1 de novembro de 2014

Resenha: Sakura Card Captors


Não sei quanto a vocês, esta série fez parte de uma época que animes tinham espaço em canais abertos e nos de assinatura, tendo sua fama por onde passou e sendo vista como uma das obras mais reconhecidas da CLAMP em seus melhores anos, que marcou e ainda marca gerações. Uma série que esteve na infância de muitos, seja pelo seu anime, mangá ou por ambos. Um “mahou shoujo” que não deve a ninguém e que continua relevante, até demais, se formos analisar o universo que suas criadoras insistem em dar seguimento.


Meu contato com este anime e suas histórias, mostra o quanto animes podem surpreender e mesmo sendo um tanto direto, não desaponta e vem de uma época que seu estúdio era de qualidade de roteiro e visual. Passei longe de sua continuação, por ver que não valia gastar tempo - teria sido melhor um remake ou finalizar a trama por si só. De todo jeito, vale a pena conferir a trajetória de Sakura e companhia e entender a importância da obra como um todo.


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Alternativo: Card Captor Sakura
Ano: 1998
Diretor: Morio Asaka ("Chihayafuru", "Chobits", "Nana")
Estúdio: Madhouse
Episódios: 70
Gênero: Aventura / Comédia / Romance
De onde saiu: Mangá, 12 volumes, finalizado (1996-2000)



Por Escritora Otaku




Quem nunca viu uma série como esta, cuja protagonista ganha poderes mágicos e os usa pra encarar as mais variadas ameaças, viver seu dia-a-dia e, quem sabe, topar com o menino dos seus sonhos? Esta é uma das premissas do estilo “mahou shoujo”, uma variação do shoujo tradicional e que lembra o estilo shounen de batalha, direcionada ao público feminino. Muitas destas séries são conhecidas aos que assistem animes e no mínimo, acabamos assistindo uma ou mais delas.

“Sakura Card Captors” iniciou-se em mangá, criado pelas garotas da CLAMP  – um quarteto que escreve e desenha suas histórias – publicado na revista Nakayoshi nos anos de 1996 a 2000 com 12 volumes encadernados. As mangakás são muito conhecidas do público por terem feito vários mangás, como “Guerreiras Mágicas deRayearth”, “Chobits”, “RG Veda”, entre outros. A série pode ser vista como um dos trabalhos “mais infantis” do grupo, pois normalmente parte de seus mangás possui um conteúdo mais juvenil e seus personagens costumam ser adolescentes e jovens. A versão animada veio em 1998 e foi uma das mais populares durante sua exibição, conquistando a todos – meninos e meninas – e alcançou vários países com sua história e personagens.

No Brasil, o mangá foi publicado em duas versões: a primeira em formato meio tanko com 24 volumes e recentemente, em formato definitivo em 12 volumes. A editora responsável foi a JBC, que o havia trazido nos primeiros lançamentos de sua linha de mangás – ao lado de “Rurouni Kenshin”, “Guerreiras Mágicas de Rayearth” e “Video Girl Ai” – e anos depois, relançado em forma definitiva, se tornando um dos mangás mais populares. Já a versão anime foi trazida no ano 2000 e é uma das séries mais conhecidas pelo público brasileiro, o que o popularizou mais ainda e foi exibida na Rede Globo e no Cartoon Network.



“Ai, ai, ai Yukito...”

A protagonista é Sakura Kinomoto, uma menina de 10 anos de idade que vive com seu pai e professor universitário, Fujitaka, e seu irmão mais velho, Touya; sua mãe faleceu quando era pequena. Sua vida era comum, cuidando da casa, estudando e tendo seus amigos - fora que ela tem uma quedinha pelo melhor amigo do seu irmão, que é um gatinho...

Vida parecida com a sua ou a minha, se preferirem.

Tudo ia bem até que um dia, sozinha em casa, ela escuta sons estranhos vindos do sótão. Sakura decide investigar e acaba descobrindo que os sons vêm de um livro; curiosa, ao abri-lo, vê uma carta e lê nela “Vento”. De repente, ocorre uma ventania e as cartas presentes do livro são espalhadas, pra surpresa da menina. E mais surpresas surgem, quando descobre o que ocasionava os estranhos sons: um simpático leãozinho, chamado Kerberos, Guardião das Cartas Clow e que sem querer acabou dormindo em serviço.

O guardião conta que as cartas guardadas do livro possuem um grande poder e que isso poderia dar problemas, se fossem espalhadas por aí. E como Sakura foi à responsável por espalhar as cartas, terá que recuperá-las, passando a ser uma caçadora de cartas – card captor no original – e se aventurando ao lado de Kero e dos que conhecem sua tarefa.

Peraí: quer dizer que uma menininha vai atrás de cartas mágicas, assim, sem mais e sem menos? Bem, se conhece a estética dos “mahou shoujos”, não é uma surpresa: é mais comum que imaginam.

Cabe a Sakura ir atrás das Cartas Clow e a tarefa não será fácil, pois as cartas possuem vida própria e podem ocasionar confusões, como ela vê ao longo da série. Ao adquirir estas cartas, a menina aumenta seus poderes mágicos – foi assim que pôde abrir o livro e manifestar o poder das cartas – e usá-las em sua empreitada. E pra encarar este desafio, ela usa várias roupas para cada aventura: cortesia de sua melhor amiga que além de saber desta responsabilidade, grava tudo, como se fosse uma série de televisão. A menina seria um belo sucesso nos Youtubes da vida, isso sim!

