27 de maio de 2012

X-10: Dez animes com Fukuyama Jun




Ele já foi aspirante a exorcista, líder de um clã de youkais e até comandante de um grupo que lutava pela independência de seu país; mas também teve ocupações ordinárias, como garçom, mascate e garoto “princesa” de um colégio masculino – creio que desse último ele não deve se orgulhar muito...



Nascido em 1978, Fukuyama Jun obteve seus primeiros trabalhos como seiyuu aos 20 anos, em animes como “Yoshimoto Muchikko Monogatari” e “Record of Lodoss War: Chronicles of the Heroic Knight”: mas seu debute como protagonista só viria em 2000, na série “Tri-Zenon”.

Normalmente uma figura carimbada em obras altamente shounens, Fukuyama, contudo, pode tanto ser visto em animações de menor apelo comercial (“Gankutsuou”) quanto, inclusive, em produções direcionadas ao público feminino (“Princess Princess” e “Vampire Knight”). Nessa matéria, resumirei sua carreira a dez títulos que valem uma conferida.


A primeira imagem de cada anime será sempre do personagem que Fukuyama Jun dublou.


...


Ao no Exorcist








De onde saiu: Mangá, 8 volumes, em andamento.

A história: A série é centralizada em Rin Okumura, jovem que desde bebê foi criado por um famoso exorcista chamado Shirou Fujimoto. Após um grave incidente, Rin descobre que ele, na verdade, é filho de Satan com uma humana, sendo assim metade humano e metade demônio. Determinado a lutar contra os demônios e, principalmente, a derrotar seu pai, Rin ingressa na Academia da Cruz, lugar em que são formados exorcistas.

Fukuyama Jun é... : Yukio Okumura, irmão de Rin.

O primeiro nome da lista é o único onde Fukuyama Jun não tem o papel de maior destaque – mas, apesar disso, ele faz parte do elenco principal. Para um protagonista padrão de anime shounen como Rin - um garoto dono de imensa força de vontade, mas pouca massa encefálica -, Yukio serve de contrapeso, exibindo-se como uma pessoa de considerável inteligência e prudência, que muito se esforça para proteger o irmão.

É complicado detalhar mais a história pessoal de Yukio sem dar “spoils” do enredo até o episódio três, no mínimo. Típico personagem introvertido que é engraçadinho quando sai do sério, pode-se dizer somente que, se por um lado Yukio constantemente tem de tirar Rin de inúmeras enrascadas e situações de risco, por outro ele próprio, também com certa frequência, aprende bastante com seu irmão, ao vê-lo praticar atos que sua personalidade comedida o impede de fazer. É, enfim, um bom apoio ao protagonista, ajudando-o lidar com essa nova fase de sua vida onde ele descobre ser filho de, simplesmente, o rei dos demônios.

Em relação ao desenvolvimento do anime em si, aqueles que esperam nada além de boas cenas de ação e personagens mais ou menos divertidos poderão se satisfazer com “Ao no Exorcist”, série que carrega uma trama limitada justamente por causa de seu gênero. Para quem tem apenas 25 episódios à disposição, o anime demora demais em mostrar “ao que veio”, gastando precioso tempo em histórias medianas de “monstro da semana”, sendo que sequer consegue usa-las para evoluir decentemente boa parte de seus personagens.

Uma vez livre da história original (como o mangá está em andamento, criou-se um desfecho alternativo),“Ao no Exorcist” chega a esboçar uma melhora, ao montar um clima mais sombrio e abordar temas mais sérios; porém, novamente trata tudo de modo leviano e preguiçoso, culminado assim em um final até certo ponto decepcionante. Se a boa trilha sonora e animação o destacam da maioria dos animes desse estilo, sua covardia em se desvencilhar das fórmulas mais básicas do gênero o retornam ao patamar de uma obra comum. Diverte em vários momentos, não há como negar, mas suas ideias tinham potencial para mais do que isso.



Code Geass: Hangyaku no Lelouch








De onde saiu: Animação original; mas um mangá, de 8 volumes, foi lançado ao mesmo tempo em que o anime ia ao ar. Após isso, houve várias outras séries paralelas.

A história: No ano de 2010 o Japão é dominado pelo Império da Britannia, tornando-se assim sua colônia e passando a se chamar Area 11. Sem direitos nem identidade, os “elevens” – apelido pejorativo dado aos japoneses – vivem na marginalidade e muitos criam forças de resistência frente à Britannia, cuja aristocracia desfruta de conforto e grandes instalações.

