12 de setembro de 2018

Resenha: Akahori Gedou Hour Rabuge





Por Escritora Otaku


Vou ser bem realista em um ponto: procurar animes que não sejam recomendados ou indicados é um desafio que me coloca diante de diversos títulos, sejam eles marcantes ou não - este é mais um destes casos, numa época em que não acompanhava animes semanais com frequência. Com um humor bem na cara e personagens opostas ao revelado em sua abertura, sua proposta é franca e dá para identificar diversos casos que passam seus elencos.

Numa mistura maluca de uma dupla de “heroínas” e um grupo de “vilãs”, com aspas por motivos mais que evidentes, cada uma com suas esquetes e jeito de ser, num mesmo universo, não é para qualquer um. Se achava que “Samurai Flamenco” ou “One Punch Man” faziam alusões a heróis no drama e na comédia, este aqui veio antes e apesar de desconhecido pra muitos, entraria neste quesito com certas ressalvas. Melhor irmos direto ao ponto, não concordam?


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Ano: 2005
Diretor: Hitoyuki Mitsui
Estúdio: Radix
Episódios: 13
Gênero: Comédia / Paródia


O universo de heróis e heroínas nunca esteve tanto em alta, seja nas telas do cinema, dos seriados e animações: vai muito além dos poderes e aventuras, são indivíduos que por ironia do destino, usam isto para ajudar aos mais fracos e oprimidos; tem os que sem poderes fazem o mesmo, com atitudes mais dignas que os que possuem poderes ou habilidades especiais. Mesmo os que veem este tema ficando batido, dá para tirar algo nestes universos e nos divertir com suas desventuras.

Indo para os animes, vemos que estes personagens têm assumido diferentes espaços, na pegada mais tradicional ou tentando botar doses de comédia no meio; há os protagonistas que caem disto em paraquedas e os que utilizam o recurso para zoar com todas as forças em suas histórias - e há espaço para criar heróis no melhor estilo nipônico, que mesmo soando estranho, combinam perfeitamente com o universo apresentado. Vida de herói não é fácil: enfrentar os mais variados vilões, ser reconhecido pelas pessoas e principalmente, fazer o dever de ser um exemplo para os outros. Imaginamos o quanto deve ser dureza seguir e sequer receber os agradecimentos da população. Vida de vilão é a mesma coisa: acabar com os dias alegres das pessoas, derrotarem aquele herói que os humilha constantemente ou ter aquela luta final, seja ou não épica. Trazendo para a animação, é óbvio que exemplos de personagens que agem para bem ou mal é algo que deve e sempre deverá existir, senão, perde a graça de acompanhar ou assistir.

Esta é a ideia deste anime: colocar as vidas de suas personagens nestes atos, nos planos e estratégias mais absurdas para conseguir o que querem. Aliás, temos aqui uma dupla de heroínas e um grupo de vilãs, que a um ver inicial, parecem que não terão problemas em seus objetivos. Contudo, quando as vemos, fazem justamente o contrário, ou pior, seus papéis são invertidos e causar confusão é parte do charme de suas tramas.

“Akahori Gedou Hour Love Game” possui duas esquetes: “Zettai Seigi Love Pheromone”, que atuam como as “heroínas” da trama e as “Soreyuki! Gedou Otometai”, que atuam como as “vilãs”. As duas equipes agem na mesma cidade, onde podemos ver alguma interação entre seus núcleos, com as histórias interagindo ou não com a proposta dos mesmos. E antes de mais nada, as aspas quanto a atuação delas vem pelo que se vê ao longo da série. Vamos entender o motivo, pelos esquetes:


As “Love Pheromone” são uma dupla de garotas (a esquentadinha, louca por dinheiro e com fetiches a quem tem seios fartos e lolicon, Aimi; e a controlada, uma faz tudo e shotacon Kaokuro) cujo sonho é serem as melhores comediantes e atuarem nos grandes palcos. Acontece que as duas não são aquelas comediantes que te fazem rir e quando algo dá errado, elas se tornam “heroínas” e põem a casa abaixo. Literalmente, quando atuam como guerreiras, mais pelo lado da Aimi, simplesmente acabam com toda a área presente, fazendo com que sejam consideradas as destruidoras da cidade. Enquanto atuam nos mais estranhos trabalhos para serem reconhecidas como comediantes, precisam encarar a desconfiança da população japonesa sobre as verdadeiras intenções de seus egos heroicos. Para fechar as bizarrices, temos o empresário delas que quando não está incentivando a dupla, tem como identidade secreta o herói Seki-man e o seu nome brinca com o nome do seu dublador, Tomokazu Seki.

Já as “Gedou Otometai” são um grupo de irmãs (em ordem da mais velha a mais nova) Otone, que tem um estômago que fazer inveja aos protagonistas mais gulosos e trabalha para manter as despesas de casa; Kanashi, que apesar de nova, tem o corpo bem estruturado e conquista o coração da ala masculina; Yoku, a personagem tomboy e comedora de bananas; Maika, típica personagem tímida e modelo infantil nas horas vagas e Utano, a caçulinha e muito fofa de ser, todas morando juntas em uma casa bastante velha. Elas perderam os pais, que atuavam como capangas de uma organização criminosa – nunca vemos seus rostos descobertos, nem os nomes são revelados, e somente temos seus números evidentes nas máscaras -, sendo que, em seu leito de morte, o pai pede que sejam boas malvadas e façam coisas ruins. Um dia, acabam libertando uma diabinha, de nome Akunoko, que diz que elas podem usar magia e seguir o sonho dos pais: surge assim as “Gedou Otometai”, um grupo de “vilãs”, com estilo similar a bruxinhas. Acontece que as cinco irmãs são muito boazinhas e quando usam a magia, só coisas boas ocorrem, irritando Akunoko, que não entende porque elas agem daquela maneira. E assim, nos mais variados planos de se tornarem vilãs melhores, acabam alterando para o oposto, que é auxiliar as pessoas ou quem precisar da ajuda delas.


Indo para o visual, a dupla tem estética saída de animes de ficção científica mais antigos, com direito a robô quase gigante para que possam se transformar, roupas bem coladas ao corpo, armas e poses; quanto às irmãs, são roupas de bruxinhas, com chapéus, decote, exceto a caçulinha e varinhas, fora as vassouras como transporte.

Os episódios que os dois elencos atuam são bem regados a muita comédia escrachada, situações nonsense pelo que querem ter e uma bela zoação para a própria produção e os bastidores. Tudo isto se encontra no anime, dando destaque ao dito da indústria de animação e dublagem japonesa: há referências de dubladores que atuam na série, encontrando ou não com suas contrapartes animadas; de como obter sucesso na área artística ou corresponder às expectativas que ambos as esquetes tentam ser. Para se ter ideia, a abertura brinca justamente nisto, quando vemos as “Love Pheromone” ou as “Gedou Otometai” realizando o que não fazem dentro de seus momentos, mesclando uma da outra e apenas tendo conexão no comecinho e final do clipe.

A animação possui um traço tradicional, sem inovações; as personagens seguem os estereótipos e cada ação é interligada, o que dá rumo aos episódios. De abertura temos “Nesshou!! Love-ge Night Fever” (versão das heroínas aqui e das vilãs aqui) e de encerramento “Tondoru Baby”, clip com as personagens em formato chibi, ambos cantados pela Momoi Haruko.


Vindo dos confins que denominamos animes, “Akahori Gedou Hour Love Game” consegue entreter e dar umas risadas, desde que não se leve a sério o foco de suas personagens. De resto, encontrará mocinhas e vilãs que só querem ser devidamente reconhecidas...


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