Ele já foi aspirante a exorcista, líder de um clã de youkais
e até comandante de um grupo que lutava pela independência de seu país; mas
também teve ocupações ordinárias, como garçom, mascate e garoto “princesa” de
um colégio masculino – creio que desse último ele não deve se orgulhar muito...
Nascido em 1978, Fukuyama Jun obteve seus primeiros trabalhos como seiyuu aos 20 anos, em animes como “Yoshimoto Muchikko Monogatari” e “Record of Lodoss War: Chronicles of the Heroic Knight”: mas seu debute como protagonista só viria em 2000, na série “Tri-Zenon”.
Nascido em 1978, Fukuyama Jun obteve seus primeiros trabalhos como seiyuu aos 20 anos, em animes como “Yoshimoto Muchikko Monogatari” e “Record of Lodoss War: Chronicles of the Heroic Knight”: mas seu debute como protagonista só viria em 2000, na série “Tri-Zenon”.
Normalmente uma figura carimbada em obras altamente shounens,
Fukuyama, contudo, pode tanto ser visto em animações de menor apelo comercial (“Gankutsuou”)
quanto, inclusive, em produções direcionadas ao público feminino (“Princess
Princess” e “Vampire Knight”). Nessa matéria, resumirei sua carreira a dez
títulos que valem uma conferida.
A primeira imagem de cada anime será sempre do personagem
que Fukuyama Jun dublou.
...
Ao no Exorcist
De onde saiu: Mangá,
8 volumes, em andamento.
A história: A
série é centralizada em Rin Okumura, jovem que desde bebê foi criado por um
famoso exorcista chamado Shirou Fujimoto. Após um grave incidente, Rin descobre
que ele, na verdade, é filho de Satan com uma humana, sendo assim metade humano
e metade demônio. Determinado a lutar contra os demônios e, principalmente, a
derrotar seu pai, Rin ingressa na Academia da Cruz, lugar em que são formados
exorcistas.
Fukuyama Jun é... : Yukio Okumura, irmão de
Rin.
O primeiro nome da lista é o único onde Fukuyama Jun não tem
o papel de maior destaque – mas, apesar disso, ele faz parte do elenco
principal. Para um protagonista padrão de anime shounen como Rin - um garoto dono
de imensa força de vontade, mas pouca massa encefálica -, Yukio serve de
contrapeso, exibindo-se como uma pessoa de considerável inteligência e
prudência, que muito se esforça para proteger o irmão.
É complicado detalhar mais a história pessoal de Yukio sem
dar “spoils” do enredo até o episódio três, no mínimo. Típico personagem
introvertido que é engraçadinho quando sai do sério, pode-se dizer somente que,
se por um lado Yukio constantemente tem de tirar Rin de inúmeras enrascadas e
situações de risco, por outro ele próprio, também com certa frequência, aprende
bastante com seu irmão, ao vê-lo praticar atos que sua personalidade comedida o
impede de fazer. É, enfim, um bom apoio ao protagonista, ajudando-o lidar com
essa nova fase de sua vida onde ele descobre ser filho de, simplesmente, o rei
dos demônios.
Em relação ao desenvolvimento do anime em si, aqueles que
esperam nada além de boas cenas de ação e personagens mais ou menos divertidos
poderão se satisfazer com “Ao no Exorcist”, série que carrega uma trama
limitada justamente por causa de seu gênero. Para quem tem apenas 25 episódios
à disposição, o anime demora demais em mostrar “ao que veio”, gastando precioso
tempo em histórias medianas de “monstro da semana”, sendo que sequer consegue
usa-las para evoluir decentemente boa parte de seus personagens.
Uma vez livre da história original (como o mangá está em
andamento, criou-se um desfecho alternativo),“Ao no Exorcist” chega a esboçar
uma melhora, ao montar um clima mais sombrio e abordar temas mais sérios;
porém, novamente trata tudo de modo leviano e preguiçoso, culminado assim em um
final até certo ponto decepcionante. Se a boa trilha sonora e animação o
destacam da maioria dos animes desse estilo, sua covardia em se desvencilhar
das fórmulas mais básicas do gênero o retornam ao patamar de uma obra comum.
Diverte em vários momentos, não há como negar, mas suas ideias tinham potencial
para mais do que isso.
Code Geass: Hangyaku no Lelouch
De onde saiu: Animação
original; mas um mangá, de 8 volumes, foi lançado ao mesmo tempo em que o anime ia
ao ar. Após isso, houve várias outras séries paralelas.
A história: No
ano de 2010 o Japão é dominado pelo Império da Britannia, tornando-se assim sua
colônia e passando a se chamar Area 11. Sem direitos nem identidade, os
“elevens” – apelido pejorativo dado aos japoneses – vivem na marginalidade e
muitos criam forças de resistência frente à Britannia, cuja aristocracia
desfruta de conforto e grandes instalações.