Durante um conflito entre soldados e separatistas por conta de uma arma roubada, Lelouch Lamperouge - um príncipe exilado da Britannia que vive normalmente como um estudante -, acaba se envolvendo com os “elevens” perseguidos e é acusado de ser um terrorista. Ele não demora a descobrir que a tal “arma” roubada é na realidade uma garota de cabelos verdes, que, ao ver Lelouch cercado por soldados e prestes a morrer, lhe concede um poder chamado “geass”, permitindo ao seu portador controlar a mente das pessoas.

Escapando vivo desse cenário, Lelouch passa a usar essa habilidade com o intuito de derrubar o Império da Britannia, à procura de um futuro para si e sua irmã menor, ao mesmo tempo em que permanece na pele de um mero estudante.

Fukuyama Jun é... :  Lelouch Lamperouge, rapaz metódico e calculista que se depara com uma garota misteriosa e poderosa.

Ah, logicamente “Code Geass” seria presença obrigatória em tal lista; além de ser o mais popular, não é erro algum afirmar que nesse anime Fukuyama Jun fez uma de suas melhores atuações na carreira – atuação essa que lhe rendeu, em 2007, o prêmio de “Melhor Ator Protagonista” na primeira edição do Seiyuu Awards.

Numa série de elenco vastíssimo, porém pobre na mesma medida, Lelouch reina sem dificuldade alguma ao mostrar-se um jovem idealista que, de uma hora para outra, se vê em posse de um poder capaz de mudar o seu futuro e o de milhões de outras pessoas. Um poder excessivo, um poder grandioso, e um poder, sem dúvida, perigoso, que sobe à cabeça facilmente. Disposto a tudo, esse garoto de 17 anos cometerá, na busca de atingir seus objetivos, atos não tão nobres quanto seus ideais.  É um “mocinho” que se perde no meio do caminho, se tornando aquilo que tanto odiava.

Vale mencionar ainda a relação dele com C. C., mulher enigmática que testemunha suas alterações psicológicas; e Suzaku Kururugi, amigo de infância de Lelouch, dono de um forte – e ridículo, às vezes – senso de justiça, que vai contra os pensamentos de seu amigo e é aliado do inimigo. De “Code Geass Hangyaku no Lelouch” há muito que se reclamar, isso é incontestável; o enfadonho núcleo escolar, as reviravoltas de argumentos duvidosos, os personagens de apoio insignificantes, a comédia forçada... Entretanto é incontestável, também, o seu dom em divertir com uma trama política imprevisível e cenas de ação cativantes, usando como base um líder imponente e bem caracterizado. Pode não ser o melhor anime dessa lista, mas é, com certeza, o mais empolgante de se assistir.

Continuação: a segunda temporada, “Code Geass Hangyaku no Lelouch R2”, lançada em 2008, é mais movimentada e direta do que sua antecessora, e brinda a série com uma conclusão, no mínimo, controversa. Com o tempo, passaram a criar especiais variados, de “picture dramas” a “mundos paralelos”, mas nada que seja de alguma importância.



Eve no Jikan (ONA)








De onde saiu: Animação original.

A história: No futuro, possivelmente no Japão, robôs fazem parte do dia a dia, e androides começaram a se popularizar.

Influenciados pelo “Comitê de Ética Robótica”, tornou-se comum à população enxergar os androides como se fossem ferramentas domésticas. Porém, a aparência destes – indistinta de humanos exceto por um halo em suas cabeças – auxiliou para que algumas pessoas passassem a trata-los intimamente. Conhecidos como “android-holics”, elas acabaram por se tornar um problema social.

Rikuo, um estudante do ensino médio, foi ensinado desde a infância a não ver androides como humanos, e sempre os tratou como simples máquinas: até que, certo dia, ele repara em alguns dados estranhos nos registros de comportamento da androide de sua família, Sammy, e chama seu amigo, Masaki, para investigarem juntos os movimentos dela.

Seguindo o mesmo trajeto feito por Sammy, os dois descobrem um pequeno bar onde humanos e androides – sem o halo na cabeça – se interagem normalmente, não sabendo quem é quem.



Fukuyama Jun é... : Rikuo Sakisaka, garoto que vai conhecendo pouco a pouco os frequentadores do local, enquanto tenta compreender as relações entre homens e máquinas.

Diferente da gigante maioria dos personagens adolescentes dublados por Fukuyama, Rikuo Sakisaka tem um ar mais maduro e grave, mesmo que permaneça uma pessoa ingênua em alguns pontos. No início descontente com o fato de ver sua androide agindo por conta própria, a curiosidade termina por domina-lo e ele vai, lentamente, se familiarizando com os clientes do bar – já seu amigo Masaki, ao contrário, reluta em aceitar um cenário onde humanos e androides sejam tão próximos uns dos outros.

