Por Escritora Otaku
Vou ser franca, não curti mesmo esta série, mesmo
mantendo características do seu antecessor - quase tudo que ela tentou ser foi bem
falho. E mesmo vendo quem o goste, não posso deixar de ficar indignada por este
não levar a sério a alcunha de continuação direta de “Digimon”. A única
ressalva fica para o resultado disto, pondo a franquia para caminhos
independentes, ou seja, cada série ser isolada com seus personagens, enredos e
desenvolvimento. Uns mais, outros menos, coisas que franquias de longa duração
tem a oferecer ao público em geral.
Só para não ser tão pessimista, há pontos sim
interessantes, como ver o grupo da série anterior mais velhos; de digimon novos apresentados e seu primeiro arco ter sido interessante de explorar, pena que o
que veio depois, nem lembrar quero, sério... Quanto a digimon novos, Wormmon e
seu parceiro humano vieram pra dar um respiro, apesar de mal apresentados após
suas reentradas e a ideia dos digiovos ter sido inicialmente bacana, não teve
melhor desenvolvimento, algo que a franquia tem de aprender a aproveitar suas
concepções quanto as famigeradas digievoluções - ou tenta algo novo e persista
ou apela para o que deu certo, tem de decidir esta produção. E estes resultados
me puseram a reescrever, sim, porque pode talvez ficar melhor uma fanfic que continua
depois disso, com antigos e novos personagens numa nova aventura. Vejamos como
foi a segunda série de “Digimon” e porque dela, vemos uma reformulação para as
seguintes temporadas.
*****
Alternativo: Digimon Zero Two
Ano: 2000
Diretor: Hiroyuki Kakudou
Estúdio: Toei Animation
Episódios:
50
Gênero: Aventura / Comédia / Fantasia
Seguido pelo sucesso inesperado que “Digimon” dera,
nada demais em pensar numa continuação para manter o público e conquistar o
espaço no competitivo mundo dos animes - e em certos pontos, funcionou
e em outros, falhou como manda o figurino quanto às segundas temporadas. Quando se analisa todo o contexto que a série teve e apresentou, não dá para dizer que
tenham conseguido manter o êxito da antecessora, na verdade, em continuações
deve-se esperar três opções: melhor, na média e abaixo. Em animes, isto pode
ser uma faca de dois gumes, pois há os que conseguem superar e outros falham
miseravelmente em sua execução, sendo raros casos que fiquem acima ou na regularidade
mostrada antes. A pergunta é: para uma continuação, “Digimon 02” atendeu as
expectativas dadas?
Para poder responder com consciência, temos de
analisar todo o seu enredo, personagens, inovações e onde acertou mais e onde
errou. Um fato fica evidente no fim, foi um anime que deu uma das mudanças da
franquia, na forma de contar e trazer suas tramas ao público, sem perder a
identidade inicial dada em “Digimon”. Só assim, podemos supor uma resposta mais
segura e sensata quanto ao seu desempenho.
Quatro anos se passaram desde os acontecimentos do
anime anterior e somos apresentados a novos digiescolhidos: Davis, Yolei e Cody
que ao lado de T.K e Kari formam este grupo central. Inicialmente, encaram a
ameaça do Imperador Digimon, indivíduo que tem usado o poder das torres negras
e das engrenagens pretas para transformar o Digimundo em seus territórios. Para
isto, eles e seus parceiros digimon usam o poder dos digiovos, itens que
ativam uma nova digievolução, as hiperdigievoluções: os ovos metalizados possuem
os emblemas dos Brasões da Virtude que haviam sido mostrados em “Digimon”,
sendo divididos em dois aos personagens novos e um para os antigos caçulas do
grupo antigo. Quanto aos demais que foram parte da aventura anterior, estão
mais de apoio moral e fanservice declarado. Após esta fase inicial, entra Ken
ao grupo e com ele, novas evoluções, seja da linha padrão da franquia (com a
destruição das torres negras, as digievoluções puderam voltar ao normal) e as
digievoluções de DNA, que junta dois digimon e formam um novo, conceito que se
manteve presente e aparece nas séries posteriores. A respeito dos parceiros digimon,
temos quatro novos: Veemon que pertence a Davis; Hawkmon para Yolei;
Armadillomon para Cody e Wormmon para Ken.
Toda a trama aí se centraliza nas sequelas sobre o
primeiro inimigo do grupo e até sobra para Tai e seus companheiros dar uma
mãozinha para o Digimundo manter a paz. Vendo bem tudo, até parece que o anime
conseguiu segurar bem as pontas, tem um bom conteúdo e os novos digimon apresentados possuem carisma similar e próximo dos primeiros. O problema em si está na estrutura
e em sua execução, que não foram tão felizes quanto aparenta, só não quer dizer
que tenha só errado. Ao contrário, temos pontos positivos no meio e estes
conseguem se sobressair das famigeradas falhas.