Durante um conflito entre soldados e separatistas por conta
de uma arma roubada, Lelouch Lamperouge - um príncipe exilado da Britannia que
vive normalmente como um estudante -, acaba se envolvendo com os “elevens”
perseguidos e é acusado de ser um terrorista. Ele não demora a descobrir que a
tal “arma” roubada é na realidade uma garota de cabelos verdes, que, ao ver
Lelouch cercado por soldados e prestes a morrer, lhe concede um poder chamado
“geass”, permitindo ao seu portador controlar a mente das pessoas.
Escapando vivo desse cenário, Lelouch passa a usar essa
habilidade com o intuito de derrubar o Império da Britannia, à procura de um
futuro para si e sua irmã menor, ao mesmo tempo em que permanece na pele de um
mero estudante.
Fukuyama Jun é... : Lelouch Lamperouge, rapaz metódico
e calculista que se depara com uma garota misteriosa e poderosa.
Ah, logicamente “Code Geass” seria presença obrigatória em tal
lista; além de ser o mais popular, não é erro algum afirmar que nesse anime
Fukuyama Jun fez uma de suas melhores atuações na carreira – atuação essa que
lhe rendeu, em 2007, o prêmio de “Melhor Ator Protagonista” na primeira edição
do Seiyuu Awards.
Numa série de elenco vastíssimo, porém pobre na mesma medida,
Lelouch reina sem dificuldade alguma ao mostrar-se um jovem idealista que, de
uma hora para outra, se vê em posse de um poder capaz de mudar o seu futuro e o
de milhões de outras pessoas. Um poder excessivo, um poder grandioso, e um
poder, sem dúvida, perigoso, que sobe à cabeça facilmente. Disposto a tudo,
esse garoto de 17 anos cometerá, na busca de atingir seus objetivos, atos não tão
nobres quanto seus ideais. É um
“mocinho” que se perde no meio do caminho, se tornando aquilo que tanto odiava.
Vale mencionar ainda a relação dele com C. C., mulher enigmática
que testemunha suas alterações psicológicas; e Suzaku Kururugi, amigo de
infância de Lelouch, dono de um forte – e ridículo, às vezes – senso de justiça,
que vai contra os pensamentos de seu amigo e é aliado do inimigo. De “Code
Geass Hangyaku no Lelouch” há muito que se reclamar, isso é incontestável; o
enfadonho núcleo escolar, as reviravoltas de argumentos duvidosos, os
personagens de apoio insignificantes, a comédia forçada... Entretanto é
incontestável, também, o seu dom em divertir com uma trama política
imprevisível e cenas de ação cativantes, usando como base um líder imponente e
bem caracterizado. Pode não ser o melhor anime dessa lista, mas é, com certeza,
o mais empolgante de se assistir.
Continuação: a segunda temporada, “Code Geass Hangyaku no Lelouch
R2”, lançada em 2008, é mais movimentada e direta do que sua antecessora, e
brinda a série com uma conclusão, no mínimo, controversa. Com o tempo, passaram
a criar especiais variados, de “picture dramas” a “mundos paralelos”, mas nada
que seja de alguma importância.
Eve no Jikan (ONA)
De onde saiu: Animação
original.
A história: No
futuro, possivelmente no Japão, robôs fazem parte do dia a dia, e androides
começaram a se popularizar.
Influenciados pelo “Comitê de Ética Robótica”, tornou-se
comum à população enxergar os androides como se fossem ferramentas domésticas.
Porém, a aparência destes – indistinta de humanos exceto por um halo em suas
cabeças – auxiliou para que algumas pessoas passassem a trata-los intimamente.
Conhecidos como “android-holics”, elas acabaram por se tornar um problema
social.
Rikuo, um estudante do ensino médio, foi ensinado desde a
infância a não ver androides como humanos, e sempre os tratou como simples
máquinas: até que, certo dia, ele repara em alguns dados estranhos nos
registros de comportamento da androide de sua família, Sammy, e chama seu
amigo, Masaki, para investigarem juntos os movimentos dela.
Seguindo o mesmo trajeto feito por Sammy, os dois descobrem
um pequeno bar onde humanos e androides – sem o halo na cabeça – se interagem
normalmente, não sabendo quem é quem.
Fukuyama Jun é... : Rikuo Sakisaka, garoto que
vai conhecendo pouco a pouco os frequentadores do local, enquanto tenta
compreender as relações entre homens e máquinas.