À medida que visitam o bar frequentemente, Rikuo enfrenta questionamentos sobre diversos pontos, se indagando como os androides devem ser tratados, se é certo deixa-los adentrarem tanto na sociedade humana, e, se um estabelecimento desses vai contra as leis robóticas – que são baseadas nas três leis criadas pelo escritor Isaac Asimov. Ao abrir os olhos para circunstâncias nunca imaginadas, ele vai aprendendo que o certo e o errado, aqui, está muito longe de ser definido por algumas normas de conduta.

No decorrer de seus seis episódios “Eve no Jikan” é reflexivo, mas não se predispõe a ser uma obra densa e filosófica; antes disso, se vê nele um “slice-of-life” que destaca a cada episódio a história de personagens simpáticos, se alternando entre o drama e a comédia, num mundo futurista tangível e verossímil – caso seja deixado de lado os androides avançados. Mas seu enredo guarda um defeito enorme; uma intriga política incompleta e apresentada às pressas, que não convence mesmo parecendo ser tão importante para a história no geral. Que ficasse unicamente no cotidiano do bar – mas, obviamente, isso não seria tão efetivo no propósito de atrair leitores para o mangá lançado em seguida...

Novidade alguma: em 2010 foi lançado um filme com o mesmo nome do ONA. Continua de onde o outro parou? Não; narra tudo que foi visto nos seis episódios, com esporádicas cenas inéditas. Praticamente desnecessário.



Gankutsuou – The Count of Monte Cristo








De onde saiu: Adaptação livre do romance “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas.

A história: O clássico romance sobre vingança é recontado dessa vez em um ambiente futurista, a França do século 51. Nele, Albert de Morcef, um jovem nobre de quinze anos, conhece em uma viagem à Lua o excêntrico e bizarro O Conde de Monte Cristo, homem de pele azul do qual o passado todos ignoram. Admirado por seu jeito elegante e paternal, Albert logo fica íntimo dele e o convida para apresentar sua família e amigos. Mas esse adolescente desconhece que ele próprio é o ponto inicial de um complexo plano de vingança, arquitetado durante anos por seu novo companheiro.

Fukuyama Jun é... : Albert de Morcef, sujeito ingênuo que é facilmente enganado por um homem sedento em punir aqueles que lhe prejudicaram.

O ponto de vista se inverte: enquanto na obra original a trama é voltada ao Conde de Monte Cristo, nessa produção da GONZO o centro de tudo é Albert. Mas isso não impede de que Gankutsuou – como ele é curiosamente chamado por seus servos – roube a cena e ofusque esse personagem dublado por Fukuyama.

Passamos aqui pelas mesmas metamorfoses que ocorrem quando se lê o livro ou vê uma adaptação fiel deste. Uma vez cientes dos motivos que o levaram a isso, torcemos para que o Conde concretize sua vingança e supere as injustiças pelas quais passou; porém, ao depararmos com seus métodos cruéis e impiedosos, nos questionamos se tal maneira de agir é certa e hesitamos quanto a permanecer do seu lado. Gankutsuou é um ser ambíguo que carrega em si múltiplas facetas, usadas nos instantes que mais lhe convém, o que faz ser difícil de definir quando ele é realmente sincero com seus sentimentos – isso se estes não tiverem sido corroídos por sua obsessão vingativa, deixando só o ódio intacto.

Logo, em segundo plano tem-se Albert, que nem por isso é ruim; fazendo o gênero do jovem completamente puro e idealista, ele amadurece forçadamente ao se confrontar com as intenções reais de seu suposto amigo, percebendo que não passava de mera ferramenta para aquela pessoa que tanto estimava. Sem graça e apagado no começo, Albert se torna mais interessante com o decorrer da série, ao evoluir e enxergar com clareza o mundo ao seu redor. Uma hora, teria de ser assim. Pena que, no seu caso, tenha sido tão traumatizante.

À GONZO, estúdio que recentemente voltou a produzir animações, podem ser atribuídos diversos “deslizes” abissais; mas certamente “Gankutsuou” não é um deles. Soube inovar na arte – posteriormente reproduzida em abundância – e no estilo de se contar uma história do qual início, meio e fim são tão conhecidos, dando a ela uma nova roupagem que cativa e entretém. E fez isso sem tirar a essência da obra original.

Diz o ditado que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar: em 2007 a GONZO apresentou “Romeo x Juliet”, outra adaptação livre de um clássico literário mundial, dessa vez o “Romeu e Julieta” de William Shakespeare. Nesse caso, a ideia não deu muito certo...

