19 de janeiro de 2014

3 em 1: Peeping Life, Rain Town e Super Seisyun Brothers




Nessa segunda edição da seção 3 em 1 – a primeira foi há longos seis meses, clique aqui para vê-la – apresento uma animação experimental que captura com espantosa fidelidade o jeito de ser do povo japonês, e junto com ela trago também uma breve amizade entre um robô e uma garotinha, além de uma longa e colorida relação entre dois casais de irmãos.


Não posso dizer que o primeiro post foi um sucesso de comentários e acessos, porém ainda assim pretendo continuar com esse tipo de postagem por gostar tanto de ver animações desse tipo, curtinhas e rápidas – é que muitas vezes simplesmente não me resta tempo ou paciência de ver algo maior como uma série de TV normal. Mas claro que um feedback positivo aumentará a frequência desse post no blog.

De todo modo, fiquem dessa vez com “Peeping Life”, “Rain town” e “Super Seisyun Brothers”. No título de cada um tem um link que leva às suas respectivas páginas no MAL.





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Peeping Life



Ano: 2009

De onde saiu: Animação original.

De certa forma, "Peeping Life" e seus 10 episódios de 5 minutos de duração cada poderiam ser equiparados, mesmo que bem superficialmente, àquelas pequenas esquetes de comédia onde dois humoristas conversam entre si de maneira afetada e barulhenta - e o Japão mesmo tem muitas duplas famosas nessa área. Digo isso porque, com uma animação sofrível toda em CG, sempre teremos por episódio apenas dois personagens conversando entre si - com exceção do último, que é só o monólogo de um pobre rapaz otaku em companhia de sua nova figure. Porém, ao invés de caretas e piadas exageradas, se vê aqui uma comédia "slice-of-life" dando uma espiadela nas pequenas "ciladas" e vícios da sociedade japonesa, e ostentando nisso uma riqueza em detalhes quanto ao modo que ela se comporta e se interage.

Muito provavelmente alguns de vocês se identificarão com a situação do primeiro episódio: ah não, sua namorada perguntou o que achou da mudança que ela fez no visual! Mas, o que raios ela mudou?! Parece a mesma pessoa de sempre... O cabelo foi cortado, as orelhas ganharam novos brincos, batom de cor diferente nos lábios, nova sombra nos olhos? Procure, disfarça, diga que está bonita mesmo sem ter achado nada, não dê espaço para réplicas, mude de assunto, insista que ficou ótimo nela, e FUJA em último caso! Meninas, jamais façam essa crueldade com seus namorados! (se bem que o comum é elas ficarem caladas, esperando que eles reparem sozinhos na mudança; eu ao menos já passei por isso...)

O tema em particular não é algo exclusivo da sociedade japonesa - e foi uma ótima sacada começarem justamente com esse -, contudo as pausas verbais, os gestos incessantes, os tons das vozes nas indiretas e questionamentos, as onomatopeias... Você jamais verá (a não ser em outras animações experimentais mesmo) algum anime se preocupar em ser tão esmiuçado e verossímil nesses aspectos, e olhe que nem toquei na questão da aparência dos personagens, outro ponto que "Peeping Life" faz questão de dar valor, apesar de não ser tão marcante por causa da animação pobre. Percebemos desse modo como o Japão tem de fato um comportamento deveras adverso do nosso, muito mais do que poderíamos supor vendo somente os animes de sempre. E é melhor ainda descobrir isso vendo diálogos e situações tão esdrúxulas e, ao mesmo tempo, banais.

Um inexperiente homem de meia-idade indo ao cinema com seu jovem colega de trabalho, fazendo várias e inocentes perguntas sobre como ele deve se portar no encontro que terá com uma mulher; dois rapazes discutindo para ver quem vai postar uma carta nos correios, com cada um dizendo ao outro as habituais desculpas e chantagens inofensivas e baratas da idade; o chefe indagando seu empregado quanto ao produto que vendem, o que seria totalmente normal, caso não estivéssemos falando de roupas de baixo femininas... "Peeping Life" apresenta uma elogiável capacidade em montar episódios inteiros de curiosos diálogos usando, como única ferramenta de humor, os próprios costumes e trejeitos dos japoneses, mas dando em alguns momentos uma pitada de absurdo - a discussão entre um homem que trabalha em uma casa mal assombrada e seu chefe talvez seja o maior exemplo disso, pois testemunhamos um esmerado e característico "ritual" de polidez e argumentação enquanto o conteúdo da conversa, por si só, é totalmente inútil e sem noção. Os únicos deslizes ocorridos nesses dez episódios é que não raramente se terá a sensação de que o diálogo está se demorando demais, perdendo assim força e ideias, e em outros instantes a monotonia impera por conta de o cenário e os personagens serem comuns em excesso - porque ninguém merece ouvir duas mulheres conversando durante cinco minutos pelo telefone, com aquelas rotineiras idas e vindas de assuntos que só elas conseguem fazer, né?



Mesmo assim, a boa recepção dessa pequena série de TV resultou em diversas sequências, sendo algumas delas temáticas, como "Peeping Life: World History", que descreve fatos históricos de vários cantos do mundo, e "Momoya x Peeping Life: Go en Desu yo!", focado em encontros. Às vezes eu até gosto de imaginar essa série como um "The Sims" animado; os personagens não param de gesticular, você não entende nada do que falam (logicamente, isso caso desconheça a língua e não tenha a ajuda de uma legenda), e cada nova animação é como se fosse um pacote de expansão, com ambientes e temas inéditos...