Diferente da gigante maioria dos personagens adolescentes
dublados por Fukuyama, Rikuo Sakisaka tem um ar mais maduro e grave, mesmo que
permaneça uma pessoa ingênua em alguns pontos. No início descontente com o fato
de ver sua androide agindo por conta própria, a curiosidade termina por
domina-lo e ele vai, lentamente, se familiarizando com os clientes do bar – já
seu amigo Masaki, ao contrário, reluta em aceitar um cenário onde humanos e
androides sejam tão próximos uns dos outros.
À medida que visitam o bar frequentemente, Rikuo enfrenta
questionamentos sobre diversos pontos, se indagando como os androides devem ser
tratados, se é certo deixa-los adentrarem tanto na sociedade humana, e, se um
estabelecimento desses vai contra as leis robóticas – que são baseadas nas três
leis criadas pelo escritor Isaac Asimov. Ao abrir os olhos para circunstâncias
nunca imaginadas, ele vai aprendendo que o certo e o errado, aqui, está muito
longe de ser definido por algumas normas de conduta.
No decorrer de seus seis episódios “Eve no Jikan” é
reflexivo, mas não se predispõe a ser uma obra densa e filosófica; antes disso,
se vê nele um “slice-of-life” que destaca a cada episódio a história de
personagens simpáticos, se alternando entre o drama e a comédia, num mundo
futurista tangível e verossímil – caso seja deixado de lado os androides
avançados. Mas seu enredo guarda um defeito enorme; uma intriga política incompleta
e apresentada às pressas, que não convence mesmo parecendo ser tão importante
para a história no geral. Que ficasse unicamente no cotidiano do bar – mas,
obviamente, isso não seria tão efetivo no propósito de atrair leitores para o
mangá lançado em seguida...
Novidade alguma: em 2010 foi lançado um filme com o mesmo
nome do ONA. Continua de onde o outro parou? Não; narra tudo que foi visto nos
seis episódios, com esporádicas cenas inéditas. Praticamente desnecessário.
Gankutsuou – The Count of Monte
Cristo
De onde saiu: Adaptação
livre do romance “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas.
A história: O
clássico romance sobre vingança é recontado dessa vez em um ambiente futurista,
a França do século 51. Nele, Albert de Morcef, um jovem nobre de quinze anos,
conhece em uma viagem à Lua o excêntrico e bizarro O Conde de Monte Cristo,
homem de pele azul do qual o passado todos ignoram. Admirado por seu jeito
elegante e paternal, Albert logo fica íntimo dele e o convida para apresentar
sua família e amigos. Mas esse adolescente desconhece que ele próprio é o ponto inicial
de um complexo plano de vingança, arquitetado durante anos por seu novo
companheiro.
Fukuyama Jun é... : Albert de Morcef,
sujeito ingênuo que é facilmente enganado por um homem sedento em punir
aqueles que lhe prejudicaram.
O ponto de vista se inverte: enquanto na obra original a
trama é voltada ao Conde de Monte Cristo, nessa produção da GONZO o centro de
tudo é Albert.
Mas isso não impede de que Gankutsuou – como ele é curiosamente
chamado por seus servos – roube a cena e ofusque esse personagem dublado por
Fukuyama.
Passamos aqui pelas mesmas metamorfoses que ocorrem quando
se lê o livro ou vê uma adaptação fiel deste. Uma vez cientes dos motivos que o
levaram a isso, torcemos para que o Conde concretize sua vingança e supere as
injustiças pelas quais passou; porém, ao depararmos com seus métodos cruéis e
impiedosos, nos questionamos se tal maneira de agir é certa e hesitamos quanto
a permanecer do seu lado. Gankutsuou é um ser ambíguo que carrega em si
múltiplas facetas, usadas nos instantes que mais lhe convém, o que faz ser
difícil de definir quando ele é realmente sincero com seus sentimentos – isso se
estes não tiverem sido corroídos por sua obsessão vingativa, deixando só o ódio
intacto.
Logo, em segundo plano tem-se Albert, que nem por isso é
ruim; fazendo o gênero do jovem completamente puro e idealista, ele amadurece
forçadamente ao se confrontar com as intenções reais de seu suposto amigo,
percebendo que não passava de mera ferramenta para aquela pessoa que tanto
estimava. Sem graça e apagado no começo, Albert se torna mais interessante com
o decorrer da série, ao evoluir e enxergar com clareza o mundo ao seu redor.
Uma hora, teria de ser assim. Pena que, no seu caso, tenha sido tão
traumatizante.
À GONZO, estúdio que recentemente voltou a produzir
animações, podem ser atribuídos diversos “deslizes” abissais; mas certamente
“Gankutsuou” não é um deles. Soube inovar na arte – posteriormente reproduzida
em abundância – e no estilo de se contar uma
história do qual início, meio e fim são tão conhecidos, dando a ela uma nova
roupagem que cativa e entretém. E fez isso sem tirar a essência da obra
original.