Dos novos digiescolhidos em si, apesar de terem
algumas características dos seus antecessores, adaptam mais rapidamente a nova
responsabilidade e praticamente quase todos estão na mesma escola; algo melhor
explorado na série seguinte a esta, os digimon passam a viver nas casas de seus
parceiros humanos, gerando uma relação mais próxima entre eles. O primeiro arco
em si consegue manter as atenções e tem pontos que também podem ser vistos nas
demais séries da franquia, podendo até mesmo remeter às certas situações
vivenciadas em “Digimon”, caso preste atenção. E para uma continuação, o anime
soube aproveitar a passagem de tempo para mostrar o crescimento físico dos
personagens anteriores e um pouco do que vivenciaram, revelando facetas que
seriam melhor postas em “Digimon Adventure Tri”. Para fechar estes pontos
novos, o uso das digievoluções de DNA causou uma marca na vasta mitologia da
franquia rendendo digimon novos e até mesmo alguns destes fazem parte da
história em diferentes mídias, como os games por exemplo e representando a
marca da série.
Indo para a parte ruim, sem maiores dúvidas fica
para o conceito dos digiovos: a ideia de uso em si é bem interessante, abrindo
possibilidades Às evoluções dos digimon - o problema foi a sua execução ou falta
dela. Se tivessem feito um esmero a mais ou aliar isto às demais linhas
evolutivas da fase anterior, teria sido mais proveitoso. Infelizmente, a ideia
foi completamente quase descartada após o fim da primeira etapa da história e
nem ao menos, teve uma origem decente pra convencer de sua importância. Para se ter ideia, todos os digimon do grupo principal desta série eram capazes de
utilizar os digiovos apresentados, dando possibilidades de novas
hiperdigievoluções aos mesmos, concepção que ficou somente no cheiro e o pior,
nas séries seguintes, meio que isso se repete, em maior ou menor intensidade.
Seguindo para a execução da trama em si, após o fim
do arco do Imperador Digimon, meio que a obra oscila entre altos e baixos: e é aí
que fica o calcanhar de “Digimon 02”, pois não teve a mesma sensação emotiva do
seu antecessor e meio que é parte da franquia focar em momentos mais dramáticos
e tensos para dar mais fôlego à história. Fora o tom mais infantil que esteve
presente, mesmo cientes que é um anime voltado a um público jovem, prejudicou demais seu
andamento. Uma coisa é criar um anime infantil/infanto-juvenil que bota cenas
impactantes, sem ter de causar choques ou polêmicas aos que assistem; outra é
fazer um anime e não ter noção do que quer mostrar e o público a ser alcançado.
Algo sobre continuações é o mínimo manter firme o nome da série para o público
de sua época e aos que irão explorar mais tarde. E este erro foi meia falta
para esta temporada...
Voltamos assim à pergunta dada acima: o anime
conseguiu atender as expectativas mostradas? Podemos dizer que sim e ao mesmo
tempo que não, mais para a segunda opção. Antes de querer criticar
veementemente sobre, ele não obteve os mesmos resultados otimistas. Se a
intenção dos produtores era seguir por esta linha continuativa, os mesmos
perceberam que não dera tão certo quanto imaginavam. A mudança do tom narrativo
para algo mais infantil e simples, como os acontecimentos que vieram após o
primeiro arco da série acabaram com as possibilidades de “Digimon” manter uma
sequência da história como houve com “Pokémon” – bem, até o mesmo ir numa onda
de reboots e recomeços sem fim - causando uma sequela para a franquia continuar
em voga. Dá para dizer que “Digimon 02” foi um “fracasso” devido à sua proposta
e execução, pondo as mentes criativas a trabalhar numa alternativa e afinal de
contas, num estúdio responsável por animes e franquias como a Toei Animation,
algo precisava ser feito para ter alguma fatia no mercado de animes e nas
histórias de criaturas colecionáveis.