Português: a versão dublada desse anime foi uma das últimas aquisições do canal Animax antes de sua extinção.



MM!








De onde saiu: Light novel, 12 volumes, cancelada – o autor, Akinari Matsuno, faleceu em abril de 2011.

A história: Taro Sado, à primeira vista um estudante normal, “sofre” de uma peculiaridade não muito bem quista na sociedade; a de ser masoquista. Incomodado com esse seu lado fetichista, ele, ao entrar no ensino médio, procura a ajuda do “Clube de Voluntários do Segundo Ano”, um grupo formado por secundaristas que tem como objetivo ouvir e, se possível, resolver os problemas trazidos pelos alunos. Aqui conhece Mio Isurugi, presidente do clube, que tentará de tudo para fazer Sado se tornar alguém normal. Nem que seja batendo muito nele...

Fukuyama Jun é... : Taro Sado, masoquista em grau avançado que tem a sorte – pelo menos para ele – de encontrar uma tsundere sádica disposta a ajuda-lo.

Sado e seu “eu” imoral; Mio Isurugi e seus “planos” absurdos para curar Sado; Arashiko Yuno – amiga de Mio – e sua fobia pelo sexo masculino, que resulta em socos para qualquer homem que se aproxime dela; Tatsukishi Hayama – amigo de Sado – e sua mania em se travestir; cientista loli, cientista adulta pervertida, lésbica, mãe e filha que amam, de maneira incestuosa, o filho e irmão... “MM!” possui um elenco altamente depravado, cujas ações quase nunca saem do previsível. E não estou fazendo uma crítica negativa aqui, pelo contrário: essa mesmice gera constantes sequências engraçadas e, logicamente, apelativas (apelativas mais nos diálogos do que no visual, é bom deixar claro), dando à série um bom ritmo - que, entretanto, é quebrado quando o anime exagera no fanservice e na insanidade de algumas histórias, além das tentativas falhas em impor algum conteúdo dramático ao enredo.

Inevitavelmente, a qualidade cai nos instantes em que “MM!” se leva a sério, errando feio em romances e dramas fracos que tem a intenção de desenvolver os personagens. Alguns desses momentos podem ser agradáveis e sentimentais, mas se tornam miseráveis perto do lado humorístico do anime. Em outras ocasiões, podemos sentir certa repulsa pelo fanservice abusivo, principalmente quando está em foco a paixão incestuosa que a mãe e irmã de Sado têm por ele, criando algo que beira o mau gosto, mesmo que seja para fazer comédia. E, por fim, em determinados episódios “MM!” extrapola com acontecimentos surreais e tolos, que seriam totalmente perdoáveis caso fizessem rir, o que não ocorre.

Parecem muitos defeitos, e de fato até que são; porém, ao todo, tais situações não ocupam um terço do anime, e a comédia estável no restante do tempo nos faz, senão perdoar, no mínimo ignorar e tolerar tais detalhes.

Ele deveria ser o destaque, mas praticamente o empurrei para o final; Taro Sado não é nenhum personagem memorável ou profundo, mas diverte por conta das enrascadas em que se mete, e, certamente, as melhores cenas da série são quando ele, Mio e os demais estão todos juntos, formando, assim, um grupo harmonioso e barulhento. Já o pseudo-romance entre os dois personagens principais – e um triângulo amoroso que mal toma forma - deixa muito a desejar, como foi explicado brevemente logo acima.

“MM!” é uma série da qual é bom ter antes certa noção de suas limitações para que, dessa forma, possa ser apreciada melhor. Não se sobressaindo em área alguma, o anime, pelo menos, consegue usar com prudência as fórmulas manjadas que tem à disposição, ainda que erre na dosagem de vez em quando. É uma pena que seu criador tenha falecido justamente depois da adaptação de sua obra, o que inviabiliza qualquer possibilidade de se ver mais de seu trabalho.


Nurarihyon no Mago








De onde saiu: Mangá, 21 volumes, em andamento.

A história: Possuindo um quarto de sangue youkai e vivendo numa casa repleta de espíritos, Rikuo Nura é neto do chefe do clã Nura, grupo que reúne milhares de youkais. Seu avô deseja que ele herde sua posição, mas Rikuo está determinado a viver como um humano normal.

Fukuyama Jun é... : Rikuo Nura, garoto de doze anos que teima em negar seu lado youkai.