Diz o ditado que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar:
em 2007 a GONZO apresentou “Romeo x Juliet”, outra adaptação livre de um
clássico literário mundial, dessa vez o “Romeu e Julieta” de William
Shakespeare. Nesse caso, a ideia não deu muito certo...
Português: a versão dublada desse anime foi uma das últimas
aquisições do canal Animax antes de sua extinção.
MM!
De onde saiu: Light
novel, 12 volumes, cancelada – o autor, Akinari Matsuno, faleceu em abril de
2011.
A história: Taro Sado,
à primeira vista um estudante normal, “sofre” de uma peculiaridade não muito
bem quista na sociedade; a de ser masoquista. Incomodado com esse seu lado
fetichista, ele, ao entrar no ensino médio, procura a ajuda do “Clube de
Voluntários do Segundo Ano”, um grupo formado por secundaristas que tem como
objetivo ouvir e, se possível, resolver os problemas trazidos pelos alunos.
Aqui conhece Mio Isurugi, presidente do clube, que tentará de tudo para fazer
Sado se tornar alguém normal. Nem que seja batendo muito nele...
Fukuyama Jun é... : Taro Sado, masoquista em grau
avançado que tem a sorte – pelo menos para ele – de encontrar uma tsundere
sádica disposta a ajuda-lo.
Sado e seu “eu” imoral; Mio Isurugi e seus “planos” absurdos
para curar Sado; Arashiko Yuno – amiga de Mio – e sua fobia pelo sexo masculino,
que resulta em socos para qualquer homem que se aproxime dela; Tatsukishi
Hayama – amigo de Sado – e sua mania em se travestir; cientista loli, cientista
adulta pervertida, lésbica, mãe e filha que amam, de maneira incestuosa, o
filho e irmão... “MM!” possui um elenco altamente depravado, cujas ações quase
nunca saem do previsível. E não estou fazendo uma crítica negativa aqui, pelo
contrário: essa mesmice gera constantes sequências engraçadas e, logicamente,
apelativas (apelativas mais nos diálogos do que no visual, é bom deixar claro),
dando à série um bom ritmo - que, entretanto, é quebrado quando o anime exagera
no fanservice e na insanidade de algumas histórias, além das tentativas falhas
em impor algum conteúdo dramático ao enredo.
Inevitavelmente, a qualidade cai nos instantes em que “MM!”
se leva a sério, errando feio em romances e dramas fracos que tem a intenção de
desenvolver os personagens. Alguns desses momentos podem ser agradáveis e
sentimentais, mas se tornam miseráveis perto do lado humorístico do anime. Em
outras ocasiões, podemos sentir certa repulsa pelo fanservice abusivo, principalmente
quando está em foco a paixão incestuosa que a mãe e irmã de Sado têm por ele,
criando algo que beira o mau gosto, mesmo que seja para fazer comédia. E, por
fim, em determinados episódios “MM!” extrapola com acontecimentos surreais e
tolos, que seriam totalmente perdoáveis caso fizessem rir, o que não ocorre.
Parecem muitos defeitos, e de fato até que são; porém, ao
todo, tais situações não ocupam um terço do anime, e a comédia estável no
restante do tempo nos faz, senão perdoar, no mínimo ignorar e tolerar tais
detalhes.
Ele deveria ser o destaque, mas praticamente o empurrei para
o final; Taro Sado não é nenhum personagem memorável ou profundo, mas diverte
por conta das enrascadas em que se mete, e, certamente, as melhores cenas da
série são quando ele, Mio e os demais estão todos juntos, formando, assim, um
grupo harmonioso e barulhento. Já o pseudo-romance entre os dois personagens
principais – e um triângulo amoroso que mal toma forma - deixa muito a desejar,
como foi explicado brevemente logo acima.
“MM!” é uma série da qual é bom ter antes certa noção de
suas limitações para que, dessa forma, possa ser apreciada melhor. Não se sobressaindo
em área alguma, o anime, pelo menos, consegue usar com prudência as fórmulas
manjadas que tem à disposição, ainda que erre na dosagem de vez em quando. É
uma pena que seu criador tenha falecido justamente depois da adaptação de sua
obra, o que inviabiliza qualquer possibilidade de se ver mais de seu trabalho.
Nurarihyon no Mago
De onde saiu: Mangá,
21 volumes, em andamento.
A história: Possuindo
um quarto de sangue youkai e vivendo numa casa repleta de espíritos, Rikuo Nura
é neto do chefe do clã Nura, grupo que reúne milhares de youkais. Seu avô
deseja que ele herde sua posição, mas Rikuo está determinado a viver como um
humano normal.
Fukuyama
Jun é... : Rikuo Nura, garoto de doze anos que teima em negar seu lado youkai.