A solução foi tornar os monstrinhos digitais em
histórias independentes, ou seja, sem conexões com as outras e terem uma
história completa. Mudança fundamental e que manteve a franquia de animes em
dia, mesmo que significasse alterar ou não os conceitos já ditos em suas duas
primeiras animações. Uma ideia bem comum em franquias ou sagas de animes, que
alteram seus elencos e mantém sua identidade inicial, sem preocupar em rever o
anime anterior para conhecer a respeito de seus conceitos e tramas. E para
realçar mais as tretas, podemos dizer que os envolvidos tiveram um trauma
quanto às continuações, tanto que isso só foi quebrado com a produção de
“Digimon Adventure Tri”, quando tomaram vergonha na cara de seguir neste
caminho. Digamos que a segunda animação desta foi meio o patinho feio disto
tudo, pois até mesmo no próprio Tri, basicamente limaram muito sobre o destino
dos personagens de “Digimon 02”, revelando que nem mesmo os produtores
conseguiram apagar o bendito trauma que sentiram a respeito. Seria uma conclusão
que explicaria alguns destes rumos, apenas suposições pelo sucedido após sua
conclusão. E numa bela análise, chegar a este ponto revela que no ramo da
animação, errar pode custar caro e causar sequelas...
Indo para a repercussão em terras tupiniquins, o
anime veio um ano depois da primeira animação e manteve “Digimon” em alta aos
seus espectadores, o que não é nada demais. Em aspectos positivos, tiveram a
permanência do elenco de vozes da fase anterior – exceto a voz do Gabumon, que
ficou num tom sem sal e sem a personalidade mostrada antes – e, adicionando os que
entram na trama, temos Bruno Pontes (Davis), Eduardo Dascar (Ken), Adriana Torres
(Yolei) e Gustavo Pereira (Cody), como também de seus parceiros digimon, que
infelizmente não foram felizes nas escolhas de vozes - para a parte vilanesca deu pra tirar algum proveito, destacando a do BlackWarGreymon (MaurícioBerger). Ponto positivo em não terem dado mais uma abertura vergonhosa, já que a versão brasileira até que está mais palpável aos nossos ouvidos. Fora o anime, tivemos
a junção de três especiais de vídeo da franquia que formaram “Digimon, ofilme”: as duas primeiras histórias remetem a fatos sucedidos antes e depois de
“Digimon”, enquanto a última era mesmo de “Digimon 02” e trazia, pela primeira
vez, as megas do Patamon e Tailmon ao público, em formatos ainda não
definitivos aos atuais.
Se de um lado, foi um anime cheio de boas
intenções, por outro, não conseguiu manter o mesmo ritmo imposto da fase
anterior e causar a sequela da franquia ir para um outro caminho. Diante disto
tudo, dá para dizer que mesmo com as falhas à mostra, “Digimon 02” consegue
entreter e botar nas telas os digiescolhidos, suas aventuras e descobertas; por
anos, foi a última continuação direta de “Digimon”, ao menos, até aparecer
“Digimon Adventure Tri”.
*****
Sobre
fanfics de “Digimon”: Digimon 3: Novo Surgimento
Dá para dizer que é uma sequência direta de
“Digimon 02”, tirando o final que puseram no anime: na história, cinco novos
digiescolhidos tem seus itens de estimação transformados em digivices e no
outro dia, recebem em suas casas uma caixa com a digitama da qual, nascem seus
parceiros digimon. Após alguns dias, quando estes parceiros humanos são atacados e
causando a evolução dos seus digimon pro estágio estreante (rookie), uma
mensagem é enviada para irem ao Digimundo e novas aventuras seguem daí. A trama
conta com a participação dos primeiros digiescolhidos, desta vez, atuando ao
lado do novo grupo; digievoluções padrão da primeira e segunda série estão
presentes; três grandes vilões digimon por fase e uma trama que tenta aproximar
o que deu certo nas séries animadas. Sobre o grupo presente, todos os seis têm
idades bem variadas - eis os nomes deles, seus digimon e respectivos Brasões da
Virtude, todos inventados, é claro: Hashiro, sete anos e Borbolemon (tipo
inseto), com o Brasão do Fogo; Mikale, nove anos e Pidamon (tipo pássaro),
Brasão da Flor; Sojiro, treze anos e Drumon (tipo aquático), Brasão da Água;
Lucy, dezesseis anos e Luckymon (tipo animal), Brasão da Lua e seu irmão,
Kenta, dezoito anos e Chibimon (tipo planta), com o Brasão do Vento, sendo este
o líder do grupo. Mais pra frente entra Brian, namorado da Lucy, com seu
parceiro BlackAgumon (tipo dinossauro) com o Brasão da Noite.
Foi a primeira fanfic a ser realizada da franquia e
que no momento, está sendo refeita em doses pequenas; no que já foi escrito, de
anos atrás, a primeira e parte da segunda etapa foram feitas. Há nela parte dos
conceitos que tornaram o início de “Digimon”, mantendo novidades e surpresas.
Se vai ser finalizada, nem a pessoa que vos escreve pode saber, mas no mínimo, a
primeira fase tem como ser refeita.
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