Os personagens são bastante carismáticos e não há um vilão ou antagonista pra dar raiva, sendo mais simpáticos e até fofos. Começando desde a protagonista, muito meiga e ingênua, além de ser muito ligada a família e amigos, e indo aos demais personagens que também agem com normalidade e tem personalidades únicas. Acabamos nos identificamos ao estilo de cada um deles e até dá pra escolher algum preferido, seja do elenco principal ou não. Outra coisa é que nenhum dos personagens é forçado, cada um tem sua função na série e dá um toque especial na história; é um dos raros casos que um anime consegue conquistar qualquer um, que dá pra assistir sem preocupações e rir ou chorar nos momentos mais importantes da trama. As diferenças entre mangá e anime são mínimas, sendo a mais relevante a própria Meilin – criada para a série animada – não estragando em nada o que a história nos revela.

O estúdio que pegou a série foi o Madhouse, conhecido por produzir animações de alta qualidade: pra terem uma ideia, foram um dos estúdios que produziram os curtas de animação que fazem parte do “Animatrix”, série de curtas que contam detalhes do universo da trilogia “Matrix”. Dá pra ver que em termos técnicos, a série possui um traço simpático e fofo, como manda os “mahou shoujos” que conhecemos.

Sobre a animação no Brasil, a versão que a muitos assistiram foi a original, pois a que era exibida nos Estados Unidos teve vários ajustes e cortaram os primeiros sete episódios, passando do oitavo episódio em diante. E pra que não houvesse este problema, a distribuidora optou em pegar a versão exibida no México. Pois é: e olha que não foi a única com este probleminha, já que seria difícil de compreender a história sem os detalhes mais importantes. Uma ideia norte-americana bem antiga e que ainda existe...

Voltando à série no Brasil, a animação foi dublada nos estúdios da BKS em São Paulo e sua dublagem é uma das melhores do estúdio, conseguindo trazer toda a história de Sakura e companhia em bom português brasileiro. Destaque para a voz da protagonista, feita pela Patrícia Piquet, que pôde personalizar nossa caçadora de cartas do jeito que deve ser. E sim, a frase “ai, ai, ai Yukito” é nossa, pois não havia um jargão nos momentos que a personagem encontrava com o cara dos seus sonhos.

Dois pontos curiosos valem a pena serem citados: anos depois de sua conclusão, no mangá “Tsubasa Chronicles” (2003-2009, 28 volumes, finalizado) temos personagens similares aos vistos em "Sakura" numa trama interligada a outro mangá delas, “XXX Holic” (2003-2011, 19 volumes, finalizado), com traços mais velhos, sendo que ambos foram publicados no Brasil pela JBC. Já a outra curiosidade está na obra “Card Captor Sakura: Clear Card-Hen”, mangá que continua a história original e teve adaptação de anime, indo para outro caminho, pois o mangá que deu origem já tinha sido terminado. Isso revela dois contrastes, o impacto que "Sakura" teve nos tantos mangás do CLAMP e a falta de criatividade das mesmas em remexer numa história já feita.


Para os que acompanharam Sakura pelo mangá, anime ou ambos, a sensação é de nostalgia e ao mesmo tempo, conferir uma das obras mais simpáticas da CLAMP. Aos que não conhecem, é uma indicação e tanto pra quem quer conhecer o gênero “mahou shoujo” e quem sabe se encantar com esta simpática personagem e suas aventuras.


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2 comentários:

  1. Ephoke, suspensão dos preconceitos, é a palavra mais próxima que posso usar para descrever a história.
    Desde minha tenra infância sempre tive um preconceito enraizado para Mahou Shoujo, que desespero brotava em meu coração ao ver Sailor Moon.

    Mas Sakura Card Captors me abriu os olhos para tal gênero, embora muitas obras desse mesmo gênero sejam esquecíveis, uma experiência agradável, tanto que minha noiva me fez baixar tudo novamente para ela assistir novamente, incluído filmes.

    Tenho muito a agradecer a ele por não me deixar esquecer do quão bons animes podem ser bons e me fazer ter contato novamente com eles.

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  2. De fato, concordo com tudo que o nobre João Paulo falou. Na época da exibição eu havia acabado de entrar na adolescência, e como eu gostava de assistir Sakura. Eu sempre ficava feliz e de bem com a vida ao ver, e admirava todos os aspectos da obra, desde a história, passando pelos personagens e pela inesquecível trilha sonora. Anos depois, baixei e gravei em DVD a versão dublada, porque tenho que ser sincero, são poucos os animes que possuem tão singular escolha de vozes perfeita. Ainda hoje pego pra assistir Sakura e vejo o quanto este anime ainda é incrível, ainda me faz sorrir de orelha a orelha e como sinto como se estivesse vendo pela 1ª vez. Obrigado às senhoras do CLAMP primeiramente, pois Sakura foi meu 1ª mangá, e também à Madhouse, por conceber tal adaptação que não fica datada de forma alguma.

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