Empregando entonações de voz diferentes para cada um sem que estas
fiquem tão distantes uma da outra, vale a pena observar o trabalho de Fukuyama
Jun na dublagem de dois personagens que são a mesma pessoa; o Rikuo humano, e o
Rikuo youkai – ambos mostrados nas imagens acima -, que surge somente à noite. Infelizmente,
o bom desempenho de Fukuyama não ajuda estes dois protagonistas a terem um
mínimo de carisma, pois, ao passo que o Rikuo humano é por demais
desinteressante – especialmente se comparado a certos membros do elenco de
youkais – e comum, o Rikuo youkai é por sua vez demasiado distante com sua pose
de líder extremamente poderoso e “legal”. Se o primeiro evolui razoavelmente
para um anime desse gênero, o segundo tem o defeito de aparecer pouco, e quando
o faz fica resumido a frases feitas e floridas e lutas de espada coreografadas.
De enredo simplório e personagens genéricos - tendo destaque nesse
caso o elenco humano, imensamente mal construído e frequentemente aborrecedor -,
”Nurarihyon no Mago” inicialmente cativará antes pelo mundinho sobrenatural e o
humor leve do que por qualquer outra coisa, equilibrando nisso comédia e ação.
Mais a frente, a ação toma o posto principal, e isso poderá ser visto por
alguns como um ponto negativo, visto que os vilões enfrentados por Rikuo e seus
servos são medíocres, sem contar que a trama segue caminhos previsíveis e
fáceis – mas, pelo menos, ela tem um final.
“Nurarihyon no Mago” perde feio para outros animes que abordam o
mundo dos youkais com maior sensibilidade, tais como “Natsume Yuunjichou”, “Mononke”
e, inclusive, “xxxHOLIC” – anime que se encontra no final desta lista -; mas, considerando o público para o qual ele é
direcionado, o resultado não chega a ser ruim, e o anime poderá se tornar um
passatempo mediano caso se tenha em mente as restrições impostas pelo gênero.
Continuação: Em 2011 foi ao ar “Nurarihyon no Mago Sennen Makyou”,
segunda temporada.
Ookami to Koushinryou (ou Spice and
Wolf)
De onde saiu: Light
novel, 17 volumes, finalizada.
A história: Durante
uma visita a uma vila, Kraft Lawrence tem sua vida de mascate modificada ao
conhecer Holo, uma linda garota com cauda e orelhas de lobo. Ainda que seja vista
como uma deusa pagã – responsável por boas colheitas – pelos moradores da vila,
Holo se nega a tal título, não se considerando uma. Insatisfeita com o local,
ela na realidade deseja voltar para sua cidade natal, Yoitsu, que fica no
extremo norte.
Holo pede para que Lawrence a deixe acompanha-lo em sua
viagem, e este aceita após ouvir sua história. O anime segue a partir disso a
rotina de trabalho desse mascate, enquanto ele e sua nova parceira vão se
tornando mais íntimos com o passar do tempo.
Fukuyama
Jun é... : Kraft Lawrence, rapaz metódico e calculista que se depara com uma
garota misteriosa e poderosa – déjà vu?
As comparações com Lelouch e C. C. de “Code Geass” são inevitáveis
(se bem que o casal daqui é bem mais sedutor); tirando o fato de ser um personagem
mais velho e não possuir um poder tão devastador quanto um “geass”, Lawrence é
um homem antes sistemático do que emocional, que sempre tece estratégias e
artimanhas para tirar o maior proveito possível de uma situação – mas, no seu
caso, faz isso unicamente como parte de seu ofício de mercador, e não para destruir
um império inteiro. Holo e C. C. possuem personalidades igualmente semelhantes,
mas, para evitar alongar muito o texto, não me aprofundarei nessa personagem,
enfatizando apenas a relação dela com Lawrence, que é um dos pontos mais
significativos do anime.
O elo entre esses dois é tópico de variadas críticas, positivas e
negativas – e aqui me juntarei aos que o elogiam. Se os longos e atraentes diálogos
que Lawrence e Holo protagonizam sofrem acusações de serem infantis, fracos e
tolos, é preciso antes ter em mente o contexto da época em que o anime se
passa, uma presumível Idade Média.
Os joguinhos de palavras românticos e satíricos constantemente
feitos por eles condizem com os costumes e produções artísticas desse período
do qual temos tão pouco conhecimento, e a dita inocência em suas conversas é
nula caso se perceba a malícia e as segundas intenções escondidas atrás de
frases à primeira vista casuais. Tais diálogos seriam passíveis de censura e
questionamento caso a trama de “Spice and Wolf” fosse atual; mas, para a época
em que ocorre, a relação dos dois até que é bastante madura e válida, sendo só
lamentáveis os habituais artifícios e imprevistos usados para impedir que esse
relacionamento dê passos maiores e definitivos.