Empregando entonações de voz diferentes para cada um sem que estas fiquem tão distantes uma da outra, vale a pena observar o trabalho de Fukuyama Jun na dublagem de dois personagens que são a mesma pessoa; o Rikuo humano, e o Rikuo youkai – ambos mostrados nas imagens acima -, que surge somente à noite. Infelizmente, o bom desempenho de Fukuyama não ajuda estes dois protagonistas a terem um mínimo de carisma, pois, ao passo que o Rikuo humano é por demais desinteressante – especialmente se comparado a certos membros do elenco de youkais – e comum, o Rikuo youkai é por sua vez demasiado distante com sua pose de líder extremamente poderoso e “legal”. Se o primeiro evolui razoavelmente para um anime desse gênero, o segundo tem o defeito de aparecer pouco, e quando o faz fica resumido a frases feitas e floridas e lutas de espada coreografadas.

De enredo simplório e personagens genéricos - tendo destaque nesse caso o elenco humano, imensamente mal construído e frequentemente aborrecedor -, ”Nurarihyon no Mago” inicialmente cativará antes pelo mundinho sobrenatural e o humor leve do que por qualquer outra coisa, equilibrando nisso comédia e ação. Mais a frente, a ação toma o posto principal, e isso poderá ser visto por alguns como um ponto negativo, visto que os vilões enfrentados por Rikuo e seus servos são medíocres, sem contar que a trama segue caminhos previsíveis e fáceis – mas, pelo menos, ela tem um final.

“Nurarihyon no Mago” perde feio para outros animes que abordam o mundo dos youkais com maior sensibilidade, tais como “Natsume Yuunjichou”, “Mononke” e, inclusive, “xxxHOLIC” – anime que se encontra no final desta lista -;  mas, considerando o público para o qual ele é direcionado, o resultado não chega a ser ruim, e o anime poderá se tornar um passatempo mediano caso se tenha em mente as restrições impostas pelo gênero.

Continuação: Em 2011 foi ao ar “Nurarihyon no Mago Sennen Makyou”, segunda temporada.



Ookami to Koushinryou (ou Spice and Wolf)








De onde saiu: Light novel, 17 volumes, finalizada.

A história: Durante uma visita a uma vila, Kraft Lawrence tem sua vida de mascate modificada ao conhecer Holo, uma linda garota com cauda e orelhas de lobo. Ainda que seja vista como uma deusa pagã – responsável por boas colheitas – pelos moradores da vila, Holo se nega a tal título, não se considerando uma. Insatisfeita com o local, ela na realidade deseja voltar para sua cidade natal, Yoitsu, que fica no extremo norte.

Holo pede para que Lawrence a deixe acompanha-lo em sua viagem, e este aceita após ouvir sua história. O anime segue a partir disso a rotina de trabalho desse mascate, enquanto ele e sua nova parceira vão se tornando mais íntimos com o passar do tempo.

Fukuyama Jun é... : Kraft Lawrence, rapaz metódico e calculista que se depara com uma garota misteriosa e poderosa – déjà vu?

As comparações com Lelouch e C. C. de “Code Geass” são inevitáveis (se bem que o casal daqui é bem mais sedutor); tirando o fato de ser um personagem mais velho e não possuir um poder tão devastador quanto um “geass”, Lawrence é um homem antes sistemático do que emocional, que sempre tece estratégias e artimanhas para tirar o maior proveito possível de uma situação – mas, no seu caso, faz isso unicamente como parte de seu ofício de mercador, e não para destruir um império inteiro. Holo e C. C. possuem personalidades igualmente semelhantes, mas, para evitar alongar muito o texto, não me aprofundarei nessa personagem, enfatizando apenas a relação dela com Lawrence, que é um dos pontos mais significativos do anime.

O elo entre esses dois é tópico de variadas críticas, positivas e negativas – e aqui me juntarei aos que o elogiam. Se os longos e atraentes diálogos que Lawrence e Holo protagonizam sofrem acusações de serem infantis, fracos e tolos, é preciso antes ter em mente o contexto da época em que o anime se passa, uma presumível Idade Média.

Os joguinhos de palavras românticos e satíricos constantemente feitos por eles condizem com os costumes e produções artísticas desse período do qual temos tão pouco conhecimento, e a dita inocência em suas conversas é nula caso se perceba a malícia e as segundas intenções escondidas atrás de frases à primeira vista casuais. Tais diálogos seriam passíveis de censura e questionamento caso a trama de “Spice and Wolf” fosse atual; mas, para a época em que ocorre, a relação dos dois até que é bastante madura e válida, sendo só lamentáveis os habituais artifícios e imprevistos usados para impedir que esse relacionamento dê passos maiores e definitivos.

