Por Escritora Otaku
Em patamares da mais pura nostalgia, este anime
está equiparado com o que “Pokémon” e “Dragon Ball Z” foram para nós, brasileiros e
estou inclusa, por ter acompanhado este início. Portanto, nada mais justo que
após as resenhas dos monstrinhos de bolso e da saga de Goku e companhia, eu dedique espaço para Tai e seus amigos. Falo isso porque me apeguei a esta primeira
série da franquia, mesmo tendo passado tanto tempo e não me importei nada com as
comparações com as aventuras de Ash e Pikachu, porque não dava tanta pompa por cima - mas, é inevitável por algumas semelhanças, mais ainda se levar em conta que foi a
resposta do estúdio contra eles.
A primeira temporada é a mais lembrada por diversos
motivos e mesmo tendo feito o papel de apresentar esta franquia que resiste
ano após ano, podemos dizer que tem sua parcela de culpa em curtir animes com
criaturas ou seres colecionáveis. Minha memória é mais afetiva, ciente de suas
falhas e execução, sendo franca de coração. Quanto a ideia de digimon, ela é
cheia de possibilidades e desta leva inicial, meus favoritos no grupo de
digiescolhidos fica para Patamon e Tailmon como seus donos, mais ao primeiro;
dos que aparecem, Leomon mostrou uma força e coragem que raramente vejo em
personagens monstruosos - só é uma pena a maneira que o tratam na franquia, porque,
se tiver prestado atenção, não sai coisa boa para o lado do digimon leonino.
Enfim, por gostar de escrever histórias, tenho em
torno de sete fanfics desta franquia, sendo três continuações diretas das
animações e quatro que pegam conceitos já usados ou não destas, além de fanarts dos
personagens das quatro primeiras animações com os quais me identifico. Isso é ou não
minha paixão por estas criaturas digitais? Bem, vou falar das continuativas nas
resenhas que vierem depois desta, então, vamos explorar o Digimundo, pegar
nossos digivices e seus parceiros digimon nesta primeira de tantas aventuras...
*****
Ano: 1999
Diretor: Hiroyuki Kakudou
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 54
Gênero: Aventura / Comédia / Drama / Fantasia
De
onde saiu: Brinquedo,
bichinho virtual
Desde que “Pokémon” entrou no radar, seja pelos
seus games, no anime e outras mídias, a concorrência quanto a
histórias de criaturas colecionáveis tem ficado cada vez mais comum em terras
nipônicas. Umas se estabeleceram no mercado, outras ficaram somente em sua
primeira e derradeira tentativa, algumas usam alguns elementos que os
monstrinhos de bolso trouxeram e perpetua até hoje. O que deve deixar claro é o
quanto é comum ir numa fórmula certa que rende e ver os seus resultados, uns
indo bem e outros a cair no limbo do esquecimento.
Ninguém pode negar o legado que “Pokémon” nos deu; ao contrário, analisando criticamente os animes que seguiram sua fórmula,
podemos ver possibilidades positivas e negativas. E com toda certeza que a pessoa pode
não curtir o Pikachu e companhia, contudo, sempre há algum anime neste estilo
que tenha sua identificação e quem sabe, querer que tenha vida longa. Entre
tantas cópias e novas ideias, temos uma franquia que tem dado seu sopro de vida
desde o finalzinho dos anos 90, com suas séries, games, quadrinhos, brinquedos
e afins. E seu primeiro anime é o que botou em tela uma aventura das mais
complexas, em partes, aos que pesquisam sua vasta história e mitologia até o
momento, dando as diretrizes das demais temporadas e
a sua identidade, mesmo sendo taxado de “cópia” de “Pokémon”.
As origens que trouxeram “Digimon” ao público são
bem no estilo se está vendendo e rende, vamos correr atrás do lucro e ganhar
uma grana em cima. Parte da base dos monstrinhos digitais veio de um brinquedo
deveras conhecido, o tamagochi (bichinho virtual) que teve seus momentos de
glória nos anos 90, incluindo nosso Brasil; sua fabricante, para alcançar o
público masculino infantil, projetou um novo bichinho virtual, o “Virtual Pet Digimon” que além das atividades já postas no brinquedo (cuidar, tratar do
bichinho) tinha a função de batalhar com outros brinquedos desta leva, nada
diferente de quem joga os games de “Pokémon”. E vale ressaltar que esta foi a
ideia do fabricante do brinquedo para conquistar mais público, nada de novo no
mercado competitivo que vivemos. E não, nada de dizer quem teve a ideia
primeiro, apenas que este foi o início de tudo que sabemos a respeito de
“Digimon”, o resto é história!