Todavia, independente de se gostar ou não dessa parte da série, é
digno de nota o modo como Lawrence se escora em Holo e vice-versa, tornando-se
imensamente dependentes e confidentes um do outro, mesmo que tenham se
conhecido há pouco tempo.
Simultâneo a essa lado charmoso do anime, tem-se outro ponto que é
bem menos contestado; a preferência de “Spice and Wolf” em dar foco ao mundo
dos negócios, evitando a tentação de ser outra obra de aventura com fantasia.
Não se envergonhe caso você tenha que pausar o episódio duas ou três vezes para
compreender melhor uma cena; muitos dos diálogos envolvendo transações e trocas
são realmente complicados, exigindo uma atenção maior do que os joguinhos de
palavras citados anteriormente. Contudo, é admirável a capacidade do enredo em
conduzir essas sequências sem as tornarem tediosas e maçantes, e sim sedutoras
e tremendamente realistas, dando clímax e ares de grandiosidade a histórias que
envolvem mudanças no valor de uma moeda ou contrabando de ouro, por exemplo.
Diante dessas suas duas características fortes, a boa animação e a
leve trilha sonora ficam injustamente em segundo plano. O trabalho feito aqui
por Fukuyama Jun pode não ser tão marcante e popular quanto o testemunhado em
“Code Geass” ou “xxxHOLIC”; mas, em se tratando de qualidade, “Spice and Wolf”
é uma das melhores produções da qual ele teve a oportunidade de participar.
Continuação: em 2009, um ano depois da primeira temporada, foi
lançado “Spice and Wolf II”.
Dois nomes em comum: Fukuyama Jun dubla os protagonistas de “Spice
and Wolf” e “Code Geass”, isso está claro; e a seiyuu Ami Koshimizu repete essa
dobradinha, nos papéis de protagonistas femininas. Holo e C. C.? Seria
incrível, mas não: são Holo e Kallen Stadtfeld, garota que luta ao lado do
mascarado Lelouch sem saber que ele é seu colega de classe...
Princess Princess
De onde saiu: Mangá,
5 volumes, finalizado.
A história: Tooru,
recém-transferido para um colégio interno masculino, é estranhamente bem
recebido por seus novos colegas – e não demora a descobrir o porquê disso; na
verdade, eles o nomearam como o mais novo integrante do “Sistema Princesa”.
Nele, bonitos estudantes do primeiro ano se vestem com roupas femininas para
participar de diversos eventos do colégio, com o intuito de, assim, tirar a
apatia de uma instituição onde só se encontram homens.
Tooru resiste no início, mas cede facilmente ao saber dos
vários benefícios – financeiros, inclusive – que são oferecidos a uma
“Princesa”...
Fukuyama Jun é... : Tooru Kouno, garoto que
imerge num cenário liberal e ligeiramente bizarro – ao mesmo tempo em que usa
vestidos góticos cheios de babados...
Junto aos que foram incluídos aqui - “Ao no Exorcist”, “Code
Geass” e “Nurarihyon no Mago” –, Fukuyama Jun ainda protagonizou outras séries
shounens de relativo sucesso, como “Densetsu no Yuusha no Densetsu” e “Busou
Renkin”, e teve papéis secundários em “Bleach”, “D. Gray-man” e “Deadman
Wonderland”, todos incontestáveis animes “para garotos”.
Logo, ver seu nome envolvido numa história na qual rapazes
de aparência efeminada se vestem de garotas para “alegrar” o dia a dia de estudantes
de um colégio masculino – sendo que todos estes, sem exceção, idolatram
febrilmente essas tais “princesas” -, é, de fato, uma mudança drástica de
ambiente. Antes de sua qualidade, “Princess Princess” entrou na lista por conta
dessa sua peculiaridade, evitando que se tivesse nessa matéria muitos títulos
parecidos entre si.
E Fukuyama Jun não está sozinho: Romi Paku, dubladora – sim,
mulher – do baixinho Edward Elric de “Fullmetal Alchemist”, mais uma obra
shounen famosa, também tem um papel principal aqui – o do loirinho na imagem
acima.
Dito isso, o anime: apesar de sua introdução, no mínimo,
incomum, “Princess Princess” é deveras conservador em seu desenvolvimento, se
tornando no final uma comédia escolar razoável, que foca primeiramente nos
dramas passados e atuais de seus protagonistas. De humor meio bruto e
inconsistente, as melhores cenas ocorrem nos instantes em que Tooru se encontra
ao lado de seus colegas “de serviço” Mikoto e Yuujirou, tendo realce especial a
relação entre este último e Tooru, que exibem uma boa química entre si – seja
para lidar com tal trabalho ou o passado de cada um, seja para atazanar o
irritadinho Mikoto, que detesta o que faz...