Todavia, independente de se gostar ou não dessa parte da série, é digno de nota o modo como Lawrence se escora em Holo e vice-versa, tornando-se imensamente dependentes e confidentes um do outro, mesmo que tenham se conhecido há pouco tempo.

Simultâneo a essa lado charmoso do anime, tem-se outro ponto que é bem menos contestado; a preferência de “Spice and Wolf” em dar foco ao mundo dos negócios, evitando a tentação de ser outra obra de aventura com fantasia. Não se envergonhe caso você tenha que pausar o episódio duas ou três vezes para compreender melhor uma cena; muitos dos diálogos envolvendo transações e trocas são realmente complicados, exigindo uma atenção maior do que os joguinhos de palavras citados anteriormente. Contudo, é admirável a capacidade do enredo em conduzir essas sequências sem as tornarem tediosas e maçantes, e sim sedutoras e tremendamente realistas, dando clímax e ares de grandiosidade a histórias que envolvem mudanças no valor de uma moeda ou contrabando de ouro, por exemplo.

Diante dessas suas duas características fortes, a boa animação e a leve trilha sonora ficam injustamente em segundo plano. O trabalho feito aqui por Fukuyama Jun pode não ser tão marcante e popular quanto o testemunhado em “Code Geass” ou “xxxHOLIC”; mas, em se tratando de qualidade, “Spice and Wolf” é uma das melhores produções da qual ele teve a oportunidade de participar.

Continuação: em 2009, um ano depois da primeira temporada, foi lançado “Spice and Wolf II”.

Dois nomes em comum: Fukuyama Jun dubla os protagonistas de “Spice and Wolf” e “Code Geass”, isso está claro; e a seiyuu Ami Koshimizu repete essa dobradinha, nos papéis de protagonistas femininas. Holo e C. C.? Seria incrível, mas não: são Holo e Kallen Stadtfeld, garota que luta ao lado do mascarado Lelouch sem saber que ele é seu colega de classe...



Princess Princess








De onde saiu: Mangá, 5 volumes, finalizado.

A história: Tooru, recém-transferido para um colégio interno masculino, é estranhamente bem recebido por seus novos colegas – e não demora a descobrir o porquê disso; na verdade, eles o nomearam como o mais novo integrante do “Sistema Princesa”. Nele, bonitos estudantes do primeiro ano se vestem com roupas femininas para participar de diversos eventos do colégio, com o intuito de, assim, tirar a apatia de uma instituição onde só se encontram homens.

Tooru resiste no início, mas cede facilmente ao saber dos vários benefícios – financeiros, inclusive – que são oferecidos a uma “Princesa”...

Fukuyama Jun é... : Tooru Kouno, garoto que imerge num cenário liberal e ligeiramente bizarro – ao mesmo tempo em que usa vestidos góticos cheios de babados...

Junto aos que foram incluídos aqui - “Ao no Exorcist”, “Code Geass” e “Nurarihyon no Mago” –, Fukuyama Jun ainda protagonizou outras séries shounens de relativo sucesso, como “Densetsu no Yuusha no Densetsu” e “Busou Renkin”, e teve papéis secundários em “Bleach”, “D. Gray-man” e “Deadman Wonderland”, todos incontestáveis animes “para garotos”.

Logo, ver seu nome envolvido numa história na qual rapazes de aparência efeminada se vestem de garotas para “alegrar” o dia a dia de estudantes de um colégio masculino – sendo que todos estes, sem exceção, idolatram febrilmente essas tais “princesas” -, é, de fato, uma mudança drástica de ambiente. Antes de sua qualidade, “Princess Princess” entrou na lista por conta dessa sua peculiaridade, evitando que se tivesse nessa matéria muitos títulos parecidos entre si.

E Fukuyama Jun não está sozinho: Romi Paku, dubladora – sim, mulher – do baixinho Edward Elric de “Fullmetal Alchemist”, mais uma obra shounen famosa, também tem um papel principal aqui – o do loirinho na imagem acima.

Dito isso, o anime: apesar de sua introdução, no mínimo, incomum, “Princess Princess” é deveras conservador em seu desenvolvimento, se tornando no final uma comédia escolar razoável, que foca primeiramente nos dramas passados e atuais de seus protagonistas. De humor meio bruto e inconsistente, as melhores cenas ocorrem nos instantes em que Tooru se encontra ao lado de seus colegas “de serviço” Mikoto e Yuujirou, tendo realce especial a relação entre este último e Tooru, que exibem uma boa química entre si – seja para lidar com tal trabalho ou o passado de cada um, seja para atazanar o irritadinho Mikoto, que detesta o que faz...