“Digimon” segue como uma das diversas franquias que conseguiu se segurar com o tempo - claro que, para um público mais restrito e a verdade é que a nossa memória fique mais em sua primeira série de TV. Isso acontece porque foram os esforços dos envolvidos e a um marcante elenco de personagens e situações – nada anormal, basta ver que boa parte das franquias ou sagas, o começo costuma marcar mais do que o que veio depois –, mesmo com falhas, furos de roteiros e outras características que estamos cansados de ficar reclamando. Até o momento desta resenha, a franquia rendeu sete animes de TV, especiais, uma série de filmes e Dramas CD; na cronologia aos leigos, fica assim a lista: “Digimon” (1999); “Digimon 02” (2000), continuação da primeira animação; “Digimon Tamers” (2001); “Digimon Frontier” (2002); "Digimon Savers” (2006); “Digimon Xros Wars” (2010); “Digimon Adventure Tri” (2015 a 2018), série de seis filmes que continua os acontecimentos das duas primeiras séries, mais pendente ao primeiro anime; e “Digimon Universe: Appli Monsters” (2016) que é um spin-off deste universo. Também temos mangás e games para diferentes plataformas, destaque para os games da linha “Digimon World” e suas sequências ou similares; fora outros produtos para manter em evidência.
Uma franquia com tantas possibilidades, ao ver a
história dos animes e dos filmes - uma pena que quanto a sua mitologia, fique
devendo demais. Os mais atentos, aqueles que curtem esta trajetória, sabem
muito bem que é um trabalho hercúleo botar nos eixos tantos detalhes sobre os
pormenores dos monstrinhos digitais. E não estamos brincando a respeito, porque
é mesmo complexo demais e o que temos já registrado de forma oficial, é apenas
a pontinha desta vastidão.
Vamos ao contexto da primeira série, aquela que definiu
boa parte dos rumos da mesma e ao conceito de digimon que estamos habituados. A
história ocorre durante as férias de verão, mês de agosto, onde vemos sete
crianças em um acampamento quando são enviadas para um mundo estranho e recepcionados pelos digimon, criaturas provenientes do Digimundo, que
aguardavam suas chegadas. Ao longo da história, eles descobrem seu papel, o de
proteger aquele mundo, explorando e enfrentando aqueles que querem causar mal,
seja ali, seja na Terra. O grupo principal ganha a alcunha de digiescolhidos e é composto pelos seguintes personagens e seus parceiros digimon: Tai e Agumon,
Matt e Gabumon, Sora e Biyomon, Izzy e Tentomon, Mimi e Palmon, Joe e Gomamon,
T.K e Patamon; mais adiante, entram Kari e Tailmon. Uma trajetória que os leva
a aprender a encontrar seu espaço, uma jornada de amadurecimento e crescimento
aos digiescolhidos, como de seus parceiros digimon.
E para enfrentar os perigos, os digimon que
acompanham são capazes de digievoluir, entrando aqui um dos conceitos padrão e
mais clássico da franquia. Cada digimon possui uma ou mais linhas evolutivas,
intituladas digievoluções e divididas em cinco níveis: in training (em
treinamento), rookie (estreante ou criança), champion (campeão), ultimate
(perfeição) e mega. Nem todos os digimon tem esta linha completa, claro que,
por aqui todos os que são parceiros dos digiescolhidos a possuem, sendo ativas
da perfeição para cima inicialmente com o uso dos Brasões da Virtude, outro
conceito vindo daqui - são símbolos que representam características presentes
dos parceiros humanos, na ordem dada dos personagens acima, Coragem/Amizade/Amor/Sabedoria/Sinceridade/Confiança/Esperança/Luz. Ainda há o item
usado para ativar estas evoluções, os digivices que ao longo da franquia ganha
novas funções e formatos, também marca registrada das suas tramas.
Portanto, fora ser uma jornada aos seus parceiros
humanos, seus parceiros digimon passam por um processo similar e em suas formas
evoluídas conseguem encarar oponentes que antes era mais complicados de se lutar.
Quanto ao seu uso em sua primeira investida, até que foi bem apresentada e dava
momentos de emoção quando era mostrada; sobre suas linhas evolutivas, apenas as
de Agumon e Gabumon foram até o último nível, as demais teriam espaço melhor em
“Digimon Adventure Tri” e em aparições relâmpagos nas animações seguintes e nos
games.