Mas, óbvio, em momento algum é possível esquecer que o
público alvo do anime é, primeiramente, as garotas. Caso “Princess Princess”
não se ocupe em deixar solto no ar uma cena ou frase “suspeita”, com a intenção
de atiçar a imaginação feminina – ou masculina também, gosto é gosto -,
invariavelmente presenciamos sequências que serão intragáveis e incômodas para
quem não for altamente tolerante. Em se tratando de fatos, a história pode
nunca ir além de garotos se vestindo e se comportando como garotas e de
estudantes idolatrando e endeusando estes; isso, contudo, já será o suficiente
para causar estranheza e repúdio aos que não estiverem acostumados com obras
desse gênero.
Sadomasoquista, crossdresser em tempo integral... Para
Fukuyama Jun só falta um personagem lolicon...
Working!!
De onde saiu: Mangá,
10 volumes, em andamento.
A história: Partindo
do ponto em que o rapaz Souta Takanashi passa a trabalhar no local, o anime
narra a rotina atribulada dos funcionários do Wagnaria, restaurante familiar
situado ao norte de Hokkaido.
Fukuyama Jun é... : Souta Takanashi, jovem que
tem uma adoração excessiva e discutível por tudo que seja pequeno e tenha menos
de doze anos.
Há consideráveis semelhanças entre “Working!!” e “MM!”, não
apenas por terem protagonistas de gostos questionáveis, três seiyuus em comum –
Fukuyuma Jun e outros dois em papéis menores – e serem do mesmo ano, 2010
(citar os pontos de exclamação nos títulos é bobagem, não é). Takanashi também
possui – bons - personagens esquisitos de personalidades imutáveis e clichês ao
seu redor, tendo inclusive mais uma garota androfóbica aqui, com quem o
protagonista faz um apagado par romântico - que, na verdade, sequer de
romântico pode ser chamado. E, que nem em “MM!”, “Working!” desanda quando abandona
a comédia para dar espaço a momentos, em tese, sérios – mas ele faz isso
somente nos episódios finais, ao passo que “MM!” insiste nessa questão em quase
todo episódio.
A única diferença gritante que separa esses dois é que “Working!!”
ostenta um humor leve, sem muitas apelações, onde imperam pequenas narrações de
diálogos rápidos e engraçadinhos entre os funcionários do restaurante, que vão
desde uma tapada ex-delinquente a uma garota tão baixinha que parece mais uma
criança do primário. Souta Takanashi com sua obsessão por tudo que é pequeno e
fofo não chega a ser um personagem ruim; arranca ocasionais boas risadas, seja
pelas amolações que faz na sua “senpai” de aparência infantil ou, no tratamento
nada gentil que recebe de sua colega androfóbica. Porém, é sobrepujado
facilmente por seus companheiros de serviço, como a imprevisível Yamada, a própria
fofa Taneshima e o ranzinza Satou. O humor de alto nível e o bom entrosamento
do elenco obriga o espectador – que nem em “MM!”... – a fazer vista grossa para
os deslizes cometidos em seu final.
Continuação: no final de 2011 foi exibido “Working’!!”,
segunda temporada do anime. Infelizmente, apesar de permanecer uma boa série,
essa sequência tem um início bastante inferior se comparado ao visto na
primeira temporada, e somente depois de transcorridos cinco ou seis episódios
ela consegue se igualar a sua antecessora.
Suspeito: em “Code Geass”, há um episódio no qual Lelouch se
traveste; em “MM!”, Taro Sado passa pelo mesmo fardo em determinado momento; em
“Princess Princess”, bem, nem é preciso entrar em detalhes; e, em “Working!”,
para variar, Souta Takanashi chega a se travestir no final da série por motivos
nada convincentes. Uma vez até vai, mas quatro...
xxxHOLIC
De onde saiu: Mangá,
19 volumes, finalizado.
A história: Kimihiro
Watanuki é um rapaz que pode ver espíritos e outras criaturas sobrenaturais,
mas tal habilidade apenas lhe causa problemas, já que esses seres parecem ser atraídos
por ele. Um dia, enquanto tentava se livrar de algumas criaturas que o
perseguiam, Watanuki descobre uma pequena loja, na qual se sente estranhamente
compelido a entrar. Dentro dela conhece Yuuko, uma misteriosa mulher que diz
ser capaz de liberta-lo da sua capacidade de enxergar e atrair espíritos – mas cobra
um preço por isso. Ela exige que ele trabalhe na loja, que realiza o desejo das
pessoas em troca de um pagamento equivalente, e a partir de então Watanuki,
aceitando a proposta, passa a testemunhar inúmeros eventos imprevisíveis e
incomuns.
Fukuyama Jun é... : Kimihiro Watanuki, jovem emocionalmente
imaturo e fácil de provocar.