Mas, óbvio, em momento algum é possível esquecer que o público alvo do anime é, primeiramente, as garotas. Caso “Princess Princess” não se ocupe em deixar solto no ar uma cena ou frase “suspeita”, com a intenção de atiçar a imaginação feminina – ou masculina também, gosto é gosto -, invariavelmente presenciamos sequências que serão intragáveis e incômodas para quem não for altamente tolerante. Em se tratando de fatos, a história pode nunca ir além de garotos se vestindo e se comportando como garotas e de estudantes idolatrando e endeusando estes; isso, contudo, já será o suficiente para causar estranheza e repúdio aos que não estiverem acostumados com obras desse gênero.

Sadomasoquista, crossdresser em tempo integral... Para Fukuyama Jun só falta um personagem lolicon...



Working!!








De onde saiu: Mangá, 10 volumes, em andamento.

A história: Partindo do ponto em que o rapaz Souta Takanashi passa a trabalhar no local, o anime narra a rotina atribulada dos funcionários do Wagnaria, restaurante familiar situado ao norte de Hokkaido.

Fukuyama Jun é... : Souta Takanashi, jovem que tem uma adoração excessiva e discutível por tudo que seja pequeno e tenha menos de doze anos.

Há consideráveis semelhanças entre “Working!!” e “MM!”, não apenas por terem protagonistas de gostos questionáveis, três seiyuus em comum – Fukuyuma Jun e outros dois em papéis menores – e serem do mesmo ano, 2010 (citar os pontos de exclamação nos títulos é bobagem, não é). Takanashi também possui – bons - personagens esquisitos de personalidades imutáveis e clichês ao seu redor, tendo inclusive mais uma garota androfóbica aqui, com quem o protagonista faz um apagado par romântico - que, na verdade, sequer de romântico pode ser chamado. E, que nem em “MM!”, “Working!” desanda quando abandona a comédia para dar espaço a momentos, em tese, sérios – mas ele faz isso somente nos episódios finais, ao passo que “MM!” insiste nessa questão em quase todo episódio.

A única diferença gritante que separa esses dois é que “Working!!” ostenta um humor leve, sem muitas apelações, onde imperam pequenas narrações de diálogos rápidos e engraçadinhos entre os funcionários do restaurante, que vão desde uma tapada ex-delinquente a uma garota tão baixinha que parece mais uma criança do primário. Souta Takanashi com sua obsessão por tudo que é pequeno e fofo não chega a ser um personagem ruim; arranca ocasionais boas risadas, seja pelas amolações que faz na sua “senpai” de aparência infantil ou, no tratamento nada gentil que recebe de sua colega androfóbica. Porém, é sobrepujado facilmente por seus companheiros de serviço, como a imprevisível Yamada, a própria fofa Taneshima e o ranzinza Satou. O humor de alto nível e o bom entrosamento do elenco obriga o espectador – que nem em “MM!”... – a fazer vista grossa para os deslizes cometidos em seu final.

Continuação: no final de 2011 foi exibido “Working’!!”, segunda temporada do anime. Infelizmente, apesar de permanecer uma boa série, essa sequência tem um início bastante inferior se comparado ao visto na primeira temporada, e somente depois de transcorridos cinco ou seis episódios ela consegue se igualar a sua antecessora.

Suspeito: em “Code Geass”, há um episódio no qual Lelouch se traveste; em “MM!”, Taro Sado passa pelo mesmo fardo em determinado momento; em “Princess Princess”, bem, nem é preciso entrar em detalhes; e, em “Working!”, para variar, Souta Takanashi chega a se travestir no final da série por motivos nada convincentes. Uma vez até vai, mas quatro...



xxxHOLIC








De onde saiu: Mangá, 19 volumes, finalizado.

A história: Kimihiro Watanuki é um rapaz que pode ver espíritos e outras criaturas sobrenaturais, mas tal habilidade apenas lhe causa problemas, já que esses seres parecem ser atraídos por ele. Um dia, enquanto tentava se livrar de algumas criaturas que o perseguiam, Watanuki descobre uma pequena loja, na qual se sente estranhamente compelido a entrar. Dentro dela conhece Yuuko, uma misteriosa mulher que diz ser capaz de liberta-lo da sua capacidade de enxergar e atrair espíritos – mas cobra um preço por isso. Ela exige que ele trabalhe na loja, que realiza o desejo das pessoas em troca de um pagamento equivalente, e a partir de então Watanuki, aceitando a proposta, passa a testemunhar inúmeros eventos imprevisíveis e incomuns.

Fukuyama Jun é... : Kimihiro Watanuki, jovem emocionalmente imaturo e fácil de provocar.