+ Grande detalhismo na retratação do comportamento japonês           
+ Bom humor feito com situações geralmente rotineiras
+ Originalidade                                                                                                                   

                  Péssima animação em CG                                                                                          Algumas situações são "realistas" demais, deixando o episódio chato
                  Em certos momentos os diálogos demoram mais do que deveriam,                                     perdendo a graça

 Nota: 7




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Rain Town


Ano: 2011

De onde saiu: Animação original.

Hiroyasu Ishida é um nome em ascensão; em 2009 ele postou na internet o curta "Fumiko no Kokuhaku", que em dois minutos narra de maneira caótica a tentativa frustrada de uma garota em se confessar ao rapaz que gosta. Dirigindo, roteirizando, animando e editando sozinho, mas recebendo assistência em algumas partes de quatro colegas da faculdade onde estudava, Kyoto Seika (famosa por ter cursos sobre mangá e animação), tal obra acabou lhe rendendo o prêmio Japanese YouTube Video Award. Em 2013 foi lançado nos cinemas seu primeiro trabalho comercial, "Hinata no Aoshigure", mas antes disso outro curta jogado na internet, "Rain Town", serviu em 2011 como projeto de formatura da sua faculdade.

Uma cidade onde não para de chover há muito tempo. Abandonada por seus moradores, que fugiram para pontos mais elevados, essa cidade agora vive esquecida, perdida entre as poucas memórias que restam naqueles que lá viveram. Mas, de vez em quando, há coisas que ainda se movem nesse lugar, e certa garotinha usando uma capa de chuva amarela conhece um desses estranhos moradores.

Trata-se de um robô, já muito velho. Nos seus curtos 10 minutos "Rain Town" vaga livremente entre um passado mostrando as memórias dessa máquina de quando a cidade ainda era habitável, um presente expondo esse encontro debaixo de uma chuva intensa, e um futuro dando uma breve amostra de como isso terminou. Sem diálogos e com uma lenta e ininterrupta trilha de piano ao fundo, tem-se aqui uma sensível direção muito menos frenética que "Fumiko no Kokuhaku", abusando de cenários abertos e frios onde uma garotinha e um robô passam alguns minutos se interagindo, e culminando em um final bem sentimental e meigo. Em um curto espaço de tempo "Rain Town" retrata uma simples e rápida amizade em um ambiente inóspito, e ressalta junto a importância das memórias na vida de alguém - mesmo que, nesse caso, estejamos mais falando de uma máquina.

+ Sensibilidade                       
+Ambientação

Nota: 8




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Super Seisyun Brothers



Ano: 2013

De onde saiu: Mangá, 2 volumes, em andamento.

De visual caprichadinho, cheio de brilho e de cores tão claras que chegam a cansar a vista, "Super Seisyun Brothers" conta a história de dois casais de irmãos que são amigos entre si: os narcisistas, esbeltos e loiros Chiko e Chika Shinmoto, e os excêntricos e misteriosos Mao e Mako Saitou. Eles são jovens, são lindos, e convenhamos que um pouco egoístas e cheios de outras falhas; mas são boas pessoas no final, e acompanhamos o dia a dia desses quatro em bate papos diversos e geralmente sem importância alguma.


Posso ter colocado uma imagem do anime como abertura do post, mas na verdade ele é o mais fraquinho do trio que selecionei dessa vez. Especialmente nos primeiros episódios, "SSB" apresenta um humor um tanto bruto e diria até que bobo demais em diversos trechos, mas talvez esse último possa ser um pouco relevado caso a pessoa se sinta atraída e imersa no clima todo alegre e sempre positivo da animação - clima esse que ganha um realce ainda maior com a ajuda de um narrador metido a engraçadinho e uma bonita e leve trilha de fundo composta, principalmente, por violão e piano. Se a comédia deixa muito a desejar para causar um bom número de risadas, ao menos esses 14 episódios de 4 minutos de duração cada são bastante relaxantes visual e sonoramente.

Não que esses quatro amigos não tenham lá suas preocupações juvenis. Tópicos gerais como um amor não correspondido e reflexões sobre a chegada da fase adulta e o que fazer no futuro tem seu espaço, mas são tratados assim, muito rapidamente, de maneira despreocupada e terminando sempre com sorrisos radiantes no final. O interesse mesmo é ostentar a amizade forte entre eles, tão forte ao ponto de uma das garotas se auto intitular como uma "segunda irmã" do amigo, mesmo que esse, na realidade, a veja com uma afeição diferente da de uma amiga ou irmã... Ou então, haver entre os dois rapazes um elo tão intenso que, com frequência, deixa-se margem para más interpretações - tanto nossas (será que são, será que não são!?) quanto de figurantes da história, mas há de admitir que responder ao outro "meu hobby é sair com você" é forçação de barra...

Enfim, seja brincando, discutindo ou falando bobagens, morra de inveja desses irmãos maravilhosos e perfeitos - isso pelo menos na aparência. Uma das garotas é uma completa otaku? Ah, mas ela é linda, então quem se importa... A outra é relaxada e acomodada em excesso? Contudo tem um visual e comportamento exótico, então... Um dos rapazes é burrinho que nem uma porta? Ah... Ah, por que apontar seus defeitos, são bonitos e acabou! 


+ Animação                                                             Comédia irregular e por vezes +Trilha sonora                                                                      boba demais


Nota: 6





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Sinais + e -: O que eu considero como pontos fortes e fracos do anime.




Meus perfis:


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