Princesa Kaguya (Kaguya-hime Monogatari) lançado em 2013 e também
produzido pelo Studio Ghibli. O filme reconta uma clássica história do folclore
japonês, sobre a princesa Kaguya que foi encontrada dentro do caule de um bambu.
Essa animação recebeu indicação para
vários prêmios internacionais, inclusive ao Oscar de melhor longa-metragem de animação.
Como já citado, Takahata sofre bastante influencia do
movimento neo-realista criado na Itália, além disso, suas obras tem influência
do movimento New Wave Francês. Takahata declarou em uma entrevista de 2006 na Bélgica
cedida ao site GhibliWorld.com, que
não se sente a vontade com a enxurrada de histórias fantásticas presentes nos
quadrinhos e animações japonesas. Ele acredita que se faz necessário também
mostrar a realidade e ver a animação como um instrumento para passar esta
mensagem. Takahata é um dos grandes influenciadores de Hayao Miyazaki. Segundo
o famoso animador e diretor Yasuo Outsuka, Hayao Miyazaki recebe de Takahata o
sentido de responsabilidade social presente em suas obras. Algumas das obras de
Takahata, como Ponpoko e O túmulo dos vaga-lumes, são consideradas
pessimistas, mas Takahata prefere dizer que estas passam a mensagem de que é
preciso conviver com a realidade e ter esperança, essa é a única maneira de
viver.
Sou um grande fã de inúmeras obras de Isao Takahata, principalmente os filmes lançados pelo Studio Ghibli. Hotaru no Haka, Ponpoko e Tonari no Yamada-kun são três das minhas obras preferidas do estúdio e Kaguya-hime é sem dúvida um dos filmes de animação mais bonitos que já tive o prazer de ver. Isao Takahata é um dos mais memoráveis diretores de animação japonesa e com certeza merece o título de mestre das animações.
Alguns prêmios recebidos por Takahata:
Referências online:
|
2 de outubro de 2015
Mestres da Animação Japonesa: Isao Takahata
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