Em suas obras CLAMP geralmente dá predileção a líderes
femininas, contudo Watanuki não fica devendo nada a Sakuras e Kobatos. É
inegável que Yuuko causa um interesse maior graças a sua aura singular e
enigmática, mas esse rapaz desengonçado entretém tanto quanto os casos que ele
presencia, e, o mais importante, sua personalidade sofre constantes
modificações com o andamento da história. Jamais deixa de ser uma pessoa fácil
– e divertida – de se irritar, principalmente se seu “desafeto” Doumeki estiver
no meio; todavia, é perceptível o amadurecimento quanto ao seu modo de ver e
sentir o mundo que o cerca, visto que, com frequência, Watanuki se depara com
finais nada felizes e esperados. É aquilo de aprender com o erro dos outros -
ou com o próprio, em situações extremas.
Narrando contos fantásticos nos acontecimentos e realistas
na construção psicológica das personagens envolvidas, “xxxHOLIC” esbanja
competência e inteligência por meio dessas tramas, não se tornando mais uma
daquelas obras que tentam falar muito através de alegorias e metáforas e que,
no fim, acabam sendo vazias de conteúdo. Crítico sem ser verborrágico, alegre e
“clamper” sem ser por demais enfadonho e enjoado, “xxxHOLIC” é um dos trabalhos
de maior profundidade desse estúdio.
Português: o anime chegou a ter uma versão dublada aqui no
Brasil, transmitida pelo extinto canal Animax.
Continuação: de série de TV há somente “xxxHOLIC Kei”,
exibida em 2008, com metade do tamanho de sua antecessora; mas tem ainda “xxxHOLIC
Manatsu no Yoru no Yume”, filme de 2005; “xxxHOLIC Shunmuki”, de 2009; e “xxxHOLIC
Rou”, de 2010. Estes dois últimos são OVAs de dois episódios cada, recomendados
mais a quem lê a obra original, pois eles avançam muito, muito mesmo, na
história vista nas séries – e junto a isso voltam com a ligação existente com “Tsubasa
Chronicle” (trabalho da CLAMP com o qual faz crossover) no mangá, algo retirado
das adaptações televisivas dessas duas obras por conta de estas terem sido
exibidas em canais diferentes.
Queridinho da CLAMP: além de dublar Watanuki em “xxxHOLIC” e
em suas breves aparições nas séries “Tsubasa Chronicle” e “Kobato.”, e de
protagonizar o anime “Code Geass: Hangyaku no Lelouch” (cujo “character design
é da CLAMP), Fukuyama Jun também teve participações em “Angelic Layer” e “Blood-C”,
outras obras desse estúdio. Em junho ele aumentará seu currículo com o filme “Blood-C:
The Last Dark”, na pele daquele misterioso cachorro falante, talvez o único
personagem decente do anime...
...
Na última temporada foram finalizados três animes nos quais Fukuyama
Jun atuou; “New Prince of Tennis” – nesse fez parte do elenco principal –, “Phi
Brain: Kami no Puzzle” e “Danshi Koukousei no Nichijou”.
Atualmente, ele se encontra em cinco séries: “Area no Kishi”,
“Battle Spirits: Heroes”, “Phi Brain: Kami no Puzzle 2”, “Saki: Achiga-hen -
Episode of Side-A” e “Shirokuma Cafe”. Por fim, sem contar o filme “Blood-C:
The Last Dark”, que chegará aos cinemas agora em junho, Fukuyama Jun estreará três novos animes na próxima temporada, que são “Arcana Famiglia”, "Kyoukai Senjou no Horizon II" e ”Natsuyuki
Rendezvous” – este último será exibido no bloco noitaminA.
Nesta página do site My Anime List você poderá ter maiores
detalhes a respeito de todos os seus trabalhos como seiyuu.
Artigo feito por Erick Dias
Muito bom artigo :)
ResponderExcluirEsse cara é tão manjado que lembro de alguns outros animes dele, mas não sabia q em alguns da lista ae era ele ^^
Não presto muita atenção às vozes (sempre muito ocupada com a legenda) e salvo poucas exceções, nem lembro delas u.U
ResponderExcluirEntão pergunto... quem ele dubla em Vampire Knight???
Bjs!
A dublagem dele em Working!! foi maravilhosa, encaixou perfeitamente com o personagem.
ResponderExcluirBtw, ótimo artigo! Parabéns! :)
Cintia, em VK ele dubla o Hanabusa Aidou, um loirinho.
ResponderExcluirO conde de monte cristo foi épico. O cara é um dublador bem versátil. Gosto do trabalho dele.
ResponderExcluirJá esta se tornando rotina, mas devo dizer que esse é mais um ótimo artigo do Erick.