A base central de tudo vem daí, sendo reproduzida
em maior ou menor grau em suas séries consequentes - em mídias como games e
quadrinhos está presente, um conceito que dá uma identidade para toda a
franquia que conhecemos. Verdade que outras linhas evolutivas vieram após, no
entanto, a principal é a citada acima e regra básica da série.
Indo para a repercussão geral, “Digimon” foi um
sucesso dentro e fora do Japão, senão, nem estaríamos falando sobre; suas
animações seguintes mantiveram seu patamar, umas de forma mais evidentes do que
outras e sim, tem espaço garantido em sua terra natal. A respeito de sua
produção, a Toei Animation fez apenas o padrão, nada que seja único ou bom, porém passável; um bom roteiro que introduz os conceitos chaves e personagens;
momentos memoráveis, alegres e tristes em seu andamento; elenco de
protagonistas bem representados, com seus clichês e que funciona no universo
apresentado. Vale destacar duas músicas desta animação, sua primeira abertura e
a música usada para o momento da digievolução, marcantes e ao mesmo tempo,
impactantes: “Butter-Fly” marca o início da parceria da franquia nos animes com
o cantor Koji Wada, que cantou as aberturas das séries até “Digimon Adventure
Tri”, seu último trabalho antes de falecer (2016) - ela tem um tom de pura nostalgia e é
uma das músicas de animes mais lembradas para os que acompanharam ou não a
franquia em si; a outra é a “Brave Heart”, cantada por Ayumi Miyazaki, cuja
melodia é facilmente reconhecível e bota o público na expectativa quando é
tocada. Ambas já tiveram versões cantadas de diferentes cantores e bandas, até
releituras e versões de fandubs que pegam o ritmo e estilo destas em português
brasileiro.
Falando do Brasil, o anime portou nos anos 2000 com
um propósito: tentar desbancar o sucesso estrondoso que “Pokémon” fazia
por aqui e convenhamos, o anime veio justamente para isso, quer aceitam ou não.
Vindo de maneira privilegiada, o anime foi exibido na Rede Globo e na Fox Kids,
as três animações seguintes vieram neste meio; o anime teve sucesso garantido e
rendeu a eterna discussão de quem era melhor, eles ou os monstrinhos de bolso. E
no lado deles e de “Dragon Ball Z” veio uma enxurrada de animes que pipocavam
nos canais abertos e de assinatura da época. Quem conviveu estes tempos,
pode-se sentir honrado em ter feito parte disto, recordações que não voltam
mais.
Sobre a dublagem brasileira, esta veio na mítica e
memorável Herbert Hichers do Rio de Janeiro, responsável pela dublagem desta e
das duas séries seguintes. Houve uma mescla bem bacana de dubladores novatos e veteranos ao longo da animação, tendo uns que ficaram mais
conhecidos, outros nem tanto. Do grupo de digiescolhidos temos os seguintes
dubladores envolvidos: Luiz Sérgio (Tai), Paulo Vignolo (Matt), Priscila Amorim
(Sora), Rodrigo Antas (Izzy), Érika Menezes (Mimi), Hermes Baroli (Joe), Caio César (T.K) e Indiane Christiane (Kari), que também estiveram na dublagem de
“Digimon 02” e caso lembrem de trazer “Digimon Adventure Tri” dublado, a maior
ausência ficaria no caso da voz do T.K, cujo dublador faleceu de forma trágica há algum tempo (2015). Entre seus parceiros digimon temos de destacar Manolo Rey
(Agumon), Fernanda Barone (Palmon) e Miriam Ficher (Patamon) de vozes mais
conhecidas, fora o elenco que trouxe vida aos monstrinhos digitais nesta série
inicial da franquia.
Para primeira animação, a versão brasileira é bem
diversificada e memorável aos que puderam acompanhar; e sim, quem viu em sua
versão original, vale o mesmo sentimento. E temos de falar da versão brasileirada abertura, uma completa vergonha alheia cantada pela Angélica; ao menos,
sabemos que a original é bem mais sensato aos nossos ouvidos e nos animes
seguintes, ficou mais de boa para escutar em nosso português brasileiro. Uma
pérola que muitos que a viram na época de sua exibição gostariam de esquecer, porém não pode...
Fato está que “Digimon” é um anime que traz o
início de uma franquia que uns amam, outros não e cuja influência perpetua até
hoje. Queira ou não, ela é parte daqueles animes que está na mente dos que
viveram estes tempos e aos que tem certa nostalgia pelas sua história e
personagens. Os animes seguintes, aproveitam parte de sua fórmula inicial e
tentam botar nas telas o valor dos monstrinhos digitais ao público, sendo esta uma
história que não será esquecida pelos mesmos.
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