Em suas obras CLAMP geralmente dá predileção a líderes femininas, contudo Watanuki não fica devendo nada a Sakuras e Kobatos. É inegável que Yuuko causa um interesse maior graças a sua aura singular e enigmática, mas esse rapaz desengonçado entretém tanto quanto os casos que ele presencia, e, o mais importante, sua personalidade sofre constantes modificações com o andamento da história. Jamais deixa de ser uma pessoa fácil – e divertida – de se irritar, principalmente se seu “desafeto” Doumeki estiver no meio; todavia, é perceptível o amadurecimento quanto ao seu modo de ver e sentir o mundo que o cerca, visto que, com frequência, Watanuki se depara com finais nada felizes e esperados. É aquilo de aprender com o erro dos outros - ou com o próprio, em situações extremas.

Narrando contos fantásticos nos acontecimentos e realistas na construção psicológica das personagens envolvidas, “xxxHOLIC” esbanja competência e inteligência por meio dessas tramas, não se tornando mais uma daquelas obras que tentam falar muito através de alegorias e metáforas e que, no fim, acabam sendo vazias de conteúdo. Crítico sem ser verborrágico, alegre e “clamper” sem ser por demais enfadonho e enjoado, “xxxHOLIC” é um dos trabalhos de maior profundidade desse estúdio.

Português: o anime chegou a ter uma versão dublada aqui no Brasil, transmitida pelo extinto canal Animax.

Continuação: de série de TV há somente “xxxHOLIC Kei”, exibida em 2008, com metade do tamanho de sua antecessora; mas tem ainda “xxxHOLIC Manatsu no Yoru no Yume”, filme de 2005; “xxxHOLIC Shunmuki”, de 2009; e “xxxHOLIC Rou”, de 2010. Estes dois últimos são OVAs de dois episódios cada, recomendados mais a quem lê a obra original, pois eles avançam muito, muito mesmo, na história vista nas séries – e junto a isso voltam com a ligação existente com “Tsubasa Chronicle” (trabalho da CLAMP com o qual faz crossover) no mangá, algo retirado das adaptações televisivas dessas duas obras por conta de estas terem sido exibidas em canais diferentes.

Queridinho da CLAMP: além de dublar Watanuki em “xxxHOLIC” e em suas breves aparições nas séries “Tsubasa Chronicle” e “Kobato.”, e de protagonizar o anime “Code Geass: Hangyaku no Lelouch” (cujo “character design é da CLAMP), Fukuyama Jun também teve participações em “Angelic Layer” e “Blood-C”, outras obras desse estúdio. Em junho ele aumentará seu currículo com o filme “Blood-C: The Last Dark”, na pele daquele misterioso cachorro falante, talvez o único personagem decente do anime...


...


Na última temporada foram finalizados três animes nos quais Fukuyama Jun atuou; “New Prince of Tennis” – nesse fez parte do elenco principal –, “Phi Brain: Kami no Puzzle” e “Danshi Koukousei no Nichijou”.

Atualmente, ele se encontra em cinco séries: “Area no Kishi”, “Battle Spirits: Heroes”, “Phi Brain: Kami no Puzzle 2”, “Saki: Achiga-hen - Episode of Side-A” e “Shirokuma Cafe”. Por fim, sem contar o filme “Blood-C: The Last Dark”, que chegará aos cinemas agora em junho, Fukuyama Jun estreará três novos animes na próxima temporada, que são “Arcana Famiglia”, "Kyoukai Senjou no Horizon II" e ”Natsuyuki Rendezvous” – este último será exibido no bloco noitaminA.


Nesta página do site My Anime List você poderá ter maiores detalhes a respeito de todos os seus trabalhos como seiyuu.





Artigo feito por Erick Dias 

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5 comentários:

  1. Muito bom artigo :)

    Esse cara é tão manjado que lembro de alguns outros animes dele, mas não sabia q em alguns da lista ae era ele ^^

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  2. Não presto muita atenção às vozes (sempre muito ocupada com a legenda) e salvo poucas exceções, nem lembro delas u.U

    Então pergunto... quem ele dubla em Vampire Knight???

    Bjs!

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  3. A dublagem dele em Working!! foi maravilhosa, encaixou perfeitamente com o personagem.
    Btw, ótimo artigo! Parabéns! :)

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  4. Cintia, em VK ele dubla o Hanabusa Aidou, um loirinho.

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  5. O conde de monte cristo foi épico. O cara é um dublador bem versátil. Gosto do trabalho dele.

    Já esta se tornando rotina, mas devo dizer que esse é mais um ótimo artigo do Erick.

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